- Não é que eu não gosto dela Tony, é só que eu acho que você merece coisa muito melhor.

Disse eu ao meu colega de quarto enquanto jogavamos Call of Duty no Playstation na sala do nosso apartamento.

-  Melhor que a Sarah? Por favor, Giu ela é inteligente, legal, e a gente se dar super bem. Sem falar do sex* que é…

 

Ele defendeu a namorada tentando acertar alguns competidores inimigos que nos atacavam.

- Eu definitivamente prefiro morrer a saber detalhes do sex* entre vocês dois.  

A realidade é que eu já sabia, durante muitas noites naquelas últimas semanas eu escutava os barulhos vindo do quarto por algumas horas sem parar. Eu e Tony dividiamos um apartamento no centro da cidade, era uma solução temporária durante a faculdade para diminuir os custos mas tudo deu tão certo que nunca pensamos em nos separa, apenas nos mudamos para um lugar maior embora nós dois tivéssemos agora dinheiro suficiente para cada um morar em seu lugar. 

- Sério Giu, dá uma chance pra ela, esse final de semana eu preciso resolver aquele problema com a encanação da construção que eu te disse e o prédio da Sarah vai ser dedetizado, que tal se ela passasse esses dias aqui?

Revirei os olhos pausando o jogo e me levantando do sofá.

- Ela não tem outro lugar pra ficar? Poxa Tony, a gente não tem nenhuma intimidade, nunca ficamos sozinhas e agora vamos ficar três dias?

- Quatro. Mas é a chance de vocês se conhecerem, você sabe o quanto eu gosto de você e seria muito importante pra mim que se dessem bem. Você sabe, eu tô sempre viajando e vocês duas ao invés de ficarem sozinhas poderiam ser amigas.

Era verdade, Tony era engenheiro hidráulico e tinha algumas responsabilidades em outras cidades e viajava quase toda semana. Eu não reclamava, parte da minha profissão é ficar por horas, dias e até meses sozinha dentro de um quarto, eu sabia disso quando optei por ser programadora. Estar sozinha nunca foi um problema na minha vida, na maioria das vezes era sempre a solução.

- Tá bom, mas você vai pagar as cervejas.

 

Ele sorriu pegando o celular do bolso.

- Vou avisar pra ela, eu te amo, você é a melhor amiga que alguém poderia ter nesse mundo.

A semana em sí passou rapido, eu nao fiquei pensando muito na minha visita não planejada de final de semana, na verdade eu estava muito empolgada com a última fase de testagem do novo software da empresa em que eu trabalhava, depois de cinco meses estávamos ajustando tudo com o cliente e aquilo me tomou muito tempo. Na sexta às cinco da tarde era o voo de Tony, ele normalmente pegaria um táxi de casa pra não deixar o carro no aeroporto porque eu não dirigia e não tinha como trazê-lo de volta. Não gosto de dirigir, nunca fui boa nas aulas, consegui a habilitação porque um amigo de infância do meu pai conhecia alguém que conhecia alguém e no fim deu tudo certo, e também Tony sempre foi um ótimo motorista particular. Mas dessa vez Sarah o levaria e traria o carro.

Não os vi sair, me despedi de Tony mais cedo antes que Sarah chegasse e me tranquei no escritório para uma videoconferência. Durou bastante, mais tempo do que eu achei que levaria e já era bem tarde quando abri a porta e fui pra cozinha procurar algo que seria a minha primeira refeição de todo aquele dia. Eu nunca fui de comer muito.

- Oi, desculpa começar sem você mas eu tive um dia muito cheio e bom...é sexta feira.

Era Sarah sentada no carpete me mostrando a taça de vinho enquanto assistia um videoclipe na televisão.

- Imagina, eu demorei mesmo fica a vontade, deu tudo certo no aeroporto?

- Sim, você quer um pouco? trouxe sua taça.

- Claro, o que vamos comer?

- Qualquer coisa pra mim ta bom.

 

Sentei no sofá e me inclinei para pegar o copo para que ela pudesse encher.

- Pode ser uma pizza? eu to com bastante fome e é o que chega mais rapidinho.

Eu disse procurando o numero da pizzaria no meu celular. 

- Claro. 

Enquanto esperávamos num silêncio estranho eu tomava um pouco do meu vinho observando que a garrafa já estava bem menos da metade, o quão bêbada será que Sarah está?

O tempo que estava bem frio e fechado começou rapidamente a escurecer ainda mais e uma ventania seguida de uma chuva forte levou logo a energia embora fazendo a televisão desligar.

- Merda!

Ouvi a voz de Sarah no escuro e apalpei o sofá procurando pelo o meu celular para poder usar a lanterna! 

-Derramei meu vinho, me desculpa Giu, eu limpo tudo e amanhã mando o carpete pra algum lugar pra lavar.

-Ei, calma, quem é doido por limpeza é o Tony, não precisa se preocupar com isso.

- Ele é completamente doido quando o assunto é limpeza, não é?

- Sim.

Meu celular começou a vibrar na minha mão, era uma mensagem da pizzaria cancelando o pedido.

- Cancelaram a pizza, que merd*!

- A cidade inteira deve estar alagada.

- Acho que vou fazer um ovo então, você quer?

- Gosta de macarrão? Eu faço pra você.

- Não precisa, não quero te incomodar, eu como qualquer coisa.

Comeria sim, mas realmente um macarrão iria ser tão bom. 

- Vem, você segura o celular e me ajuda a procurar as coisas, traz o vinho.

Segui Sarah até a cozinha levando junto a garrafa de vinho, iluminei tudo enquanto ela pegava as panelas e acendia o fogo.

- Vou abrir outra garrafa.

Ela disse.

- Seu dia foi tão ruim assim?

- Demais, a gente tem um editorial importante pra esse mês e todo mundo na agência tá ficando maluco e me deixando maluca também.  

- O Tony não me disse o que você faz.

- Nada tão glamuroso como grandes programas de computador igual a você, eu sou só uma jornalista.

- Glamuroso? eu sou só a garota da Ti.

- Não seja modesta, você quer mais vizinho? 

- Claro!

Enquanto o macarrão ficava pronto naquele escuro iluminado por só uma luzinha de celular, a gente conversava sobre as nossas carreiras, um pouco sobre a gente e quase nada sobre o Tony. 

- Então você sempre foi nerd? do tipo que só vivia metida com computadores?

Eu dava minha última garfada no prato de macarrão.

- Sim, eu nunca tive muitas experiências na adolescência sabe, não ia em festas, você acredita que eu nunca brinque de jogo da garrafa? Eu tenho 28 anos e nunca fiz uma loucura bebada. 

- Vamos mudar isso agora, me ajuda.

Sarah recolheu o meu prato e o dela e levou pra pia.

- Vai Giu pega o resto garrafa.

Peguei tudo que ainda estava e também levei pra cozinha.

- Sério? Você vai tirar minha virgindade de jogo da garrafa? 

- Vou!

Sarah virou o resto do vinho da garrafa na boca e a colocou deitada na mesa.

- A boca responde e o fundo pergunta, eu acho que é assim, vai gira!

Eu girei e fiquei esperando parar, era eu quem perguntaria naquela vez.

- Hm...certo, da pra me ensinar a fazer esse macarrão depois?

Ela riu.

- Não Giu, tem que ser umas perguntas picantes, não é assim que se joga jogo da garrafa, deixa eu te mostrar...Faz mais de um mês que eu venho aqui e você nunca trouxe ninguem, você nunca faz sex* casual?

- Bem...Não, eu quase nunca faço sex*.

- Por qual razão?

- Ei, agora é minha vez!

-Vai.

-Você e o Tony...Por que tanto barulho?

-Caramba, você escuta?

-Tudinho.

- Na verdade não é tão bom, eu sempre acho sex* uma coisa muito importante pra relação e eu gosto muito de Tony mas o sex* nao é tão bom. 

- Imagina se fosse.

Eu gargalhei baixinho. 

- Eu costumava ficar com mulheres antes dele, é o primeiro homem que eu namoro em alguns anos.

- O...O que? Com mulheres?

- Sim, ta surpresa?

- Bem...Sim...merd* a minha bateria ta acabando, como ta a sua?

- 6%, acho que o suficiente pra gente ir até o banheiro e depois pra cama, parece que não vai ter mais energia por hoje.

- Certo, vamos? banheiro e cama então.

- Vamos. 

Na casa, havia o quarto e banheiro de Tony embaixo e meu quarto e banheiro subindo as escadas. 

- Eu subo com você, te deixo na cama e depois eu volto pra cá.

Sarah sugeriu.

- Ta bom.

Subimos, ela me emprestou o celular para que eu usasse o banheiro bem rapidamente e assim que eu abri a porta para devolver a luz se apagou.

- Merda, descarregou.

- Droga, será que eu tô sóbria o suficiente pra descer as escadas no escuro sem cair?

- Dorme comigo...quer dizer, a cama é grande e vai ser melhor que descer.

- Eu não quero te incomodar.

-Nao vai.

Sarah e eu seguimos para o quarto, a minha cama sempre tinha muitos travesseiros, apenas me joguei de um lado sobre eles e senti outro corpo caindo do outro. Ouvi ela suspirar forte uma vez e depois mais uma e na terceira senti seu corpo se jogar sobre o meu, a boca na minha, seu cabelo loiro caindo em cima de mim.

- Você quer fazer isso?

- Sim.

Fim do capítulo