A semana no Comar foi super agitada. Todos conseguiram obter bons resultados. Thalia tinha quase gabaritado sua avaliação pra 1° tenente e Torres gabaritou para tenente coronel.

Todos estavam super felizes por suas conquistas. Cris estava feliz por elas principalmente, mas por dentro devastada em saber que o pai teria pouco tempo.

Os dias passaram mais corridos do que nunca... Maio terminou e Zé estava cada vez mais debilitado, comendo super pouco e sem vontade de ingerir quase nada, mas não queria ser internado, ele não aceitava a ideia de morrer no hospital, mas estava vendo que não teria como fugir disso, pois não conseguia se alimentar e estava ficando cada dia mais fraco.

Já era meados de junho e Cris havia subido durante a semana para ver o pai. Ele estava péssimo, bem mais magro e Cris foi conversar com ele para irem pro hospital. O médico já havia sugerido a mesma coisa, mas Zé havia recusado.

Pai querido sei que vc não queria terminar seus dias no hospital, mas do jeito que está não podemos pactuar com isso. Vc não consegue mais se alimentar paizinho. Por favor vamos pro hospital... Eu aceito que vc não queira ir pro Rio, mas ficar em casa desse jeito está insalubre pra vc e todos, mamãe só chora pai, pelo amor de Deus, me escuta.

Está bem filha, eu vou pro hospital, mas quero que me leve pro Rio. Quero ver o mar antes de partir gostaria de ficar internado naquele hospital em Copacabana.

Está bem pai. Foi providenciar isso imediatamente. Na mesma hora Cris ligou pra Thais, a medica que era sua amiga e coordenava a unidade de Botafogo. Explicou tudo a ela e solicitou ajuda pra conseguir interná-lo em Copacabana. Cris avisou ao médico que acompanhava o pai também e este fez a solicitação direta pro hospital que foi prontamente aceita.

Cris desceu com eles de carro no mesmo dia. Fez o caminho por toda orla, foi até em casa no Leblon deixou as coisas da mãe e foi com eles até o mirante do Leblon antes irem ao hospital.

Zé estava emocionado e agradeceu a filha por tudo. Eu sempre estarei por perto olhando por vcs filha. Te amo.. E a beijou abraçando forte. Em seguida agradeceu a Ilda, sua eterna companheira por tudo que viveram juntos, pelos filhos lindos que lhe deu e pela vida amável que sempre tiveram. Elas só choravam ao lado dele.

Zé entrou no hospital em Copacabana as 20h do dia 22 de junho e faleceu no dia seguinte as 18h.

Cris teve que agilizar todo o funeral e translado do corpo pra Friburgo. O enterro seria no dia seguinte. Ela e Ilda assim decidiram. Se os meninos chegassem bem, senão seria feito da mesma forma. Ilda avisou aos filhos do falecimento do pai. Diego disse que viria e Rodrigo que tentaria.

Thalia ficou ao lado de Cris a todo tempo. No Comar havia tido um recesso de férias e elas estavam em casa juntas no período. Então foi mais fácil acompanhar Cris. E mesmo que não tivesse o recesso, certeza que ela largaria tudo pra estar ao lado de sua amada.

O enterro estava programado pra 12h do dia 24/06 e pouco antes do fechamento do caixão Diego chegou. Rodrigo nem sinal. Finalizado o enterro todos seguiram para casa. Ilda estava triste, mas bem. Cris da mesma forma. Diego estava sentindo-se culpado por não ter visto o pai mais vezes. Já era noite quando Rodrigo ligou. Ilda atendeu.

Oi mãe não deu pra ir, mas irei semana que vem pra missa dele.

Está bem Rodrigo. O advogado vai se reunir conosco no dia da missa mesmo é bom vc chegar a tempo para depois não reclamar.

Não tenho nada a reclamar mãe. Sei que ele deixou tudo pra queridinha dele.

Cris observava o olhar de raiva da mãe...

Olha bem como vc fala da sua irmã. Ela foi a única que ficou aqui conosco esse tempo todo, então não vou admitir falta de respeito vc entedeu bem Rodrigo? Disse Ilda em alto e bom som.

Claro que sim mãe, não precisa gritar.

Preciso sim, porque vc é um sem noção mimado, mas a culpa é minha eu sei. Mas isso não carrego mais, vc já é bem grandinho e agora vou desligar porque não quero mais me aborrecer. E encerrou a ligação.

Cris e Diego escutavam incrédulos a mãe ao telefone. Ilda percebendo o espanto deles desabafou em seguida... Ele precisava ouvir umas verdades. E não quero mais falar sobre isso.

Thalia meu bem me desculpe presenciar algo tão constrangedor, mas esse meu filho morre de inveja da Cris.... Ne filha... Mas isso acabou aqui. Não vou tolerar mais esse comportamento dele. Vcs ouviram ne Cristiana e Diego?

Claro mãe... Ambos responderam...

Vou me deitar.... Amanhã conversamos melhor...

Ninguém tocou mais no assunto. Cris seguiu pro seu quarto com Thalia e Diego foi pro dele.

No dia seguinte as meninas voltaram ao rio e Diego ficou em Friburgo com Ilda. Ficaria o resto na semana até a reunião com o advogado e a missa.

Cris precisava respirar e foram direto pra casa de Tha... Ficaram juntinhas nesse período... Cris sabia que sentiria muita falta do pai e sabia que a leitura do testamento seria mais um embate com o irmão.

Cris sinto que vc não está tranquila...disse Tha...

Não tô mesmo amor... O que vc presenciou ontem lá na minha mãe acho que será bem pior na reunião na sexta. Eu até marquei meu terapeuta na quinta pra ficar bem zen, porque não será fácil. Ele vai surtar.

Vc já sabe sobre o testamento?

Sim Tha, meu pai veio me mostrar assim que fez. Ele era danado. Fez tudo de maneira muito amarrada e sem brecha para contestação. O Rodrigo sempre reclamou de tudo porque é o mais velho e acredita que tem mais direitos do que eu e Diego. E na verdade ele nunca aceitou o fato do nosso pai preferir a mim do que ele. Mas eu cativei o papai ele não...

Nossa amor, imagino a luta que será, mas estarei do lado de fora torcendo pra vc ficar bem e tranquila e tudo se ajeitará. Seu pai era um homem muito sábio. Sei que ele jamais faria algo pra prejudicar vcs. Então é ter fé que tudo ficará bem.

Sim com certeza! Meu paizinho era uma ser de luz muito incrível... como sinto falta dele Tha.... e chorou...

Thalia a aconchegou em seu peito e dormiram assim, depois de muitas lagrimas...

Fim do capítulo