Na manhã seguinte...

Rafaela acordou cedo e depois da noite maravilhosa que sua Baby lhe proporcionou ela quis preparar um café da manhã na cama. Fez uma bandeja linda e usou umas flores da decoração de Cecília.

Cecília não demorou a acordar e percebeu que estava sozinha na cama, logo gritou por seu amor que atendeu e disse que era para ela ficar no quarto, logo iria vir tomar banho com ela e depois tomariam café.

Rafaela deixou tudo pronto, faltando apenas colocar o café, que faria assim que saíssem do banho.

Voltou ao quarto e depois de dar beijos de bom dia a sua Baby foram tomar um banho, isso tudo aconteceu por volta de 05h30 e por isso estavam tranquilas e saindo até umas 07h00 Rafaela conseguiria estar às 08h00 no consultório.

Cecília ficou encantada com a bandeja que sua amada preparou, as flores amarelas estavam ainda mais vivas e as brancas continuavam lindas. Na bandeja azul tinha suco de laranja, mamão cortado em cubos, torradas com geleia e fatias de queijo e presunto. Rafaela disse que assim que terminassem tomariam o café que já estava quase pronto e ela traria em seguida para estar quentinho.

Por ser um dia de semana, as duas apreciaram o café sem demorar demais, ambas teriam um dia agitado com a agenda de trabalho. Cecília estava iniciando a reforma do apartamento de Rafaela e sua amada teria que informar aos pais de um paciente que infelizmente o câncer do rapazinho voltou, a noticia não era boa, porém pelos exames e a conversa com o cirurgião, era possível remover o tumor todo e eles estavam bem confiantes no resultado.

Depois de um café delicioso, um namorinho rápido, as duas se arrumaram para o trabalho.

Logo que chegou ao hospital, Rafaela foi informada que uma das meninas do abrigo estava com febre há dois dias e que mesmo sendo medicada a febre insistia em voltar. Rafaela conversou com a assistente social e a tranquilizou dizendo que não tinha sintomas de Covid 19 e que ela iria vê-la após o seu expediente. Passou uma mensagem para que Cecília fosse com ela. Assim conheceria o abrigo e algumas crianças.

(...)

Após o fim de seu dia tomou uma vitamina na lanchonete do hospital e foi buscar Cecília para irem ao abrigo, ela separou máscara e jaleco para sua Baby e ao chegar fizeram todos os protocolos para proteção das crianças e delas. O abrigo em si sempre foi muito bem higienizado e Rafaela é a médica há alguns anos, ela sempre orientou aos funcionários e as crianças em algumas palestras que fez.

Vitória tem 08 (oito) anos e perdeu seus pais quando tinha 04 (quatro) anos, eles foram vítimas de um assalto e ela não estava junto, o que foi bom para o emocional dela, Dra. Claudia faz terapia com eles duas vezes por mês e nessa pandemia tem feito um dia apenas, porém sempre conversa online quando eles precisam. Vitória tem se saído bem nas sessões e é muito boazinha.

Rafaela após examinar a pequena, percebeu que ela estava com alguma infecção interna e provavelmente infecção alimentar. As crianças receberam um jantar há dois dias e alguns deles não se sentiram bem depois, como Vitória tem o estomago sensível pode ter sofrido mais e não sabia identificar os sintomas. Dra. Rafaela logo percebeu e deu uma injeção que a fez chorar um pouco, não de dor, e sim por medo.

Cecília olhou a criança e se apaixonou por seu jeito meigo, não resistiu e deu colo à pequena que estava assustada, por mais que todos ali amassem a Dra. Rafa, quando era hora da agulha ninguém queria conversar.

Vitória sempre teve problemas alimentares e por isso era magrinha, o abrigo vive de doações e não tem como fazer um cardápio especial a ela. A menina é branquinha e tem cabelos e olhos castanhos, não é muito alta, magrinha, tem um jeitinho meigo e adora verde, está de short jeans e blusa verde com umas borboletas coloridas, quando ela sorri fica ainda mais linda essa princesa.

Cecília olhava a pequena pensando, e se fosse nossa menina!!

- Dra. Rafaela!

- Sim Bela Cecília,

- Podemos conversar em particular?

- Vitória a Tia Cecília quer me contar um segredo, vou lá no corredor e já volto.

- Pode ir, Dra Rafa. – Você volta Tia Cecília?

- Volto já Princesa.

No corredor...

- Rafa, eu fiquei aqui vendo a situação da Vitória e como ela está magrinha, pensei que poderíamos fazer algo e quem sabe até ajudar bem mais.

- Baby, eu concordo com você, mas ela é magrinha porque o cardápio daqui não atende ao que ela necessita, eles fazem o melhor que podem para esses pequenos, agora não conseguem ter um cardápio muito variado.

- Não amor, eu sei que eles cuidam bem dela, é que eu me apaixonei por ela.

- Ah! Entendi agora. Você só viu quatro, se olhar todos vai querer uma creche (risos).

- Amor! Não está me levando a sério?

- Estou sim, é que eu sou louca com todos aqui, eu trabalho há anos com eles. Confesso que ao ver ela no seu colo eu também fiquei querendo levar pra casa.

- E nos não podemos leva-la? Eu me apaixonei por ela.

- Baby, eu agora estou tão feliz por saber que você quer formar uma família comigo e amo muito a Vitória, ela precisa de cuidados especiais que podemos dar a ela.

- Então vamos leva-la pra casa amor.

- Baby, eu levaria agora, porém não depende de nós, precisamos de autorização e de uma série de documentação para dar entrada nesse processo de adoção.

- Posso tentar resolver isso com o administrador?

- Pode Baby. - Vou te levar a ele.

Cecília estava decidida a levar Vitória para casa e Rafaela ficou preocupada porque sabe que esses processos são demorados.

Elas foram à sala do Sr. Antoniel e junto estava a Fatima, assistente social, logo a Cecília sentou-se e começou a falar:

- Senhor Antoniel, eu estava na sala de exames com a Dra. Rafaela e percebi que a pequena Vitória tem alguns problemas de estomago, eu também fiquei impressionada com o trabalho que vocês fazem aqui com o pouco recurso que recebem, e logo eu tive uma ideia para ajuda-los em meio a esta pandemia que vivemos.

- Pode dizer Senhora?

- Cecília, disse Rafaela ao administrador.

- Então, eu tenho o desejo de adotar uma criança e também quero ajuda-los a ampliar os recursos para esses pequeninos que vivem aqui, assim, eu pensei eu ficar responsável temporariamente pela Vitória para que ela possa fazer o tratamento e claro que tudo acompanhado pela senhora Fátima que já trabalha com vocês, acredito que com todos os problemas que estamos enfrentando no mundo não seria difícil de resolver.

Fátima então entrou na conversa.

- Cecília eu acho excelente a ideia de adotar a Vitória e não se preocupe que aqui nós aceitamos todas as famílias de forma igual e posso ver que a Dra. Rafaela encontrou um novo amor, agora precisamos ver como fazer isso legalmente, da minha parte eu aprovo o casal.

- Cecília, eu como administrador, também aprovo vocês para adoção e se conseguirem uma forma legal de fazermos o que sugeriu a pequena Vitória será uma criança abençoada.

Depois de uma meia hora de conversa, Rafaela resolveu ligar para Paula e ver como ela poderia ajudar de forma legal.

Ligação on

- Paula, Rafaela tudo bem?

- Oi Rafaela, tudo sim e você?

- Eu estou ótima e precisando de um favor jurídico, se puder me ajudar!

- Claro, diga.

Rafaela explicou tudo e Paula ficou de ver com sua assistente para ir até o abrigo e agilizar a situação, logo de início ela entrou com pedido de emergência médica para Vitória, assim, elas poderiam levar a menina para tratamento médico enquanto isso Letícia daria andamento no pedido de guarda provisória.

- Te agradeço, vamos nos falando.

- Disponha. Até mais.

Ligação off

Rafaela era muito querida no abrigo e no escritório da Dra. Paula, o que faria todos contribuírem em seu favor.

Hoje a pequena Vitória iria dormir no hospital, isso mais por causa da documentação jurídica que Paula preparou, e Rafaela iria aproveitar para fazer os exames. Cecília iria cuidar do quarto para pequena e das roupas e tudo que ela fosse precisar.

Rafaela olhou Cecília que estava se despedindo de Vitória sem falar nada ainda porque precisamos ter certeza para criança não criar expectativas, claro que nós tínhamos todas as possíveis e as impossíveis também.

Após organizar tudo, Rafaela olhou para sua Baby que tinha os olhos brilhando de tamanha felicidade.

- Baby, eu estou tão feliz quanto você, porém, antes de comprar as coisas da nossa pequena eu preciso almoçar.

- Meu amor! Desculpe-me, eu esqueci completamente e está pronta sua comida, vou desacelerar e vamos lá para comer e tomar seu banho, depois você deita um pouco e eu compro algumas coisas.

- Eu realmente preciso amor, e depois vou ter que levar a Vitória ao hospital para fazer os exames e arrumar a internação dela, será bom porque meu amigo pediatra está de plantão hoje e vamos poder fazer um check-up nela.

As duas saíram do abrigo e foram para casa onde após um bom banho Cecília serviu sua amada e conversou um pouco sobre esse dia incrível que estava transformando a vida delas, e Rafa concordou que foi maravilhoso poder iniciar o processo de adoção. Rafaela já conhecia Vitória há três anos, anteriormente ela esteve em outro abrigo, ela confessou que não buscava se envolver por medo de não conseguir adotar, só que agora parece que o universo preparou tudo e a Paula disse que esse período de pandemia acabou agilizando alguns casos o que será ótimo para elas.

Cecília ia pedir dois dias de folga assim ficaria quinta e sexta livre pra cuidar de Vitória e claro tem o período de adaptação da pequena. As duas concordaram que o mais importante era a felicidade da Vitória e se por algum motivo ela não se adaptasse elas iriam aceitar.

(...)

No apartamento de Paula...

Paula estava se sentindo renovada e após conversar com Dra. Claudia ficou ainda mais feliz do que já estava, sua terapeuta fez vários elogios a ela e a maneira que estava lidando com toda situação de sua filha.

Durante muito tempo a Dra. Claudia falou que saber sobre a adoção iria libertar essa opressão que Paula tinha dentro de si mesma. Ela se punia mesmo sem saber e agora sentiria a paz com ela mesma.

No início da tarde Bianca liga para Paula.

Ligação on

- Alô!

- Alô! Dra. Paula?

- Sim, com quem falo?

- Aqui é Bianca.

- Bianca!! Sim sou eu Paula.

- Meu pai esteve conversando com a senhora, e como estamos nessa pandemia resolvi ligar para dizer que podemos ir nos falando por telefone e logo mais poderemos nos encontrar.

- Nossa Bianca! Foi uma surpresa boa sua ligação e desculpe se estou meio perdida ainda.

- Tudo bem Dra. Paula, eu imagino o quanto deve ter sido difícil para senhora, ter que deixar-me com outras pessoas para adoção e não se preocupe que meus pais me explicaram tudo, e claro que nesse primeiro momento eu ainda não sei como lhe tratar, porém no futuro vou me adaptando a situação, tudo bem pra senhora?

- Bianca, eu confesso que estou meio que sem palavras nesse momento e claro que entendo você e fico feliz por ter pais tão especiais, com o tempo vamos melhorando a relação, apenas não precisa me chamar de doutora.

- Eu sei que é minha mãe biológica e meu pai sempre falou muito bem da senhora, só que chama-la assim nesse momento é complicado, agora quando nos conhecermos melhor eu acho que vai fluir bem.

- Você fala muito bem Bianca, está se saindo melhor que eu.

- Como lhe falei, meus pais me contaram tudo e eu sabia que íamos nos encontrar, eu esperava por esse momento, só que esse vírus mudou um pouco os meus planos, eu sou muito direta e meu pai disse que isso veio da senhora, em outra situação eu teria marcado um encontro e conversaria olhando em seus olhos, eu gosto de ver as expressões faciais enquanto converso.

- Olha só! Você é determinada pelo que posso perceber.

- Sim, sou uma mulher que não faz rodeios. Eu sempre soube quem a senhora era e acho linda sua profissão, imagino que a senhora seja muito inteligente e minha mãe sempre achou que eu faria direito, só que não era meu ideal, eu admiro e sei que a pessoa precisa estudar muito, eu gosto mais das artes, pode me perguntar qualquer coisa que lhe digo o que eu souber, eu estudo e leio muito, quero dar aulas e quem sabe viajar para conhecer as belezas de outros países.

- Isso é muito bom Bianca, quem sabe possamos nos conhecer melhor e fazer uma viagem juntas.

- Acredita que minha mãe falou isso comigo, porque meu pai vive para construção e não gosta muito de viajar e mamãe falou que quando eu lhe conhecesse poderia realizar esse desejo, eu até tenho uma poupança e um roteiro.

- Gostei da sua organização, realmente uma mulher determinada.

- Papai diz que sou criança ainda, eu não acho e mamãe diz que no futuro vou saber bem.

- Entendo seus pais, eles lhe educaram muito bem Bianca.

- Mas eu liguei apenas para a senhora saber que em breve nos veremos e que pode me ligar e me acionar nas redes, eu já salvei seu número e pode salvar o meu. Agora eu tenho momento de leitura aqui, meu pai deve ter falado que mamãe está doente, ela acha importante eu me dar bem com a senhora porque acha que vai partir logo, eu quero as duas coisas, lhe conhecer e me relacionar por saber que é minha mãe e  quero continuar com minha mãe adotiva ao meu lado, eu adoro cuidar dela. Todos os dias lemos um capitulo de livro e debatemos sobre a leitura.

- Eu concordo com você, quero conviver com você e se sua mãe adotiva deixar quero poder conhecê-la melhor também.

- Ela vai amar, ela é sua madrinha, meu pai disse que meu avô era muito possessivo e não deixava a senhora sair muito, queria os filhos fazendo tudo pra ele.

- Isso é verdade, mas enfim, não quero tirar sua rotina, vai ler pra sua mãe e eu vou te acionar sim e claro que qualquer coisa você pode me ligar e acionar.

- Obrigada Dra. Paula, gostei de conversar, ligarei mais. Um beijo.

- Outro Bianca. Fique com Deus.

- Amém, a senhora também mãe.

Ligação off.

Paula desligou o telefone e ficou impressionada com o jeito de sua filha, a firmeza dela, ela é uma menina incrível e muito bem educada, depois da emoção que fez seus olhos derramar algumas lágrimas de felicidade resolveu ligar para Letícia.

(...)

Fim do capítulo