Capitulo 17- O reencontro
Quando Willas chegou na prisão, recebeu todos os tratamentos de um detento. Tirou seus pertences, tomou banho de mangueira e teve que cortar o cabelo no zero. Era a política da cadeia. E o sistema ajuda para que a vida fique difícil naquele ambiente.
Levaram-no para a cela, e a superlotação era de 5 detentos. Mas a visão que se tinha ao chegar era no mínimo inusitada. As camas eram feitas de pedras e as vezes a lotação era maior, então teria que dormir dois detentos numa cama só. O espaço era absolutamente pequeno e estreito. O banheiro era dentro da cela, lá naquele cubículo eram expostas todas as necessidades fisiológicas. Quando os ventiladores queimavam, demoravam meses para chegar outro. Era uma situação desesperadora para qualquer cidadão.
Então quando ele desviou a visão do espaço cúbico, ele viu um homem sentado na cama de concreto. Percebendo que conhecia aquela "alma sebosa", tentou pedir para mudar de cela, mas já era tarde demais.
O guarda já havia o colocado na cela e trancado o portão. Então ele gritou desesperado...
W – ME TIREM DAQUI, ME TIREM DAQUI...
Um outro homem que estava na outra cama, levantou e disse:
H – Cala a boca, porr*. Só daqui a cem anos para você sair daqui – hahaha
Todos riram. Então veio um rapaz alto e bonito do mísero banheiro, todo despido e disse algo semelhante a Goya de Vis a Vis. Segurando seu sex*, completou ...
O.H – Quer me ch*par, porr*? Cala a boca e paga um ....
Foi o momento devassador na mente de Willas, que se sentiu ferido, estuprado e triturado. Aquela frase foi o pior insulto que tivera, pois, um homofóbico como ele não aceitara isso de forma alguma. Ele ferveu por dentro e por fora. Teve uma tontura como se já fosse diagnosticado de labirintite. Ele não conteve a fúria e disse:
W – Que porr* é essa, seu puto?
O.H – Olha, olha tá esquentadinho é?
W – Por que, vai encarar?
O.H – Chegou hoje e tá com essa marra toda?
W – Você que fica falando merd*.
O outro o homem agarrou Willas pelo pescoço e pressionou-o contra as grades, e falou:
O.H – Você sabe quem sou?
W – Não. Mas imagino que é um merd*.
Dito isto, Willas pegou um soco na boca. O outro homem disse:
O.H – Primeiro, para você sou senhor. Olha ao seu redor, todos aqui estão comigo. É como um pacto. E para você largar de marra vai pagar um, e dormir no chão e sem lençol.
Willas até tentou se sair, mas os detentos o agarram, e abaixo de lutas corporais teve que satisfazer todos que ali estavam. Mas tinha um em especial. E esse ficou por último. Esse era justamente o que ele reconhecera assim que entrou. Esse tal detento era o policial que ele atirara outrora. Enquanto o policial abaixava sua calça, ele dizia:
P – Te acostuma, quando cheguei aqui foi assim durante meses até entrar uma carne nova. Hoje a carne nova é você.
W – Seu porco!!!
P – Para de graça, e sente a textura do meu cassetete – hahaha. Só não vale morder. Lembra de tudo que me falou e do tiro que me deu.
E completou ...
P – Estou com o rosto deformado por causa de você, seu desgraçado.
W – Foi você que quis assim.
P – Éramos amigos e poderíamos ser melhores ainda, mas você e seu preconceito doentio acabou com tudo.
W – Quem mandou ficar falando merd*.
P – E pelo que vejo a merd* ficou real, quem está de joelhos é você
W – Vá se lascar.
P – Ainda continua valente. Perdeu a noção do perigo. Irei fazer da sua vida um inferno aqui. Você irá pagar os juros que um trabalhador paga para o "Bradesco", muito caro...
Realmente o policial estava falando sério. Sempre fazia de tudo para dificultar a vida de Willas dentro da prisão.
Certo dia no refeitório, o policial colocou o pé e Willas caiu com abandeja do almoço. Ele caiu com o rosto no chão. O Outro Homem, que era chefe de um lado das celas o fez comer toda a comida que estava no chão, mas antes cuspiu e mandou ele lamber toda a saliva.
O Outro Homem, era assim que ele preferia ser chamado. Outrora aconteceu uma rebelião e o verdadeiro chefe chamado "Brutão" morreu depois que foi baleado, então ele ficou com o comando. Ele era o braço direito de Brutão, e sofreu muito com sua morte. Fez uma assembleia e pediu que todos os detentos o chamassem de "Outro Homem", seu pedido foi atendido com êxito.
Contudo, quando Willas se encontrava no chão, o outro homem disse:
O.H – Lindo, lindo ...É bom você lamber meu cuspe, e logo depois devorar esse "rango", que quer dizer comida em linguagem vulgar.
W – Vá se ferrar, caralh*...
Os capachos que ali estavam tumultuando o refeitório, começaram a espancar ele. Alguns policiais chegaram com cassetete e spray de pimenta. Quando tudo se acalmou, o diretor do presídio perguntou quem começou, e todos apontaram para Willas. (o novato)
Um guarda pegou o Willas, algemou-o e levou-o para a solitária. Tirando a algema, o guarda o mandou tirar a roupa, pois ficaria uma semana, nu, na solitária repleta de sujeira.
Talvez ele tenha sido injustiçado por não ter começado a briga, mas dois adentro vale a pena ressaltar; estava numa cadeia, aonde tudo é injusto, e nunca foi justo com ninguém.
O policial estava cumprindo sua promessa.... Inferno.
Escritora: Jessica Cantanhede
Revisão: Kathianne Maria M. S Pereira
Fim do capítulo
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