UM
*~ UM - E NÓS? ~*
O ano era 2007!
Júlia Rodrigues contava com 36 anos de idade. Uma mulher linda, inteligente, simpática, mas que tivera a vida destruída ao ter o marido assassinado dentro de uma casa na qual o casal havia acabado de comprar para residir junto com a filha de apenas três anos de idade, Anny.
Fazia uma tarde alegre, quando Júlia recebera a triste notícia de que o marido tinha sido assassinado com sete tiros na cabeça, às exatas 05:00 h da manhã. Ele fora surpreendido por criminosos nunca encontrados, quando entrava na casa. O seu corpo fora ceifado de vida e abandonado ao chão frio daquele cômodo vazio.
Era manhã.
Naquele sítio situado nas proximidades de um pequeno povoado, Júlia já estava acordada.
Ela suspirou!
O seu passado parecia ter sido escrito com a tinta do sofrimento. Não era a primeira vez que o luto cruzava o caminho de sua vida. Há mais de três anos havia perdido dois irmãos e há pouco mais de um ano perdera o marido. Ela não dizia, por medo de que algum dia também viesse a ter o triste fim que tivera os irmãos e o amado marido, todavia, bem sabia que se tratava de crimes políticos. Uma onda de assassinatos ocasionados pela família Linhares de Andrade, que estava em posse da prefeitura de Currais Novos há dezesseis anos.
Agora era ela!
O povo roubado, enganado, sofrido, urrava nas ruas!
Pena daquele povo sem o mínimo de senSo crítico e político!
Sandra Linhares de Andrade!
A pré-candidata a prefeita de Currais Novos.
Uma mulher rica, poderosa e sem coração!
Ela era Sandra, conhecida por ser a mulher do deputado estadual que havia transformando Currais Novos em uma verdadeira ditadura política e contemporânea. Era ela também a tia do atual e jovem prefeito daquela cidade do Estado nordestino do Rio Grande do Norte.
Júlia se revirou na cama e abaixou a camisola de seda, que havia subido até sua cintura fina.
Odiava de todo o seu coração todos aqueles assassinos!
Júlia era filha de dois fazendeiros de classe média. Os pais eram senhores de muitas terras e gados, porém, não tinham dinheiro vivo. Única filha mulher e irmã de quatro irmãos homens, dois assassinados há alguns anos, e dois continuavam com suas vidas.
Ela morava em um pequeno sítio limítrofe a um povoado, que distava de Currais Novos uns trinta minutos. O povoado com pouco mais de trezentos habitantes se chamava Santa Quitéria dos Girassóis, conhecido apenas como o povoado de Santa Quitéria.
Recordou-se dolorosamente do falecido e amado marido.
O peito pareceu sangrar por dentro.
Sentia uma dor e uma saudade tão imensa e forte, que era como se alguém estivesse enfiando a mão dentro de seu peito e arrancando seu coração com crueldade.
Recordou-se dos conselhos que dera ao falecido marido, Rodrigo Ferreira de Albuquerque, que havia sofrido tanto nas mãos daquela família de lobos. Até na cara havia apanhando.
Como odiava aquelas pessoas!
Ela sentiu uma lágrima escorregando pelos olhos e a limpou com as costas das mãos.
Tudo havia começado após uma discussão sobre apoio a deputados. Na época Rodrigo era vice-prefeito dos Andrade.
Os Andrade queriam que Rodrigo apoiasse um deputado que eles também estavam apoiando, porém, Rodrigo se recusara a fazer o que lhe fora pedido, e decidiu apoiar um outro político.
E fora a partir dali que uma guerra já travada pelos Rodrigues e pelos Andrade, deu seguimento aos rios de sangue que começou a se espelhar por aquela pequena e ditatorial cidade.
Após sofrer um forte tapa na cara, em cima de uma palanque, em tempos de comícios políticos, um tapa na cara dado com crueldade, pelo marido de Sandra Andrade, Rodrigo decidiu deixar de vez aquele partido e aquele povo sem coração. Desligou-se do partido e decidiu apoiar o partido que era contra os Andrade.
E aquela fora a gota d'água para que sua vida fosse ceifada tão brutal e covardemente!
Aquela matilha de lobos havia ceifado a vida de seu marido de uma forma tão cruel que chegava a doer no coração. Eles sequer haviam pensado em sua filha, que não passava de um anjo sem maldades.
-- Mamãe? Por que tu chora assim, mamãe?
A linda criança perguntou, deitando-se por cima da mãe e beijando o rosto dela logo em seguida.
Júlia fitou a linda e inocente criança. Do pai ela somente havia herdado a cor dos olhos castanhos, já de si ela havia herdado os cabelos dourados e a pele bronzeada, que reluzia ao sol de uma tarde comum.
-- Oi, pequenina, mamãe não está chorando. Deve ter sido uma poeira que caiu no meu olho, sua coisinha fofa de mamãe.
Júlia abraçou a menina e a jogou por cima de si.
A garotinha se acabava na gargalhada nos braços da mãe.
***
Sandra olhou para o marido, que estava deitado ao lado dela. Não queria mais nenhum crime contra a família Rodrigues. Nunca havia concordado com as maldades dele, mas também nunca se opusera a tal prática cruel contra terceiros. Sabia que isso era um ato covarde de sua parte, mas agora já era tarde demais para voltar atrás.
Era tarde demais para lamentações ou arrependimentos.
-- Eu soube que Júlia Rodrigues prometeu vingar a morte do desgraçado do marido dela.
Disse o homem alto e amedrontador, com um extremo rancor na voz grossa.
Sandra conhecia Júlia, mas nunca ao ponto de terem tido alguma uma vez um contato mais íntimo além de um sorriso distante ou uma breve troca de olhares, quando se encontravam esporadicamente nas confraternizações políticas.
-- Ricardo, Júlia é uma simples mulher desamparada... não tem dinheiro para se meter conosco, meu amor.
Ela tentava amenizar a ira do marido.
-- Já pedi para que dois de meus homens fossem lá na casa dela, ao entardecer.
Sandra experimentou um forte aperto de preocupação tomar seu peito.
Algo pesava muito dentro de si.
Apesar de nunca ter compactuado com as maldades do marido, também nunca havia tido um posicionamento contra o que ele fazia sem dó e sem piedade.
Era tão cruel quanto ele...
E além disso uma covarde!
Imediatamente, levantou-se e sentou na cama.
-- Fazer o quê, Ricardo? -- Temia pela vida da viúva e pela vida da filha dela. -- Júlia tem uma criança, que já ficou órfã de pai, Ricardo.
O cruel homem sorriu.
Um sorriso amarelo, sem vida, bem ao contrário de sua esposa, que era uma mulher jovem, atraente e belíssima, mesmo contando com quase 41 anos de idade.
Ele a beijou nos lábios e a puxou para um abraço.
-- Fique tranquila, meu amor, em breve você saberá.
Fim do capítulo
Olá, moças. Essa é uma hitória baseada em fatos reais. Tomara que gostem dela. BJOX.
V.
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Marta Andrade dos Santos
Em: 27/09/2020
Vixe o verme vai pegar pesado.
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