Acordei com um sol forte batendo contra meu rosto, e uma Yasmim ainda aproveitando seu sono, como se estive em seu quarto.

Meu corpo estava todo dolorido, passei a noite inteira na mesma posição, e servindo de cama para loira.

- Yasmim, acorda. Já amanheceu.  - faço um leve carinho no rosto da loira, que aos poucos foi despertando.

- Deixa dormir Isa, ta bom aqui.  - o corpo macio da morena, me dava conforto, tanto que nem lembrei onde estava.

- Quando a gente achar o caminho da pousada você descansa loira. E meu corpo ta todo moído aqui.  - acaricio o cabelo de Yasmim, que abriu aos poucos os olhos.

- Meu Deus! Nem estava me lembrando que estamos nessa enrascada.  - meu desespero voltou, e só não foi maior, porque ainda estava nos braços de Isabela.

- Calma loira. Vem, levanta, vamos tentar voltar. Só basta ter uma noção de que direção viemos.  - falo já de pé esticando os braços com marcas vermelhas e as costas doloridas.

- Eu não me lembro. Sai correndo com tanta raiva, que não faço a menor ideia qual direção seguir.  - massageio minha cabeça, olhando para todos os lados.

- Ta bom. Acho que tenho uma noção, apesar de tudo ser verde e parecido.  - falo levando a loira ao riso.

- Só você mesmo Isa, para brincar com uma situação dessa.   - cruzo os braços, ainda sorrindo observando a morena.

- Tem que rir né Yasmim? Chorar não vai ajudar em nada. E daqui a pouco encontram a gente. Já devem ter se dado conta, da nossa ausência. Principalmente o Manoel que com certeza vai querer me matar.   - falo imaginando a bronca que vou levar do meu amigo.

- Verdade, então você acha melhor esperar aqui?  - pergunto a morena, que ainda tinha um ar pensativo.

- Acho melhor. Porque não adianta andar por onde não conhecemos, e se complicar ainda mas. Se der algo de errado a gente sai.  - olho a loira que concorda.

Mas como nem tudo são flores...

Ainda á observando, percebo uma movimentação logo atrás da loira, em uma mata um pouco baixa. Eu não sabia se avisava ou arrastava e corria.

- Yasmim... Não quero te assustar, mas como tudo aqui da medo. Tem algo atrás de você em um arbusto. Mas fica calma, que preciso saber primeiro do que se trata. Então não se meche.  - os olhos da loira cresceram demostrando seu medo. Porem, a mulher não falou nada, e nem se mexeu como foi orientada.

Ainda olhando para o arbusto, a movimentação aumentou, e de la, saiu um coelho assustado.

- Puta que pariu! Era só um coel... - não consegui terminar, porque vi em minha frente o fim do coelhinho.

Logo quando o coelho saiu do arbusto, do nada! Serio mesmo! Surgiu uma onça pintada e comeu o bichinho...

Meus olhos esticaram tanto, que achei que teria que pegá-los do chão.

Yasmim começou a me olhar estranho, ela iria me perguntar, porem com dedo, pedi que a loira ficasse em silencio. E graças a deus ela atendeu ao meu pedido.

O "gatinho" ainda se alimentava da sua caça. O que me deu medo também, porque, o coelho era pequeno, vai que isso não matasse a fome do gato?

Resolvi avisar Yasmim, e estava pedindo a Deus, para que a loira não gritasse.

- Yasmim. Olha, primeiro não grita. Tem uma onça atrás de você comendo um coelhinho, que pra mim é muito pequeno para passar a fome desse bicho, e não quero ser o complemento da refeição dele. Vem devagar ate mim, e não olha para trás.  - a loira estava tremendo, seus olhos estavam esbugalhados, porem ala veio devagar em minha direção.

Meu coração estava disparado, a onça estava se deliciando com seu banquete, sem dá-se conta da nossa presença.

A loira já estava bem perto, mas como o destino é descarado, ela pisou no galho atraindo a atenção do bichano. Acreditam nisso ?!

- Calma gatinho. Vem devagar Yasmim, ela ta olhando pra mim.  - a loira continuou vindo devagar, enquanto a onça ainda me encarava.

Mas não sei o que deu no bichano, ele deu um esturro( rugido) tão forte, que arrepiou todos os cabelos necessários do meu corpo. E depois dessa, claro, puxei a loira pelo braço e foi perna quem te tem!

- Corre Yasmim!!! Como se a sua vida dependesse disso!!  - falo correndo, e olhando para trás, vendo a onça ao meu encalço, como se tivesse encontrado o banquete do ano.

- E não depende não Isa?! Tem um onça faminta atrás de nós!!  - eu corria desesperadamente, os galhos batiam contra meu rosto, minhas pernas, mas não sentia dor, o medo de morrer era maior.

Isa vinha logo atrás de mim, porém parei de correr ao perceber que não tinha mas saída, e sim uma descida enorme cheia de arvores.

Parei de correr e me virei para avisar a morena, mas ela vinha correndo e não olhou para frente, e acabou trombando em mim, e caímos no que parecia ser um penhasco, porem não era muito alto.

Senti meu corpo doer, ao bater nas arvores e galhos, enquanto descíamos rolando, porem, apaguei ao bater com a cabeça em algo desconhecido.

~*~

Acordei um tempo depois, com o corpo cheio de arranhões, e um pequeno corte na cabeça, que não era grave, porem me dando conto de onde estava, procurei por Isa, que não estava ao meu lado.

Não quis gritar, pois não sabia se a onça estava por perto, por isso sai andando e olhando a o local de onde caímos. Meu desespero veio a tona, quando encontrei a morena ainda desmaiada, com o rosto machucado e com uma fratura exposta na perna.

- Meu deus! Isa, acorda. Por favor...  - supliquei sem mexer na morena.

E meu alivio veio ao sentir que a mesma ainda respirava, então aproveitei para verificar seus ferimentos, constatando que o mas grave era o da perna. Na região da cabeça, não tinha nenhum corte nem em seu corpo. Por isso tentei novamente despertar a morena.

- Isa, acorda. Não me deixa aqui sozinha...  - acaricio os cabelos da morna, à vendo despertar aos poucos.

- Ai!...Meu Deus que dor! Eu fui atropelada?   - meu corpo inteiro doía. Fui tentar levantar, mas senti uma dor aguda na perna, que me fez deitar novamente.

- Quase isso. Mas não levanta, sua perna não ta legal. Vou tentar imobilizar, mas já te aviso que vai doer.   - continuo acariciando os cabelos da morena, que concordou ainda com a dor estampada na face.

- Tudo bem. Pode fazer, ate porque vou precisar dela para não te dar trabalho.  - vejo a loira se levantar, e sair sem falar mas nada.

Um tempo depois ela retorna, com pedaços de madeira, e sem avisar retirou sua blusa, ficando somente de sutiã.

- Que isso Yasmim? Eu vou morrer, é isso? É a ultima da despedida é ?  - a loira não respondeu, simplesmente pegou minha perna com cuidado, colocando as talas em cada lado, e as amarrando com sua blusa. Que ela tinha rasgado e feito tiras.

- Isso vai doer um pouco Isa. - antes da morena responder, amarrei as talas pressionando a fratura. A dor foi tanta. que a morena sentou-se levando as mãos a cabeças.

- Jesus!! Pensei que ainda ia conta Yasmim. Ai! Ai! Cadê o Manoel?  - as lagrimas desceram molhando meu rosto.

A dor foi muito forte, porem fui confortada nos braços da loira, que sentou-se ao meu lado, me abraçando, e pondo minha cabeça em seu colo, onde acabei dormindo pela dor que ainda lateja.

Isa acabou adormecendo, e eu continuei na mesma posição velando seu sono. Já imaginava que isso aconteceria, a dor foi muito forte.

Mas, meu desespero voltou, pois não fazia a menor ideia de como sair daquele lugar, e onde caímos, as arvores não eram altas, com isso dava para ver o céu limpo e o espaço ao redor, o que daria para perceber algum animal próximo, o que me trouxe uma pontada de alívio, pelo menos por enquanto...

Fim do capítulo