O dia amanheceu quieto e chuvoso. Levantando na mesma rotina de sempre, sigo para o caminhão que já estava a minha espera. Subindo logo encontro Mano.

- E ai, está preparada ? Hoje tem Barra de novo!   - diz Mano com ar de riso.

- Nossa! Eu nem estava me lembrando, se eu soubesse tinha trocado, imagina se a branquela me vê! Ela vai querer pular no meu pescoço!   - falo correndo fazendo a coleta.

- Que nada! Só se você for muito azarenta de encontrar ela lá!  - Mano também correndo.

- E você duvida é?!    -  eu estava correndo seguindo em direção ao carro, mas como nossos olhos também nos traem...

Uma morena de parar qualquer BR passar por mim. Eu até que tentei não olhar sabe?! Mas foi mais forte do que eu, o problema foi que eu continuei olhando e correndo, ou seja, só foi o tempo de escutar Mano gritar.

- Isa! Olha placa!!   - grita Mano levando as mãos a cabeça.

Pois é ! Ês que enfim vou ter o verdadeiro chifre na testa. Porque bateu tão forte que apaguei na hora!

~*~

Acordei um tempo depois um pouco desnorteada. Estava numa sala branca e com uma dor forte na cabeça. Tentei levantar mas fiquei um pouco tonta. Tentei novamente mas desisti ao escutar uma voz que não me era estranha.

- Para onde você pensa que vai ?  - pergunta a mulher parada na porta.

Sabe quando você sente que o perigo esta logo á frente? Foi isso que sentir quando vi a branquela que estava ali parada a minha frente, e para acabar de lasca, ainda estava de branco, ou seja, ou me trouxeram para  um manicômio ou ela era a médica mesmo!

- Oi, estava tentando ir ao banheiro.   - tento não olhar para a mulher a minha frente, mas isso era um pouco impossível.

Primeiro; ela era linda.
Segundo; estava com o maior medo dela ter lembrado de mim e queira se vingar! Vai que né?!

- Você esta sobe observação, preciso que fique deitada até que façamos alguns exames.   - a mulher olha a em ficha sua mão.

- Sim senhora!   - falo batendo continência.

A mulher mais baixa já se retirava da sala, mas deu a volta e falou olhando diretamente para mim.

- Não pense que esqueci da sacolada que você me deu. E nem da asneira que me falou. Por que não esqueci de você!   - olho diretamente naqueles olhos verdes que demonstravam curiosidade.

- Nossa! Não sabia que o momento foi tão marcante assim, mas eu também não esqueci não viu?! Até porque, a senhora é linda demais para ficar só na lembrança... - olho diretamente para a boca da mulher que ficou entre aberta.

- Mais respeito por favor! Eu deveria ter dado uma injeção bem no meio da sua testa para você aprender a me respeitar!  - eu ainda estava pasma com audácia daquela favelada.

- Oxente! Calma doutora, que violência é essa! Eu em!  - olho atentamente para o belo rosto.

- Esse hospital esta baixando o nível, permitindo a entrada de tipinhos como você, realmente é o poço da decadência!   - olho com desdém para a morena, mas coração aperta ao ver o olhar triste da mulher que baixou o rosto.

- Esta certo doutora. Eu realmente não estou entendendo como vim parar aqui, provavelmente deve ser fruto do meu trabalho, mas não se preocupe que já vou sair independente de estar de alta ou não. Já estou saindo do covil!  - me levanto rapidamente mesmo sentindo uma pequena dor na testa.

- Espera, não pode sair assim!   - sigo indo atrás da mulher mais alta, que saia cambaleando apressadamente.

- Me deixa doutora! Estou atendendo ao seu pedido!  - vejo Mano se levantar e me olhar com ar de assustado.

- Isa! Você não estava em observação?   - Mano seguia Isa.

- Acabei de me dar alta.  -   já fora do hospital, sinto uma mão macia me puxar com força. Como não sabia quem era, acabei puxando de volta, e um corpo quente bateu contra o meu, que iria ao chão se eu não estivesse segurado por sua cintura.

E para minha surpresa adivinha quem era?! Isso mesmo a branquela gostosa! Segurei mais forte sua cintura e por um momento pude escutar um gemido baixo.

- Já esta com saudades doutora?   - aconchego mais aquele corpo quente ao meu.

- Me solta! Você se acha em ?   - sinto aquele corpo junto ao meu, seus braços envolvendo minha cintura, aqueles olhos verdes me olhando com malicia. Ai! Acho que to ficando louca!

- Você que veio correndo atrás de mim!   - olho seu rosto ficar vermelho.

- E-eu vim dizer que você não pode ir embora assim!   - falo sem conseguir raciocinar direito.

Aqueles braços me apertando sua perna entrando no meio das minhas e os olhos verdes me fitando estava tirando completamente minha atenção.

- Eu não só posso como vou! Mas se você quiser posso ficar aqui juntinha contigo...   - olho dentro dos seus olhos colocando uma mecha de cabelo para trás, inclinando minha cabeça que seguiu em direção ao seu pescoço.

Ela se retrai ao sentir meus lábios rosarem na pele macia e cheirosa do seu pescoço.

- O que você, e-esta fazendo?...   - meu corpo todo estava arrepiado, minhas pernas fraquejaram ao sentir aquela boca macia passear por meu pescoço, mas fui acordada do meu transe ao escutar Marcelo, meu colega de trabalho, me chamar.

- O que esta fazendo ai? Estamos precisando de você lá dentro.   - fala Marcelo achando estranho sua amiga nos braços daquela estranha.

- Cla- claro já estou indo.   - ainda estava um pouco perdida sentindo as mãos da mulher mais alta em minha cintura.

- Acho que você tem que ir doutora.   - falo já me afastando da mulher sentindo um ar frio passar por meu corpo.

- Tenho sim. E não te dei liberdade nenhuma para ficar me agarrando assim... E não dever ir embora, ainda esta sobe meus cuidados.    - falava num tom autoritário, porem não obtive sucesso, pois a mulher já se afastava sem olhar para trás. E eu não iria gritar né?!

Volto para dentro do hospital dando continuidade ao meu corrido dia de trabalho, mas dessa vez com o corpo fervendo.

                          ~*~

- E ai Isa, você esta melhor ?  - pergunta Manoel caminhando ao meu lado.

- Novinha em folha, e pronta para outra! Agora vamos que não volto mais para o trabalho hoje.

Seguimos para casa, já que eu por via das duvidas, ainda estava de licença médica não iria perder meu dia.

- E ai Mano, como vai ficar a programação para viagem?   - pergunto enquanto guardo meu troco no bolso, já dentro do ônibus.

- Nós iremos no final desse mês, fiz pedido das nossas férias que estão vencidas e coloquei nossos nomes esta tudo certo!   - fala Mano animado.

- Que bom! E que passe rápido, porque estou precisando de férias!   - me sento um pouco cansada.

- Mas você sabe que a viagem vai ser mais aventura do que descanso né?   - Mano se senta ao meu lado.

- Não importa, o bom é que vamos ficar longe de tudo! Quero um pouco de ar.  - descendo do coletivo sigo com meu amigo ao meu lado.

- Verdade, também estou precisando desse tempo, esses dias foram demais para mim. Vou passar no mercado beijos se cuida!   - fala Mano me dando um abraço e já saindo.

- Você também!   - sigo meu caminho calmamente, porem acabo me lembrando da branquela e um sorriso surgiu em meu rosto ao recordar da sua cara quando estava presa em meus braços.

Continuo meu caminho ainda pensando, mas não muito sabe?! Porque a cabeça ainda estava doendo.

Fim do capítulo