Epílogo - Parte Inicial
Isadora, dez anos depois
– Conta de novo, mãe! – pedia Júlio que sempre adorava uma boa história.
– Mas, amor, você já conhece tudo de cor e salteado... – ainda tentei argumentar, mas Rafa já me olhava pedindo que eu falasse de uma vez.
– Mas a Mariana não lembra direito – argumentou o menino.
– Conta! Conta! – Mari começou a pedir também.
– Eu conto então! Já ouvi mais vezes que vocês dois juntos! – declarou André – Elas se conheceram quando fizeram curso de inglês juntas e logo logo a mãe Isa já ficou caidinha pela nossa outra mãe, que era muito distraída e nem percebeu! Mesmo com a mamãe tentando de todas as maneiras fazer ela ficar feliz! Aí anos se passaram e as duas ficaram melhores amigas, mas nadinha da mãe Rafa perceber que a mãe Isa gostava dela!
– E ela também gostava! – dizia Mari.
– Calma, maninha, já vou chegar aí!
Estávamos os cinco reunidos na sala, para comemorar o aniversário de casamento de dez anos da Rafa e eu. Achamos que seria bom incluir toda a família ao abrirmos os travesseiros que guardamos com muito carinho por todo esse tempo. Rafa havia tentado me convencer de adiantarmos alguns anos, tamanha curiosidade, mas o André, que ouvia a história dos travesseiros desde muito pequeno, não deixou de jeito nenhum.
O André chegou em nossa vida de uma maneira muito inusitada. Eu estava cobrindo um evento em um orfanato e Rafa naquele dia estava de folga e decidiu ir comigo. Assim que chegamos, um menino passou correndo por nós e caiu no chão. Fomos ajudar ele e ficamos conversando para impedir que ele chorasse. Nos apaixonamos completamente. Isso foi bem no dia que completávamos dois anos de casadas e André tinha cinco anos. Passamos a visitá-lo e não demorou nem um mês para termos certeza que ele seria nosso filho. Demorou um pouco mais para isso se concretizar legalmente, mas fomos pacientes e conseguimos nosso menino, que hoje já é um rapaz com treze anos. Lembro perfeitamente do momento em que pudemos dizer para ele que éramos oficialmente suas mães e ele sorriu de uma maneira que me faz chorar até hoje.
Dois anos depois que ele estava morando conosco, começou a nos pedir por irmãos. Compramos um cachorro: o Bóris, mas isso não o satisfez e falava tanto de irmãos que a ideia começou a ser cada vez mais real e decidimos que dessa vez Rafaela faria inseminação. Lembro perfeitamente da sensação que foi ver sua barriga crescendo e o Júlio se desenvolvendo ali dentro. Hoje ele já tem cinco anos.
Acabamos gostando muito de ter filho e um ano depois de Júlio ter nascido, fiz inseminação e veio a Mariana, hoje com três anos. Lembro perfeitamente do choro que ela fez ao sair de dentro de mim, que se confundiu com o meu próprio choro e o choro de Rafaela.
Com o nascimento de Mari e Júlio ainda muito pequeno, eu parei de trabalhar para poder ficar com eles. Desde então faço alguns free lancers, mas não aguentei mais trabalhar diariamente, sabendo que os meus filhos estavam em casa e esse era o melhor trabalho do mundo. Antes ficava muito mais difícil para que eu e Rafa pudéssemos passar tempo só nós duas, mas a minha decisão de emprego acabou facilitando bastante.
– Continua! – pediu Júlio.
– Um dia a mãe Rafa decide se casar com outra pessoa! – disse André, um ótimo contador de histórias – E a mãe Isa ficou muito, muito triste – fez que chorava para brincar com Mariana e ela o abraçou – Mas aí, todo o sofrimento de ver a mãe Rafa casando, foi suficiente para ela arranjar a coragem que tinha escapado dela por todos aqueles anos e se declarou, dizendo que a amava – fez uma pausa.
– E aí? – perguntou Mari.
– Aí que a mãe Rafa ficou confusa. Pensou, pensou e pensou e descobriu que também amava a mãe Isa! Que sempre tinha amado!
– E aí elas ficaram juntas! – concluiu Júlio.
– Aí elas se casaram, há exatamente dez anos atrás! E esconderam aqui dentro desses travesseiros os planos que tinham para as nossas vidas! – e quando todos achamos que tinha acabado, André continuou – E dois anos depois desse casamento, elas me conheceram, e nós três nos amamos logo e depois de um tempo vim morar aqui e elas me contaram essa história que estou contando para vocês.
– E a gente? – perguntou Júlio.
– Eu estava querendo muito irmãozinhos para empetelhar! Aí veio você – apontou Júlio – Bem daqui de dentro – apontou a barriga de Rafa – E depois veio você – apontou para Mari – Bem daqui de dentro – apontou para a minha barriga.
– E agora vamos abrir os travesseiros! – festejou Mariana.
– Juntas? - perguntou Rafaela e eu fiz que sim.
Descosturamos o travesseiro com as crianças falando sem parar.
– Vou começar a ler! – declarou Rafa – Eu desejo que o nosso futuro seja cheio de crianças – ela leu em voz alta rindo enquanto Júlio e Mariana fizeram festa e André sorriu.
Nos olhamos apaixonadamente e nos beijamos, felizes de estarmos juntas.
– Eu desejo que tenhamos muitos gatos – eu li e todos começamos a rir – Não acertei esse...
– Está vendo, mãe, eu disse para a gente trazer o Fofinho para casa! – reclamou Mariana.
Fofinho era um gatinho que sempre rondava a escola deles e Mariana sempre quis trazer para casa, mas sempre achamos que o Bóris não fosse gostar.
– Mais um, gente! – Rafaela continuou – Eu desejo que a nossa casa tenha um lindo jardim.
– Ih, o nosso nem é muito cuidado – comentou André.
Passamos um bom tempo nos divertindo com os nossos sonhos de dez anos atrás, que nem nos lembrávamos mais quais eram.
– Desejo que possa acordar todo dia, tendo a certeza que a mulher mais linda do mundo estará ao meu lado – eu disse e Rafaela se derreteu.
Nos beijamos mais uma vez e continuamos as leituras.
– Desejo sempre ter o meu travesseiro preferido – leu Rafa e nos olhamos apaixonadamente.
Alguns dos papéis nós tínhamos que guardar rapidamente e não ler para as crianças por serem coisas... mais íntimas... e que leríamos quando estivéssemos sozinhas.
Depois de mais um tempo de lembranças, histórias e risadas, tio Edu e tia Lúcia chegaram para levarem as crianças e nos deixarem para a segunda parte de nosso aniversário!
– Bom, meninas, amanhã não se atrasem para o almoço – disse tio Edu, mas depois que a Rafa saiu de perto, disse no meu ouvido – Não deixa ela se atrasar muito, está bem?
– Eu ouvi! – reclamou Rafa.
– Vou tentar – disse e pisquei para ele.
Todos nos despedimos e então sobramos eu e ela.
– Enfim à sós – eu brinquei indo em sua direção e puxando-a para mim.
Nos beijamos com muita saudade. Momentos de estarmos assim com a casa só para a gente não eram tão comuns.
Sentir Rafaela em meus braços era simplesmente a melhor sensação do mundo. Enquanto caminhávamos para a cama, eu lembrava da nossa primeira vez e sentia-me arrepiar por pensar que aquela mulher me amava e dividia uma vida comigo.
Deixamos o restante dos papéis para depois, porque o mais importante não eram os sonhos que tivemos de nossa vida e sim a nossa vida, que convivíamos a cada diz da melhor maneira possível e que, com certeza, era absurdamente maravilhosa. E a todo momento eu tinha a certeza de que tudo tinha valido à pena. Até a dor de pensar que ela nunca estaria comigo. Tudo valia à pena para ela estar ali. E ela estava e não havia nada de mais lindo nesse mundo do que isso.
– Eu te amo, Rafaela.
– Eu te amo, Isadora.
Fim do capítulo
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lay colombo
Em: 31/08/2020
Digo e repito, estou boiolinha com essas duas
Resposta do autor:
Elas sao muito fofas agora que deixaram de lerdeza rs
Anny Grazielly
Em: 12/08/2020
Aiaiaiaii... familia completa... so faltando o gatinho... kkkkk... adoro essas duas...
Resposta do autor:
hauahuahu verdade, esquecemos o gato!
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Mille
Em: 10/08/2020
Oi autoras
Amei reler essa histórias, depois de tanto sofrer por amor a Isa e Rafa mereciam viver feliz e com sua linda família.
Bjus
Resposta do autor:
Oi, Mille! Ficamos muito felizes que tenha gostado da história! Agora elas irão viver felizes com essa linda família e criaram =)
bjs
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HelOliveira
Em: 10/08/2020
Que delícia ler mais esse capítulo e agora com uma família linda..
Parabéns
Resposta do autor:
E que família linda e grande! Elas merecem essa alegria toda!
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patty-321
Em: 09/08/2020
Aí meninas lindas, que estória maravilhosa vcs construíram. Parabéns. Guardo.com.muito carinho no meu coração. Vontade de reler e reler. Bjs.
Resposta do autor:
Obrigada, Patty! Ficamos muito felizes de vc ter gostado apesar do sofrimento constante nos primeiros 60 capitulos kkkk
bjs
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