E hoje é dia de Patrícia....rsrsrs
Capitulo 3- A vida de uma agente federal
CAPÍTULO 03 - A vida de uma Agente Federal
Depois que meu parceiro Miguel foi morto em uma emboscada, um psicólogo da Polícia Federal me aconselhou a fazer um diário, na verdade, me obrigou, foi o trato que fiz para continuar trabalhando após o período de licença, o objetivo principal era escrever minhas angústias, minhas alegrias, casos ligados a Polícia, essas coisas, mas, me pego muitas vezes escrevendo sobre o meu passado, talvez seja uma forma de passar a limpo tudo o que vivi e não consegui resolver na época, não sei de fato o que me motiva, mas, tenho que apresentar todo mês, mesmo que de forma distanciada, os meus textos em forma de um relatório, lógico que ele chega ao psicólogo cheio de licenças poéticas, digamos assim.
Hoje cheguei cedo ao trabalho, queria dar continuidade a pesquisa sobre um caso que me deram a cerca de três dias, a história é bem intrigante e nada fácil de resolver, estava analisando uns papeis do pouco que consegui descobrir, sinceramente, não entendo nada de tráfico de animais silvestres, peguei as leis e comecei analisando a rota, assim como o pouco que se sabe sobre os cabeças da organização, a líder é uma mulher, tem cerca de trinta e cinco anos e atende pelo codinome de Joy, seu parceiro usa o pseudônimo de Caça e ajuda na captura de animais e nas negociações de forma bem distanciada, eles nunca aparecem diretamente, os poucos parceiros do crime que nosso colegas da Civil conseguiram prender, não tinham muito a falar, a liderança era quase intocável, a líder era muito bem protegida e pelos visto, milionária, nesse panorama foi dada a minha missão, meu objetivo é "apenas" conseguir chegar a Joy e desarticular todo seu esquema.
Estava completamente perdida em meus pensamentos e anotações quando minha chefe encostou na porta, rapidamente guardei o diário dentro da gaveta e passei a chave, tive que me segurar muito para não rir, ela pensa que não reparo nas suas piadas sem graça, e principalmente, na forma em que encontra de se vingar por não dar nenhuma bola ao seus olhares lânguidos. Hoje ela apelou, ficou parada fazendo pose bem na minha frente, estava com os olhos espremidos demais parecendo o Mr. Magoo e somado a isso fez um ridículo bico de pato, a situação era de doer, alguém tem que avisar a ela que essa definitivamente não é a melhor forma de seduzir uma mulher, tive que manter a pose, guardei a vontade de rir no bolso e perguntei.
- Dra. Márcia, a senhora está se sentindo bem?, aceita um copo d'água.
Ela olhou irritada e deve ter entendido o meu recado, pois desfez os olhos de Mr. Magoo e o bico do pato imediatamente.
- Está tudo bem Agente Patrícia, ia conversar sobre um caso, mas, deixa pra lá, estou muito ocupada por agora.
- Tudo bem, precisando é só falar, ah, ia esquecendo, o seu marido, o Cel. Carlos, ligou ainda a pouco, pediu que a senhora retornasse imediatamente.
Minha chefe apertou os olhos, suas bochechas ficaram vermelhas na mesma hora, primeiro porque a chamei de senhora várias vezes, depois porque frequentemente faço questão de lembrar que ela tem um marido e o mesmo é Coronel do Exército, na verdade, já imaginava que haveria uma retaliação, mas, não pensei que seria a galope.
Cerca de meia hora depois, Dra. Márcia retornou com um grande sorriso nos lábios, com certeza tinha arquitetado mais uma forma de se vingar, há meses ela vem tentando em vão me prejudicar sempre que me esquivo das suas tentativas de sedução.
- Agente Patrícia, venha a minha sala.
Segui minha chefe e esperei que ela sentasse para me sentar logo após. Olhei seu rosto anguloso e os longos cabelos castanhos e lisos que caiam como uma cascata por cima de seus ombros, Dra. Márcia poderia ser uma mulher interessante, mas, sua personalidade não ajudava em nada. Percebi que ela me olhava por cima dos delicados óculos de graus e seus olhos escuros não me passavam nada.
- Agente, quero que vá com a novinha efetuar uma prisão, vá a paisano mesmo que preciso que essa ação seja realizada de uma forma bastante discreta, hoje eu pego aquela tal de Raquel, a princesinha do pó.
Olhei assustada, mas esse caso não era do Falcão?, tentei argumentar que o meu colega ficaria chateado e com toda razão, ele estava há meses no encalço da tal princesinha e não gostaria de tirar esse momento dele, mas, Dra. Márcia não se importou com o argumento, disse que Falcão até poderia ir, mas, eu chefiaria a ação, também expliquei que também era muito cedo para levar a nova agente, que não seria bacana envolver alguém inexperiente nesse tipo de missão, mas, ela não escutou nada do que falei e deu por encerrado o assunto.
- Deseja mais alguma coisa Patrícia?. - Nessa hora percebi que não adiantaria nada contra argumentar.
- Não, Dra. Márcia, vou fazer o que tem que ser feito.
- Acho bom, afinal, é esse o seu trabalho, não é?, pode ir Agente e boa sorte em sua missão.
Segui me perguntando como deveria contar a decisão ao Falcão, como vou explicar que vou encabeçar a missão sem ter feito nada por pura birra da chefe?, eu sei que isso é injusto demais com ele, Falcão quem conseguiu desenrolar tudo, fora isso, ainda tinha mais uma preocupação, estaria comigo alguém que mal saiu da Academia de polícia.
Voltei prendendo meus cabelos e passando a mão esquerda na testa como sempre faço quando estou nervosa e me encaminhei para sala de Falcão, que estava sentando no computador digitando uns relatório.
- Falcão, precisamos conversar, a Dra. Márcia me colocou em uma missão e não estou nada confortável.
Falcão parou de digitar e me olhou sorrindo.
- Patrícia, você foi o primeiro lugar na academia, todos os delegados brigam para ter você em sua delegacia, ainda duvida da sua competência?, seu parceiro morreu porque ele foi descuidado, não é sua culpa, querida...
- Falcão, eu sei, não e isso que me preocupa.
- O que foi então?.
- Dra. Márcia me pediu para encabeçar a prisão de Raquel, eu não conheço o lugar e não sei muito sobre o caso. Falcão, eu sei que você investigou por meses a fio, eu precisava te contar, dizer que não queria isso...e tem mais, ela pediu que levássemos a novinha.
Meu amigo bateu forte o punho na mesa, até estremeci, imediatamente senti meus olhos marejarem, eu nem sempre consigo agir friamente diante do descontrole do outro, por sorte o colega percebeu minha agonia e sentou serenando.
- Patrícia, eu sei que não é culpa sua, essa vaca está louca para te dar faz tempo, porque não presta logo esse serviço em favor dos seus colegas?, quem sabe ela se acalma depois que der um boa chave de...
- Ah, para, nem pensar Falcão, eu não sei fazer sex* casual, eu só faço amor...
- Você é a última das românticas então?.
- Pode zoar, eu sei que sou estranha...
- Que é isso?, eu admiro você pensar dessa forma, de verdade, queria entender como pode uma pessoa tão bacana assim estar solteira.
- Amigo, acho que as mocinhas não fazem muito sucesso no meio arco-irístico...Hahahahah
Falcão me olhou por uns segundos e levantou animado.
- Paty, quer saber?, vamos agora na sala da novinha e fazer o que tem que ser feito, não se preocupe, extra oficialmente eu lidero toda a ação, vamos deixar a novinha sob total proteção. ‘ Bora mulher, vamos pegar a chave de um carro descaracterizado.
Quando chegamos ao pátio estávamos ladeados por Nina, a novinha, essa é a forma como chamamos os novos agentes que chegam diretamente do curso de treinamento da Polícia Federal para trabalhar em sua primeira lotação. Olhei os carros e todos os descaracterizados haviam sumido do pátio, havia apenas um ostensivo, uma Pathfinder do último modelo e com o logo da Polícia Federal estampado em dourado, como ser discreto com esse carrão?. Olhei para os colegas e após uma breve reunião, voltamos para trocar de roupa e pegar as metralhadoras, se o carro era ostensivo, me senti no direito de usar o que bem entendesse.
Encontrei com a chefe no meu caminho.
- Agente Patrícia, ainda não foram?.
- A senhora viu o carro que sobrou?, vamos colocar os uniformes e pegar as metralhadoras, provavelmente vamos ser recepcionados por tiros, não é?.
- E você já usou alguma metralhadora?, usa a sua Glock que já está de bom tamanho.
- Não vou arriscar a minha vida e dos meus parceiros, se não lembra, Dra. Márcia, tirei o primeiro lugar no curso de tiros, portanto, eu sei usar muito bem uma metralhadora, nem que tenha sido apenas em treinamento.
- Que seja - Disse olhando o relógio e avisando - Já estão bem atrasados.
E foi com o sentimento de resolver tudo que entramos no carro, não preciso detalhar o dia exaustivo que tivemos, mal paramos para comer, chegamos doloridos, mas, graças a Deus, íntegros, então, acho que não preciso dizer nada mais, a operação foi um sucesso, prendemos a tão famosa Raquel, e conseguimos desarticular o seu esquema, mas, não vamos ser ingênuos, sei que em breve eles se organizam novamente e um novo chefe passa a encabeçar o tráfico.
No caminho fui analisando Raquel, ela carregava muita dor nos olhos para sua idade, a Princesinha do pó nem tinha saído dos vinte anos, havia herdado a boca dos pais e tinha crescido no mundo do crime, quem olhava aquela jovem de roupas de hip hop jamais poderia imaginar que era uma traficante de renome, conhecida por ser implacável e por não deixar nenhuma dívida barata.
- Está olhando o quê, tia?.
- Primeiro, não sou sua tia, depois não tenho obrigação alguma de responder nenhuma pergunta sua, você quem vai responder a justiça.
- Eu sei os meus direitos, pode deixar.
- Vamos fazer uma troca, eu pergunto uma coisa e em troca você me responde outra, feito?.
- Ai já está falando a minha língua...ai, porque entrou para a Polícia Federal?.
- Me formei em Direito e queria ter uma vida mais movimentada, testar meus limites, e você, como entrou no mundo do crime?.
- Essa é mole, família pobre, tráfico lucrativo, namorado traficante, soma tudo isso e coloca bem dentro da personalidade de alguém que sempre sonhou em ter muito mais do que o emprego de doméstica poderia oferecer.
Baixei os olhos e ela também, seguimos o restante do trajeto em silêncio absoluto.
Entrei na Delegacia pisando firme, peguei dentro do armário minha pesada mochila, escolhi algo aleatório dentro da muda de roupas e segui para o banheiro, deixei que as lágrimas descessem contínuas no rosto e quando retornei, debrucei sob a minha mesa e chorei ainda mais, chorei por Raquel, chorei por mim e pela adolescente cheia de sonhos que era, e chorei por Mariana, porque não consigo apagar da memória os teus beijos, o som da sua risada, o seu jeito único de cantar tão desafinado?, enfim, porque para mim estava fazendo amor, enquanto para você era simplesmente sex*?.
As lembranças voltaram com tudo...quando entrei para o primeiro ano do ensino médio parece que tinha tomado fermento, meu corpo criou curvas, meus seios se avolumaram se tornando na medida exata. Olhei no espelho e percebi algo que nunca havia reparado, sou uma cópia exata da minha mãe, e se a achava muito bonita, de certo eu também era, mas, foi também nesse exato momento que decidi que não queria ser apenas uma mulher bonita, queria que tivesse orgulho de mim, sorri e prometi para mim que nunca usaria esse tipo de recurso para me magoar ou magoar alguém, queria ser a melhor profissional possível, do mesmo jeito que meus pais e acima de tudo, queria ser útil as pessoas.
Era uma segunda qualquer, tinha me arrumado para você, fui até o banheiro da minha mãe e passei o seu melhor perfume, aquele que você tanto gostava de sentir no meu pescoço, prendi os cabelos em um enorme rab* de cavalo e passei um pouco de gel, depois coloquei um batom um pouco mais escuro, aquele que você já havia dito que ficava sexy em mim e segui com o coração cheio de amor para te dar, estava disposta a te pedir em namoro, cheguei a escola cedo, conversamos um pouco, você me elogiou e disse que gostaria de falar comigo no banheiro na hora do intervalo, fiquei na expectativa, o coração parecia que ia explodir de tanta felicidade, mal consegui prestar atenção na aula, quando tocou para o intervalo já ia em direção ao banheiro quando a Professora Carla me parou no corredor, ela queria falar sobre um concurso de redação e que deveria concorrer pela escola, fiquei orgulhosa pelo convite, mas, nesse momento meu único pensamento era você, é, foi sofrido, pensei que o assunto não ia acabar nunca, quando nos despedimos corri para te encontrar, Cassandra e Vivian também me pararam contando uma história que nem lembro mais, no entanto, percebi que elas queriam apenas me fazer gastar tempo, senti que algo não estava certo e infelizmente estava certa, te vi saindo do banheiro com duas garotas, seu rosto estava vermelho e suado, ainda ofegava e ajeitava os cabelos, e enquanto isso, as duas meninas se afastaram rindo e saciadas, achei que o meu coração ia explodir ali, só não sei se a dor maior era de tristeza ou de raiva, e foi com essa mistura de sentimento que cheguei até você e perguntei "o que é isso, Mari?", juro que senti que meu coração se partiu um pouco mais quando ouvi:
- É sex* e dos bons, delícia as duas, relaxa ai, depois eu não sou a porr* da sua namoradinha, não te devo explicação guria!, se quiser ficar comigo vai ter que seguir as minhas regras.
Estava nessa vibe quando a única pessoa que apareceu para me ajudar foi exatamente aquela que tenta fazer dos meus dias um inferno. Ela percebeu, me chamou e perguntou. Não soube o que responder, mas ela já entendeu tudo, Dra. Márcia em um momento estava na porta, no outro me puxou para um abraço, e dentro daqueles braços chorei como há muito tempo não fazia.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Anny Grazielly
Em: 09/03/2021
Caracaaaaa... essa Mari eh uma fdp... coitada da Patrícia.
Resposta do autor:
Mari só quer curtir a vida de uma forma despreocupada....Paty sempre muito fofa.
Andreia
Em: 08/12/2020
Mariana sempre mostrou que não era uma pessoa do bem prova disso o gato na piscina. Por mais que vida da gente dura você sempre tem dois caminhos a seguir do mal e fazer o mal a tudo e todos ou do bem fazer o bem para você e para próximo e dar volta por cima como muita gente consegui não to falando que fácil mais que é possíveis isso é.
Está chefe da Paty e foda além de ser casada ainda quer ficar com ela não se toca o duro que existe pessoas assim.
Path é desta que não fica com outra só p fazer sexo ela fica se for o significado da palavra amor hj em dia as pessoas esta tao sem lá amor nos corações, mais eu acho que ela vai encontrar o verdadeiro porque o que sente por Mariana não é que eu acho, mai vamos lá ler p ver.
Parabéns capítulo maravilhoso.
Abraços.
Resposta do autor:
Paty é de longe a personagem mais delicada que criei, algumas se apaixonaram por ela, outras a acharam meio boba, mas, ainda vai acontecer uma virada, ele muda bastante ao longo do livro, isso que é bacana ver o seu amadurecimento.
[Faça o login para poder comentar]
florakferraro
Em: 06/12/2020
Engraçado, apesar de tudo eu gostei dessa traficante, achei interessante o diálogo das duas.
[Faça o login para poder comentar]
brinamiranda Autora da história
Em: 13/11/2020
Ahhhhh, espere que ela muda bastante ao longo da história, vai se tornando mais forte, confiante...deixando o medo e os receios de lado.
Resposta do autor:
Ia esquecendo, gostaria de agradecer a Flora o seu e-mail, sim, ser gentil e educado sempre faz a diferença no mundo, se alguém te joga uma pedra ofereça uma rosa, vc nunca sabe o que está se passando por trás de palavras agressivas...um grande abraço.
[Faça o login para poder comentar]
patty-321
Em: 12/11/2020
Paty é toda mocinha, afffz.
Resposta do autor:
Patty é a fofura da histórias, recebi muitos e-mails perguntando se me inspirei em alguém para criá-la, mas, não, simplesmente ela saiu da cabeça para o papel, foi a primeira que veio da história...
[Faça o login para poder comentar]
brinamiranda Autora da história
Em: 07/08/2020
Do pouco que convivi pude ver, é muita pressão e não é nada fácil lidar frequentemente com o crime em seus diversos aspectos
[Faça o login para poder comentar]
Gabi2020
Em: 04/08/2020
Bichinha da Patty... Vontade de dar colinho.
Não deve ser fácil enfrentar o que esses agentes enfrentam todos os dias, fora a presssão.
Ai essa Márcia , que besta! Larga a Patty mulher!
E depois de tanto tempo, as lembranças da Mari ainda são fortes, eita amor! Ou será paixão? Ou saudade de algo que nunca aconteceu?
Patty devia investir na novinha, bem melhor! Kkkkk...
Beijos
Resposta do autor:
Ahhhh, a Paty é só amor, né?, muito emoção, cancêr com ascendente em peixes, queria o que, né?, tem um verdadeiro chamariz para as Mari da vida. E sim, é muita pressão, eu ia descrever um pouco do antes, da academia de Polícia, mas, não rolou, quem sabe role nos flashbacks, não sabemos o que vai rolar nos próximos diários, não é?.
A Márcia é uma mistura de duas mulheres que conheci rsrsrs
Sabe que ainda não consigo medir a dimensão desse sentimento da Paty, temos que ver as cenas do próximo capítulo...rsrss
bjs
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]