Skype nosso de cada dia
E lá estava eu... terça feira, em casa. Notebook ligado, óculos de grau, acompanhada de uma long neck e maldita ansiedade da espera.
“Merda! Que droga! “
Eu espraguejava até a minha terceira geração (ou mais) por estar em casa naquele momento, Mas tinha que estar, né.
Olhos vidrados. Atenta à camera, esperando achamada. Um gole na cerveja.
1 minuto
2 minutos
Nada. Eu não poderia nem lhes dizer por quanto tempo prendia a respiração, abria e fechava a boca. Claro que foram apenas alguns minutos, mas esses pareceram horas!
Eu já estava impaciente, descontando em minhas unhas a aflição e em meus músculos a tensão, pois minhas pernas pareciam ter vida própria enquanto balançavam frenéticas.
Outro gole.
21:02PM
- Que se dane essa porcaria! Eu sou idiota, isso sim!
Levantei da mesa do escritório disposta a desistir e terminar minha bebida na varanda de casa. Sério, eu estava p da vida!
Já estava em pé, de costas para o computador, olhando em direção à porta da varanda, sentindo o vento que saia de lá, quando o barulho conhecido do Skype me chamou atenção e antes que eu me virasse pude ouvir a voz dela, me fazendo arrepiar todos os pêlos de meu corpo.
- Olá, Cecília!
Meu coração falhou. Fechei os olhos com força e me virei devagar, respirando fundo, tentando inutilmente me preparar para o que – ou quem – me esperava atrás daquela tela de computador. Abri os olhos encarando a tela e pude ver o sorriso mais lindo que já havia testemunhado até então.
- O... olá, Erika! – soltei um pigarro leve tentando trazer de volta a voz que havia quase sumido.
Sentei-me lentamente na cadeira, sentindo que ela estava acompanhando todos os meus movimentos diante da tela. Tentei demorar o máximo que pude – inutilmente – colocando os fones no ouvido, de cabeça baixa, como se aquela fosse uma das tarefas mais difíceis se de serem feitas.
Levantei os olhos e a encarei. Como sempre ela parecia me desnudar com aquele par de olhos bem pretos, grandes e cheios de brilho.
Na época o tempo estava quente e abafado. Érika usava uma blusa muito delicada, em cor marfim, contrastando com a sua pele morena. Pude reparar na marca leve, quase imperceptível do que seria um bronze. Ostentava brincos pequenos e um tímido colar ponto de luz em prata, contrastando com seu sacramental de pingente grande. Mesmo falando apenas coisas rasas sobre sua vida pessoal, eu sabia que ela era uma mulher muito religiosa e ligada à família. Percebi que ela respirava fundo, como se precisasse de coragem para dizer algo.
Ainda nos encarando naquele silêncio sagrado, que dizia varias coisas. Foi quando percebi ela levantar o olhar, ajustar a armação do óculos, mais uma vez respirar fundo e perguntar:
- Como foi a sua semana?
“É sério que depois de todo esse tempo e tudo o que aconteceu, ela quer saber da minha semana?” – pensei e não pude esconder minha cara de indignação. Abaixei e levantei a cabeça inúmeras vezes. Pensei em falas falsas, mas tudo o que saiu da minha boca no nomento foi:
- Eu senti sua falta. – Disse num sussurro sincero enquanto a encarava pelas lentes, quase em súplica.
Érika retesou o corpo diante do meu olhar. Pude ver seu rosto mudar de expressão de segundo a segundo. Ela simplesmente não sabia como agir. Fora pega de surpresa!
“Ela sentiu” – pensei
A psicóloga fingiu ajustar os fones, olhou para o chão, passou a mão esquerda pelos cabelos. Ela estava ganhando tempo. Suspirou.
- Achei que já houvéssemos conversado sobre isso, Cecília... - me indagou com um nervoso incomum plantado em seu tom de voz. Ajeitou-se na cadeira. Ela estava nervosa.
- Sim, já. Mas você me perguntou e eu respondi! Eu estou com saudades... – Me fiz de desentendida. Cínica, no mínimo.
Da câmera do nosso Skipe vi ela mudar, ficar tímida, respirar, me encarar pela tela, ajeitar o óculos, descruzar e imediatamente cruzar os braços novamente. Diante de suas inúmeras reações, senti-me recuperando a confiança que havia se esvaído no momento que ouvi sua voz me chamando. Manti meu olhar firme, como se estivéssemos nos encarando frente a frente.
“Tu quer tanto quanto eu, admite!!” – Mais uma vez meu pensamento leviano, traicoeiro e profundamente apaixonado.
Érika suspirou. Parecia estar encurralada.
- Olha, Cecília – parou, me olhou, respirou fundo e continuou – Estamos pogredindo bem apesar do nosso obstáculo, então eu prefiro que mantenhamos um cronograma sadio para que não haja declínio na sua evolução. – Ela falava tudo de uma vez - Vou conversar com a Kelly pra te encaixar em outro horário com outra psic...
- Para Érika! Pode parar AGORA! – Interrompi a mulher com um tom de voz pouco usado por mim, o que a fez me olhar com certa surpresa - A gente já sabe no que isso vai dar, não sabe? Eu sei que você sabe! Não tente se enganar! Se eu quisesse outra pessoa na minha frente não teria insistido praticamente todos os dias pelo nosso encontro, mesmo que diante dessa merd* de pandemia que estamos tendo que enfrentar! Eu quero você, eu sempre quis você! E eu sei, aliás, NÓS sabemos – apontei o dedo indicador em direção às lentes da câmera - que você também quer isso tanto quanto eu! Então pára, mulher! Desiste de resistir! – falei a última frase em tom de súplica. Já pudia sentir meu coração sambando mais que rainha de bateria de escola de samba.
Abaixei a cabeça em demonstração de cansaço. Quando ergui o olhar de volta à tela, observei que ela estava de cabeça baixa, certamente procurando o que responder. Fechei os olhos ao dar mais um gole em minha cerveja quando ouvi sua voz triste...
- Cecília, por favor! Você sabe que isso não é certo! Tem o consultório, tem você, tem eu, tem minha carreira, tem a ética! – Vi seus olhos brilharem e ela engolir seco, como quem prende o cair da lágrima.
- Que se dane a ética, Érika! Nada do que você está falando faz sentido, você não percebe? Tudo bem, eu aceito que deixe de me atender, eu posso conversar com outra psicóloga, mas você precisa entender que NÓS NOS QUEREMOS e que não podemos fugir disso! Não faz isso, por favor!
Agora era eu quem encarava a tela com lágrimas querendo cair. Segurei. Levantei os braços em rendição, levando as mãos à cabeça e bagunçando os cachos. Eu precisava fazer algo. Definitivamente não deixaria aquela mulher escapar.
- Não faz isso, Cecília! – pediu-me com uma voz pesada, carregada.
Olhei pra tela sem entender. Pelas lentes do notebook percebi que o olhar dela estava inquieto, me encarava, me analisava. Foi então que me dei conta do que estava acontecendo, e minha cabeça se encheu de ideias.
Pelo passar das horas, e já sem esperanças de receber uma chamada de video de Érika eu acabei que me banhando e trocando a roupa do trabalho por um pijama velho – porém de estimação – que tenho. Meus cachos ainda estavam úmidos. Eu estava em casa, não estava? Não tenho culpa de nada.
Analisei meu próprio traje e vi que a roupa velha e largada fazia sombra nos meus mamilos, deixando eles bem à mostra, mesmo que cobertos pelo fino tecido. Dei um sorriso discreto. Olhei pra imagem daquela mulher maravilhosa me encarando ansiosa, com os dedos tamborilando no teclado do seu computador. Levantei uma das sobrencelhas.
- Mas o quê exatamente eu estou fazendo, Érika? – perguntei e levantei mais uma vez os braços, fazendo com que meus seios ficassem na altura da câmera. Baguncei mais uma vez os cabelos. Ouvi o barulho do seu suspiro pesado.
Nos encaramos.
- Você sabe muito bem o que está fazendo, Cecília! Não se faça de desentendida!
Ela estava tensa, muito tensa.
Dei um gole saboroso na cerveja. Me abaixei de lado, fingindo por a garrafa no chão, fazendo um movimento de precisão suficiente para que meu ombro liberasse a alça do meu pijama. Faltava pouco para que meu seio pulasse completamente pra fora do tecido.
- Érika eu realmente não sei do que você tá falando! Estávamos conversando sobre a sua resistência e...
- Não se faça de desentendida, Cecília. Esqueceu quem eu sou? Conheço o suficiente pra saber seus movimentos!
Eu dei o meu sorriso mais sacana em direção à tela. Pude ver o olhar receoso de Érika, desconfiada com meus próximos passos.
Afastei o notebook mais um pouco de forma que todo o meu tronco ficasse à mostra. Outro movimento rápido e meu seio esquerdo já estava completamente à mostra. Passei de leve a mão sobre ele e senti meu mamilo tão duro a ponto de saltar tímidas veias ao seu redor.
Encarei a tela mais uma vez e vi Érika me olhar assustada e imediatamente por as mãos no rosto. Que mulher teimosa!
- Érika, olha pra mim! – falei imperativa – Não adianta resistir.
Mas ela era teimosa demais. Eu pudia ouvir sua respiração descompassada.
- ÉRIKA! – Aumentei novamente o tom de voz, deixando explícito o tesão que eu sentia em falar o nome dela daquela forma.
Foi quando ela, ouvindo meu nome, levantou os olhos pra lente do seu notebook. Eu pudia ver a mudança em suas expressões, em seu olhar, observando que eu já estava sem qualquer peça de roupa.
“Boa menina, é assim que eu gosto!” – Sorri maliciosamente.
Ela permaneceu imóvel, me encarando, observando todos os movimentos que eu fazia. Lentamente passei a mão pelos meus lábios e desci em direção aos meus seios. Enquanto brincava com meus próprios mamilos, em momento algum tirei meus olhos das lentes do notebook. Eu agia como se estas lentes fossem seus olhos. E eu queria eles me observassem sem o menor pudor. Eu queria que eles me desejassem!
Extremamente excitada com toda aquela situação, eu ainda pudia ouvir claramente a sua respiração funda. Uma de minhas mãos soltou o seio e desceu em direção ao sex*. Enxarcada por demais!
Érika se inquietou na cadeira. A posição em que eu estava não permitia que ela me visse brincar com meu próprio clit*ris, de vez em quando insinuando um dedo na entrada de minha vagin*. E ela parecia querer mais...
- Está tudo bem, Dra Érika?
Observei ela passar as mãos no rosto. Sua pele estava com um semblante avermelhado. Insisti.
- Algo específico que a senhora queira fazer, Doutora? Vejo que não está se sentindo bem, vou parar e... – fingi tirar as mãos do meu próprio corpo e, rapidamente ela interveio.
- NÃO!! É... digo... oh... que droga! – voltou a cobrir o rosto com as mãos. Instiguei:
- Vamos, Doutora! É só pedir. Olha pra mim e pede!
Ela suspirou. Voltei a brincar com meu sex* sem que ela pudesse ver. Eu já estava excitada por demais. Vez ou outra apertava meu clit*ris entre os dedos, e em consequência soltava gemidos involuntários.
- Eu... – ela fechou os olhos com força.
- Ah... – gemi – PEDE, ÉRIKA!
- Eu quero ver!!! – um grito em uma quase súplica.
Empurrei a cadeira em que estava sentada com as pernas, de modo a me fastar o suficiente para que ela pudesse me ver por inteiro.
- Sou toda sua, doutora! Vem pegar!
Fechei os olhos e minha mente voltou para a cena de nós duas suadas, nuas em seu consultório, seu rosto transformado pela excitação enquato ela rebol*va ardentemente em meus dedos. Pude sentir claramente a textura dos seus seios em minha boca e o som do seu gemido. Apertei forte o bico do meu seio enquanto aumentava o risto da masturbação. Rapidamente ergui a perna esquerda para cima do braço da cadeira. Escancarei-me totalmente diante daquela tela de computador. Fechei os olhos novamente e as lembranças vieram fortes. Gemidos, suor, calor, o cheiro indescritível que aquela mulher emanava e que me deixava enlouquecida. Aumentei ainda mais o ritmo da masturbação e meus gemidos estavam cada vez mais altos, mais urgentes.
Olhei em direção à câmera e pude ver o meito da minha psicóloga arfando. Pra cima e pra baixo, a boca entreaberta e os olhos atentos. O rosto mais próximo da dela. Ela não perdia um detalhe.
Senti meu corpo dando os primeiros sinais do gozo que estava por vir. Provoquei mais uma vez insinuando parar os movimentos e ela, por instinto, me repreendeu.
- Continua, Cecília! Eu quero ver você goz*r!! – bradou. Sexy.
Senti meu ventre arder, esquentar, e antes de fechar os olhos e me entregar, olhei uma última vez para a tela e implorei.
- Vem buscar o que é teu, Doutoraaa!
Me rendi aos espasmos violentos que tomaram conta do meu corpo. Aquele ardor quente e delicioso na ponta do meu sex* fazendo eu soltar um gemido alto e longo enquanto meus músculos se contraíam de uma maneira inexplicável. Senti outra onda percorrer meu corpo e imediatamente novos espasmos mais fortes e mais violentos. G*zei duas vezes seguidas.
Um barulho quase inaudível soou em meus fones mas o ignorei. Estava mole demais pra qualquer movimentação.
Ainda tremendo, senti meu corpo ir amolecendo aos poucos. De olhos fechados, jogada naquela cadeira e totalmente escancarada eu buscava por fôlego. Meu coração parecia um touro mecânico dentro do meu peito. Permaneci por longos minutos de olhos fechados, ainda curtindo as sensações que aquela aventura havia acabado de me proporcionar.
Quando finalmente abri os olhos, senti meu coração voltar à galopar. Ela havia derrubado a chamada. A tela estava escura e ela não aparecia mais online. Aquilo foi um balde de água congelante em meu coração.
Olhei ao redor e observei as condições em que me encontra. Senti uma vergonha sem tamanho por ter me exposto daquela forma, sem pudores, de ter me entregue totalmente naquele momento... à toa.
Rapidamente ergui-me na cadeira e, movida pela raiva, baixei com força a tela do notebook. Levantei em passos decididos rumo ao banheiro. Liguei o chuveiro e permiti que água levasse embora com ela as lágrimas que eu havia desistido de segurar. Fiquei debaixo do chuveiro por mais alguns longos minutos. Eu ainda chorava e nem queria evitar. Me permiti chorar. Sequei meu corpo e voltei ao escritório em busca do maldito pijama que havia jogao no chão.
“Cega! Burra! Estúpida!”
Esbraveja comigo mesma por ter chegado a tal vulnerabilidade.
Fui na cozinha e servi-me de mais uma cerveja. Os olhos já ardiam. “Que se dane!”
Sentei largada no sofá. Eu pensava em tudo e ao mesmo tempo em nada.
Outra cerveja.
Levantei e fui à varanda. Acendi um cigarro. Eu precisava fumar. Eu precisava descontar aquela raiva toda de alguma forma.
Mais uma cerveja.
Mais um cigarro.
Me joguei no sofá. Triste. Desesperançosa.
Não sei por quanto tempo pensei bobagens. Adormeci. Momentos depois ouvi um barulho de campainha tocando. Ignorei. Novamente a campainha tocou. Suspirei vencida pelo cansaço e pela dor e me levantei para ver quem era.
00:24 p.m.
Uma onda de adrenalina atingiou meu corpo em cheio quando abri aquela porta e senti o par de olhos negros por trás das lentes de grau, me encarando de uma forma indescritível.
- Eu vim buscar o que é meu, e eu quero agora!
Erika disse enquanto batia com força a porta atrás de si.
Mais uma vez, lá ia embora o meu juízo.
Fim do capítulo
É, minhas amigas... voltei! kkkk Não em minha melhor forma, mas fazer o quê. Dei tudo de mim, ou quase tudo o que queria dar rsrsrsr
Me desculpem, hoje tô com uma criatividade aflorada pra saliência!
Espero que tenham gostado.
Esse é bem light, né? Gostosinho hehe
Estou remexendo nos trabalhos que iniciei porem não tive braveza suficiente pra concluí-los. Não sei se vai sair mais coisa, mas nada é impossível.
Um xeiro bem grande da Pérola.
P.S.: Senti saudades <3
Comentar este capítulo:

bicaf
Em: 14/07/2020
Oi oi. Adorei esse encontro kkkkk. Dava uma bela história pra nos deliciarmos. Pois, foi bom, mas deixou vontade de mais. 😘
Resposta do autor:
hehehe, né? eu também fiquei na vontade rsrs
já leu Divã? ele meio que antecede esse. Vale a pena a leitura!
Fico feliz que tenha apreciado
Um xeiro grande
P.

KaoriTsuyoshi
Em: 14/07/2020
Mds, perfeito...
Amei esse conto num grau que nem imaginas.
Confesso que fiquei querendo mais.
Enfim, parabéns.
Bjs
Resposta do autor:
Ai, que ótimo!! Fiquei tanto tempo sem escrever que me deu um super receio de não produzir algo bom. Essa quarentena está mexendo comigo kkkk deu pra perceber, né?
Pois fico muito grata de saber que gostou. Isso me impulsiona a não deixar essa criatividade dormir novamente.
Um xeiro enorme!
P.
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