CAMILA POV

Acordei com meu celular tocando, não consegui atender a tempo, olhei na tela havia quase trinta ligações de Shaw. O telefone tocou novamente.

- Oi Shaw! Fala? – murmurei.

- Porr* são 2 da tarde, onde você estava?- berrou ao telefone.

- Saí com a Dinah ontem, tomamos um monte e só. Mas porque do interrogatório, a gente. – antes que eu pudesse terminar a frase, ele me interrompeu.

- Íamos almoçar com meus pais lembra? - Caralh*, eles falaram um monte. – ele esbravejou. – Não era esse o combinado Camila. - ele estava muito bravo.

- Sinto muito de verdade, mas eu perdi a hora. –fui sincera.

- Porr*! Tem como você pelo menos vir jantar. – falou grosseiramente.

- Eu vou. -desliguei o telefone.

Minha cabeça rodava, a dor era intensa em minhas têmporas. Coloquei as mãos na cabeça tentando lembrar, da noite anterior. Teria sido um sonho. Foi vindo tudo em câmera lenta. A imagem de Lauren. Não era sonho, eu conheci a mulher da minha vida. O problema todo é que ela já tinha outra. Olhei para a outra cama e vi que Dinah também não havia levantado.

- Dinah, acorda! -joguei um travesseiro em seu rosto.

- Que porr* é essa? -ela gritou assustada, me viu rindo.

- Eu te odeio Mila.- tentou se levantar.

- Você me ama! – pulei sobre ela fazendo cócegas. – Acorda preciso falar com você e depois ir para casa do Shaw. Esqueci que ia almoçar com a família dele.

- Faz um café pra mim, por favor, aí depois você me conta, eu não acordei ainda. - se encaminhou para o chuveiro.

Fui até a cozinha e enquanto fazia o café, fiquei revivendo a noite anterior, aqueles olhos verdes não me saíam da cabeça. A sensação que tive ao toca-la, as emoções descompassadas. Que noite louca.

- Dinah Jane Amasio senta aí, preciso desabafar. - coloquei café em sua xícara.

- Que cara de séria é essa Mila? Falando o meu nome inteiro, está querendo o que?- ela riu.

- Eu nunca senti por ninguém o que senti ontem, um misto de dor e desejo. Me apaixonei por uma mulher que nem conheço.- coloquei as mãos na cabeça a empurrando para trás.

- Mila! Ela é praticamente impossível e outra você namora. - tentou me convencer.

 - Você já sentiu necessidade de ter tal pessoa ao seu lado, sem que fosse sexual, como se uma força te puxasse pra ela?  E com ele eu me entendo. –falei efusiva, fazendo ela me encarar com espanto.

- Meu Deus Mila, acho que não consigo tirar essa ideia da sua cabeça né?  -meneei a cabeça negativamente.

- O Shaw por ora não precisa saber, não tenho nada com ela, seria burrice contar agora e estragar tudo. Mas eu preciso estar perto dela, conhecê-la. O que vai acontecer depois só o destino vai dizer. – suspirei.

- Mila cuidado, você pode se machucar e machucar outra pessoas. -tomou o café e deitou a cabeça na mesa.

- Pode deixar, vou tomar cuidado e não quero machucar ninguém. – sorri dando uma piscadinha. – Agora eu preciso me colocar perto dela na faculdade.

- Mila lembrei!- ela ergeu devagar a cabeça. -Tem um estágio a noite e a Normani disse que está precisando de alguém. É voluntário ok?  

- Pensei de eu ir de vez em quando à noite e ficar por perto, quando vocês estiverem conversando. Se eu aceitar isso terei o maior trabalho para trocar meus alunos. -argumentei.

- Amo você Mila, mas sabe que não gosto dessas coisas, e assim você estaria por sua conta, além de contar como estágio e ainda ajuda crianças. – ela não conseguia abrir os olhos, estávamos acabadas mesmo.

- Eu aceito. Prometo que não vou me intrometer no relacionamento delas. O que tiver de acontecer será porque o destino quis. Eu nem ia  naquela festa e acabei indo, foi o destino. 

- Está bem, vou falar com Normani que você fica com a vaga, dois dias por semana à noite.

- Ok aceito! Se é o jeito de estar mais perto dela, eu faço. E você sabe que também faço por caridade.  -fui sincera.

- Eu sei que faz, te conheço e sei que tem um bom coração. Agora deixa eu te falar. – ela começou a rir.

 – Ela vai fazer aula de manhã, duas vezes por semana esse ano. -fiquei embasbacada. –Desculpe, não resisti, mas agora você já aceitou o estágio. -gargalhou.

- Sua. sua .. Vadia!!! Me enrolando, mas tudo bem, eu aceito porque te amo. Agora vou embora senão eu perco meu namorado. Ainda vou passar em casa e me arrumar direito.

Já em casa, arrumei minha mochila, tomei banho. Eu estava acabada pela noite anterior, a família de meu namorado merecia que eu me arrumasse.

LAUREN POV

Apesar da noite carregada pelas bebidas, eu precisava ir almoçar com meus pais, domingo era sagrado para eles. Eu não gostava de desapontá-los. Acordei quase meio-dia, me despedi carinhosamente de Lucy.

- Amor, essa semana vou dormir uns dias em casa, senão meus pais me deserdam. – beijei-lhe a fronte.

- Não queremos que isso aconteça né. -ela riu. – Nos vemos na faculdade, agora vai lá. – brincou de me empurrar.

 Peguei meu carro, coloquei minha música preferida e segui rumo a Cotia. Meu celular tocou, era minha mãe.

“Estou chegando mãe, segura o humor de papai aí”. Bj te amo.

- Está vindo de carro minha filha? Porque não vem de trem?

- Ah mãe, adoro dirigir e pego metro quase todo dia. Ela era um anjo, desconfio que já saiba que sou lésbica, porém nunca perguntou e eu nunca falei. Meu medo era meu pai, por ser ex-militar, ter um comportamento mais rígido, também nunca comentei sobre Lucy, só a levei em casa uma única vez, mas ela não se deu bem com ele, preferi não chatear nenhuma das partes.

Cheguei e todos já estavam sentados à mesa impacientes. Beijei a mão de minha mãe Clara, a testa de meu pai Michael e abracei forte minha irmã mais nova Taylor.

- Gente que cara é essa, eu só fiquei fora por uma semana! Porque essas caras. -falei rindo e já pegando a comida.

- Não sei por que você tanto tempo fora, dormindo na casa de sua amiga. Tem casa. – minha mãe retrucou.

-Já conversamos, fica perto da faculdade, assim eu posso sair beber sem ter que voltar para casa. – menti. – Mike você está bem? – estou te achando estranho.

- Seu irmão! Hoje faz um mês que está na clínica. – meu pai ficava abatido por não ter meu irmão conosco.

- Mas e você, tem estudado para o concurso?  -me questionou.

- Pai já te disse, vou ser polícia e o senhor sabe disso! É uma dívida. – me sento à mesa.

 - Minha filha! Você sabe que posso te colocar como tenente. Porque se rebaixar e ser polícia. –ele tentava a todo custo mudar minha ideia.

- Não acha que já mexeu os pauzinhos de mais para mim? – fechei a cara. – Eu te amo Mike, mas quero conquistar minhas coisas, você sabe que estou em débito.

- Por isso mesmo filha, não quero nada que atrapalhe seu sonho.

- Nunca duvidei disso!- fechei a cara. - Tay e você fala o que tem feito – mudei de assunto.

Após o almoço, sentei- me a beirada da piscina, acendi meu cigarro, enquanto Tay se apoiou na borda.

- Lolo, até quando você vai ficar nessa, mentindo para eles?- jogou um pouco de água em mim.

- Meu cigarro! Cuidado. Você quer o que pequena? Que eu o mate de desgosto? – joguei o cigarro molhado fora.

- Você é a menina dos olhos dele! Você sabe o quanto ele se esforçou para que você tivesse a sua chance?- minha irmã demonstrava preocupação.

-Taylor, se ele consegue dormir bem com o que fez saiba que eu não. Vamos mudar de assunto, por favor. –pulei na piscina.

- Vai ficar aqui hoje? – a garota tentou me afogar.

- Vou sim, você vai se cansar de mim! – começamos a brincar na piscina.

Eu adorava passar o tempo com ela, mesmo sendo mais nova eu podia lhe contar alguns segredos. Ela sabia sobre a Lucy, e também que eu não estava tão animada para começar na carreira militar da forma que meu pai queria. 

Fim do capítulo