Crônica
Às vezes sinto que embarquei no ônibus errado, que essa excursão não é para mim, que já passei da idade para fazer esses passeios. Sinto que minha época já foi, que já estou pronta para novas aventuras e que não fazer isso é perda de tempo. Sei lá, é como se eu fosse monitora em um jardim de infância, mas em caráter duvidoso – ninguém me contratou e não recebo salário, aparentemente.
E na informalidade às vezes me assemelho às crianças. Frustrada, há ocasiões em que até faço birra, careta, mostro a língua. Claro, quem aguenta?
E aí me pego pensando que “resistir” é a palavra de ordem. Da minha ordem, ao menos. “Resista, menina”, eu me falo, chocada diante de todos os acontecimentos diários. Passada diante de toda essa ruindade que nos rodeia.
É difícil brilhar no caos. Será que as estrelas se sentem assim após as explosões?
Será que é muita pretensão minha me comparar a uma estrela?
Será que tudo já explodiu e só eu percebi?
Sento na beirinha do mundo e penso em me jogar. Aí minha voz ecoa dentro de mim. “Resista, menina”.
Eu resisto. Um dia de cada vez.
Fim do capítulo
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