POV FERNANDA

-Meu Deus, o prédio está pegando fogo por acaso? – Tito levantou enrolando em um robe. – AH oi Cláudio, como vai?

-Bom dia Celio, desculpe chegar assim tão cedo, mamãe me passou seu endereço. – Cláudio parecia receoso por estar em nossa casa. – Mas eu preciso conversar com você.

-Gatinho, volta pra cama ainda é cedo. – Felipe surgiu na sala com o roupão de Tito. – Ai desculpe não vi que você estava com visitas.

-Esse é meu irmão Cláudio, e essa é a Fernanda de quem eu tanto te falo. – Tito estava um pouco nervoso. – Felipe chegou de madrugada Fê.

-Prazer em conhecê-lo e já vou rouba-lo. – Cláudio estava tenso então preferi deixa-los a sós. – Felipe me ajuda a preparar um café pra gente? Bia ainda está dormindo.

-Claro! bom que comprovo os dotes culinários que Tito disse que você tem haha. – Saímos da sala e deixamos os dois sozinhos.

     Felipe era um amor, ele era bem parecido com Julia na aparência, mas ele era menos tímido que ela na verdade ele não tinha timidez alguma. Fizemos um café reforçado, pois hoje eu tinha casa cheia, Felipe me perguntou sobre Cláudio e o que ele tinha vindo fazer aqui.

-Vou me arrumar e acordar a Bia, daí tomamos café. – Cheguei na sala e Tito estava com raiva de algo. – Algum problema Tito?

-Amiga você nem acredita o que aquela jararaca aprontou. – Tito levantou com as mãos na cabeça e Cláudio continuou sentado de cabeça baixa.

-De quem você está falando? De Camila? – Perguntei confusa.

-Ela mesma! Eu vim, pois preciso da ajuda de Tito, descobri que ela anda desfalcando meu pai. – Cláudio me respondeu. -   O problema é que eu não posso acusa-la de nada sem provas, pois tenho medo dela levar minha filha pra longe.

-NOSSA! Eu não sei nem o que falar. – Realmente fiquei sem palavras. – Mas como você sabe que é ela?

-Ela é a única pessoa quem meu pai confia, papai acha que eu sou burro. – Ele parecia chateado. – Mas eu sempre fui antenado nos assuntos da fabrica, sempre quis estar presente em todos os setores desde que a pequena produção de leite virou a grande empresa de laticínios.

-Calma, vou me arrumar e conversamos melhor. – Era muita coisa pra processar. – Não demoro.

    Nunca poderia imaginar isso de Camila, que loucura como assim ela estava roubando o Seu Roberto? Cair na malha fina da Receita era algo horrível pra uma empresa disso eu tenho certeza. Eu senti pena do Claudinho quando ele mencionou que Camila poderia sumir com a filha dele.

-Nossa que horas são? – Bia se espreguiçou na cama quando eu terminei meu banho. – Bom dia Linda.

-Bom dia, você dorme demais sabia? Já estou acordada há horas. – Disse, desenrolando a toalha e ficando apenas de calcinha e sutiã.  

-Você sabe que desse jeito é impossível ser só sua amiga né? – Bia já colava seu corpo no meu. – Você é uma delicia!

-Bia para! Temos visitas, e eu não posso me atrasar. – Me desviei dela e ela revirou os olhos. – Toma banho logo, vou te espera pra tomar café.

-Nossa quem visita a casa de alguém uma hora dessas? – Bia reclamou como sempre.

-É o irmão do Tito, ele veio tratar de um assunto serio. – Ela deu os ombros e seguiu pro banho.

-Pronto, vamos tomar café? – O clima na sala estava mais ameno e Cláudio ria de algo que Tito disse. –Mas me conta como você descobriu que Camila estava dando um golpe?

    Cláudio narrou tudo com detalhes, além do golpe ele disse que Camila tem um amante, porem ele ainda não descobriu quem era. Ele disse que o pai está meio doente e deixou ela a frente dos negócios, ele não sabia como contar pro pai com medo de que algo pior pudesse acontecer.

-Eu estou chocada, nunca imaginei Camila fazendo algo do tipo. – Estávamos todos tomando café.

-Se eu pego aquela jararaca eu mato ela com minhas próprias mãos. - Tito estava super nervos e Felipe acalmava ele. – Dinho eu não sei como você tem esse sangue frio, eu já tinha acabado com ela.

-Você acha que eu não pensei em jogar tudo no ventilador? Só não faço isso pela Duda, eu sei que ela vai dar um jeito de sumir com minha filha, só Deus sabe como Camila é ardilosa.

-Não posso imaginar o seu sofrimento Cláudio. – Eu disse lamentando. – Mas como podemos ajudar?

-Esse é o real motivo pelo qual eu vim primeiramente eu preciso de um bom advogado. – Ele tomou um gole do café. – Fernanda sua mãe que me deu uma luz, ela me disse que você se formou e eu pensei que você poderia me ajudar.

-Bom Cláudio, eu ainda não posso advogar pra você. – Ele ficou sem entender. – Eu ainda não fiz a prova da ordem, mas por que não vamos até o escritório? Talvez Julia possa ajudar você.

-Julia? A Julia Barroso?– Ele perguntou.

-Sim, inclusive estou trabalhando no mesmo escritório que ela. Vamos?

    Cláudio estava de carro então fomos todos com ele, exceto Bia que se despediu de mim com um convite pra almoçar, aceitei e fiquei de ligar pra ela assim que eu saísse pra almoçar. Tito tinha me dito que Felipe sabia da minha historia com a irmã dele e que ele prometeu guardar segredo, o que está me preocupando é Cláudio falar algo na frente de Luíza, não sei o porquê, mas o fato dela descobrir me deixava com certo receio.

     Chegamos ao escritório, não sei se Julia ia querer pegar a causa, mas talvez ela pudesse indicar alguém e dar algum conselho ao Cláudio e ao Tito. Luíza e Julia estavam conversando na sala.  Cumprimentamos elas e explicamos o motivo da nossa chegada, Julia ficou surpresa em ver Cláudio e em tudo que ele contou, Luíza acabou descobrindo que Julia e eu éramos da mesma cidade, mas Cláudio não disse nada que comprometesse nós duas.

-Bom que historia louca ein, vocês duas já se conheciam então? – Luíza nos interrogou com uma de seus sobrancelhas arqueadas.

-Luíza, eu nem me lembrava direito de Fernanda, eu fui embora de lá muito cedo e só voltava as vezes pra ver meu pai. – Eu não podia acreditar na cara de pau de Julia, Tito e eu nos entreolhamos – Mas enfim, vamos ver o que podemos fazer pra ajudar o Tito e o Cláudio.

    Eu fiquei com raiva da desculpa dela, mas deixei isso pra lá, nosso foco era outro tínhamos que ajudar Cláudio e desmascarar Camila e ficar com a filha.

-Bom, eu já estava com planos de colocar Fernanda em algum caso eu realmente vejo potencial pra você ser uma associada do escritório. – Luíza conduzia nossa pequena reunião, eu estava saltitando de alegria com a oportunidade que me foi dada. – Então acho que seria uma boa, vocês duas trabalharem juntas, apesar de ser minha assistente creio que você não queira esse cargo pra sempre, afinal você não se formou pra isso.

    Isso seria ótimo pra mim, mas pra isso teria que trabalhar com Julia fazer o que né? Era meu trabalho. Terminamos de acertar tudo agradeci Luíza pela oportunidade, Julia aconselhou Cláudio a procurar as notas ou algo que comprove que Camila estava dando um golpe, ele se comprometeu em fazer o possível e disse que não deixaria descobrir que estava investigando.

-Fernanda? Posso falar com você? – Julia me chamou.

-Sim, pode falar. – Ela deve ter percebido minha cara de poucos amigos.

- Eu quero te pedir desculpas novamente, eu espero que isso não afete nossa amizade. – Ela tentava se explicar novamente. – Eu sei que não devia ter dito aquilo, mas eu sei que Luíza ia implicar com uma de nós duas.

-Tudo bem Julia, vamos trabalhar.  – Eu não ia ficar rendendo com ela.

    Meu dia foi cheio até a hora do almoço, Luíza estava me dando vários processos pra ler, segundo ela isso seria ótimo para a minha prova. Inclusive saiu a data e agora eu tinha que estar preparada, na hora do almoço Bia me ligou e fiquei de encontra-la na cantina.

-Nossa amiga, quem era aquele gato que chegou com você mais cedo? – Helen me perguntou enquanto esperávamos Julia.

-Qual deles? Dois são gays e um está casado. – Joguei um balde de agua fria nela.

-Ah era o mais baixo deles, o de barba. – Ela se referia ao Cláudio. – Achei ele um pãozinho.

-Nossa Helen, essa expressão é mais antiga que minha avó. – eu ria. – Mas ele é o casado, infelizmente casado com uma pessoa péssima.

-Aff, sempre me interesso por quem não deve. – Bia chegou e almoçamos nós três com muito riso, Bia estava me surpreendendo, e eu estava feliz com a presença dela.

   Depois do almoço me despedi de Bia com um abraço caloroso, e disse que queria vê-la mais tarde, ela me deu um sorriso fofo, se despediu de Helen e saiu. Voltei pra minha sala e de Luíza, continuei meu trabalho por lá até que Julia interfonou me chamando até a sala dela.

-Algum problema Julia?- Entrei em sua sala e ela olhava algo no computador.

-Nenhum, apenas quero combinar algumas coisas pra trabalharmos no caso do Cláudio. – Ela direcionou o olhar pra mim. – Pensei em começarmos a estudar uma forma dele se divorciar antes de começar tudo.

-Claro vamos começar. – Começamos a analisar uns documentos que Cláudio tinha deixado no escritório, vez ou outra sentia Julia me olhar, mas eu continuei fingindo que não via.

-Bonita sua namorada. – Ela disse. – Vi vocês duas no almoço hoje.

-Não somos namoradas, somos amigas. – Podia jurar que senti uma pontinha de ciúmes.

Fim do capítulo