O dia com a Fellipa foi maravilhoso, tirando a cena com a ex dela. Há muito tempo não tinha um dia tão normal, se é que pode chamar esse dia de normal, mas sem dúvida foi um dia que não precisei ficar olhando para os cantos com medo de encontrar o traste do Leo. Estava ansiosa para chegar em casa e repetir a noite anterior de vinho e conversa boa e quem sabe adormecer nos braços da Felippa e me sentindo protegida de novo.

Assim que saímos do elevador a “Namorido” estava esperando ela, abraçou a Fellipa, pegou as chaves abriu a porta, logo pegou as sacolas da minha mão e me cumprimentou. Ela sem dúvida parecia pertencer a casa, eu procurei a primeira desculpa para sair da sala e deixar as duas a sós. 

Assim que entrei no quarto tranquei a porta, joguei as roupas de uma das sacolas na cama separei um pijama que tinha comprado e entrei no banheiro.

Enquanto a água caia no meu rosto e tentei entender esse repentino sentimento: Ciúme ou seria apenas carência? Sentimento de vazio que agora aos poucos ia me preenchendo, qual foi a última vez que realmente amei, que realmente eu senti algo? Quanto mais essas perguntas invadiam minha cabeça mais eu chorava, não sei quanto tempo passei no banheiro até ouvir algumas batidas na porta do quarto, terminei meu banho me troquei o mais rápido e sai em direção a sala.

– Desculpa a demora, perdi um pouco a noção do tempo o banho estava tão bom. - Tentei falar da forma mais casual possível.

– Pedi uma pizza pra gente comer antes de dormir, senta. - Fellipa respondeu com o sorriso.- Quer vinho, cerveja, suco ou água?

– Uma cerveja, por favor.- Sentei em frente a Dominique.

– Então Larissa...- falou Dominique

– É Leticia. - Corrigi ela.

– Ah desculpe. Leticia. Então me contou porque escolheu Uberlândia para morar? Como conhece o Caos e a Coisinha? Pretende ficar muito tempo?

– Minha nossa senhora Domi que tanta pergunta. Aqui sua cerveja. - Felippa me entregou o copo. pegou um pedaço de pizza e sentou ao lado da esposa ou seja lá o que elas sejam. - Já te falei milhões de vezes para não chamar a Julie assim, e o que a Letícia veio fazer aqui não é da sua conta e ela pode ficar quanto tempo quiser.

– Não precisa ser grossa também, só queria conhecer ela um pouco mais. Mais tarde eu lhe faço uma passagem para te relaxar. - Dominique respondeu piscou para ela.

Felippa pareceu ficar um pouco sem graça com o comentário, logo trocamos de assunto. Ficamos algum tempo conversando e bebendo, eu cerveja e as duas vinho, no início desviei de algumas perguntas de Dominique sobre relacionamento ou o porquê de eu ter ido morar em uberlândia. As duas de vez em quando trocavam olhares e selinhos, e por mais que aquela situação me deixasse um pouco desconfortável tive que admitir que para mim mesmo que Dominique era uma mulher maravilhosa e que as duas formavam um casal bem bonito.

– Como vocês se conheceram? - perguntei

– ihhh essa é uma longa história. - Falou já sorrindo

– Vou resumir. Eu e a Pippa nos conhecemos por um amigo em comum num Festival de música em BH, uns 9 anos atrás? - Perguntou olhando para Felippa

– Há 10 anos na verdade. - Respondeu.

– Tudo isso?...Enfim, e no papo descobrimos que estudamos no mesmo colégio, tínhamos vários amigos em comum além do Rô. Nesse dia descobri que a primeira namoradinha dela era prima do meu ex-namorado. Nisso começamos a sair, nessa época a Pippa tava namorando a Cobra e eu comecei a namorar o Tom, nos distanciamos porque como percebeu hoje a Izabela não é das pessoas mais agradáveis do mundo.

– Então você foi cunhada da Fellipa? - Perguntei

– Ela quase foi minha cunhada 3x, para ser sincera. - Falou sorrindo

– Infelizmente a Coisi...-Felippa fez uma cara de poucos amigos e Dominique continuou...- tá bom... JULIE foi mais rápida.

– Então você namorou o Diego e o Carlos também? Mas isso foi antes ou depois de vocês terem alguma coisa juntas? - Perguntei bem interessada nesse rolo digno de novela mexicana.

– Fiquei com todos ao mesmo tempo. - Dominique me respondeu, mas quando eu arregalei os olhos ela começou a sorrir. - Brincadeira..Namorei primeiro o Tom, ficamos alguns meses juntos. Nessa época Fellipa ainda tava com a Cascavel, tavam falando de casar e tudo. Foi quando eu fui para um show em Uberaba e vi ela com outra mulher la aos beijos. Fiz vídeo, tirei foto e fui lá tirar satisfação, ela muito debochada mandou eu cuidar da minha vida.

– Sim é você, deu pelo menos uns tapas na cara dela? - O meu ranço daquela Izabela só aumentou.

– Essa é das minhas.Tá vendo meu Amor só você que tem o sangue de barata para aguentar uma dessas sem fazer nada. - Falou fazendo um carinho no rosto da Felippa.

– Sim, mas o que você fez? - perguntei

– Claro que subi no pescoço dela, fomos levadas para a delegacia e quando a Fellipa apareceu ela fez uma cena digna de oscar. Disse que eu tinha armado uma para ela, para separar elas porque eu era apaixonada pela Fellipa e não tinha coragem de admitir.

– Que vagabunda.-Falei. - E você acreditou? - Perguntei para Felippa

– Acreditei, infelizmente e isso quase me custou minha melhor amizade, porque depois disso a Dominique não queria me ver nem pintada de ouro.

– Não quis mesmo, posso ser tudo mas mentirosa não é uma delas e ela me conhecia tempo suficiente para saber disso, enfim passamos uns bons meses brigadas e ai topei com o Digú numa balada e começamos a ficar, foi uma confusão na família Guerra por conta do nosso namoro. Já estava uns 4 meses namorando, o ciúmes do Tom passou, logo eu e Felippa voltamos a sair juntas. Ai a Cobra começou a encher a cabeça do Baby Guerra com mentiras que eu tava traindo ele com a irmã dele.

– Meu pai do céu, essa mulher nao tem limite. - falei indignada, Domi balançou a cabeça e continuou.

– Nem limite e nem caráter. Eu nunca tive paciência para namorado ou namorada ciumenta e terminei o namoro. Eu tava de festa em festa nessa época, nessa de festa um amigo ia fazer uma festa numa chácara e eu descobri que a Cobra ia e tinha falado para Pippa que ia visitar a tia em Uberaba naquele final de semana.- Domi deu um sorriso e esfregou as mãos imitando os desenhos quando planejam algo bem malvado. - Então decidi dá uma de cobra sorrateira também e pedi para a Pippa me levar porque era uma chácara, eu ia beber muito e nao queria dirigir depois. E já que a namorada tava em Uberaba com a “tia” então ela tava livre.

– Ótimo plano. - Eu tava realmente amando aquele enredo de novela mexicana.

– Pedi para ela não avisar a Izabela da festa para evitar briga entre as duas. Quando chegamos na festa, a festa já tava bombando, entramos e pedi para a Pippa buscar bebida para gente. Assim que ela vira as costas eu avisto a Cobra aos amasso com outra mulher do outro lado do galpão. Fui atrás da Pippa e fiz ela ver a santa do pau oco, atracada com outra.

– E o que você fez Felippa?- Perguntei

– Ela quis ir embora. - Respondeu Dominique antes que a Felippa pudesse abrir a boca. - Mas eu não deixei, levei ela até lá, como a Cobra não podia negar dessa vez, então ela começou a apelar para o barraco porque sabia que o quanto a Pippa detesta barraco, e a Pippa só virou as costas e saiu andando...

– Oh mania de das pessoas gostar de um barraco. - disse Felippa interrompendo a Dominique.

– Deixa eu terminar...A briga continuou do lado de fora, como a Pippa nao tava dando atenção, com o papinho ”Em casa a gente conversa”, a Cobra foi para o última cartada dela a chantagem emocional porque sabia que sempre funcionava, mas naquele dia eu tava disposta a não deixar ela fazer a Pippa de idiota. Foi quando a Cobra soltou um: “E quem vai querer namorar uma pobre coitada que nem a mãe quis.”

– Bah!!Como ela foi baixa- Exclamei

– Besta foi ela que essa foi minha deixa para eu me vingar dela. Puxei a Pippa pelo braço e tasquei um beijo, a galera da festa que tava acompanhando o barraco começou a bater palmas para a gente se beijando, ela saiu de lá bufando puxando a menina que ela tava pela mão.

– Então foi assim que vocês começaram a namorar?

– Nada nesse dia ficou só no beijo mesmo, duas semanas depois fui para o Rio começar um treinamento para ser comissária de bordo, passei uns 5 meses lá e quando voltei ela ja tava namorando a Julie. Não sou a fã numero um dela, mas ela cuidou bem da Pippa e colocou a Cobra no lugar dela. Quando voltei ainda tentei fisgar o Caos mas ele já tava caidinho de apaixonado pela namorada da irmã.

– Mas quando elas terminaram, você foi atrás da Felippa?

– Nunca deixei de ir atrás dela, e é por isso que a Julie me odeia tanto. - Dominique respondeu sorrindo. - Começamos a ficar, depois a namorar, mas logo começou as brigas, porque eu comecei a trabalhar como comissária de bordo, separamos, voltamos, separamos.

– Mas a gente nunca conseguiu ficar muito tempo brigada. - Falou Felippa.

– E como chegaram nessa decisão de relacionamento aberto? - Perguntei

– A gente se ama, mas a amizade sempre foi mais forte, então acabamos aceitando que um relacionamento aberto era a melhor opção. - Respondeu Felippa.

– No início foi difícil entender como isso realmente funcionava, mas estamos conseguindo levar.

– Mas vocês ficam com outras pessoas? - tava curiosa porque o conceito de dividir uma pessoa que eu amo nunca entrou na minha cabeça.

– Sim, mas sempre somos sinceras e contamos tudo uma para a outra. E sem falar que posso até ficar com outras pessoas, mas poucos e poucas me satisfaz na cama como meu amor aqui. - Falou Dominique dando mais um selinho na Felippa.

– Eh o papo está ótimo, mas é melhor a gente ir dormir. - Falou já levantando com o rosto ainda vermelho depois do que a Dominique falou.

– Concordo, vou escovar os dentes e apagar também. Boa noite, até amanhã. - Respondi ja cumprimentando as meninas e indo pegar minhas coisas.

Já era altas horas da madrugada quando finalmente peguei no sono, dormir com a frase “as poucos e poucas me satisfaz na cama como meu amor aqui.”, a sono foi preenchido com muitos sonhos regados a muita ousadia e sempre com Felippa.

Fim do capítulo