Em sua sala Dominique sorria bobamente ao se recordar de tudo o que acontecera na noite passada ao lado de Lex,estava tão distraída que nem percebeu Ravena parada à sua frente portando alguns papéis. - Dominique? Ei - bateu a mão na mesa despertando a amiga - Caramba,tá pensando na morte da bezerra? Fazem bem uns cinco minutos que estou aqui. - Ela disse que me ama. - Sério? Que bom,vou querer saber de tudo mas não nesse momento. Agora só preciso que você leia esses documentos e assine caso não tenha nenhuma objeção,faça isso o quanto antes por favor. - Olha só você fazendo jus à sua fama de estraga prazer. - Dá pra ler logo isso? - Você está muito estressada hoje Ravena,o quê que foi? TPM? Falta de sex*? - Ah Dominique vá... O celular da morena tocou e ela o atendeu sem nem mesmo olhar de quem era a ligação. - Alô. - Senhorita Foster,é o Jonas. - Ah um momento - afastou o aparelho do ouvido e olhou para a amiga - Podemos terminar isso depois? É uma ligação importante. - Fazer o quê né? Ravena deixou os documentos sobre a mesa e se retirou em seguida. - Jonas,quais as novidades? - Desculpe a demora em contactá-la senhorita,tivemos certa dificuldade em nossa investigação mas ainda assim descobrimos algo que vai lhe interessar. - Pode dizer. - Quando eu e meus homens levamos aquele cara para deixá-lo no limite da cidade,havia um carro logo atrás do nosso e foi nesse carro que o rapaz entrou depois que o deixamos. - Que carro era esse e quem estava nele? - Trata-se de um automóvel bastante comum por aqui e infelizmente os vidros escuros não nos permitiu ver quem estava em seu interior,no entanto,conseguimos a placa. - E? - Senhorita Foster,esse carro está registrado no nome de Luís Couto? A mulher levantou-se e ficou alguns segundos em silêncio. - Você tem certeza disso? - Tenho sim senhora. - E quem é o atual dono? - Não sabemos,pelo que consta todos os pertences do senhor Couto ficaram para a mãe dele que faleceu ano passado. Ninguém soube informar se ela possuía outros herdeiros. - Não pode ser coincidência que justamente esse carro estivesse logo atrás de vocês. Jonas,existe alguma chance daquele infeliz estar vivo? - Nenhuma,eu tive acesso ao necrotério e ao laudo do legista,era o corpo do sujeito carbonizado naquele galpão. - Então quem estava naquele carro e porquê matou o rapaz? - Isso ainda não sei lhe informar senhorita mas seja lá quem for,câmeras de segurança mostram que essa pessoa estava nos seguindo desde o momento em que pusemos o rapaz no carro até a hora em que o soltamos. - Eu estive com vocês,é possível que tenham me visto por lá? - Creio que sim. - Era só o que me faltava,se essa pessoa ou pessoas tiverem alguma coisa contra mim,alguma prova... - Não se preocupe senhorita,eu vou descobrir quem está por trás disso,dou a minha palavra. - Obrigada Jonas,sei que posso contar com você. Qualquer outra informação que conseguir aí,me avise. - Com toda certeza,nos falamos em breve. - Tchau. Dominique jogou o celular sobre a mesa e passou as mãos no rosto,iria caçar a pessoa que estava dentro daquele carro e se preciso fosse silenciá-la com suas próprias mãos. Agora que estava se acertando de vez com Lex não deixaria nada estragar isso. Nada. Sentou-se novamente e fechou os olhos,alguém tinha informações sobre ela que de forma alguma poderia vazar e o fato desse desconhecido estar andando por aí no carro do homem que recebera de suas mãos um fim trágico não era um bom sinal. Logo agora que decidira esquecer o passado para seguir em frente com Lex,esse fantasma resolve aparecer para lhe assombrar. Mas quem poderia ser a pessoa no carro? Se ela realmente sabe de alguma coisa então porquê não foi até a polícia ou entrou em contato atrás de dinheiro? Por quê alguém lhe observaria,descobriria coisas e ficaria em silêncio? Por medo,talvez? A cabeça de Dominique fervilhava com essas perguntas,a verdade é que inimigos não lhe faltava e só de pensar na possibilidade de haver alguém por aí com informações sombrias sobre o seu passado já lhe deixava possessa. Lembrou-se da mulher que tanto lhe observava na boate no dia em que Ianny dera uma lição em David Newton. Será que havia alguma ligação? Será que ainda estava sendo seguida? "Não,eu não vou ficar paranoica. Se houver alguém me seguindo vou descobrir quem é e então será ela quem vai sentir medo,aí sua boca será um túmulo. Ou pelo menos estará em um". Pensou e respirou fundo antes de pegar os papéis que Ravena lhe entregara e calmamente começar a ler. ********************************************************************* Toc toc - Entra. Samantha paralisou ao ver quem havia batido em sua porta. - Oi,tá ocupada? - Ianny perguntou ao se aproximar. - Nã-não.- Respondeu e abriu a tela de seu notebook. - Está tudo bem? - Sim,porquê a pergunta? - Você está estranha e acho que sei por qual motivo. - Engano seu,eu estou normal. A ruiva começou a organizar alguns papéis. - Você nem tá olhando na minha cara e nesse exato momento quase posso ouvir o seu pensamento pedindo pra eu sair logo daqui. - Isso não é verdade,só estou ocupada. - Samantha,eu acabei de perguntar se você estava ocupada e sua resposta foi não. Se não estiver a fim de conversar e quiser que eu saia é só dizer. - Não é isso,é que... Onde você estava? Eu liguei várias vezes,te deixei um monte de mensagens e nada. Fiquei preocupada. - Me desculpe por isso,estava resolvendo alguns problemas de família e quase não tive tempo nem pra respirar. - Hum. Está tudo bem? - Agora sim - Sorriu - Eu senti a sua falta.- Disse e viu a outra enrubescer. - Ianny,e-eu andei pensando no que...no que você falou naquela noite em que nós...nós... Enfim,o caso é que... - Tá tudo bem Sam,eu também andei pensando e percebi que não podia ter pressionado você daquela forma. Eu não quero perder a sua amizade ou deixar as coisas estranhas entre nós,então vamos fingir que nada aconteceu e continuar a ser boas amigas. - Mas... - Vou deixar você trabalhar agora,nos vemos mais tarde. A moça piscou e seguiu até a porta. - Ianny? - chamou a ruiva e a outra a olhou - Também senti a sua falta.- Disse e a amiga lhe deu um belo sorriso antes de sair. **************************************************************************** Dominique ligou para a secretária de Ravena e pediu que a vice diretora comparecesse à sua sala. Cerca de dez minutos depois a mulher chegou. - E então? - Já terminei com os papéis que me entregou. - Alguma objeção? - Não. Na verdade achei que os chefes das minas pediriam mais dinheiro. - E pediram,quando souberam que você não estaria na reunião. Reclamaram das instalações e dos equipamentos que segundo eles vivem quebrando. - Rsrs e aí? - Samantha e eu ligamos para alguns fornecedores durante a reunião e soubemos que os equipamentos são novos,de altíssima qualidade e que era quase impossível eles terem quebrado em tão pouco tempo de uso,mas que se preciso fosse a garantia dos produtos ainda estão em vigência além do seguro. - Perfeito,e os mineradores? - Tentaram nos levar na conversa mas obviamente não conseguiram. - Viu? Eu sempre soube que na minha ausência a empresa ficaria em boas mãos. - Sei. Ravena sentou-se e começou a conferir a assinatura da amiga folha por folha. - Vai me dizer qual o motivo daquele seu estresse? - Gina Fratielli. - O que ela fez? - Me fechou no estacionamento,quase amassou a lateral do meu carro,roubou a minha vaga e ainda jogou um monte de indiretas. - E o que você fez? - Imaginei as minhas mãos torcendo o pescoço dela. Agora estou arrependida. - Por ter pensado isso? - Por não ter feito isso. Dominique sorriu. - Ravena,eu te conheço e sei que você é incapaz de machucar alguém. - Eu não teria tanta certeza. - Mas eu tenho. Você é boa e não vale a pena sujar as suas mãos,principalmente com uma pessoa mal amada como a Gina é. Se quer um conselho,ignore-a,ela odeia ser ignorada - falou a morena - Claro que nós duas também podemos ir agora furtivamente até o estacionamento e riscar o carro dela com a chave,ela enlouqueceria. O que você acha?.- Perguntou fazendo a outra sorrir. Ravena levantou-se e foi em direção à saída. - Aonde vai? - Agradecer a Lex. - Agradecer a Lex? Por quê? - Por trazer a minha amiga de volta.

Fim do capítulo