A cor que eu vejo, é a mesma que você vê?

O dia sempre me pareceu sombrio, tão soturno, mas inquietante, que me fazia pensar que tudo estava roindo, e eu não conseguia enxergar. Você conseguia?

As cores sempre tão iguais atordoavam minha visão, me gerando uma angústia decadente. A cada timbre do mundo, minha alma ecoava juntamente, e as cores tão dispersas me afogavam cada vez mais.

Borbulhos ecoavam, como palavras hostis, o mundo gritava, e eu pairava em demasia a cada pensamento, demasiada de mim mesma, percebi que os borbulhos vinham do meu interior, e que nada mais eu estava, me afogando em mim mesma. Cansada. Consumida. Quebrantada. Fatigada.

Em um silêncio sepucral apreensivo, transbordava as minhas lámurias em pensamento, a ponto de fechar os olhos e desejar selar a minha paz de modo definitivo, pórem, desisti de desistir.

Um fulgor me entorpeceu, cravejou minha atenção e desde então o que não era incolor tomou cor, e aquilo que não existia, passou a existir. Você conseguiu ver?

A ponto de me encadear, a luz que se infiltrava adentro de mim, percorria meu corpo como se aquele fosse o teu lugar. Os borbulhos cessaram, e eu nadei em mim mesma, e consegui ver o sol. Você viu?

As cores continuaram sem definição, pois tudo que me fascinava, era o olhar misterioso, envolvente e atraente daquela que não posso nomear. 

Hoje eu não posso ver a cor, mas o que era soturno, passou a ser exultante, e aquilo que eu nao sabia nomear, descobri que eu a amava. Você conseguiu ver?

Eu nunca vi a cor do amor, mas ele me enxergou, e me fez achar você.

Fim do capítulo