Gustavo deixou me em casa, avisei com antecedência que meu amigo, dormiria em casa então o quarto de hóspedes foi preparado para ele. Naquela noite e em todos as outras que se seguiram após o beijo não conseguia dormir. Era fechar os olhos e a imagem de Laura surgia. No domingo acordei com alguém batendo em minha porta.

-Quem é?! gritei...

-Sou eu, posso entrar?! 

-Entra, vai...enfiei a cabeça no travesseiro

-Dormiu bem? 

-Quem me dera..não consegui pregar os olhos...estava com olheiras horríveis...

-Quer conversar agora?! estava com uma cara de preocupado e foi sentando na beira da cama...

-Desculpa por ter sido grossa com você...levantei e dei um abraço no meu amigo...este retribuiu da mesma forma...ainda abraçados falei que estava confusa com tudo o que houve

-Eu entendo...é algo muito novo para você...

-Estou confusa...não sei o que pensar...nunca beijei uma mulher antes e na boca! apesar da cena que fiz, eu gostei Gustavo...gostei do beijo dela! Mais é errado!

-Olha...conheço a Laura a muito tempo e sei que ela não faria nada a força…

-ela não fez, eu passei dos limites...eu também quis aquele beijo...não consigo entender essa minha vontade em querer beija – lá...coloquei as mãos no rosto...

-Hum...você foi muito cruel nas suas palavras com ela ontem...afastou minhas mãos para que eu pudesse olhar para ele...

-Eu sei...queria pedir desculpas a ela pelo meu comportamento infantil!

-Está aqui os números dela...e me deu um cartão por que não ligas, agora?! 

-Agora?! e se ela for grossa comigo?! 

-Infelizmente é um risco que você corre...mas se não tentar não saberá se ela vai ou não ser grossa com você...o que eu duvido! O não você já tem, agora é correr atrás do sim dela!

Estava com o cartão que Gustavo havia me dado com todos os números de Laura. Com as mãos trêmulas, disquei o número de sua casa, este só chamava até cair na secretária eletrônica, celular estava fora de área, definitivamente ela parecia que não gostaria de falar com ninguém- pensei. Gustavo ainda ficou um tempo em casa e quando começou a anoitecer nos despedimos e se foi.

Não conseguir dormir a noite toda. De 5 em 5 minutos ligava tanto para a casa de Laura que só caia na secretária eletrônica e para o celular que estava desligado. Precisava, encontrar coragem e ligar para ela. As palavras de Gustavo, de que deveria correr o risco de como poderia ser bem tratada por Laura também poderia não ser não saiam da minha cabeça. Me enchi de coragem e liguei para ela. A mesma, atendeu no segundo toque. Paralisei, não conseguia falar nada. Do outro lado ouvia sua voz. Liguei para ela umas 5 vezes e comecei a perceber que ela estava ficando aborrecida. Fui tomada pela covardia e não liguei mais. Estava na faculdade mais não tinha colocado os pés na sala de aula. Achei que se fosse assistir às aulas conseguiria para de pensar em Laura. Todavia, estava mentindo para mim mesma. Quando cheguei na porta da sala, percebi que o professor já estava ministrando a aula. Pedi licença e entrei. Nunca fui de sentar no fundão, mas como para tudo nessa vida tem uma primeira vez aquela foi. Sentei na última cadeira, me esforcei para prestar atenção na aula. Mas estava difícil, ainda mais porque alguns alunos estavam discutindo com o professor sobre injustiças. Pareciam que estavam falando para mim, como fui injusta com Laura- pensei. Então por uma súbita coragem, pedir licença e sair de sala. Discado tantas vezes o número do celular de Laura, que gravei na memória. Ela atendeu no primeiro toque, meu coração batia descompassado, minhas mãos suavam. A mesma sensação que senti quando nos beijamos, ia começar a falar quando ela tomou a frente.

-Alô?! alô?! alô?! Ana é você? se é fala comigo...por favor...me desculpe pelo que fiz...saiba que se para você foi um erro, para mim não foi...faria exatamente tudo do mesmo jeito!

Fui pega de surpresa. 

-Como ela imaginou que era eu?- pensei.  Ocultei meu número, mas infelizmente ela não ouviu o que tinha para falar pois desligou o celular logo em seguida. Fiquei olhando para o aparelho em minha mão, depois o apertei em meu peito e comecei a chorar.

-Me perdoa...se foi um erro, quero cometê-lo várias vezes com você!  Quando parei de chorar liguei para Gustavo, como o campus em que estudava era próximo ao que meu amigo estudava, em segundos ele estava comigo. Quando o vi, corri ao seu encontro e nos abraçamos. Gustavo ficou a afagar com carinho meus cabelos, aos pouco fui voltando ao normal.

- O que foi, amiga?! 

-Desde ontem que criei coragem e liguei para ela. Mas com medo da reação que ela poderia ter, ocultei o número do meu celular, não conseguia falar nada. Até que estava decidida a falar com ela, mas ela tomou a minha frente, sem ao menos saber que era eu do outro lado da linha e começou a me pedir desculpas e falou que para ela não foi um erro o beijo e que faria tudo do mesmo jeito...comecei a chorar de novo...

Gustavo me ouvia falar tudo isso abraçado mim..

-O que eu faço?! 

-Ela viajou hoje...me olhou sério

-Como assim, viajou? ela não volta mais?! 

-Calma...ela viajou a trabalho...até o fim da semana ela estará de volta- sorriu.. até lá continua com esta mesma coragem e procura ela para vocês conversarem...se precisar de ajuda, conte comigo!

Tentei esboçar um sorriso entre tantas lágrimas para meu amigo. A semana passou arrastada, mesmo com algumas provas marcadas na faculdade não parava de pensar em Laura. Em como ela estaria, será que pensava em mim. Passei a semana ensaiando na frente do espelho como falaria com ela. Gustavo prometeu nos ajudar, marcaria um encontro entre nós sem que ela soubesse.

Fim do capítulo