Capítulo 10 – Atitudes impensadas

 

Laísa estava se sentindo leve e feliz. Jamais passou por sua cabeça que Vitória tornaria a procura-la e menos ainda que prepararia toda aquela surpresa tão inesquecível.

 

Vitória também estava feliz por ter se acertado com a loira, o problema era que a morena gostava de ter as coisas sempre ao seu jeito e domínio e tinha ciência que Laísa não cederia todos as suas vontades tão facilmente.

 

Vitória estava deitada em uma espreguiçadeira quando avistou Laísa saindo do mar e se aproximando novamente dela e não pode evitar as reações de seu corpo ante àquela visão. Sentiu um leve arrepio tomar conta de si e seu desejo aflorar.

 

Laísa sequer tinha percebido as reações que causara em Vitória e se surpreendeu quando se aproximou e foi puxada por Vitória, praticamente deitando-se por cima dela.

 

- Você está uma delícia, sabia? – Vitória perguntou enquanto sua mão segurava com firmeza os cabelos molhados de Laísa.

 

Laísa também já sentia seu corpo dar sinais de excitação com aquele leve roçar dos corpos. Suspirou ao sentir a língua de Vitória percorrer seu pescoço, parecendo se excitar ainda mais com o gosto da água salgada.

 

Completamente entregue, Laísa sentiu a língua de Vitória invadir sua boca, iniciando um beijo carregado de tesão. As mãos ansiosas percorriam os corpos, causando sensações excitantes para as duas.

 

Mesmo excitada, Laísa sentia o mormaço devido ao sol quente e sabia que não seria bom para elas ficarem ali. Findou o beijo, mesmo sem vontade.

 

- Eu acho melhor subirmos. – Falou ofegante.

 

Vitória não deu muita importância, inverteu as posições para ter melhor acesso ao corpo da loira, aproveitando para desamarrar o biquíni usado por ela.

 

- Tem certeza que quer subir agora?

 

Vitória perguntou com um sorriso carregado de segundas intenções, mas sequer deu tempo para resposta, iniciando um caminho de beijos pelo colo de Laísa, até finalmente alcançar seus seios.

 

Vitória acariciava um seio enquanto ch*pava e lambia o outro, se deliciando com os gemidos de Laísa, que já nem cogitava mais a possibilidade de sair dali.

 

A morena continuou com suas carícias, notando o quanto Laísa já estava entregue, e desceu sua mão até a intimidade da loira, acariciando por cima da parte de baixo do biquíni, arrancando suspiros de Laísa que já sentia a umidade entre suas pernas.

 

Percebendo a excitação de Laísa, Vitória soltou o laço lateral do biquíni da loira e finalmente alcançou sua intimidade, onde passou a provocar Laísa acariciando levemente seu ponto de prazer.

 

Laísa já sentia seu corpo pedindo por toques mais precisos, seu corpo gritava e emanava calor com a língua de Vitória percorrendo seu colo. Puxou Vitória para um beijo, mostrando a ela todo o desejo que sentia naquele momento.

 

- Vitória, por favor... – Resmungou, não aguentando mais aquela provocação.

 

Vitória parou os movimentos que fazia e sorriu ao notar o semblante irritado de Laísa.

 

- Fala para mim, você quer subir? – Laísa negou com a cabeça, sem fôlego para responder. – Então pede o que você quer.

 

Laísa sentiu uma onda de calor ainda mais forte com aquela ordem e o sorriso sacana de Vitória.

 

- Me come, Vitória, agora! – Praticamente exigiu ao invés de pedir.

 

Vitória prontamente atendeu, penetrou seus dedos na intimidade da loira, lhe arrancando um gemido satisfeito pelo prazer causado. Laísa beijava Vitória, enquanto apertava seu corpo, totalmente entregue ao prazer que os movimentos precisos e fortes da morena estavam lhe proporcionando.

 

Não demorou muito e Vitória sentiu a intimidade de Laísa apertar seus dedos e relaxar em seguida, indicando seu ápice. A morena levou os dedos até a boca de Laísa, que os ch*pou sentindo o próprio gosto e depois beijou novamente a loira, excitada com aquela mistura do salgado do mar com o gosto de Laísa.

 

- Deliciosa! – Falou enquanto fazia um leve carinho no rosto da loira, que se recuperava do gozo. – Eu poderia ficar aqui te comendo e sentindo seu gosto o resto do dia, mas esse sol está nos torrando, ainda mais você com essa pele transparente.

 

Laísa sorriu da pequena implicância, já tinha até se esquecido do sol ou de qualquer outra coisa, mas a morena estava com a razão, sua pele já estava exposta ao sol por tempo demais.

 

- Vamos subir então, mas isso aqui ainda não acabou! – Falou deixando claro que queria muito mais da morena.

 

As duas subiram e almoçaram entre conversas e brincadeiras, Vitória já havia pedido a funcionária que ia até a casa regularmente que deixasse tudo preparado para elas. Depois do almoço, as duas sentiram o cansaço bater depois da noite e manhã exaustiva que tiveram e resolveram descansar um pouco depois de tomarem um banho juntas.

 

Laísa não conseguiu dormir por muito tempo e acabou se levando e deixando Vitória sozinha no quarto.

 

Resolveu andar e conhecer o restante da casa. Depois de passar por alguns quartos no segundo andar, a loira encontrou um escritório no primeiro andar, com uma estante enorme de livros, se perdeu ali por alguns minutos enquanto olhava um pouco.

 

Mas o que chamou atenção da loira foram as fotos que viu em uma das estantes. Eram fotos de família, Vitória estava na maioria delas. Sorriu ao se deparar com uma foto de Vitória e Ana Júlia abraçadas, que parecia já ter sido tirada há uns bons anos.

 

Nas fotos mais antigas, notou a presença de três crianças, Vitória, mais uma menina e também um menino, muito parecido com Vitória, mas percebeu que o menino não aparecia nas fotos mais recentes da família e lembrou-se vagamente de Vitória já ter comentado sobre ter tido um irmão.

 

Laísa estava observando um porta-retratos, quando sentiu a presença de Vitória se aproximando por trás e seus braços a envolvendo em um abraço.

 

- Por que a senhorita me deixou sozinha na cama? – Perguntou com a voz ainda rouca.

 

- Não consegui dormir muito. – Esclareceu. – Você tem uma família muito bonita!

 

Vitória notou que Laísa segurava um porta-retratos com uma foto antiga, onde seu irmão ainda aparecia e sorriu saudosa.

 

- Obrigada!

 

- São seus irmãos?  

 

Vitória suspirou, não sabendo se estava pronta para falar daquele assunto e Laísa percebeu que sem querer tocou em um assunto delicado para a morena.

 

- Não precisa me contar nada se não quiser. Não quis me intrometer!

 

Vitória tomou o retrato da mão da loira e observou os sorrisos felizes de todos naquela foto, por muitas vezes se perguntava o porquê de não ter sido tudo sempre assim.

 

- São meus irmãos, eu já te contei da Virgínia, e esse é o Vítor, meu irmão gêmeo. – Explicou. – Nessa foto nós tínhamos 5 anos, foi tirada pouco tempo antes de descobrirmos seu câncer. Vítor teve leucemia e faleceu em menos de um ano da descoberta da doença.

 

- Eu sinto muito, Vitória! – Laísa falou segurando a mão da morena e fazendo um leve carinho. – Você se lembra muito dele? Imagino que deve ter sido muito difícil para você.

 

- Eu não lembro exatamente dele, mas sim da presença dele e do que ele representa para mim, entende? Deve ser essa tal ligação que dizem que os gêmeos têm. – Explicou tentando evitar aquela emoção saudosa. – Foi muito difícil sim, mas acho que, no fim das contas, mesmo com a nossa ligação, eu lidei com sua perda melhor do que meus pais.

 

Laísa puxou Vitória até o sofá que estava próximo delas e sentou, puxando a morena para se encaixar em seu peito. Era a primeira vez que percebia Vitória se abrir e falar de sua vida pessoal.

 

A morena se deixou levar pelas lembranças e pela segurança que sentia por ter Laísa ao seu lado naquele momento.

 

- Eu tive que fazer terapia desde cedo por conta disso, na minha cabeça não fazia muito sentido o meu irmão ter virado “estrelinha” de uma hora para a outra e meus pais nunca tiveram disposição para lidar comigo, principalmente porque de alguma forma eu sinto que eles jogaram essa culpa sobre mim.

 

- Que culpa você teve de seu irmão ter tido câncer, Vitória? Por favor, não se sinta assim. – Laísa pediu chateada.

 

- Eu não sei. Acho que de alguma maneira, para os meus pais, o fato de sermos gêmeos influenciou nisso, e aí depois da partida do Vítor eu fui praticamente deixada de lado por eles. A Virgínia já era um pouco mais velha e acabou cuidando mais de mim. Ana Júlia também me ajudou muito no processo de aceitação da partida do Vítor, fomos praticamente criadas como irmãs por muito tempo, mas depois de um tempo a gente se afastou.

 

Vitória não conseguiu evitar e deixou as lágrimas caírem diante de tantas recordações. Era difícil para a morena falar de sua infância.

 

- Eu sinto muito, de verdade!

 

Laísa falou dando carinho a morena e a apertando mais em seus braços. Agora a loira entendia um pouco mais o jeito fechado de Vitória, que depois de tudo aquilo, tivera que crescer se sentindo sozinha e sem o amor de sua família.

 

- Está tudo bem! – Assegurou após enxugar as lágrimas. – Só é muito difícil recordar essas coisas. Acho que já está na hora de irmos, o caminho é longo e o dia já está escurecendo.

 

Laísa percebeu que a morena chegou ao seu limite e não quis forçar a situação, já se sentindo feliz por Vitória estar se abrindo mais aos poucos.

 

- Tudo bem! Vou dar um jeito na bagunça que fizemos e a gente vai.

 

- Não quero que você arrume nada, Laísa, uma funcionária virá para isso.

 

- Nós sujamos, não custa nada organizar. – Laísa falou e se levantou, imaginando que começaria um embate se continuasse aquela conversa com Vitória.

 

A loira fez questão de arrumar a cama e lavar as louças usadas por ela, afinal, estava acostumada a sempre ajudar em casa e cooperar para o bem de todos.

 

Depois que saíram da casa, Vitória sentia sua cabeça levemente pesada em razão das lembranças e do choro, então deixou que Laísa voltasse dirigindo seu carro, o que deixou a loira muito animada.

 

- Obrigada por hoje! Nunca imaginei que você faria algo assim. – Agradeceu sincera assim que estacionou o carro em frente ao seu prédio.

 

- Eu prometo que a partir de agora você pode esperar somente as melhores coisas de mim.

 

As duas trocaram mais um beijo, curtindo cada segundo que passavam juntas.

 

- Quer que eu passe para te buscar amanhã? – Vitória perguntou oferecendo carona para o escritório.

 

- Não, amanhã eu vou deixar meu pai em uma consulta e parto direto para o escritório. – Explicou declinando.

 

- Tudo bem. Nos vemos amanhã então.

 

Laísa deu mais um beijo em Vitória antes de finalmente deixá-la e entrar em seu prédio. A loira entrou em casa indo direto para seu quarto, sentia o corpo pesado pelo final de semana corrido, que não permitiu que descansasse.

 

Tomou um banho rápido e ficou assistindo filmes em sua cama, aproveitando o fim do dia para descansar.

 

Vitória também chegou em casa sentindo o corpo dar sinais de exaustão. Tomou um banho demorado e acabou pegando no sono logo em seguida.

 

A segunda-feira amanheceu mais bonita para as duas mulheres, que ainda estavam extasiadas pelos últimos momentos passados juntas.

 

Laísa acordou cedo para levar o pai ao hospital novamente, o que já estava se tornando rotina para ela e sua família. Teria que deixar o pai no hospital para fazer alguns exames e sua mãe o buscaria mais tarde.

 

Depois de deixar o pai, a loira chegou no escritório sentindo-se feliz e animada para mais uma semana de trabalho. Deixou sua bolsa em sua sala e resolveu buscar um café antes de começar seu trabalho.

 

- Bom dia, Lu!

 

Laísa abraçou o amigo que estava na cozinha assim que ela chegou.

 

- Bom dia, Lai. E aí, o que andou aprontando esse fim de semana?

 

Laísa estendeu a mão para o amigo, mostrando o anel em seu dedo. Luciano ficou boquiaberto, já imaginando que tinha alguma coisa a ver com a chefe dos dois.

 

- Ela te deu? Vocês estão namorando? – Perguntou mais baixo para que ninguém passasse e escutasse a conversa.

 

- O que é que vocês estão cochichando aí, hein?

 

Ana Júlia questionou assim que entrou na cozinha e encontrou os amigos.

 

Aproveitando-se por ser mais alta do que Laísa, Ana Júlia aproximou-se por trás e abraçou a amiga, fazendo um leve carinho em seu braço e lhe dando um beijo no rosto.

 

- Oi! – Laísa falou sorridente ao sentir a aproximação da amiga.

 

Luciano que ainda estava muito curioso, voltou a querer saber do anel.

 

- Você já viu esse brilhante maravilhoso na mão dela, Naju? – Perguntou animado.

 

Só então Ana Júlia notou o anel que Laísa usava e também imaginou que tivesse sido presente de sua prima.

 

Laísa sorriu sem jeito, não sabia qual seria a reação de Ana Júlia.

 

- É lindo mesmo! Vitória sempre teve muito bom gosto! – Ana Júlia comentou sem querer falar muito sobre aquilo e sem saber muito bem como estava se sentindo.

 

Laísa notou certo desconforto nas palavras de Ana Júlia, mas não quis pensar naquilo e abraçou um pouco mais sua amiga, não querendo que ela se afastasse por aquele motivo.

 

- Vocês estão namorando? – Luciano perguntou alheio as questões internas que envolviam as três mulheres.

 

- Não, ela só me deu o anel como um pedido de desculpas pelas atitudes impensadas que teve nos últimos dias. – Esclareceu.

 

- Ah, mas vocês, pelo menos, estão juntas?

 

- Aí, eu não sei, Luciano, não quero falar sobre isso agora. – Reclamou incomodada, enquanto Ana Júlia permanecia calada, apesar de manter o abraço. – Vamos mudar de assunto, me conta de você, saiu com aquele cara que estava a fim de ficar?

 

Luciano começou seu relato sobre o encontro que teve no sábado e os três acabaram se entrosando em uma conversa. Laísa e Ana Júlia pareciam esquecer qualquer situação constrangedora e permaneceram abraçadas.

 

Vitória acordou sentindo-se melhor do que na noite anterior, parecia estar um pouco mais leve por ter se aberto com Laísa, guardava muitos sentimentos para si e tinha noção de que isso não a fazia bem.

 

Partiu para o escritório já com saudade e vontade de encontrar Laísa novamente. Sabia que seria cada vez mais difícil controlar seu desejo de estar sempre junto da loira.

 

A morena chegou ao escritório e cumprimentou animadamente Carla, que até estranhou todo aquele bom humor de sua chefe e imaginou que talvez a mulher estivesse a cortejando novamente.

 

O sorriso que Vitória até então carregava em seu rosto se desfez assim que ela passou pela cozinha do escritório e se deparou com a cena de Ana Júlia com os braços sobre os ombros de Laísa e a loira acariciando os braços de sua prima que a abraçavam.

 

Vitória se irritou instantaneamente, principalmente por notar que as duas mulheres pareciam confortáveis e entrosadas naquele abraço. Acabou saindo de lá sem ter sido notada e foi direto para sua sala.

 

Vitória começou a andar em círculos em sua sala, pensando no que deveria fazer para acabar com aquela situação. Novamente, a morena estava se deixando levar por seus ciúmes exagerados e somente queria dar um jeito de afastar as duas mulheres, temendo aquela aproximação toda entre Laísa e sua prima.

 

Depois de quase uma hora inquieta, Vitória resolveu tomar a única atitude que não desejava até aquele momento, mas que em sua cabeça, seria a maneira mais rápida de afastar Ana Júlia.

 

Ligou para Carla e pediu a secretária que mandasse Ana Júlia ir até sua sala. O que foi prontamente atendido.

 

Ana Júlia estranhou quando atendeu o telefone e Carla lhe passou aquele recado, afinal, mesmo trabalhando juntas e sendo da mesma família, Vitória e ela praticamente não se falavam mais, nem mesmo no ambiente de trabalho. Mas, sem escolha, foi até a sala de sua prima.

 

- Mandou me chamar, Vitória? – Perguntou assim que entrou na sala da prima, chamando sua atenção.

 

- Sim, preciso falar uma coisa importante com você. – Vitória falou arrogante, ainda estava a ponto de ter um ataque de fúria em razão dos ciúmes que sentia.

 

- Pode falar.

 

Ana Júlia estava de pé em frente à mesa de Vitória, curiosa para saber o que a prima poderia querer com ela.

 

- Eu quero que você arrume suas coisas, não quero mais você no escritório!

 

Ana Júlia ficou boquiaberta, foi pega completamente de surpresa por aquela atitude, que até então não esperava, mesmo se tratando de Vitória.

 

- Como assim, Vitória? – Perguntou abismada. – Você me quer fora do escritório?

 

Vitória olhou para a prima com toda sua prepotência.

 

- O que é tão difícil de entender? Você está demitida!

 

Fim do capítulo