Capítulo 20 - As certezas das incertezas.
~POV Mateus~
Tudo estava perfeito. O lugar que eu mais gostava, com a garota que eu mais gostava, porém, sempre há um porém ou um mas para estragar a situação. Depois de um passeio incrível com minha namorada, voltamos para a casa dos meus avós, conversávamos muito, um clima descontraído. Era o que eu pensava.
Tivemos uma noite legal, com uma trans* igualmente boa, Larissa era incrível em tudo, mas nessa parte ela se destacava muito das outras garotas das quais eu já fiquei. Talvez isso tivesse me prendido tanto nela. Mas, não era somente isso. Ela era o conjunto perfeito da obra, bonita, gente boa tem uma personalidade forte, garota de presença, meio doida à vezes, e com o talento especial para o sex*. Com certeza a mulher que eu queria dividir a vida, não só eu, qualquer cara em sã consciência pensaria o mesmo. Sorte que cheguei à frente.
Vim pra cá com a ideia de aumentar nosso contato, iria pedi-la em noivado, tudo armado em minha cabeça. Depois daquela noite, eu estava pegando no sono, mas Larissa levantou e fiquei apreensivo, saiu do quarto e demorou um tempinho. Fui verificar, pois estava preocupado, ela comentou que estava com enxaqueca mais cedo. Vi sua silhueta na varanda e me aproximei em silêncio. Ouvi algumas frases, não inteiras porque ela falava baixo, mas ouvi nitidamente a parte do - “Não queria falar isso a primeira vez por telefone, mas preciso que você saiba que eu amo você”.
Gelei na hora, continuei atento, Larissa sorria roendo as unhas, claro sinal de nervosismo.
Provavelmente a pessoa do outro lado sentia o mesmo, vi sua expressão passar de apreensiva para aliviada. Estava voltando para o quarto, mas ainda consigo ouvi-la dizer: “Preciso ir. Não se esquece da minha saudade, e que não vejo a hora de te ver de novo”.
Pulei para cama, alguns minutos depois Larissa deitou ao meu lado, me abraçou e dormiu. Fiquei pensando em quem seria a pessoa do outro lado da linha. Até notei ela meio distante, mais fria, não entendi a mudança de comportamento, mas quis respeitar o espaço dela e agora isso? Não! Não posso permitir que alguém se meta entre nós dois. Esse cara vai errar o pulo, porque se eu já sou um bom namorado, agora que eu vou ser mais ainda, não vou perder essa mulher, não mesmo. Demorei quase a vida pra me apegar a alguém e agora que estou em um relacionamento estável não vou deixar um babaca se intrometer. Outra porque eu sei do meu valor, sei que Larissa é apaixonada por mim há bastante tempo. E ela pode estar iludida com algum falacioso que prometeu mundos e fundos pra ela, mas não me abalo. Mais cedo ou mais tarde ficaremos juntos.
~POV Eduarda~
Receber aquela ligação de Larissa me deixou feliz, ela dizer que me amava me deixou 100 vezes mais feliz, sério a felicidade não cabia em mim.
Voltei para mesa e Julia puxou assunto.
- E essa carinha de quem viu passarinho verde? - perguntou desconfiando da minha alegria repentina.
- Hahaha não só vi o pássaro verde, ele também falou comigo.
- Uau. E pelo jeito coisa boa. Me conta cunhadinha.
- Sua Kürbis me ligou - e melhor - disse que me ama. - Sorri. Caraca eu estava mega feliz.
- Hahahaha, Larissa é fera mesmo. Tá bem longe daqui e não para de pensar em ti. Se isso não é amor Duda, eu nem sei o que é então.
- Nem me fala...
- E você disse o que a ela? - arqueou uma das sobrancelhas.
- Simples, que sentia o mesmo. - dei uma risada parecendo criança.
- Oba! Que alegria, agora vamos ser sinceras Duda, essa questão do Mateus tem que ser resolvida por vocês. Isso não é certo.
- Sim, concordo e muito. Lari vai falar com ele nessa viagem e depois damos um jeito de contar tudo pra ele. Apesar de ser difícil pra mim, quero resolver tudo com todos.
- Nada melhor que a verdade, nem que doa. A mentira nunca traz coisas boas.
- Sim, você está certa. Não vejo a hora de tudo isso acabar, quero estar em paz com Larissa ao meu lado.
- Vocês podem contar comigo pra tudo. Nem preciso dizer Duda, sei o quanto se gostam, estou aqui pra tudo que precisar.
- Obrigada Ju, tu é demais!
Como era bom ter uma cunhada/amiga da qual se pode contar uns segredinhos.
Após algumas horas dançando com meus amigos, fui pra um lado do bar, peguei uma água e sentei.
- Já diz aquela música “Quem não aguenta, bebe água”. Me olhou sorrindo.
- Hahaha, engraçadinha você.
- Como está Eduarda?
- Estou bem e você dona Mariana salvadora?
- Mariana salvadora? Parece nome de pintora. - me olhou intrigada.
- Digamos que está mais pra super Mariana, a heroína de moças abandonadas.
- Besta. Estou bem também. Melhor ainda vendo que você não está em apuros.
- Sim, está tranquilo. Por enquanto, seus serviços estão dispensados.
Mariana fazia algumas caretas engraçadas, reparei em quanto ela era bonita. Sorte da pessoa que fisgasse uma garota dessas, assim como eu tive a sorte de fisgar minha Lari.
- Está com o pensamento longe. - Questionou.
- Sim, um pouquinho digamos.
- É sobre aquele caso complicado? Porque se for, não parece mais tão difícil assim.
- É sim, algumas coisas mudaram para melhor. E hoje eu ouvi uma coisa que queria há muito tempo. - eu falava dividindo minha felicidade com a garota que estava a minha frente.
- Que bom Eduarda, estou feliz por você. Só não me diz que voltou com aquele mauricinho chato.
- Gabriel? Não, Deus me livre... Daquele mal eu não sofro mais.
- Ufa! Então só posso te desejar felicidades.
Continuei conversando um tempo com Mariana, até que ela teve que ir para casa.
Combinamos de andar de patins na praça da cidade, hobby que pelo jeito ela compartilhava. Conhecia Mariana há pouco tempo, mas já gostava muito dela. Bendita noite aquela que ela me salvou.
~POV Larissa~
Pela manhã sou acordada com Mateus me trazendo café na cama. Achei fofo ele preocupado. Preparou torradas, suco e algumas frutas. Ele era dedicado, como já disse o problema ali era eu. Ele era perfeito até demais...
A semana passou lenta, porém mais rápida do que eu esperava, amém. Mateus e eu conhecemos vários lugares, museus, teatros, barzinhos. Fizemos um verdadeiro tour pelas cidades vizinhas. Como eu amava viajar e conhecer novos lugares, aquilo era um alivio, até conseguia desviar um pouquinho o foco de Eduarda, mas era só um pouquinho mesmo. A maioria do tempo eu pensava em quanto queria estar junto com aquela garota maravilhosa.
No último dia na fazenda, dona Norma fez um almoço especial pra gente. Ia ficar com saudades disso, os avós do Mateus me cativaram de uma maneira que eu não esperava. Seu Fernando e dona Norma foram muito receptivos e amorosos, assim como todos ali naquela casa. Estava encantada em como existem pessoas tão bondosas quanto eles eram. Resolvi que no caminho pediria um tempo para Mateus.
Saímos rumo a nossa cidade, no caminho eu estava nervosa.
- Mateus preciso falar uma coisa com você. - comecei.
- Pode falar meu amor, porque eu também tenho uma para te contar.
Fiquei curiosa, resolvi deixa-lo falar primeiro, afinal eu ia dar uma facada em forma de decepção para ele.
- Pode falar minha gata.
- Fala você primeiro, porque eu sou mais curiosa que tu. - Sorri.
- Tudo bem! É, vamos lá, estou um pouco nervoso.
Mateus falava, ele estava suando um pouco. Parecia que ia desmaiar a qualquer momento.
- Fala Mateus, estou ficando preocupada já. - Falei sem paciência, o que era tão importante assim?
- Então - se ajoelhou e eu gelei - Larissa Kannenberg Monteiro, você aceita ser minha noiva? NÃO, NÃO PODE SER. Senti tudo ficar preto ao meu redor, Mateus não podia fazer isso comigo. Na verdade, que mal a nisso? Partindo do ponto de vista dele, somos namorados e estamos apaixonados, é algo natural. Mas do meu lado tudo muda. Porr*!! Eu amo a melhor amiga dele, sou completamente apaixonada por ela e ele vem com esse pedido?
Mateus me olhava com uma cara de quem espera uma confirmação, e eu? Mais despreparada não existia. Enfrentar esse tipo de situação não estava nem de longe em meus planos.
- Calmamente, não sei de onde eu tirei coragem - Mateus eu não posso aceitar. - A expressão dele não era das melhores.
- Porque não? Eu fiz algo errado?
- Não, Mateus. Você fez tudo certo. O problema é que não esperava esse tipo de pedido.
- Você não quer?
- Eu não estou preparada, sinto muito. - aqueles palavras eram tipo uma faca de dois gumes, machucavam ele e a mim. Tinha pena dele, tinha pena de mim e de Duda também, por estarmos todos nesse barco que está virando.
- Não consigo entender, se a gente se conhece há tanto tempo, namoramos e tudo mais, qual o mal em querer ter uma vida do teu lado?
- Não há mal nisso, mas eu não quero. Me desculpa!
- Tudo bem, respeito a sua opinião. Talvez eu tenha me precipitado. É que essa viagem, esse clima, tudo que estamos vivendo me fez acreditar que estávamos na mesma sintonia.
- Foi bom você tocar nesse assunto - Precisava tirar esse peso dos meus ombros - Olhei em seus olhos e disse de uma vez só - Mateus eu preciso de um tempo.
- O que? Mas por quê? O que está acontecendo, Larissa?
Mateus me olhava surpreso com certeza não esperava por aquilo.
- Não sei me sinto sei lá estranha. Preciso de um tempo sozinha. Eu gosto muito de você Mateus, mas não me odeie por pensar em mim nesse momento. – Eu era bem sincera quando queria, só não ia falar de Duda porque não havia conversado com ela antes, mas a garganta chegava coçar.
- Como vou odiar você se estou aqui praticamente te pedindo em casamento? - ele me olhava, seu olhar era enigmático. - eu espero o teu tempo, sem pressão. Não era o que eu queria, mas prefiro que sejamos sinceros um com o outro. - ele me puxou para um abraço. Me sentia devastada por essa situação, mas feliz porque finalmente estou livre para ficar com Eduarda.
Fim do capítulo
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