Interestelar por Freyya
Capítulo 1
Chegamos à Terra sem problemas na aterrisagem, a viagem foi mais demorada que o planejado, mas ainda bem que tínhamos calculado inúmeras possibilidades. Nos meus devaneios de filme de sessão da tarde, assim que pisasse no solo sairia correndo para a casa de Ester e a tomaria em meus braços, no mais positivo, ela estaria na sede. Bem, nada aconteceu como eu ansiava. Assim que saímos fomos encaminhados para a sala médica, para uma checagem rápida e logo depois para o chuveiro. Um assistente do chefe nos informou que teríamos uma coletiva com a imprensa, um jantar com o grupo e só depois estaríamos liberados. A prole não precisa descansar, não é mesmo? Que inferno! Eu só queria ir atrás da minha mulher! Isso se ela ainda me quiser, do jeito que a Ester é, capaz de me mandar direto pr’o inferno.
Entregamos o relatório parcial da missão e seguimos para a coletiva, eu estava muito feliz pelo reconhecimento e tentei ser simpática com todos. Um repórter fez uma pergunta que foi a minha chance de falar algo para a Ester, isso contando que ela estivesse assistindo.
- Capitã, o que mais fez falta ao chegar em marte e se perceber à 55 milhões de quilômetros da Terra?
- No meu último dia na Terra, a mulher da minha vida se declarou para mim, eu fiquei tão feliz, perdida e atrasada, que não consegui responder a altura. Eu estava em Marte, mas minha mente e meu coração ficaram na Terra com ela.
- Tem algo que queira falar para ela?
- Eu gostaria de ler um poema que fiz para ela:
Me perdoa
Eu não peço perdão de graça, mas é o que tem pra hoje
Olhando pr’os teus dedos minúsculos enquanto você fala de coisas que tem aprendido a valorizar
Que tem insistido em gravar dentro do meu crânio para que os olhos enxerguem quando se revirarem
Até que o buraco se cubra e eu me esqueça como contar 1,2,3,4
E eu passe a respirar poeira
Poeira de estrela
Me dá a mão, não tem nada maior que você aqui
Importância incomparável
Emergência
Te amo como quem acende uma vela no espaço
Te amo desde a dificuldade de se acender uma vela no espaço
Na dimensão infinita de um universo sem esquecimentos
Aqui, cheia de sons, canto teu codinome*
Uma salva de palmas pôde ser ouvida assim que terminei de declamar meu poema, com lágrimas nos olhos. Eu não fui nada profissional, poderia levar uma advertência, mas dane-se, eu preciso ter mais uma chance com ela!
Conversei com o chefe e ele me liberou para sair do jantar assim que conversasse com os ‘’maiores’’ da casa, parece que minha exposição na entrevista o comoveu. Não esperei nem um segundo a mais que o necessário, de farda mesmo peguei o carro e segui para a casa de Ester. Toque a campainha desesperadamente, a luz do primeiro andar estava acesa, me dando a esperança que ela estava em casa. Só depois de alguns minutos a porta foi aberta, ela estava com os cabelos molhados e cheiro pós-banho, calça jeans e uma blusa clara, tive medo de olhar para dentro e ter alguém com ela. Ela ficou me encarando, como quem espera uma explicação.
- Eu voltei. Voltei, mas meu coração nunca foi comigo, nunca me pertenceu, ele é seu desde que te conheci, ele só pulsa porque você existe.
- Você demorou 599 dias para me falar isso. Sem contar os últimos 20 anos. Tem noção da minha dor?
- É tarde, Ester?
- Sua imbecil!
E mais uma vez ela me puxou e me empurrou na parede, me beijando com pressa, despertando meu desejo. Não demorei a reagir, segurando firme seu cabelo e separando nossas bocas, sussurrei um ‘’Eu te amo’’ e me perdi em seu pescoço, beijando, sugando, matando minha vontade de sentir seu cheiro.
- Eu amo você de farda, sempre me deu tesão.
- É? Eu tenho certeza que fico melhor sem roupa e você também!
Dessa vez não queria trans*r no tapete, subimos em meio a esbarrões e risadas, sem perder o contato com nossa pele. As roupas dela foram parar perto da varanda, as minhas eu tirei com calma, olhando nos seus olhos enquanto ela sentava na cama, mordendo os lábios.
- Eu preciso te sentir, Ester.
- Sempre fui sua.
A pressa nos fez tombar na cama, conectando nossos sex*s e iniciando uma dança intensa, provocativa, me fazendo soltar provocações enquanto ela rebol*va em cima de mim. Que delícia de mulher! Tive que segurar seu quadril e parar seus movimentos, não queria goz*r assim. A ergui, fazendo-a sentar em minha boca, indo a loucura à medida que a via rebol*r. A senti tremendo, gritando meu nome enquanto derramava seu gozo em mim. Ela caiu ao meu lado, respirando fundo. Não deixei que descansasse, me encaixei nela e recomecei nossa dança, não demorei a goz*r. Relaxadas e abraçadas, conversávamos ao pé do ouvido, fazendo juras, tentando dizer tudo o que guardamos.
O desejo reacendeu e logo ela alojou seus dedos dentro de mim, conduzindo minha mão ao seu sex*. Nossa ligação era magnifica, nos amamos em cada canto do quarto. Um desejo guardado por tempo demais exigia ser aplacado com intensidade.
Depois do banho, ela me chamou para ir na varanda, nuas mesmo, olhar o céu.
- Todas as noites eu vinha aqui e olhava para o céu, rezando para você estar bem, para você sentir o mesmo que eu. Não sabe como eu sofri.
- Me perdoa, amor. Eu sempre te amei. Não sabe o quanto pensei na gente, em tudo que quero ser com você.
- Eu quero te amar aqui, tendo as estrelas como testemunhas.
Não demorou para atender o seu pedido. Dessa vez de uma forma mais serena, como quem quer criar raiz dentro do outro. Adormecemos na varanda. Acordei com o sol batendo no rosto. Abracei-a, sussurrando:
- Interestelar.
- An?
- É o codinome que eu vou te dar.
Fim do capítulo
Desafio concluído!
Espero que tenham gostado desse casal e dos outros textos. Foi muito gostosinho escrever.
Interestelar é o nome de uma música de uma banda que gosto muito, a Mulamba. Fica a dica para quem não conhece.
Deixo claro que o poema não é de minha autoria, ele é declamado nos minutos iniciais da música citada acima, não consegui achar a autoria.
Obrigada a quem chegou até aqui
Até breve!
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