Capítulo 10: Juliana: PULGA ATRÁS DA ORELHA
Adriana estava muito mal-humorada naquela tarde. Parecia ter aberto a metralhadora das alfinetadas. Eu já sabia o que resolveria aquele problema. Não era energético, claro. Eu iria até a cozinha tirar todas as cervejas do freezer e levar para perto da piscina, assim ela beberia novamente e esqueceria a ressaca. Sorri ao final do meu pensamento e senti a mão de alguém em meu ombro. Era Dri. Não dissemos nada, ela apenas me acompanhou até a cozinha, depois ficou parada, me olhando retirar as cervejas do freezer.
– Parecem picolés, olha que beleza! – disse para tentar descontrair. – Vou levar todas para o frigobar perto da piscina...
– Jú… – chamou-me enquanto eu fechava a porta da geladeira.
– Oi, Dri. – Respondi curiosa, aquele tom de voz não era costumeiro.
– Bom... sabe, eu vi você saindo do quarto da Bianca...
– Você não esqueceu isso? Disse que não lembraria quando acordasse! – cobri o rosto com as mãos – Que vergonha, Dri! – brinquei.
– Eu disse que esqueceria, mas a verdade é que eu lembro sim! – falou um pouco ríspida, mas mudou o tom de voz quando parou na minha frente – Escuta, Jú. – Segurou o meu rosto entre as mãos – Sei que não tenho o direito de me met*r na sua vida, mas já te avisei para não se envolver demais com a Bianca… não avisei?
– Que isso, Dri? – retirei as mãos dela do meu rosto e me virei de costas, apanhando as cervejas e enchendo as mãos de latinhas. – Você é minha amigona e pode falar o que quiser, sem receio algum. Mas não precisa se preocupar. Eu e a Bia estamos nos curtindo, entende? – uma latinha ameaçou cair e Dri a amparou, logo pegou outras nas mãos – Obrigada... Então... Nós não prometemos nada uma à outra. Você sabe que não sou de trans*r sem sentimentos, mas… a Bianca mexe comigo. Não sei te explicar o que acontece comigo quando ela chega perto.
– Te entendo, amiga. E é por saber que ela tá mexendo contigo, que estou com medo de você se machucar mais… Me sinto meio responsável por ter te trazido...
Interrompi-a:
– Dri… você me trouxe aqui para curtir o carnaval e esquecer da Vê, não foi?
Ela balançou a cabeça para cima e para baixo, concordando comigo.
– Então! Eu estou curtindo! – sorri para ela – Parece até que expurguei de vez as lembranças daquela infeliz da Verônica. Ela que se esbalde em Ipanema com a loira aguada que veio de Floripa. – Adriana sorriu com a minha brincadeira.
– Tá bom... Mas de qualquer forma eu preciso te atentar para uma coisa.
– Para o quê?
– Percebi que você não quer sair de casa, e lógico, a Bia não sairá sem você. Mas, se por algum milésimo de segundo passou pela sua cabeça a ideia de ter um relacionamento mais sério com ela, eu peço que faça um teste.
– Um teste? – dei de ombros. Eu não entendia onde Dri queria chegar com aquela conversa.
– Isso mesmo, um teste. Bem simples, saia com ela pelas ruas de Búzios para você ter a ideia de como ela é assedia, e de como reage às investidas das meninas. Assim você vai sacar se ela tá contigo apenas para curtir o carnaval ou é algo mais... entendeu? – piscou para mim – Ainda bem que você só quer curtir, porque eu apostaria todas as minhas fichas que a Bia só tá empolgada com o carnaval.
Fiquei um pouco sem reação. O que eu iria dizer a ela?
– Humm… – resmunguei. – Obrigada pela dica, mas eu não estou interessada em saber o quanto ela é assediada. Só estou curtindo. E como todos sabem, amor de carnaval, fica no carnaval. – Disse, dei um beijo na testa da Dri e sai em direção à piscina. Confesso que depois daquele papo na cozinha eu fiquei um pouco estranha com a Bia. Eu sempre fui muito transparente, quando algo me incomodava não conseguia ficar natural. Se essa tinha sido a sua ideia, a Dri havia conseguido me deixar com a pulga atrás da orelha. Não que eu quisesse um relacionamento com a Bia. Tá... Sei lá, talvez tenha fantasiado a respeito. Mas não tinha certeza que isso fosse possível.
Depois do almoço nós fomos à praia. O dia estava quente, o sol iluminava cada cantinho daquele paraíso, parecia um convite à felicidade. E por falar em felicidade, ela estava presente em cada gesto meu, em cada palavra, em cada pensamento. Tudo culpa daquela morena deliciosa que não me deixava mais ter sossego com os meus desejos. Quer saber de uma coisa? Depois que passamos do portão da casa de Bia para a rua, o que eu menos pensei foi na conversa que tive com a Dri. Eu estava ali para curtir, esquecer a dor de cotovelo. Não iria ficar apegada a algo que nem tinha acontecido e que na certa, jamais aconteceria. Dri devia estar apenas com ressaca, por isso estava daquele jeito, briguenta.
Com as cangas estendidas e o guarda-sol espetado na areia, Bia tirou a blusa e o short e disse que iria nadar. Levantei-me rapidamente e me ofereci para ir com ela, que me sorriu deliciosamente. Animada, segurou minha mão e me puxou para que corrêssemos até o mar.
Molhei os pés na beirinha…
– Tá gelada! Vai mergulhar que eu fico aqui te olhando.
– Ah, não! Deixa de ser medrosa! Vem! – Puxou-me pelas mãos, eu resisti. Ela parou e me olhou nos olhos: – Confia em mim?
– Confiar por quê? – retribuí o olhar.
– Vamos até aquele banco de areia. – disse e apontou para o mar manso a nossa frente.
– Imagina! É fundo demais! – balancei a cabeça negativamente. – Esqueceu que eu não sei nadar?
– Eu te seguro, Jú! – puxou-me e eu me deixei ser levada. – Vem! Você vai gostar de nadar até lá. Nem é tão fundo. O banco está perto. Deve dar pé até lá.
– Se eu me afogar diga para a minha mãe que eu a amo. – Brinquei enquanto segurava nos ombros dela. Senti a mão de Bia segurar forte na minha. Nos olhamos cúmplices. Eu não sabia se era recíproco, mas pelo menos da minha parte, um sentimento novo, inexplicável e avassalador estava nascendo dentro do meu coração. Era perigoso, eu sei. Aquele continho de fadas tinha dia e hora para terminar.
– Você não vai se afogar. – disse enquanto entrávamos cada vez mais no mar. Já estava com a cintura submersa – Tá vendo? Já estamos chegando e ainda dá pé.
Bia sorria enquanto avançávamos para o mar. Meu coração parecia que iria sair pela boca só por eu estar perto dela, sentindo o seu corpo junto ao meu.
Faltava acho que menos de um metro para chegarmos ao banco de areia quando eu não senti mais os meus pés tocando a areia dentro do mar. Agarrei Bia com força pelo pescoço. Ela levou um susto daqueles e parou um pouco de nadar.
– Calma, menina. – Disse quase num sussurro – Não vou deixar você se afogar. – disse e exibiu aquele sorriso mágico, que eu nunca tinha visto mais lindo em toda a minha vida. O sorriso dela me transportava para qualquer lugar que estivesse perto da felicidade.
Embora estivéssemos submersas até o pescoço, meus pés tocaram o fundo do mar novamente. Era o banco de areia que Bia queria subir, mas eu a puxei pelos ombros e a impedi de continuar nadando. Grudei ainda mais o meu corpo nas costas dela. Bia entendeu que o medo havia dado lugar ao desejo, sim! Minhas mãos envoltas no pescoço dela e o meu corpo grudado nas suas costas... dava pra sentir o calor que emanava daquela pele. Aquela mulher me deixava completamente irracional, tanto que minhas mãos tinham vontade própria. Enquanto minha mão esquerda me prendia nela, a direita deslizava lentamente pelos seus seios submersos. Descia pela barriga, provocando arrepios por todo o meu corpo. Os meus seios rígidos acariciavam as suas costas e a minha coxa tentava se instalar no meio das suas pernas.
– Assim… Eu não vou… conseguir nadar mesmo, Jú! – Disse ofegante, com a voz entrecortada.
– Você me deixa louca! – sussurrei no seu ouvido, enquanto tentava beijar o seu pescoço e morder a sua orelha.
Puxei-a pela cintura para aumentar o atrito gostoso do meu corpo nas costas dela. Quase g*zei quando o meu sex* excitado encostou naquela bundinha linda. Perdi a cabeça de vez. Acariciei a sua bundinha e deslizei os meus dedos pela lateral da parte inferior do biquíni que Bia vestia. Ela afastou as pernas e eu senti o seu sex* nas minhas mãos. Acariciei devagar. Ouvi o gemid* dela. Flexionamos os joelhos para que os nossos corpos submergissem mais um pouco no mar. Introduzi o meu dedo dentro dela…
– Para quem tava com medo de morrer afogada, hein! – disse quase num sussurro enquanto apertava a minha mão que estava sob os seios dela.
– Mudei de ideia, agora eu quero te afogar de prazer. – Gemi em seu ouvido ao mesmo tempo em que introduzi outro dedo dentro dela. Mordi seu ombro. Acariciei o seu pescoço com a língua. – Goz* pra mim! – Sussurrei cheia de desejo ao sentir-me dentro dela. – Aproveita que não tem ninguém nesse cantinho da praia e ninguém está ligando pra gente aqui. Bia relaxou o corpo. Inclinou-se inteira para trás, apoiando-se completamente em mim, sua cabeça encostada no meu ombro. Aumentei o ritmo dos meus dedos dentro dela e não demorou para sentir os seus braços e pernas trêmulos. Entre gemid*s e sussurros ela gozou deliciosamente pra mim. Fiquei abraçada a ela por alguns minutos. Caladas. Apenas o barulho do mar e a respiração que tentava se restabelecer. Fiz carinho nos seus cabelos.
– Assim não vale. – Disse ela virando-se de frente pra mim.
Passei minhas mãos pela sua cintura e puxei-a para mais perto.
– Adoro fazer você goz*r. – Sorri e recebi de volta um sorriso ainda mais lindo.
Subimos no banco de areia. Andamos mais um pouco e a água começou a bater nos nossos joelhos. Olhamos a praia ao longe. A nossa frente, a linha do horizonte, traçando um clima bem romântico para o momento.
Ficamos conversando por alguns minutos, depois fizemos o caminho de volta à areia da praia. Saímos do mar correndo, jogando areia uma na outra, numa comemoração boba de uma tarde tão feliz. Havia muitos significados pra mim e isso me assustava um pouco.
Dri ainda estava de cara amarrada quando saímos do mar. Balancei o cabelo de um lado para o outro para tirar um pouco da água e fui até ela. Bia sentou-se ao lado de Armandinho e Paulo.
Adriana estava quieta. Pensativa olhava o mar. Os joelhos flexionados e as mãos sobre eles.
– Ei! Chega pra lá um pouquinho pra eu sentar na sua canga! – empurrei o ombro dela. Dri não esboçou nenhum sorriso, apenas afastou-se para me dar lugar ao seu lado. Sentei-me.
– O que foi? Tá chateada?
– Não! – disse seca.
– Ainda com dor de cabeça? – Insisti.
– Não!
– Não quer conversar?
– Não!
Girei o corpo e ajoelhei-me na frente dela. Retirei os óculos escuros da sua face e busquei os seus olhos:
– O que você tem? – Perguntei séria.
Dri respirou fundo e jogou-se nos meus braços sem nada dizer. Não entendi aquela reação, mas não perguntei nada. Retribuí o abraço e afaguei os seus cabelos carinhosamente.
– Desculpa, Jú! – disse saindo do meu abraço – Eu devo estar carente. – Completou.
– Não precisa se desculpar. Quero estar sempre por perto quando precisar de um abraço. – Sentei-me ao seu lado novamente e passei o meu braço pelos ombros dela, puxando-a para mais perto de mim. Uma lágrima escorreu dos olhos dela, que tentou secar e esconder rapidamente.
– Nossa! A Dri toda poderosa carente? O mundo está a salvo! – sorri tentando descontrair o momento, mas minha tentativa de fazê-la recuperar o ânimo se esvaiu quando minha atenção se voltou para Bia, que havia se levantado e ido ao encontro de umas garotas na praia. Meu sorriso se desfez imediatamente da face. Tirei meu braço dos ombros de Dri.
– Aposto que todas são ex dela! – disse a minha amiga me tirando completamente dos meus pensamentos. Fingi ter ignorado o comentário de Dri, afinal de contas, ela só estava cumprimentando algumas amigas.
Continuei observando Bia distribuir abraços e beijos nas três meninas que exibiam realmente muita intimidade com ela. Foi subindo uma sensação estranha pelo meu corpo. Eu mal podia acreditar que estava sentindo ciúmes de uma menina que tinha acabado de conhecer em pleno carnaval. Mas, eu estava. A sensação que fazia o meu estômago revirar ao vê-la distribuindo beijos e abraços aumentou consideravelmente quando uma das três meninas abraçou Bia demoradamente, falou algo no ouvido dela, depois mordeu o seu pescoço ao mesmo tempo em que deslizou as mãos pelas suas nádegas. Não consegui ser racional.
– Chega! – Não sei se disse em voz alta ou apenas em pensamento, mas me levantei de sobressalto da areia – Quero ir pra minha casa! – disse para Dri e saí andando pela areia quente.
– Espera, Jú! – Dri veio atrás de mim. Peguei a chave da casa de Bia que estava sobre a roupa de Armandinho que ficou sem entender a minha atitude.
– Na boa, só quero pegar a minha mochila e ir pra casa! – caminhei em passos apressados, até que Dri puxou o meu braço. Virei-me para ela.
– Eu sabia que ela iria te magoar. – Balançou a cabeça negativamente. – Eu vou embora contigo.
– Quero ir embora sozinha, Dri! – puxei rispidamente o meu braço e continuei andando pela areia.
Em pouco tempo atravessei o jardim de rosas brancas da mãe de Bia.
“Se eu continuar dando corda pra essa menina, vou enlouquecer.”, pensei enquanto subia as escadas até o quarto.
“Acabei de sair de uma relação cheia de problemas, não posso me dar ao luxo de me apaixonar por uma garota que tem a lista de ficantes mais cumprida do que o Rio amazonas”.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Anny Grazielly
Em: 23/08/2020
lascou geral
Milanay
Em: 02/04/2019
Eu acho q a Dri tem sentimentos pela Ju ....
E bem.forte ainda ... e se ela tem sentimento deveria contar e nao guardar p si
Resposta do autor:
E se fosse pela Bia? Como seria essa treta hein? Será? rsrs
Obrigada pelo seu comentário! Espero por mais!!! :)
Beijos Cariocas!
Jennyfer Hunter e Karina Dias.
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Val_Az
Em: 01/04/2019
Que linda história. Estou amando. Fazia tempo que eu não lia algo tao empolgante, tao bom e emocionante. Parabéns as autoras! Linda história!
Um abraco!
Resposta do autor:
Querida... fico Karina e eu ficamos imensamente felizes por estar gostando. Obrigada pelo carinho e pelo seu feedback. Que continue as aventuras de BIJU!!!
Obrigada pelo seu comentário! Espero por mais!!! :)
Beijos Cariocas!
Jennyfer Hunter e Karina Dias.
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Val Maria
Em: 01/04/2019
Aquele sentimento angustiante que fica matando por dentro e a gente só quer se livrar,mas a cabeça não deixa.
As vezes se pensa que é algo passageiro,mas mesmo sem querer a coisa fluiu sem que se perceba.
História apaixonante,dá vontade de lê sem parar.
Até o próximo capítulo autoras.
Val Castro
Resposta do autor:
Comentários como o seu, Val, nos fazem dar mais esmero à história.
Quando o amor chega é assim mesmo... a razão pede pra não seguir, mas o coração comanda tudo.
Obrigada pelo seu comentário! Espero por mais!!! :)
Beijos Cariocas!
Jennyfer Hunter e Karina Dias.
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