Bianca

Eu entrava pela porta do jardim, distraída em muitos pensamentos quando vi estrelas; eu que estava na vertical, de repente me vi na horizontal e sendo esmagada por um peso sobre mim

 

- Aiiiiiiiiiii - gemi sem fôlego sob um corpo.

A pessoa sobre mim moveu-se atabalhoadamente na tentativa de desvencilhar-se daquele emaranhado de pernas e braços que nos tornamos.

- Scusa! - Ouvi uma voz masculina como de um imberbe adolescente nas mudanças de tom entre o grave e agudo.

Eu ainda tonta senti o corpo sobre o meu rolar de lado e o homem se colocou de joelhos e em seguida uma mão estendida em auxílio entrou no meu nublado campo visual.

- Eu vinha distraído e... - o homem parou o que estava falando de chofre.

Enfim minha visão clareou, sentei-me com firmeza!

- Ma che cos'era, santo Dio? Sei cieco?! - eu disparei irritada, enquanto ignorava a mão estendida de ajuda e seu dono; e erguia-me ajeitando o meu vestido.

 

- Er...- a voz masculina falou brincalhona - "Desculpe-me" senhorita, non parlo italiano molto bene, então se quer que eu me ofenda com suas imprecações deve traduzi-las para o português!

 

Eu, que até o momento, prestara mais atenção ao meu lindo vestido do que à pessoa que me levara ao chão quase o danificando; contrariada, ergui os olhos naquela direção.

 

Lá estava um rapaz parado de braços sobre o peito e pernas meio abertas naquela posição típica de macho confiante! Cabelos loiros com meio bagunçado; usava jeans folgados e uma camisa azul de mangas curta e um casaco preto de couro que o deixava muito atraente... Segui minha inspeção indo para o rosto que era coberto por uma barba bem feita sobre um queixo bonito, lábios cheios, nariz bem feito e olhos verdes que sorriam divertidos, parecendo saber que eu o avaliava!

 

Meu coração disparou de susto... Aquele devia ser o Pietro!! Corei profundamente sentindo o rosto pegar fogo. Porém, lembrei que quem deveria se constranger era ele que estava ali para se submeter a um casamento por dinheiro. Minha reação envergonhada durou rápido! Ergui o queixo desafiante enquanto o mirava mais uma vez de cima a baixo evidenciando desprezo e desaforo.

 

- Eu disse: "Mas que foi isso, santo Deus? Está cego?!" - falei com os olhos brilhando de desafio, encarando-o.

O rapaz ficou calado observando toda a indignação da minha frase! Depois, teve uma reação inesperada: gargalhou!

Franzi o cenho, inicialmente aborrecida! Porém, depois de uns segundos vendo aquele riso espontâneo e gostoso, levei a mão a boca e explodi numa risada divertida diante daquela situação inusitada que foi o nosso primeiro encontro.

 

Gabriela chegou e nos pegou rindo descontroladamente.

- Perdi alguma coisa, aqui?! - perguntou espantada por nossa crise de riso que se renovava ao vermos que ela estava sem nada entender daquela loucura - Eiiiiiii, alguém pode me dizer o que se passa?!!

 

Respiramos e inspiramos na tentativa de controlar o riso.

Pietro se recuperou mais rápido; Mais eu não conseguia controlar-me, ainda ria com as costas apoiadas na parede.

- Gabriela - o moço, buscando ar - Eu acabei de atropelar essa moça!

- Si, solo questa parola, signore! - disse retendo com dificuldade o sorriso - Desculpa, traduzindo: "Sim, justa esta palavra, senhor!" Biela, o rapaz aí me derrubou no corredor e ainda me esmagou sob o seu corpo.

 

Ele sorriu erguendo a sobrancelha pra mim divertido. Aquilo o deixou com uma expressão de garoto sapeca e eu gostei...

- Vocês estão rindo de uma queda? - Gabriela abrindo um sorriso espantado olhando de um para outro - É, vocês são loucos!

- Ou somos apenas pessoas divertidas! - falou Pietro arrumando a camisa dentro das calças, que provavelmente saiu na queda - Bem, creio que veio em meu resgate, não é senhorita Gabriela? Eu me perdi, nos corredores...

 

- Normal - o interrompi rindo - Até se acostumar, vai se perder muito aqui dentro.

- Bom, creio que o destino já os apresentou, mas vou fazer isso corretamente- falou Gabriela brincalhona fazendo as honras -Bianca este é o Senhor Pietro, Senhor Pietro, esta é a Bianca.

 

Pietro deu um passo à frente e estendendo-me a mão para em cumprimento. Peguei a sua num aperto firme.

- Piacere! - disse num meio sorriso, olhando-o curiosa enquanto pensava em meu íntimo: "ele não é nada do que eu esperava..."

- O prazer foi meu! - Pietro sorrindo sedutoramente de volta - Nos vemos mais tarde?!

- Sì, no jantar - respondi sorrindo e sem entender o porquê gracejei mexendo com ele retirando-lhe um belo sorriso - Mas só não me derrube mais, tá

 

- Claro! - riu gostosamente e travesso ergueu os dois dedos em forma de juramento - Prometo!

- Bem, por mais divertido que esteja aqui - Gabriela olhando-me cismada antes de voltar-se para o jovem- O Senhor Matteo o aguarda.

Ele acenou pra mim e virou às costas seguindo Gabriela em direção ao escritório de meu pai. Fiquei ali parada os seguindo com o olhar... Quando sumiram no corredor soltei o ar que nem percebera estar retendo!

 

Virei-me andando apressada para o meu quarto, certamente Biela voltaria ao meu encontro tão logo deixasse o Pietro com papai.

Só deu tempo trocar o vestido e minha melhor amiga entrou no quarto.

- Vai me contar direitinho o que foi tudo "aquilo" -falou deitando em minha cama folgadamente - pode ir falando!

Suspirei rindo da folga da moça enquanto batia em suas pernas pra que tirasse seus pés de minha cama; deitei ao seu lado.

- Não teve nenhum" TUDO" e muito menos "AQUILO" - disse tocando a ponta de seu nariz intrometido - Apenas nos chocamos um contra o outro, caímos num emaranhado e diante da situação esdruxula acabamos às gargalhadas.

 

- Va bene! - Gabriela virando de lado e apoiando a cabeça com a mão - O que achou dele? Não faça frase cheias... Quero em poucas palavras!

 

Deitei de costas olhando o teto pensativa tentando chegar a uma opinião precisa de minha primeira impressão do Pietro...

- Diferente - disse à primeira palavra que me veio à mente - Divertido e o mais surpreendente: agradável!

 

- Porque te surpreendeu ele ser agradável?! -- questionou Biela- Viu o que te falei?! Não devemos tirar conclusões precipitadas a cerca de alguém sem ao menos conhecê-lo! - concluiu metida

 

- Mais você é metida, viu Biela? - falei lhe dando tapas e começamos a brincar na cama até perdermos o folego - Realmente a primeira impressão que tive do ragazzo, foi boa... Mas, aparências enganam então não posso dizer que é um bom caráter ou apenas está fingindo amabilidade pra ganhar a minha concordância neste enlace matrimonial arranjado!

 

- É... Pode estar certa mesmo! - Gabriela pensativa - Porém, você terá alguns dias pra passar ao lado dele e aí sim poderá avaliar se este Pietro é sincero e perceberá se é a ganancia ou não que o está levando a participar deste casamento que os pais de vocês arranjaram! Agora uma coisa é certa, se ele for um bom homem, não custa dar a ele uma chance minha irmã.

 

- Eu posso criar essa bebê sozinha Biela! - falei irritada - E você sabe disto! Você, Antonia e papà estarão comigo, correto?

Gabriela sentou suspirando enquanto olhava pra fora.

- Sim, sempre estaremos aqui pra você - ela falou me olhando agora - Porém você sabe que Otávio não presta, assim que souber que é o pai deste filho que leva no ventre ele tentará tirar vantagens disto... Eu tenho medo do que, para conseguir sua fortuna, ele pode fazer a você ou a Sr. Matteo!

 

Sentei-me com o coração acelerado e toquei em sua mão séria.

- O que está sabendo sobre ele que eu não sei? - questionei e fiquei apavorada com a expressão de medo que surgiu na face da minha amiga.

 

Gabriela levantou-se e foi para janela do meu quarto ficando num silêncio contemplativo que me angustiou ainda mais!

- Gabriela?! - chamei sua atenção para mim; quando ela se voltou em minha direção tinha os olhos marejados - O que descobriu?

- Fiz uma discreta investigação e... - parou mordendo os lábios parecendo pensar se deveria mesmo contar para mim o que sabia.

 

- Não ouse esconder-me nada! - bradei autoritária, só não levantei porque minhas penas não obedeceriam de tão tremulas que estavam... Conhecia Biela, ela não estaria tão amedrontada à toa - Fale amiga, eu suporto.

 

Ela veio tornando a sentar-se enquanto me segurava às mãos em conforto.

- Descobri que ele é mais cafajeste do imaginávamos, antes desta mulher que é divorciado e com quem tem dois filhos, ele casou-se com uma moça bem jovem, cujo a que a família tinha uma excelente condição financeira e pra encurtar a estória, após sofrer mal tratos e ser espancada ene vezes, ela resolveu separar e como houve um acordo nupcial que dizia que só em caso de morte dela ele ganharia alguma coisa...- Gabriela engoliu em seco - Antes do divórcio consumar-se aconteceu um "acidente de carro" com a moça e seu pai!

 

Arregalei os olhos apavorados, não por mim... Mas por meu papà!!!

- Você acha que Otávio... - parei sem conseguir completar.

 

- Foi instaurado inquérito - Gabriela com ar derrotado - Mas nunca conseguiram provar nada! Porém todos da cidade falam a mesma coisa: Otávio assassinou filha e pai para ficar com a pequena fortuna. Fortuna esta que em menos de dois anos estava dilapidada com jogos, drogas e mulheres! Amiga... O que ele não faria para ter a tutela de um filho bilionário que é único herdeiro de tudo que você e o Sr. Matteo possui?!

 

- Eu sei o que está tentando dizer... - levantei trêmula começando a andar pelo quarto nervosa - Otávio, não tem escrúpulos; ele matou essas pessoas e não titubearia em atentar contra minha vida e a de papà se souber que este filho que carrego é dele!

 

- Exato!- Gabriela parando a minha frente - Por isso, não se apresse em prejulgamentos sem provas contra a índole do recém-chegado! Passe esses dias ao seu lado e se perceber que é um bom homem, case-se! Sua gravidez ainda não está tão evidente, você partirá da Itália e quando voltar estará com seu filho nos braços e um marido ao lado a quem todos atribuirá a paternidade do herdeiro Montanari! Otávio nunca irá desconfiar que na verdade, o filho é dele...

 

Balancei a cabeça concordando com sua teoria.

- Vou avaliar tudo o que conversamos amiga - falei cabisbaixa com a noticia que o homem que amei era um vil assassino a quem eu expus o meu papà e a todos que eu amava - Eu não deixarei nenhum de vocês nem meu bebê a mercê daquele escroque! Vou começar ...intensificando a segurança de todos nós, principalmente a de meu pai...sem que ele perceba!

 

Gabriela me abraçou limpando as lágrimas que começaram a correr em minha face.

- Enxuga essas lágrimas! - Disse Biela me animando- Refaz a maquiagem e vamos descer porque está na hora do jantar. Certamente os homens já terminaram a conversa e devem estar a tua espera.

 

- Biela - falei - Janta conosco? Não queria ficar sozinha com ele e papà... Eu convidei Antonia, ela jantará conosco, depois você aproveita e a leva pra casa contigo senão ficará até tarde organizando as coisas na cozinha sem necessidade, pois a Mercedes limpará tudo pela manhã.

 

- Tá bom - Respondeu Biela com cara brincalhona - quem vai ficar no lucro sou eu que vou desfrutar de uma boa comida, pois pra mim mamma só faz sanduiches e pra você... só banquetes!!

 

- Mentirosa - disparei indo me recompor com o estojo de maquiagem nas mãos - Antonia te mima como se ainda fosse bebê e não foi à toa que você fez sua casa há dois metros da dela com a desculpinha de não ficar longe, quando na verdade queria era a facilidade de não ir muito longe para continuar sendo mimada pela mamãe todo dia!

 

- Sou esperta, minha filha! - piscou marota - Ganhei minha privacidade pra levar que eu quisesse pra casa e não perdi as mordomias de ter minha mamma por perto.

 

- Sem vergonha namoradeira - falei rindo - e o Enrico?

- Acabou! Ontem - Gabi com ar entediado - Ele era muito chato, grudento... Afffffff. Ainda bem que daqui a quinze dias entro de férias... Tá difícil suportar ele correndo atrás de mim na clinica! Acho até que se não melhorar, deixarei o trabalho!

 

- Você não fica com ninguém, hein amiga? - cutuquei - Acho que o problema tá em você! É muito exigente...

- Sou maravilhosa - exibiu cara convencida- mereço o melhor!

Olhei para ela que gargalhou... Assim terminei de me aprontar entre brincadeiras e risos com a minha melhor amiga.

O jantar foi agradável, tranquilo e descontraído.

Reunimo-nos na grande mesa de jantar. À cabeceira estava sentado papà, eu a sua esquerda com Gabriela ao meu lado. Antonia colocou o rapaz sentado à minha frente enquanto ela própria sentara-se ao lado dele e defronte a sua filha.

 

Pietro se mostrou um bom conhecedor de vinhos, e descontraído conversou sobre os vinhedos da família e do vinho premiado que sua irmã criara e com o qual presenteara papà. Ele conversava com todos e se mantinha atento as minhas demandas.

 

Todos conversavam alegremente de uma forma leve, solta. Vez ou outra nossos olhares se encontravam... Era inevitável os nossos sorrisos.

 

Toda vez que eu precisava alcançar algo um pouco distante, ele me passava solícito. Teve um momento em que conversou com Antonia e eu fiquei satisfeita ao vê-lo tratá-la com respeito e delicadeza...

 

- Sra. Antonia - Pietro saboreando os antipasti servidos antes da comida - que antepasto maravilhoso!! Depois eu gostaria da receita, amo cozinhar! Sei que não ficará perfeita como esta aqui; mas farei o meu melhor.

 

- insegnando con piacere - Antônia sorrindo feliz - Il ragazzo dovrebbe aspettare il primo piatto!

 

- Pietro não compreende bem o italiano mamma, fala bem devagar - Gabi sorrindo virou-se para o brasileiro traduzindo - Ela disse: "Ensino com prazer! O rapaz deve esperar o primeiro prato!

 

Ele sorriu deleitado para Antonia que em um português meio arrevesado começou a citar os ingredientes daquela salada. Pietro ouvia atento as explicações e até marcou pra no dia seguinte ir tomar a aula prática.

 

Fiquei ali disfarçadamente observando sua interação com ela, o jeito como agradecia aos empregados que nos serviam.

Otávio, às vezes que veio fazer uma refeição aqui em casa e Antonia esteve à mesa ele a ignorava chegando a ser grosseiro, certa vez, comentando em sua frente que não entendia o fato eu e papá dar tanta liberdade aos empregados! Neste dia tivemos uma discussão homérica, pois não aceitei ele destratar a mulher que me criara como uma filha quando minha mamma faleceu.

Ele tratava com grosseria os empregados da casa e até com Gabriela ele implicava falando que eu poderia ter amizades melhores que a filha da cozinheira.

 

Olhei para papà que estava perfeitamente à vontade com o Pietro.

 

- Pietro? Essa massa que Antonia faz, é de comer rezando - Ele falou ao chegar o primeiro prato - prova ragazzo! - servindo mais uma taça de Barolo ao regazzo.

 

- Delizioso!! - Pietro fechando os olhos em prazer - Sr. Matteo, esconda Antonia quando eu voltar ao Brasil, senão a roubarei sem dó nem piedade!

 

Todos riram do seu gracejo espirituoso.

- Ele gosta de trocar receitas... - Biela falou baixinho comigo encarando Pietro, que conversava sobre dicas de culinária com sua mãe, alheio ao seu escrutínio- realmente é "diferente" esse seu pretendente.

 

- Não entendi - falei baixinho - Como assim?

- Nada não - Biela tomou um gole de vinho ainda olhando o rapaz.

Quando acabou o jantar, Gabriela e Antonia partiram. Ficamos na sala enquanto papà e Pietro saboreavam o vinho premiado da vinícola do Sr. Geovanni.

 

- É maravilhoso mesmo, filho! - papá elogiou enquanto levantava - Sua irmã sabe o que faz. Agora eu preciso é sentar na minha cadeira preferida, fumar um charuto e olhar a lua. Vão passear no jardim, vocês dois! E não esqueça que amanhã cedo você participará da nossa vindima.

- Com certeza! - Pietro levantou olhando-me - me acompanha até o jardim, Bianca?

 

- Sí - concordei e ele adiantou-se abrindo a porta pra minha passagem.

A lua estava imensa e após andarmos em silêncio por alguns minutos, assentamos num banco e ficamos apreciando-a.

- Bianca? - Pietro chamou.

- Sí? - olhei para ele na expectativa - Fale.

- Bem... - Ele mexeu-se desconfortável no banco - Creio que seu pai já falou contigo o motivo de minha visita...

Permaneci olhando-o em silêncio. Ele percebeu que eu não me manifestaria e respirou fundo olhando pra lua enquanto continuava.

- Bianca, o meu pai colocou a nossa família numa situação financeira insustentável! - falou sincero - Como último recurso para salvar nosso patrimônio depois de mil negativas dos bancos, ele buscou o Sr. Matteo que lhe propôs um negócio para liberação do empréstimo...

 

- Sì, propôs um casamento de interesse - falei ríspida - que você logo aceitou!

- Peço que não me julgue! - Pietro fitando-me sério - Minha mãe passa por um momento muito difícil e tentou o suicídio por menos que a falência... Não me agradou tanto quanto certamente não te agrada um casamento de conveniência. Eu também tenho sonhos de ser feliz; de ter uma família com alguém que amo!!! Então não pense que isso é fácil pra mim, pois não é! Entretanto, chega um momento que temos que pensar além de nós mesmos em benefício de alguém a quem muito amamos e eu amo muito a minha mãe para deixar que essa situação financeira da vinícola interfira no seu bem-estar... se posso fazer algo para evitar mais um transtorno para a mulher da minha vida, vou fazê-lo!

 

Eu virei o rosto tocada com suas palavras, pois quando pensei na possibilidade de Otávio atentar contra a vida de papà e arruinar a vida do meu filho, eu tomei a decisão de fazer o que fosse preciso pra evitar isso!

 

- Olhe pra mim, por favor! - Pietro tocando meu queixo - Eu não quero te enganar, mas acho que podemos nos ajudar... Seu pai me contou que está grávida. Posso assumir seu bebê como meu; lhe darei meu nome e ninguém precisa saber que não sou seu verdadeiro pai nunca! Me esforçarei para ser um bom marido pra você. E tenho uma ideia que lhe agradará para nossa convivência juntos. Porém, se mesmo assim não der certo o casamento... eu tenho uma proposta que nós dois podemos apresentar ao Sr. Matteo como sua condição pra casar...

 

Voltei a olhá-lo interessada...

- Prossiga - incentivei-o.

- A ideia é um acordo entre nós dois apenas! Um segredo nosso: Podemos ficar casados apenas no papel, morarmos juntos - tive a nítida impressão que ele corou - mas sem nada de sex*! Seriamos amigos, tipo amigos que moram juntos, mas sem nenhum envolvimento físico. Podemos morar na casa que a minha irmã está terminando de construir, longe dos olhos do meu pai, pois fica localizada na fazenda dela e de sua socia. Apresentaremos a seguinte proposta ao seu pai: caso você ou eu nos apaixonarmos por outra pessoa... Ou se simplesmente não nos adaptarmos no período de 2 anos, nos divorciamos eu não ficarei com nada seu! Apenas levarei deste casamento o montante que seu pai dará a minha família para que possamos reerguer os negócios da vitivinícola Di Santis. O que acha?

 

O olhei espantada...

- Se nos divorciarmos não haverá partilha de bens? - falei incrédula - Tá brincando comigo, não é?!

- Não quero nada seu! - Pietro aparentando ofendido - Eu e minha irmã trabalharemos duro e transformaremos nossos negócios em um sucesso; não tocarei em um centavo seu enquanto estivermos casados e muito menos se separarmos; se aceitar isso será clausula no acordo nupcial... O que me diz? Aceita casar comigo nestas condições?!

 

Continuei encarando-o por breves segundos, depois de supetão levantei e comecei a voltar ao castelo; Pietro ficou parado de boca aberta diante de minha retirada e só minutos antes de atravessar a porta de entrada me alcançou detendo-me pelo cotovelo.

 

- Bianca? - Pietro que mesmo uma veia saltando na têmpora, falou suavemente - por favor, depois de tudo o que conversamos não tem nada a me dizer?!

 

Delicadamente me desvencilhei do seu agarre.

- Gostei da sua sinceridade - falei com seriedade - Entretanto, pensar em tudo isso é primordial! Eu paguei um preço alto por tomar decisões precipitadas... Aprendi a lição: pensar antes de agir, ter cautela no decidir. Temos 14 dias pela frente, vou apresentar minha decisão no décimo segundo dia, capito?

 

- Capito... - Pietro com aspecto preocupado - Bianca, eu nunca quis dar o golpe em você, apenas sou o responsável pra fazer o sacrifício que for necessário pra livrar os que amo das trapalhadas do meu pai e, consequentemente, da falência tudo que trabalhamos para construir.

 

- Sacrifício... - repeti o que ele disse com dor - Prometo que se eu decidir aceitar nosso acordo evitarei lhe ser mais pesada do que já sou.

 

- Eu não quis dizer isso... - ainda ouvi a voz desesperada do Pietro enquanto corri escada acima em busca do refugio do meu quarto.

Fim do capítulo