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O milagre do Natal por Manamundi

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Palavras: 1787
Acessos: 693   |  Postado em: 15/01/2019

Capítulo único

A fotografia estampava o jornal do dia vinte e sete de dezembro. Não estava na página da frente, nem na do meio, mas chamou a atenção de qualquer forma. Papai Noel e seus pertences, colados ao chão, sob o sol do meio dia.

Adelaide achou que fosse brincadeira, alguma piada de mau gosto, virou a página e foi para a sessão de horóscopo e resumo das novelas. Era o que lia no jornal, que costumava dizer que só trazia notícias velhas. Dizia ela: “nada mais ultrapassado que o jornal do dia”.

Leu seu signo e o do marido, as crianças eram pequenas demais para que alguém pudesse prever seu destino. Era engraçado, realmente horóscopo só fazia sentido depois de certa idade, quando saber ou pelo menos supor o que aconteceria poderia evitar decisões desastrosas. Ou não.

Acabado o café, dobrou seu jornal e olhou pela janela. Estar sozinha no dia vinte e sete não era realmente uma coisa normal, porém precisava voltar ao trabalho mesmo que seu marido ainda tivesse dias livres, ela o deixara na praia com as crianças para que aproveitassem, na casa dos pais dele. Na sexta a noite, se juntaria a eles e voltariam todos para casa.

Adelaide entrou no ônibus e saudou o cobrador. A motorista habitual não estava ali, mas não quis perguntar. Deveria estar de férias. Sentou-se com seu livro na mão em um dos vários lugares vazios do ônibus que geralmente estava lotado e mais uma vez reclamou em pensamento por não ter tido alguns dias a mais com a família. Até o trânsito fluía melhor, comprovando que centenas de pessoas ainda não haviam voltado à rotina normal.

Chegou na empresa, preparou o café, conferiu o email. Nada de novo, assuntos que só poderiam ser resolvidos na volta do chefe, inutilidades, cartões de felicitações, propagandas. Apenas dois dos seus colegas também haviam ido trabalhar, o restante certamente ainda aproveitando o recesso entre o Natal e o ano novo.

Aguardou aborrecida o final do expediente, pegou suas coisas e saiu, trancando a porta. No elevador, vazio, percebeu olheiras e prometeu a si mesma que dormiria cedo, aproveitando a solidão da casa em silêncio. O ônibus da volta também mostrava que muita gente havia estendido o feriadão, e bem no fundo, uma mulher olhava para o nada enquanto algumas lágrimas caíam.

Adelaide não pôde conter seu ímpeto: abriu a bolsa e tirou um pacote de lenços de papel. Seguiu até onde a mulher estava e apenas alcançou o pacote, sorrindo. Viu a mulher mudando de posição dos olhos até encontrar os seus, lentamente, mas teve certeza que não era vista, era apenas um gesto automático daquela pessoa que seguia olhando para o nada. Adelaide abaixou-se e colocou o pacote sobre o banco vazio ao lado da mulher e foi sentar-se mais a frente, daria espaço para a outra, que deixava as lágrimas correrem pelo rosto sem cor.

—A mulher dela morreu ontem.

A voz vinha do motorista que estava no lugar da habitual, com a testa franzida. Adelaide saiu do seu lugar e sentou mais perto dele.

—Você a conhece? – perguntou.

—Sim, ela era casada com a motorista dessa linha, se a senhora pega esse ônibus seguidamente, com certeza já a viu.

—Ela morreu? – Adelaide arregalou os olhos, lembrando-se da gentil moça que cumprimentava a todos os passageiros. Sempre lhe perguntava sobre os filhos, inclusive, e despedia-se com um sorriso. Já vira inclusive fotos dos seus filhos também, que ela contou que moravam com o pai, nunca perguntou por que. Nem imaginava que ela fosse lésbica.

—Sim, você deve ter visto no jornal.

—Não, não vi... mas lembro dela, sim, sinto muito. – Virou-se para a mulher sentada que novamente voltara seu rosto sem qualquer expressão para o vidro da janela novamente. – Nossa, coitada... que Natal, né?

—Pois é... – respondeu o motorista – Ela agora já rodou nessa linha por umas quatro horas, eu acho que de tanta saudade quer ficar perto de onde a outra passava o dia, sabe? A gente encosta no terminal e ela fica ali. Seu Jonas, o supervisor, disse pra não incomodar, deixar ela quieta, ela está tentando entender o que aconteceu. Ele disse que quando o pai dele morreu, a irmã dele ficou por dias esperando no horário que ele chegava, no portão de casa. Isso que ela já era adulta, mas o cunhado dele que é psicólogo disse pra deixarem ela quieta, vivenciando o luto, ele disse.

Adelaide concordou com um gesto de cabeça e voltou a olhar para a outra, pensando em como tudo pode acabar de repente. E ela ali, indo abrir e fechar o escritório, esperando o telefone tocar longe de sua família, e suspirou.

Por um momento ficaram em silêncio, cada um com seus pensamentos e lembranças. Então chegou o ponto onde Adelaide desceria; despediu-se do motorista e seguiu para casa, pensativa.

Abriu a porta e entrou, vendo na sala os retratos de seu marido e filhos. Imaginou como seria se de repente faltasse, como a vida da família seguiria. Tinha quase certeza que seu marido casaria novamente, não conseguia imaginá-lo com a tristeza daquela mulher sozinha sentada no ônibus quase vazio. Pensou nos filhos, que só mantinham o dever de casa em dia graças à sua insistência. Quem os ajudaria com os trabalhos da escola? Imaginou-se entrando em casa sem ser vista, já na vida além túmulo, ninguém percebendo sua presença, sem os gritos de “mãe, mãe, mãe” o tempo todo. Arrepiou-se. Largou sua bolsa e ligou o som alto, tocando Shakira. Seguiu para o quarto. Um bom banho tiraria a tristeza que se depositara em seu coração.

De banho tomado, cantarolava junto com o som que retumbava pela casa vazia, apenas de roupão. Com a porta da geladeira aberta, pegou um vinho branco e serviu-se, bebendo enquanto escolhia o que usaria para seu jantar e colocava sobre a pia. Virou-se e deu de cara com o mesmo jornal da manhã dobrado sobre a mesa.

Um arrepio percorreu seu corpo. Segundo o motorista, a notícia da morte da colega estava no jornal. Adelaide poderia abrir o jornal e ver o que aconteceu, mas a dúvida a mantinha travada. Não sabia se queria saber. Ficara muito triste com a morte da sua conhecida que nem sua amiga era, e ler sobre isso poderia piorar as coisas.

Empurrou o jornal com a mão até que ele caiu sobre uma das cadeiras, fora da sua visão, e voltou a concentrar-se em seu jantar. Cortou um pão francês ao meio, passou maionese, fatiou tomate e pepino, então colocou queijo, o tomate, duas folhas de alface e o pepino em cima, fechou o sanduíche e saboreou-o juntamente com o vinho, vagarosamente. Apesar da sua decisão de não ler o jornal, seus olhos não paravam de olhar para onde ele estava. Adelaide terminou seu sanduíche, finalizou o conteúdo do copo e buscou em si a coragem que faltava.

Sentiu as mãos trêmulas quando abriu o jornal novamente, folheando as páginas e procurando pela notícia. Ali estava a foto do papai Noel estendido no chão, rodeado por presentes. Seus olhos avançaram e, no canto da mesma página, a foto da motorista em três por quatro.

Sem entender o ocorrido, varreu o texto com seus olhos, encontrando o seguinte:

MOTORISTA MORTA EM ACIDENTE NO DIA DE NATAL.

Tatiane Dorneles de Souza, 34 anos, motorista de ônibus, entregaria presentes de Natal a seus dois filhos, menores de idade, em uma residência no Bairro Serrano.

De acordo com as informações da delegada Helena Tavares, por volta das 8h do dia 25, a motorista procurava entrar na casa de seu ex marido, detentor da guarda das crianças, para entregar os presentes de Natal, quando foi atingida por um pelo menos um golpe na cabeça  que a jogou ao chão, onde recebeu mais golpes do ex marido. Também, segundo a delegada, Tatiane era impedida de visitar os filhos, a quem procurava ver na saída da escola ou montando guarda em frente à casa. Tatiane já havia sofrido agressões do ex marido, empresário do ramo do entretenimento, mas este conseguiu uma ordem de restrição e ficou com os filhos, acusando a Tatiane de paranoia.

Segundo Nádia Costa, atual namorada de Tatiana, a motorista não sofria de paranoia e apenas queria ver os filhos pequenos. Emocionada, falou com os repórteres presentes e disse que “Ela nunca foi louca, ele impedia que ela visse as crianças, a vida dela eram as crianças, ela só queria entregar os presentes, se vestiu de papai Noel e veio apenas receber um abraço. Ele sempre impediu que ela viesse aqui, dizia que não teria exemplo de sapatão para as crianças.”

As crianças foram entregues à avó paterna e o empresário entregou-se, mas saiu sob fiança e responderá pelo crime em liberdade.

Adelaide levantou a cabeça e fixou a parede branca da cozinha, tentando imaginar a dor de uma mãe impedida de ver os filhos. Sentiu um arrepio subir por suas pernas, transformando-se em dor quando atingiu o estômago, e correu para o banheiro. Nauseada, de joelhos em frente ao vaso sanitário, soltou seu corpo para trás encostando-se na parede e chorou, durante vários minutos.

A imagem de Tatiana não lhe saía da cabeça. Seu bom humor habitual, seu cuidado com os passageiros, a suavidade das manobras que fazia no ônibus. Sacudia a cabeça de um lado para outro tentando desvanecer aquele rosto da sua memória, mas era em vão. E sua morte, deixando duas crianças sem mãe, parecia não ser tão importante: o ex marido já estava no conforto de seu lar. Mais uma mulher sem vida e um homem tranquilo. Apenas um número nas estatísticas horríveis do dia a dia do país que se preocupava muito mais com problemas inexistentes do que com coisas reais.

Adelaide permaneceu ali até que sua cabeça pendeu, sonolenta. Levantou-se com cuidado, a circulação das pernas já tinha sido comprometida e buscava apoio nas louças sanitárias. Despiu seu roupão e mais uma vez foi para debaixo do chuveiro, agora esperando que a água lavasse sua alma, que sentia-se suja por fazer parte de uma humanidade doente. De alguma forma, não se sentia mais a mesma e nem compreendia como havia ficado tão mexida com a notícia de alguém que mal conhecia.

“Ela sou eu” disse em voz alta para si mesma, cabisbaixa. “Aqueles podiam ser meus filhos, aquela podia ser minha vida. Minha vida dentro dos padrões não me expõe a riscos, mas há muitas lá fora que poderiam ser eu. A vida delas poderia ser a minha.”

Finalizou o banho completamente exausta e arrastou-se para a cama. Antes de dormir, pensou que, talvez, o milagre de Natal – de compaixão e empatia – a havia, enfim, tocado.

Fim do capítulo

Notas finais:

Então, gostaram do conto? ;)

Um beijo e feliz 2019 a tod@s!!


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Comentários para 1 - Capítulo único:
maria lucia
maria lucia

Em: 16/01/2019

Gostei demais do conto!!!Parabens!


Resposta do autor:

Obrigada, Maria Lucia! Fico muito feliz.

Um beijão!!

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