Amorinhas, suuuuper indico ouvirem as músicas citadas nos capítulos nos momentos em que elas aparecem para dar aquele clima e ficar tudo mais lindo, como cena de filme!
Vou deixar a tradução da primeira música, bem como o que as lindas disseram em francês nas notas finais.
No mais, boa leitura à todas!
Lista dos desejos
Após muita insistência por parte de Alizée, permiti que ela pagasse a minha conta junto com a sua. Fomos caminhando em direção à saída, com a loira oferecendo-me um dos casacos que carregava.
- Hoje é a última noite do ano. A última chance que temos. - Ela disse, sorrindo aquele sorriso largo para mim - Já que estamos ambas desiludidas, decepcionadas, o que você acha de fazermos dessas últimas horas de 2018, as mais inesquecíveis de nossas vidas?
A proposta, vindo de uma mulher que conheci não fazia nem uma hora direito, soava um tanto quanto inconsequente. Em contrapartida, levando em conta todas as merd*s que tinham me acontecido naquele dia, aproveitar o inesperado poderia até ser instigante, uma boa opção atrativa. A minha única opção, na verdade.
- Está querendo que eu passe a virada de ano contigo? - Indaguei.
- Exatamente. Por que não? Passe essa noite comigo. - Ricardou suspirou, encarando-me - Aquele Peugeot é seu, não é? É que estou a passeio aqui em Paris e...de táxi. O meu fusca amarelo não quis colaborar comigo nessa viagem. - Rimos.
- À passeio? Não é daqui? – Indaguei, curiosa.
- Sou, mas me mudei há alguns anos. Agora só venho de passagem, sem data para voltar e sem pretensão de ficar.
- Entendo... – Mentira! Eu não tinha entendido absolutamente nada de sua explicação, mas seu tom de voz talhou as minhas intenções de entender o que quer que fosse sobre o assunto. Aquele parecia ser um território proibido e não seria eu a explorá-lo, ao menos não por enquanto – Bom, eu estou de carro, como você já sabe. - Fiz uma pausa dramática, prendendo um riso - E pelo visto você quer uma carona, não é mesmo?
- Uau! Acertou! Adivinhona! - Seu sarcasmo em brincadeira liberou mais um pouco de minha risada.
Caminhamos em silêncio os poucos passos até o automóvel. O som de nossos saltos batendo na calçada se sobressaíam aos inúmeros murmurinhos e conversas alheias, no vaivém das pessoas correndo para chegarem aos seus destinos antes da meia noite, ou apenas em um último passeio informal do ano em Paris.
Abri a porta e, antes que a permitisse entrar, ajeitei a pouca bagunça que se dava ali, escondendo tudo no vão do banco de trás. Um menear com a cabeça foi seu agradecimento. E logo estávamos ambas aquecidas dentro do Coupé, mais uma vez envoltas no silêncio, agora incômodo, constrangedor, desses que antecedem uma cena crucial entre os protagonistas, o que geralmente é um beijo - mas não seria isso no nosso caso.
- Você tem papel e caneta disponíveis? - A loira perguntou, aos suspiros.
- Hã... - Olhei-a, erguendo a sobrancelha direita, sem entender bem o seu pedido - Acho que... - Bufei baixo, vendo-me obrigada a mexer na bagunça que tentei esconder - Tenho algo aqui em algum lugar... - Virei meu corpo para trás, e a proximidade com o banco em que Alis estava sentada, permitiu que eu sentisse com mais intensidade o seu perfume inebriante. Ofeguei ao perceber a sua respiração igualmente pesada, mas engoli em seco e fingi que nada daquilo estava acontecendo. Era loucura da minha cabeça, definitivamente. Com um pouco de dificuldade, consegui encontrar um bloco de notas, retomando a minha postura diante do volante, após entregá-la junto com uma caneta resgatada do porta-luvas - Prontinho. Para que quer essas coisas?
- Bom... - Ricardou inclinou o corpo para o lado à fim de olhar melhor para mim - Vamos anotar uma lista de coisas que faremos para tornar essa noite inesquecível, dessas a entrar para os anais da história. - Ri da sua empolgação, meneando a cabeça em negativa - Vai, me ajude, Shultz. O que podemos fazer?
- Hum... Não sei. Digamos que eu nunca tive ideias muito mirabolantes e divertidas para nada em minha vida. Não sou de me animar por ter que sair da minha zona de conforto.
- Ah, qual é? Fala sério! Você fazia o quê da vida? - Ela parecia indignada.
- Acho que eu só sobrevivia. - Respondi, um pouco desanimada, lembrando-me dos meus anos passados.
- Me desculpe. - A loira suspirou profundamente. Ela ficou batendo a ponta da caneta sobre o bloco, como se aquilo fosse ajudá-la a pensar - Ok, vamos por partes. Me diga... O que você sempre desejou fazer, mas nunca teve a oportunidade? Pode ser qualquer coisa. Qualquer...
Pressionei meus lábios pensando, analisando meus desejos não realizados. Eu nunca tinha ido à uma festa de gala. Não por falta de convite, de oportunidades, mas sim por recusas por parte de Bill, meu ex-noivo. Provavelmente ele ia com Mariah, minha irmã traiçoeira, inventando todo tipo de desculpas esfarrapadas para não me acompanhar.
- Eu adoraria ir à uma festa de gala. - Falei, finalmente.
Alizée anotou no papel o "item 1", encarando-me com os olhos estreitados como se estivesse matutando algo. De repente seu rosto abrandou-se, iluminado pelo sorriso que sempre me mostrava o quão brancos e bonitos eram os seus dentes.
- Pois bem, Marina Shultz... - Ela ajeitou-se no banco - Eu vou te levar à uma festa de gala, bem ao estilo dos filmes hollywoodianos.
Aquela mulher tinha um "quê" de inocência infantil que me encantava. Dei a partida no carro, seguindo sem rumo.
- E você? - O que você gostaria de fazer e não teve a oportunidade? Não vai anotar também? Ou os desejos a se realizarem serão só os meus? - Perguntei, desviando a atenção da via por alguns segundos para olhá-la.
- Eu sou espertinha, querida, e já escrevi aqui no item 2, mas não irei te contar até depois da nossa festa. - Ela disse, fechando o bloco de notas e verificando as horas em seu celular - Temos quase três horas inteiras até a meia-noite. Precisamos nos apressar. - Ela digitou algo em seu celular, sorrindo satisfeita alguns minutos depois - Vou te indicar o caminho que seguiremos. Não sei se vai ser como você imagina, mas espero que lhe agrade.
- Ok, senhorita.
Comecei a dirigir sob as indicações dela - meu GPS humano - indo parar em frente ao La Clef Tour Eiffel Paris. Eu já havia ouvido falar desse hotel há anos, desde quando me entendia por gente e sentava para prestar atenção nas histórias que minha mãe contava sobre suas viagens.
Uma infinidade de flores vermelhas iluminava a fachada do lugar. Desde a sua abertura, em 1900 e sei lá quanto, o La Clef era referência na hotelaria de luxo parisiense, por sua localização privilegiada no coração do Champ de Mars.
Dizem que a sua suíte "Royale" possui 420 m² de puro conforto. E no quesito luxo, os clientes poderiam desfrutar de um extraordinário SPA criado pela grife Dior. Para seu restaurante, contratavam os melhores de Paris. Exemplo era o grande chef Alain Ducasse, que assinava variados cardápios com requinte sem igual, de acordo com o ambiente criado por um decorador de renome.
No bar, onde era servido um dos melhores chás da capital, havia de se exaltar o prazer único de um café da manhã com vista para a Torre Eiffel. Uma experiência de puro luxo, graças ao qual este estabelecimento pode legitimamente se orgulhar de ser "o palácio de amanhã".
Estranhei o fato de Alizée adentrar no local cumprimentando e sendo cumprimentada com certa intimidade por funcionários e algumas pessoas que passavam pelo saguão. Talvez ela fosse hóspede recorrente e antiga, mas senti que algo ali era demasiado estranho na forma como a tratavam. Preferi não perguntar à respeito naquele dado momento, aguardando para ver até onde a aventura com a desconhecida iria me levar.
Ricardou sorriu ao abrir a porta de um duplex luxuoso, fazendo menção para que eu entrasse. A decoração desenvolvia o tema dos clubes dos anos 30 e oferecia uma vista emblemática dos telhados de Paris. Seu ambiente era masculino e chique, com detalhes asiáticos, revestido de uma variedade de cores, passando do azul ao alaranjado, do marron ao bege que revestia as paredes do quarto.
O apartamento era composto por uma sala, um quarto em mezanino com uma cama gigantesca, travesseiros e edredom de penas drapeados de cetim e algodão. Dispunha também de um banheiro com banheira e toilettes separados, além de uma máquina de café Nespresso à disposição na "micro cozinha".
- Uau! Deve pagar uma fortuna para se hospedar aqui. E eu achando que minha mãe era a viciada no luxo parisiense. – Ri, caminhando lentamente por todo o local, admirando detalhe por detalhe dos cômodos da suíte.
- Eu não tenho muita escolha, digamos assim. - Ela pareceu não querer tocar no assunto, o que aguçou ainda mais a minha curiosidade. Alizée foi até um outro cômodo dentro do quarto e me chamou. Era um closet, onde ficava uma penteadeira e armários na cor preto e prata, tal como se vê nas revistas de fofocas sobre celebridades. No centro do local havia malas que não sei se estavam recém feitas ou se ainda não tinham sido desfeitas. A loira abriu um dos compartimentos, analisando todos os vestidos que estavam pendurados ali, escolhendo dois dos mais vistosos e elegantes, um preto e um azul escuro. Ricadou olhou para mim, em seguida para os vestidos, repetindo o ato ao inverso. Por fim, após alguns minutos naquele "vaivém de olhares", ela estendeu-me o azul - Acho que esse ficará maravilhoso em você. Nunca usei. Talvez ele estivesse te esperando.
Assim que tomei a peça em minhas mãos, a loira retornou para o quarto, colocando o outro vestido sobre a cama. De novo no closet, ela vasculhou a sapateira, oferecendo-me um par de scarpins e depois uma meia-calça.
Eu duvidava muito que aquelas coisas me serviriam, uma vez que a loira era bem mais "corpuda" do que eu. Inclusive, seus braços. Uau! Era fortes, mais musculosos do que o comum entre mulheres, mas não era grosseiros, muito pelo contrário, a deixavam ainda mais sexy.
Para a minha surpresa, o vestido azul tomara que caia, caiu como uma luva em mim, como se tivesse sido modelado especialmente para a minha pessoa. O meu busto ficou valorizado na medida certa, assim como a minha cintura e os quadris. Havia um "quê" de sensualidade sem nada de vulgar. As meias pretas ressaltavam a cor do vestido, conforme eu caminhava, dando um toque charmoso à mais na vestimenta. Os saltos altos, aveludados, casaram perfeitamente com o restante da composição.
Ricardou apareceu repentinamente no quarto, saída do banheiro, vestindo a peça preta, com pontos luminosos sobre o tecido e pregas em lugares estratégicos que permitiam um ar sexy e chique ao mesmo tempo. Ela havia prendido os cabelos em um penteado de coque, o que a deixou ainda mais elegante. Seus seios saltavam do decote, mas não era nada escandaloso. Era lindo. Lindo como eu nunca tinha visto antes.
- Você está... Maravilhosa! Wow! - Ofeguei, sorrindo boquiaberta e engolindo em seco enquanto admirava as suas curvas exuberantes e expostas.
Meu Deus, o que estava acontecendo comigo? Por que eu estava sentindo aquelas pontadas na barriga? Porque aquela desconhecida me fazia sorrir daquela maneira?
- Você também está incrivelmente bonita, Marina. - Ela elogiou-me, igualmente desconcertada e ruborizada - O azul é a sua cor. Você ficou ótima nesse vestido, morena do decote bonito. -
Sorri, aproximando-me dela, e ajeitando uma mecha de seu cabelo que havia ficado solta.
- Obrigada. O preto também fica muito bem em você, loira dos lábios rosados. - Sussurrei, rindo.
Alizée ofereceu-me um casaco, me ajudando a vesti-lo, e fiz o mesmo com ela. Assim, seguimos de braços dados até meu carro.
Novamente a loira foi me indicando o caminho pelo qual eu deveria dirigir. Se fosse para eu me guiar sozinha, estaria completamente perdida. Estava óbvio que ela conhecia aquelas ruas parisienses muito melhor do que a motorista mediana que eu era. Aliás, para falar bem a verdade, acho que nunca tinha passado por ali, do contrário, me lembraria.
Quando ela ordenou que eu estacionasse em frente à uma espécie de galpão, franzi o cenho em estranheza. Aquele não era bem um lugar que eu pudesse imaginar como sendo o endereço de uma festa de gala. De fato era um salão de festas bem espaçoso e requintado, mas passava longe de onde pensei que iríamos.
- Eu disse que talvez não fosse como poderia imaginar, mas te garanto que teremos uma noite mágica, como no seu desejo. - Ricardou falou empolgada, tomando a minha mão e nos conduzindo local à dentro.
O ambiente era bem iluminado, com a decoração em branco e dourado. Parecia ter havido ali uma festa de aniversário, uma vez que se andava por entre balões espalhados no chão e enfeites. Ao fundo, podia se ver um palco enorme preparado para um show. No teto, globos refletiam e espalhavam o brilho das outras luzes advindas de lâmpadas estrategicamente posicionadas.
O local estava vazio, mas notava-se que até há pouco pessoas tinham desfrutado de um evento de grande porte, pois algumas mesas estavam arrumadas e outras ainda tinham que ser desfeitas das sobras de comida e taças de cristal.
- O que quer que tenha acontecido aqui, ao que parece foi lindo... – Comentei ainda circundando o galpão com o olhar.
- Teve uma festa de 18 anos há algumas horas. Pela incompetência dos funcionários contratados, supus que ainda não tivessem ajeitado tudo isto. Eu estava certa na minha suposição. - Ela riu.
- E como sabia que estaria disponível, quero dizer, aberto? - Indaguei, curiosa.
- Digamos que... Eu não sabia desse detalhe. - Alizée olhou para mim, prendendo o riso.
- Ai, meu Deus! - Exclamei pausadamente, levando a destra ao peito - Você está querendo dizer que invadiríamos o lugar? - Eu a encarava, estarrecida, chocada.
- Tecnicamente, nós já invadimos. Quem não tem autorização para estar em um lugar é um invasor, não?
- É... Você está certa, mas... Nós íamos arrombar a porta? Por que fizemos isso? - Continuei boquiaberta com a ousadia daquela mulher.
- Detalhes, morena. Detalhes... - Ricardou gargalhou, tirando o seu casaco, e em seguida o meu, colocando-os em duas cadeiras que estavam ali perto - Quer ter a sua festa de gala ou não? - A loira indagou ao estender a mão para mim.
- Claro, mademoiselle. - Respondi, caminhando de mãos dadas com a mulher até o centro do salão.
Tudo aquilo era uma loucura, de fato, no entanto, o que eu tinha a perder? Minha vida já estava toda fodida; ser presa em Paris por invasão à propriedade privada era o de menos.
- Nós temos pouco tempo aqui. Dentro de alguns minutos chegarão os encarregados pela desmontagem da decoração e os responsáveis pela limpeza. Infelizmente não poderemos demorar. Teremos que sair.
- Eu não sei o porquê, mas estou sentindo que estes serão os melhores minutos de todo o ano. - Respondi.
Alizée tocou meu rosto, sorrindo ternamente, e eu retribuí da mesma maneira.
- Fique aqui. - A loira literalmente correu até a parede lateral ao palco, mexendo em uma caixa de comandos. Logo as luzes se apagaram, permanecendo acesas apenas algumas que davam a impressão de estarem caindo em cascatas de pontos luminosos dourados. Outro foco de luz se dava em cima do palco, mais especificamente sobre uma cadeira no qual Ricardou se sentou, podendo assim ajeitar um acordeom em seu colo. Fumaças douradas tomando conta de todo o piso contribuíam para o clima mágico que se instaurou ali.
- Alizée... - Sussurrei, aos suspiros, observando aquela bela mulher cantar e tocar com maestria o clássico "La vie en rose".
- "Des yeux qui font baisser les miens
Un rire qui se perd sur sa bouche
Voilà le portrait sans retouche
De l'homme auquel j'appartiens
Quand il me prend dans ses bras
Il me parle tout bas
Je vois la vie en rose
Il me dit des mots d'amour
Des mots de tous les jours
Et ça me fait quelque chose
Il est entré dans mon cœur
Une part de bonheur
Dont je connais la cause
C'est lui pour moi, moi pour lui dans la vie
Il me l'a dit, l'a juré pour la vie
Et dès que je l'aperçois
Alors je sens en moi
Mon cœur qui bat
Des nuits d'amour à ne plus en finir
Un grand bonheur qui prend sa place
Des ennuis, des chagrins, s'effacent
Heureux, heureux à en mourir
Quand il me prend dans ses bras
Il me parle tout bas
Je vois la vie en rose
Il me dit des mots d'amour
Des mots de tous les jours
Et ça me fait quelque chose
Il est entré dans mon cœur
Une part de bonheur
Dont je connais la cause
C'est toi pour moi, moi pour toi dans la vie
Il me l'a dit, l'a juré pour la vie
Et dès que je t'aperçois
Alors je sens dans moi
Mon cœur qui bat..."
Assim que a canção terminou, ofereci-lhe uma salva de palmas, encantada com sua desenvoltura e destreza para tocar e cantar tão lindamente. Sua voz não era melodiosa e macia apenas quando falava; a loira cantava como um anjo. Talvez ela mesma fosse a personificação de um.
- Você é simplesmente demais! Eu estou... Emocionada. - E de fato estava, tanto que tive que limpar uma lágrima que escapou e escorreu pelo o meu rosto.
- Obrigada. - Rindo, um tanto quanto constrangida, Alizée foi até onde havia deixado o seu celular, trazendo-o para mais perto de nós. Mexeu nele, colocando para tocar "Hit the Road Jack" - Deixemos um pouco o romantismo de lado e vamos curtir a sua festa de gala no melhor estilo Ray Charles de ser. M'accorderez-vous cette danse?
- Oh, Ricardou, s'il te plaît, bien sûr que si.
De mãos dadas, passamos a dançar juntas, rodopiando, usando todo o espaço da pista de dança. Risadas, passinhos improvisados, e cantoria se deram durante todo o tempo em que a música tocou. Em seguida, pudemos ouvir "The Look of Love" da Diana Krall.
A loira pegou na minha mão, puxando-me para mais perto dela, encostando o seu corpo no meu e nos embalando em um ritmo lento e suave, tal como a melodia que tocava naquele momento. Coloquei meus braços em torno de seu pescoço e ela pôs as mãos na minha cintura, fazendo-me arrepiar da cabeça aos pés com o contato, e com o vapor do seu hálito quente em meu ouvido quando sussurrou:
- Você é linda!
- Obrigada. - Sussurrei de volta, afastando o rosto um pouco, somente o suficiente para poder olhá-la nos olhos - Só não mais do que você.
- Obrigada também. - Ricardou sorriu, magnificamente. Permanecemos caladas, nos encarando e inspirando o clima realmente mágico que se dava entre nós. Repentinamente, a desconhecida começou a declamar parte da letra da música, como se estivesse proferindo aquelas palavras para mim - Você tem o olhar do amor. Está na sua cara. Um olhar que o tempo não pode apagar. Seja minha essa noite. Deixe isso ser apenas o começo de muitas noites como essa. Vamos fazer um juramento de amantes e então selar com um beijo. Eu mal posso esperar para segurar você, sentir meus braços ao seu redor. Quanto tempo esperei... Esperei só para te amar. Agora que te encontrei, nunca vá embora. Nunca vá embora.
Lentamente nossos rostos foram se aproximando. Ambas miravam os lábios uma da outra e prendiam a respiração. Sim, em câmera lenta. Quinto clichê do nosso encontro, se é que o tempo decorrido desde que a conheci poderia ser chamado assim. Mas, como as coisas boas geralmente não se estendiam para mim, antes que aquela boca rosada alcançasse a minha, o celular de Alizée tocou, quebrando todo o encantamento do momento.
- Droga! - Murmurei sem querer.
- Temos de ir. - Ela disse, pegando os nossos pertences e arrastando-me apressada dali.
Alizée, mais uma vez, deu-me as direções e eu apenas segui. Estacionamos em frente a uma espécie de empório. Após me dar um beijo estalado na bochecha, a loira saiu do carro e caminhou apressada até a loja que estava milagrosamente aberta. Ela comprou alguns em que trouxe em sacos de papel, acomodando-os no banco de trás.
- O que tem aí? - Perguntei, tentando ver o que era, recebendo em troca o semblante sisudo da conhecida desconhecida.
- Logo saberá, curiosa. - Ela riu - Vamos rumo à nossa última parada...
Fim do capítulo
* M'accorderez-vous cette danse?
(Me concede essa dança?)
* S'il te plaît, bien sûr que si.
(Por favor, é claro que sim)
A vida cor de rosa
Olhos que fazem baixar os meus
Um riso que se perde em sua boca
Aí está o retrato sem retoque
Do homem a quem eu pertenço
Quando ele me toma em seus braços
Ele me fala baixinho:
Vejo a vida cor-de-rosa
Ele me diz palavras de amor
Palavras de todos os dias
E isso me toca
Ele entrou no meu coração
Um pouco de felicidade
Da qual eu conheço a causa
É ele para mim, eu para ele na vida,
Ele me disse, me jurou pela vida.
E desde que eu o percebo
Então sinto em mim
Meu coração que bate
Noites de amor a não mais acabar
Uma grande felicidade que toma seu lugar
Os aborrecimentos e as tristezas se apagam
Feliz, feliz até morrer
Quando ele me toma em seus braços
Ele me fala baixinho
Eu vejo a vida em rosa.
Ele me diz palavras de amor
Palavras de todos os dias
E isso me toca.
Entrou no meu coração,
Um pouco de felicidade,
Da qual eu conheço a causa.
É ele para mim, eu para ele na vida,
Ele me disse, me jurou pela vida.
E desde que eu o percebo
Então sinto em mim
Meu coração que bate.
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