CapÃtulo 32
Luana chegou à república na hora combinada: seis horas.
A senhora, dona da república, a esperava na porta com a cara fechada, mas com um semblante paciente que lembrou Luana de sua já falecida avó.
_ Você é a Luana, não é?
_ Sim, e a senhora deve ser a...
_ Francisca de Lopes Pinto, eu mesma. Você chegou na hora marcada, isso é bom.
_ Chegaria mais cedo se não fosse o excesso de trabalho e o trânsito complicado e lento.
_ Você trabalha em que menina?
_ Em uma empresa como auxiliar administrativa.
_ Estuda?
_ Só em casa, estudo para o vestibular, pretendo ser economista.
A senhora a encarou e depois continuou:
_ Você tem que idade?
_ 21 anos.
A senhora a encarou seriamente até convidá-la para entrar.
_ Vamos entrar Luana.
_ Com licença.
_ À vontade.
A casa era espaçosa, bem iluminada, bem mobiliada e de dois andares.
_ Lá em cima moram seis meninas. Duas em cada quarto. Aqui em baixo são duas meninas, cada uma em um quarto, eu moro naquele ali (e apontou para o seu próprio quarto). A menina desse quarto aqui (apontou para um quarto ao lado do dela) não tem como mais pagar o aluguel do quarto sozinha e é aí que você pode ficar,se quiser.
_ Então eu fui aprovada?
_ Como assim? Eu lá sou professora para te aprovar?_ a senhora gargalhou.
Luana riu baixinho de sua burrice e espontaneidade.
_ O aluguel do quarto é 300,00 que precisam ser pagos na primeira quinzena do mês. Tem uma moça que lava e passa às roupas e cobra 100 a semana. Fica barato, pois, divide para todas nós. Eu faço a comida e uma das moças lava a louça, pelejando mais lava. A limpeza do quarto e do resto da casa é feita por uma moça vizinha nossa toda semana, a 50 reais o dia que ela vem. Também dividido por todas nós.
A água e a luz são divididas e também sai barato, uns 50 reais para cada no máximo. Por mais, você precisa trazer movéis, pois não há camas sobrando. Precisa também ser paciente, pois elas são mais novas do que você.
Luana ficou sem-graça em falar que sabia a idade e outras coisas a mais de algumas das meninas.
_ E quanto a trazer pessoas aqui, na república?
_ Bom você ter perguntado. Quero que saiba que eu não me meto na vida de ninguém. Cada um vive sua vida como bem entender. Não aceito pessoas preconceituosas aqui. Algumas das meninas vivem como mulher uma da outra e isso é parte da vida delas.
_ Fico feliz em escutar isso da senhora, pois eu também prezo o livre arbítrio de cada um. E eu também gosto de mulheres.
_ Bom, melhor assim. Não gosto de homens na minha casa. O homem dessa casa morreu há anos e não gosto de desrespeito à memória dele. Respondendo a sua pergunta, pode trazer sim amigas para cá, desde que entre em comum acordo com a sua companheira de quarto.
Elas foram andando em direção a porta de saída.
_ Acho que está ótimo para mim, senhora Francisca.
_ Para mim também.
_ Então...
_ Amanhã lhe dou a chave da casa.
_ Ótimo. Muito obrigada!
_ Não há de quê. Até amanhã.
Luana adorou a casa. Só não viu ninguém lá. Segundo a dona Francisca, parte delas assistia a um filme lá em cima, outra parte ainda não havia voltado do trabalho.
Luana pegou o ônibus e foi para casa. Estava atrasada. Bruna já deveria está a esperando na porta de sua casa e ela ali, toda suada, despenteada, precisando de um banho com muita espuma de shampoo para está no mínimo apresentável.
“Mas que diabos! Ate parece que faz diferença. Ela é hetero. Estou mesmo precisando é de um banho para lavar essa minhas idéias erradas”.
Fim do capítulo
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