Romance leve, com cenas de sexo e muito respeito pelo universo feminino.
10
CAPITULO I
OLIVIA
25/08/2016.
Meus dias passavam e se repetiam continuamente era aquela rotina sem cor e bem previsível há pelo menos 2 anos e meio, desde a morte do meu marido Antônio. Eu acordava, cuidava da Vivi, minha filhinha peluda, olhava rapidamente as notícias online, dava uma geral pelo apartamento e corria para o elevador, descia pela garagem e depois dirigia até o trabalho.
Gosto de dirigir sempre com música, a música me faz ter as melhores lembranças dele, nós sempre tirávamos uns 15 dias de férias a cada semestre. Normalmente escolhíamos um local próximo, e dirigíamos até lá. E claro, eu escolhia as músicas, ele não se importava. Às vezes, até cantava junto comigo, errando a letra, mas cantava. O Antônio amava locais com verde, animais e amava a pesca. Uma vez fomos ao Pantanal, eu não curtia muito aquela coisa de estar em um barco pequeno e esperar horas o peixe fisgar o anzol. Mas adorava a alegria dele quando algum peixe fisgava a linha, era mesmo lindo ver aquele homem alto, grande, parecendo uma criança sempre sorrindo e me chamava aos gritos.
- Olivia, Olivia... corre vem ver só isso! - Ele gritava feliz! Eu sorria dele, e tirava as fotos que depois ele passaria horas olhando e comentando.
Pequenos prazeres como esse fazia nossa alegria, nosso amor se tornou real e sólido. Nos conhecemos na faculdade e foi uma atração que cresceu a passos pequenos, não tínhamos pressa, até mesmo quando decidimos casar levou um certo tempo até dizermos o sim! Tínhamos o mesmo timing, sonhos semelhantes e o respeito que ele tinha por mim era especial, por minhas muitas dificuldades, ele sempre via primeiro o meu lado, ou seja, ele não decidia nada sem antes me consultar com um olhar.
E esse olhar me dizia o quanto eu era importante, que se não quisesse, ele respeitaria. Sim, o Antônio era único mesmo, alguém podia até pensar: “Nossa, esse cara era um bobão!”, “Ora, ninguém suporta uma pessoa assim melosa”, “Boa demais para ser verdade!” Ele me contava que era muito zoado pelos colegas, amigos do trabalho. Como se diz hoje, sofria bullyng pelos amigos, pela maneira como me tratava sempre em primeiro lugar, dava aquela importância que acho que todas as mulheres deveriam ter.
Quando passamos o momento mais difícil das nossas vidas, ele foi melhor ainda, o companheiro, o amigo que qualquer mulher precisa. Engravidei logo no primeiro ano de casamento, mas infelizmente perdi o bebê. Sofri um aborto espontâneo, aquilo me arrasou totalmente, fiquei meses com uma tristeza imensa dentro de mim, trancada no quarto sem querer falar, comer ou viver. Foi nesse período que ele teve a ideia de trazer a minha peludinha, que era só um bebezinho, frágil, linda com esses olhinhos castanhos. Ela estava em um cesto com um lacinho no pescoço, ele escreveu um lindo cartão com umas palavras tão meigas, cheias de amor. Li aquelas palavras e pensei: “Eu preciso reagir, não posso arrastar o Antônio para esse buraco fundo do poço de tristeza que me encontro, preciso sair disso, por mim, por ele, por nós”
Não foi fácil e nem rápido, mas pouco a pouco consegui dar os primeiros passos de volta a vida.
Colocamos o nome de Vivi na nossa cachorrinha que logo cresceu e se tornou a nossa filhinha, dormia na cama com a gente. O tempo passava e eu não queria mais pensar no passado. Desejava fazer algo novo para mim, precisava deixar de viver em função do Antônio, ou melhor, do casamento. Antes de casarmos eu tinha trabalho, havia feito o curso de Secretariado Executivo/Bilíngue. Sempre gostei dessa área, trabalhar em uma grande empresa, participar de reuniões, organizar agendas, desenvolver novas formas de trabalho.
Sou uma pessoa criativa e me considero competente em vários pontos, sempre fui muito organizada, até mesmo metódica. Mas, depois do casamento eu parei de trabalhar por opção própria e sempre dizia que voltaria logo ao mercado de trabalho. Ele até propôs que trabalhasse com ele na loja. O mesmo tinha uma loja de Antiguidades que junto com a irmã, a Adriana minha melhor amiga, herdaram da família. Aliás, eram três lojas, a maior está no maior Shopping da cidade, e era essa que o Antônio trabalhava. As outras têm outros administradores. Mas, eu sempre me neguei porque já passávamos muito tempo juntos, aquilo poderia mesmo nos sufocar. E depois, eu não acho que funcione essa coisa de casal trabalhar junto. Em algum momento as coisas se confundem e começa as cobranças, as desavenças, acusações, especialmente no momento de crise econômica. Então, ele não insistiu, apesar que de vez em quando tentava discretamente me atrair para a loja, dizendo que tal peça tinha chegado, que eu passasse lá e desse uma olhada, pois queria a minha opinião.
Uma outra atividade que eu amo realizar são os trabalhos voluntários, participo de três ONGS e são organizações que trabalham com crianças e uma em especial, que é a minha preferida, trabalha com meninas em situação de risco social.
Todas estão instaladas em bairros distantes da periferia da cidade, organizo toda as questões burocráticas e auxilio na arrecadação de recursos, buscando patrocinadores para as atividades esportivas das meninas. Sempre me sinto feliz por ver que meu trabalho faz a diferença, sempre me interessei em participar desses trabalhos com crianças e essa ONG quando foi criada, me chamou a atenção pelo objetivo principal, que foi cuidar e assistir as meninas na área da educação e esporte.
Nesse dia, saí com pressa, pois havia reunião com os funcionários da loja principal, a que eu assumi após a morte do Antônio. Já no elevador o telefone toca, atendi e já sabendo que era a Adriana, minha cunhada e amiga que jamais me abandonou. Nós tínhamos uma profunda conexão de irmãs, ela cuidou de mim desde o acontecimento há quase três anos atrás. Ela sempre diz:
- Olivia, você precisa beijar na boca, sua vida está parada, assim vai envelhecer mais rápido, olha as rugas surgindo .... Blá, blá... - Ela sempre pegava no meu pé, mas com muito carinho. E sempre dou risadas dessas conversas dela. Ainda não consegui sair do luto. Não sentia clima para olhar para ninguém.
Falei que já estava a caminho e que em 15 minutos chegaria. Ela cuidava da parte dos funcionários e sabia tratar aquela parte chata de contratações e quando necessário das demissões.
O dia passou rápido, já era meio da tarde, na verdade quase 17:00hs. Nesse horário eu costumava sentar à minha mesa, olhando quem passava nos corredores. As vezes ficava tão absorta no meu pequeno refúgio.
Com o pensamento longe, as lembranças que cada vez mais se afastavam de mim. Meus olhos estavam fixos nas pessoas que caminhavam com suas sacolas, andando rápido pelo Shopping, mas de fato eu não enxergava ninguém. Baixei meus olhos para aquela aliança no meu dedo, percorri com os dedos, lembrando daquele dia tão especial e lindo. As lágrimas caíram em cima dos papeis que eu tentava ler, levantei meu rosto tentando enxugar os olhos com as mãos, e vejo alguém parada me olhando fixamente.
Era uma garota alta, calça jeans, blusa preta, cabelos amarrados, mas com alguns fios soltos. Tinha uma mochila nas mãos e na outra um sorvete, vi que me olhou tão penalizada, seus olhos pareciam querer dizer alguma coisa, quase morri de vergonha de ter sido pega em momento tão frágil e íntimo. Na hora, tive raiva, parecia que estava sendo invadida, não gostei, essa é a verdade.
Levantei rápido e sai dali, não queria que ninguém soubesse que eu ainda chorava pela perda do meu marido, mesmo que fosse uma completa estranha, tinha vergonha de ainda me sentir assim enlutada. As pessoas cobram uma atitude da gente, cobram uma recuperação que as vezes não acontece no tempo deles, e eu não queria ser o centro das atenções, ou melhor dizendo das preocupações de ninguém.
Então nessas horas fingia que já estava bem, que já tinha parado de chorar, que a vida seguia, mas a verdade é que ainda estava parada naquele fatídico dia do acidente.
CAPITULO 2
RAQUEL
Acordei e o pensamento já me ligava imediatamente a aquele rosto, aquela mulher que me confundia, aquele jeito sofrido me deixava sem forças, como alguém que eu nem conhecia, nem o nome eu sabia, estava simplesmente me dominando assim? Comecei então a passar em frente da loja e sempre a via sentada com aquele olhar perdido, chamava a minha atenção a beleza daqueles olhos verdes, mas com uma sombra de tristeza. Era inevitável não passar por lá e não conseguia parar de lembrar daquele rosto lindo. E essas lembranças me fazia querer conhecer mais sobre ela.
Eu não conseguia mais me concentrar em nada, precisava saber mais dela, mas como me aproximar? Mas não sou de desistir fácil. E naquela sexta-feira, no horário que eu voltava do almoço foi diferente, aquelas lágrimas me abalaram, a vontade que tive foi de correr e entrar na loja, enxugar as lágrimas, abraçar forte, e dizer que eu estava ali. Nossa que loucura é essa, estou mesmo ficando maluca. preciso retomar minha sensatez, meu rumo.
- Respira Raquel, respira, levanta e vai trabalhar! – Falava comigo mesmo.
Sempre passava ali, e ela estava sempre com aquele olhar vazio, nem notava que as vezes eu fingia olhar na vitrine dela, mas na verdade olhava para ela.
Em meio aos meus pensamentos e o café, a Carol entra pela porta da cozinha feito maluca como sempre, falando sem parar, senta e diz:
- Raquel, hoje precisamos pagar o aluguel, não recebi ainda e você precisa quebrar meu galho de novo. –
Olhei para ela e respondi.
- Outra vez isso? Já te disse, sai desse trabalho, estão te explorando, você consegue coisa melhor. - Ela mora no apartamento comigo, nos conhecemos há anos, ela é meio desligada, quase uma destrambelhada, mas tem um coração enorme, só que simplesmente não consegue dar um basta na situação de exploração que o patrão faz com ela. Está virando rotina os atrasos no salário dela, e isso bagunça nosso orçamento. Eu trabalho em uma empresa de engenharia na área de RH. Tenho paixão pela minha profissão de Psicóloga, mas também tenho meus planos pessoais de ter minha própria empresa.
Carol me olhou agradeceu e disse:
- Conheço você, está ainda parada na mulher do Shopping? Isso já virou obsessão, cuidado, você nem sabe se ela é casada, com Homem! - Disse a última palavra bem alto e devagar.
Olhei para ela e falei:
- Ela estava chorando ontem, você não tem noção como aquela cena me comoveu, queria entrar correndo e abraçar ela forte, mas é claro que saí de lá rápido, quase fiz isso sim. - Eu disse. - E acho que ela não gostou nada que tenha visto aquela cena, e me olhou com uma cara depois levantou correndo e sumiu na loja.
Carol balançou a cabeça como quem diz, você não toma jeito e saiu.
Depois saímos e cada uma foi para um lado, cheguei ao trabalho e enfrentei as demandas do dia. No final da tarde Carol me ligou e pergunta se quero ir tomar uns drinks com a turma, os amigos dela, que também são meus amigos, e normalmente nos encontramos nesse Bar. O local é próximo à Praia, e nas sexta-feira, era um dia que fervia de gente.
Encontrei uma ex namorada que sempre tentava reatar a relação, a Renata não desistia, e se tem uma coisa que não curto é reprise, quando algo não dá certo, devemos pensar muito nos prós e contra antes de reatar qualquer coisa. E isso estava muito claro para mim. Na verdade, eu não consigo rever ou discutir relação quando o assunto principal é traição. É, levei nos cornos como se diz, e não tem mesmo mais chance comigo. Quando ela vinha com aquela conversa que me amava, e que não vive sem mim, eu respondia de imediato.
- Vive e muito bem, procura a pessoa que te fez me esquecer naquela noite. - Saí de perto dela e fui para a pista dançar, estava precisando mesmo exorcizar certas coisas, mas a verdade é que eu queria relaxar a mente e o corpo daquela cena que me agoniava toda vez que lembrava. Queria tanto proteger, acolher nos meus braços, enxugar aquelas lágrimas, é estava ficando sério essa obsessão como diz a Carol, sorri e dancei várias músicas seguidas.
Depois de dançar muito, resolvi ir para casa, era tarde e senti que relaxei o corpo, e me tranquilizei com o pensamento de que amanhã é um novo dia, então saberia conduzir isso, nunca fui de desistir fácil assim, falava comigo mesma. A primeira decisão que eu tomei foi: Eu preciso descobrir o nome dela, saber mais coisas, mais e mais. Continuei falando e sorrindo.
Na segunda-feira uma colega de trabalho, a Luiza me pediu para substitui-la em um trabalho que ela estava desenvolvendo com crianças e adolescentes, e não pude dizer não, porque ela já tinha me quebrado muitos galhos, não me falou muito sobre o trabalho, apenas disse:
- Raquel esse trabalho é sua cara, você vai amar! - E que eu deveria me apresentar lá por volta das 14:00hs.
Meu trabalho na empresa era das 7:00hs da manhã até as 13:00hs, então teria pouco tempo para atravessar a cidade e chegar a tempo. Quando cheguei no local, já adorei, era mesmo tudo que queria. E trabalhar com adolescentes em uma ONG já estava nos meus planos desde que me engajei em um trabalho voluntariado na América do Sul. Estive por 6 meses no Peru cooperando na ONG que resgatava meninas indígenas de trabalho escravo. Foi a melhor experiência que tive quando ainda era estudante, naquele tempo decidi que me envolveria mais seriamente nesse tipo de trabalho.
E aqui estamos nós, a secretária, Dona Laura, me recebeu muito bem e foi logo me dando as coordenadas, agradecendo por estar ali, e me dizendo que a Luiza tinha me elogiado muito e que faria o trabalho muito bem. Agradeci a gentileza e fomos conhecer o espaço e logo depois as meninas. Dona Laura me falou muito da pessoa responsável pelo projeto, que tem feito um trabalho incrível, e que sem ela nada daquilo existiria. Fiquei curiosa em conhecer a benfeitora do projeto principal.
Comecei conhecendo os relatórios sobre a situação de algumas garotas que estavam sob o cuidado da Justiça, pois eram adolescentes infratoras, ou seja, estavam pagando à justiça com curso e trabalhos dentro da própria ONG. Essa situação era bastante comum, mas lá era desenvolvido um trabalho bem de perto, e com atividades onde as mais velhas ajudavam as mais jovens.
CAPITULO 3
OLIVIA
Na segunda-feira acordei cedo, porque era o dia que passava rápido na loja, e depois do almoço seguia para a ONG. Conversei rápido com a Adriana e marcamos de sair à noite para atualizar a conversa, sempre me divertia ao lado dela, mesmo com o pouco tempo que a gente tinha. Adriana era casada e com duas crianças pequenas. Ela disse sorrindo:
- Vou deixar as crianças com o Henrique e partimos para a night. - Assim combinamos. Sair em plena segunda-feira pode ser estranho, mas era esse o dia que a Adriana podia deixar as crianças com o Henrique, e para mim tanto faz o dia, não tinha mesmo animo de sair e conhecer outras pessoas
Adorava as segundas-feiras porque era o dia que trabalhava na ONG, aliás ia lá duas vezes na semana. Lá me sentia feliz mesmo. As meninas logo vinham ao meu encontro conversando, contando as novidades que adolescentes adoram. E claro, fazendo as exigências delas, queriam novos filmes para a videoteca.
Quando entrei na sala, tocava uma música e vi uma garota sentada no chão de costas para a entrada, e uma roda de adolescentes também sentadas na sala. O que me chamou a atenção foi o cabelo amarrado, e alguns fios soltos caindo, igual a garota da loja, olhei e pensei, nossa será que é....antes que eu desse boa tarde, ela se virou e olhou, aliás me olhou. Sim era ela, a garota da vitrine, a mesma que me pegou no choro. Não é possível essa coincidência.
Ela rapidamente levantou e todas as meninas gritam bem alto:
- Oliviaa... - Apenas sorri e desejei uma boa tarde para as garotas. Algumas levantaram e vieram me abraçar. Logo, Dona Laura chegou e me abraçou dizendo:
- Olivia, essa é a Psicóloga Raquel, vai estar conosco substituindo a Luiza.
Ela veio até mim e sorriu docemente, me deu dois beijinhos e me abraçou, parecia que me conhecia, achei interessante, aliás curioso. Acho que estava bem à vontade ali, isso é importante no nosso trabalho. Não dá para ser apenas profissional, as meninas têm que se sentir queridas, protegidas, sentir que são importantes e isso não se consegue com diploma e graduações.
Depois disso, fui para minha sala no final do corredor. Repassei a agenda com Dona Laura. E fiquei feliz nem sei bem porque, mais sentia que algo bom iria acontecer.
Ao final da tarde alguém bateu na porta da minha sala.
- Pode entrar. – Mandei entrar.
Então, a Raquel entrou e perguntou se podia falar comigo.
– Claro, por favor senta aqui.
Conversamos um pouco sobre os projetos. Ela me contou da experiência extracurricular no Peru, achei superinteressantes as ideias dela, conversamos até encerrar o expediente e nem sentimos, as horas passaram e não percebemos. Havia ainda muita coisa para conversar, parecia que assunto não ia faltar para gente. Adorei aqueles momentos, uma conversa com alguém inteligente e engraçada, sorri e me encantei. Essa é a verdade. Ficou aquele clima leve.
Mas em nenhum momento foi mencionado aquele momento diante da vitrine. Não pareceu que cabia ali, era como se tivéssemos combinado no silêncio de não tocar no assunto. Achei ótima a discrição dela.
CAPITULO 4
RAQUEL
Voltei para casa flutuando, se é que alguém flutua. Mas me senti tão feliz, leve e solta. A vida conspirava a meu favor, pensei alto sorrindo.
Abri a porta do apartamento com um sorriso tão escancarado que a Carol olhou e disse:
- O que foi que aconteceu? Ganhou na mega sena? Conta logo.
Literalmente me joguei no sofá com aquele sorriso ainda aberto e feliz, a Carol levantou e veio com aquele jeito estabanado dizendo:
- Vai me matar de curiosidade é?
Disse apenas uma frase:
- Estou muitooo feliz! - Enfatizei bem o muito.
Claro que contei tudo, e a maravilhosa coincidência que a vida me preparou. Como eu poderia imaginar?
- Carol, agora eu acredito que se você desejar muito uma coisa, ela vem de encontro a você. Você atrai aquilo que você deseja”! – Disse para a Carol
Carol muito séria e como sempre com as respostas doidas dela:
- Raquel a partir de hoje vou desejar muito dinheiro quem sabe né. - Impagável essa Carol! Levantei e fui para o quarto, precisava de um banho e relaxar um pouco. Mas, estava em êxtase, feliz, aquela mulher me enchia de todo tipo de desejo, mas não era somente um desejo físico, também sentia um bem-estar com ela, mesmo antes de conhece-la pessoalmente. Só em olhar aquela mulher lá sentada já me dava uma vontade de cuidar dela, parecia tão frágil. Mas, hoje ela estava diferente, forte e decidida, sorriu das minhas conversas, mostrou interesse nas minhas experiências profissionais. Aqueles olhos verdes estavam mais verdes, e amei olhar de perto o brilho deles, parecia uma piscina transparente.
Teve momentos durante a conversa que foi difícil olhar para ela e não me entregar. Afinal não sei nada sobre ela, se tem alguém, se ela me vê como eu a vejo, se é hétero ou não, tantas perguntas. Na verdade, senti que ela é hétero, aquele olhar para mim era mais de admiração, de encantamento pelas minhas aventuras, ela tem um olhar de respeito, e ama muito o que faz. Qualquer pessoa ali no meu lugar, seria olhada da mesma forma, pensei isso e suspirei fundo.
Depois do banho ainda me sentia muito feliz, nada importava, se era hétero, casada ou não, só pensava que na próxima quarta-feira a veria de novo. E marcamos para continuar a conversa sobre a agenda para o próximo semestre. Planos juntas. Planos profissionais, mas já é alguma coisa, eu disse e sorri da minha empolgação.
Luiza me telefonou perguntando como foi na ONG, queria saber se gostei, se correu tudo bem. Claro que me derramei em elogios, amei tudo e disse para ela gargalhando.
Ela só dizia:
- Falei para você que é sua cara, que você ia adorar, fico feliz com essas notícias, porque quero saber se você pode me substituir em definitivo. – Foi logo dizendo e me pegou de surpresa. Não vou conseguir conciliar meu novo trabalho com as responsabilidades na ONG, pelo menos não por enquanto. E não confio em mais ninguém para ficar no meu lugar, disse.
Aquilo me encheu de alegria, mas não queria que ela soubesse da minha real intenção. Falei que sim, com um sorriso escancarado nos lábios. Apenas pedi que ela resolvesse com a ONG ante.
Ela então me disse:
- Raquel, eu já fiz isso! Eu me adiantei e liguei para a Olivia hoje de manhã explicando minha situação, e perguntei se ela concordava que você fosse minha primeira opção para o meu lugar! Avisei que falaria com você!
Minha ansiedade quase me matou quando ouvi o nome da Olivia, perguntei quase alterando a voz:
- O que ela disse sobre mim? Ela falou alguma coisa? Ela concordou? Me fala Luiza. - Ela sorriu e disse.
- Ei calma, calma... que agonia é essa? - Me controlei pois não queria que ela desconfiasse de nada.
- A Olivia me disse que sim, que caso você aceite ficar ela estava de acordo e ficaria feliz e que gostou da forma como você conduziu os trabalhos com as meninas. - Eu interrompi mais uma vez e perguntei:
- O que mais ela disse, falou alguma coisa mais sobre mim?
De repente a Luiza disse:
- O que está acontecendo Raquel? Nunca te vi assim, tão insegura, sei lá. - Apenas respondi.
- Ah, nada não, é que realmente eu gostei do trabalho você sabe...e quero muito que dê certo, só isso! – Respirei fundo e mais uma vez tentei me acalmar para ela não perceber minha intensa felicidade.
Luiza me acalmou dizendo que tudo estava resolvido, ela iria avisar da minha decisão e eu resolveria tudo com a Olivia depois. Ouvir aquele nome me deixava sem ação, resolver tudo com a Olivia, ela disse. É não dá mesmo para não estar feliz.
A semana passou lenta parecia que não chegava mais a quarta-feira. Cada coisa parecia encaixar, as peças estavam se unindo lentamente, mas ainda tinha muitas coisas para saber. Desejava ardentemente conhecer mais sobre a Olivia, quem é essa mulher que me faz tão bem? Era louco e não sei nada sobre ela. Nada de nada. Os dias pareciam leves agora, sabe quando você começa a gostar de acordar porque aguarda algo bom acontecer? Sou eu, Raquel. Acordo mais disposta, e ainda não aconteceu, não tenho nada, não ainda. A verdade é que eu acredito em destino, o que tiver de ser, será!
Acordei sorrindo, é quarta-feira, e tinha uma terrível decisão, e agora qual roupa escolher? Será que escolho um vestido, ou calça, blusa, brincos, pulseiras, ou simplesmente pego a primeira coisa no armário. Meu Deus, que tensão! Raquel, acalma, é preciso estar calma, tranquila, não quero que ninguém perceba minha ebulição interna. Muito menos a Olivia. Cheguei no trabalho tentando me concentrar na manhã cheia de atividades para resolver, estava sendo um semestre cheio de contratações e algumas demissões. São duas coisas bem distintas, mas necessárias em uma empresa. Tratar com demissões é a parte mais difícil com certeza.
Logo após o almoço dirigi até o outro lado da cidade, liguei o som do carro, não consigo dirigir sem música, o tempo passou, e me pego pensando mais um pouco sobre tudo. Cheguei em cima da hora. Dona Laura me mostrou minha sala, conversei com as meninas, passei um tempo acompanhando as aulas que estavam sendo ministradas com as garotas que treinam Judô, estava cheia de ideias para realizar no Projeto, mas precisava me familiarizar primeiro com a rotina de atividades, depois seria a hora de apresentar as ideias. E queria apresentar para a Olivia o quanto antes.
Mas, Dona Laura me informou que a Olivia não tem um horário fixo, que ela raramente falta às segundas-feiras, e que ama muito o trabalho na ONG. Percebi isso na última segunda-feira. Ela estava feliz, tratava as meninas como se fossem filhas, aconselhava, chamava a atenção com ternura, mas com autoridade. E era visível o amor das meninas por ela. Quem não amaria, pensei sorrindo.
Já era quase 17:00hs e nada da Olivia chegar, comecei a ficar inquieta, será que ela ainda vem, mas Dona Laura disse que ela nunca, ou quase nunca deixa de vir às segundas-feiras, será que aconteceu algo? Levantei da cadeira, abri minha porta e quando me viro para ir falar com Dona Laura, ela apareceu na porta, me olha e dá um sorriso meio tímido, e eu claro, não consigo disfarçar a minha alegria, e vou com pressa até ela sorrindo.
- Olá Olivia, tudo bem? - Dei dois beijos e abracei. Não consigo deixar de aproveitar esses momentos para abraçar aquele corpo e que corpo lindo ela tem, acho que deve se cuidar muito bem, talvez faça exercícios porque ela tem músculos, não aqueles exagerados, mas o corpo é musculoso sim. Lindo mesmo.
Estava me controlando para não encher ela de perguntas, precisava deixar ela falar algo primeiro. Estava me sentindo nervosa, mas ao mesmo tempo muito feliz, afinal ela havia chegado.
- Hoje tive muitas reuniões de última hora, foi difícil chegar aqui. - Falava sorrindo, e parecia mais relaxada.
Ela me perguntou.
- Tudo bem com você Raquel? Está gostando do trabalho? Fiquei feliz por saber que vai ficar conosco, acredito que você vai acrescentar muito aqui.
Ela falou de uma só vez, fiquei olhando com cara de boba, e me controlando ao máximo para não demonstrar. Bem, nessa tarde não teve como conversar muito devido ao horário está no fim, mas na próxima segunda-feira, ficou marcado uma reunião de trabalho. Então agora é conter a ansiedade e preparar uma pauta com minhas ideias guardadas a tanto tempo, pois realmente eu amo esse trabalho e quero muito colaborar com a ONG.
CAPITULO 5
OLIVIA
Aquela foi uma semana bem atípica, algumas coisas aconteceram, e me fizeram pensar sobre como de repente algumas coisas novas entraram na minha vida, digo no meu trabalho, mas que acabaram me afetando de alguma forma.
Como tinha prometido saí com a Adriana e foi muito relaxante, conversamos sem pressa, bebemos e dançamos. Mas a coisa mais curiosa e interessante foi encontrar a Psicóloga Raquel lá. Não sei porque, mas ela me causa uma sensação estranha. Talvez seja o jeito que ela me olha e me abraça quando me cumprimenta, não sei bem. Mas, não é estranho no sentido de ruim, é só algo que ainda não está claro para mim.
Como eu poderia definir isso, ela é uma mulher inteligente, que sabe usar as palavras na hora certa. E o principal, ela é bem discreta, gentil, possui um olhar doce e em nenhum momento mencionou aquele dia na loja em que me viu chorando, e ela me fitando daquele jeito, com cara de pena, aquilo me irritou muito, ter sido flagrada daquela forma, mas ela não tinha culpa sobre isso, é que ninguém gosta de se mostrar frágil, fraca, a cara inchada de chorar, aquele momento era mesmo muito íntimo e só meu.
Acredito que vamos nos dar bem, assim espero porque o trabalho com as meninas é muito importante e tenho muitos planos, vou mesmo precisar de ajuda e a Raquel chegou na hora certa.
Depois que cheguei em casa naquela segunda-feira me senti relaxada, a mente não me arrastava tanto ao passado. Gostei muito do trabalho da Raquel, parece que ela realmente é uma ótima profissional. Sabe como agir com as meninas, e pelo que pude ver as garotas gostaram dela, sabe falar a linguagem das meninas, isso é muito bom. Pensei e sorri.
Mas, aquele abraço apertado que ela me deu, achei no mínimo curioso ela é intensa, muito para quem não me conhecia, e aquele jeito dela na vitrine, o modo como ela me olhou, garota estranha, muito estranha. Só espero que ela seja eficiente no trabalho, isso sim me importa! Falei para mim mesma.
Adriana me ligou perguntando e cobrando nossa saída à noite. Quase dei uma desculpa, mas resolvi sair um pouco, beber alguma coisa, quem sabe dançar, faz tempo que não danço, a última vez foi...não, não vou deixar lembranças tristes estragarem meu dia que foi ótimo! Relaxa Olivia, relaxa...
Adriana chegou por volta das 21:30hs da noite e fomos para um local que tocava música ao vivo, eu sempre gostei de locais com música, onde as pessoas gostam de dançar, conversar, comer e beber, tudo junto. Quando chegamos, escolhemos uma mesa ao lado do bar, e próximo do palco.
De repente Adriana me olha fixamente sorrindo, e diz:
- Tem alguma coisa diferente em você, o que aconteceu que não estou sabendo? – Parei e olhei para ela assustada, ergui as sobrancelhas como quem pergunta, o que? Ela ainda disse:
- Seu olhar está tranquilo. Aliás, já te disse que esses olhos verdes deveriam olhar mais vezes para os lados, você passa e todo mundo olha, ah eu com esse par de esmeraldas! – Deu uma gargalhada divertida.
- Não tem nada, você está imaginando mais coisas do que existe, hoje foi um dia bom lá na ONG, me senti bem, estou pouco a pouco conseguindo relaxar, viver, você sabe como eu amo aquele trabalho, me sinto realizada, feliz quando estou lá, me sinto bem fazendo algo útil. - Aproveitei e bebi de uma vez minha bebida, aquela conversa estava me incomodando um pouco.
Ela me olhou sorrindo com o canudinho na mão.
- É pode ser, mas você tem algo mais no olhar, ainda bem né, já está mais do que na hora de voltar a vida. Você nem olhava para as pessoas direito, aliás ignorava as pessoas ao redor Olivia, essa é a verdade.
A noite estava ótima, conversamos sobre os negócios, depois sobre as crianças dela, sobre o Henrique, e fomos para a pista dançar. Fiquei com aquela observação da Adriana no pensamento que eu estava diferente, com o olhar calmo, mais tranquilo.
Quando de repente olho para o lado e vejo alguém dançando no meio daquelas pessoas, conheci na hora, era a Raquel, a psicóloga, ela dançava de um jeito lindo, os cabelos estavam soltos, fiquei ali admirando sem ela me notar, não deixei que ela me visse, estava mesmo hipnotizada pelo jeito como ela mexia os quadris, os cabelos, muito sensual, os braços para cima, acompanhava o ritmo da música, jogava os cabelos de um jeito, esses pensamentos me deixaram assustadas, me senti tímida com essas observações, de onde tirei isso? Aquilo me assustou.
O que é isso Olivia, achando mulher sensual, pensei e dei um sorriso, admirando assim uma garota, isso realmente me incomodou. Não sei porque, mas me senti como se tivesse sendo pega fazendo algo errado. Uma sensação que não sentia desde a adolescência quando aprontava alguma coisa na escola e minha mãe descobria tudo. Não queria que ela me visse então disse para a Adriana que ia ao banheiro. Corri para o corredor que levava aos banheiros, estava tão assustada que entrei de repente no banheiro masculino, voltei rápido, e envergonhada mais ainda, que estava acontecendo comigo?
- Entrei no banheiro feminino, e a primeira porta que se abriu eu entrei, fechei a porta e sentei no vaso respirando fundo, parecia que tinha visto um fantasma, tenho certeza que a Adriana diria isso....
Depois de alguns minutos, saí e lavei o rosto, pois sentia calor, estava suada da dança, mas inquieta com alguns pensamentos, os últimos pensamentos quero dizer, quando ia saindo de cabeça baixa do banheiro, quase atropelo alguém, quando ergo a cabeça é ela, a Raquel. Ela ia entrando, sorriu e disse:
- Olivia, você aqui?? - Estava com os cabelos soltos, o rosto vermelho, os olhos brilhavam, suor na testa...é, eu observei tudo isso de uma só vez. Ela me deu dois beijos, um de cada lado do rosto, e um abraço apertado, aquele abraço que eu já conhecia, e que agora tive certeza, é um abraço aconchegante, não sabia antes qual nome desse abraço, agora eu sei, um abraço aconchegante, protetor.
Eu estava toda sem graça, estranho eu não lembro de ninguém me causar esse efeito e me senti terrivelmente tímida, sorri e disse que de vez em quando saía um pouco para dançar, relaxar um pouco, ela me olhou e foi dizendo.
- Legal, então podemos marcar um dia, se você quiser, é claro. Eu adoro dançar também. - Sempre me olhando e aquele sorriso que não largava o rosto dela era doce, tranquilo, me fazia bem.
Tratei logo de me despedir e sair dali. Eu não me entendia, não sabia como me comportar com ela, me senti intimidada essa é a verdade, e estava ficando sem respostas para tantas perguntas em relação a isso.
Cheguei na mesa e a Adriana ainda estava na pista dançando, levantei e fui ao bar pedir mais uma bebida, estava precisando, boca estava seca, e fazia muito calor. Quando me aproximei do balcão, a Raquel veio por trás de mim e pergunta:
- Posso sentar aqui? - Aponta para a cadeira ao meu lado.
- Sim, claro. - E começa a conversar, pediu uma bebida também, e de vez em quando me olha como quem quer fazer uma pergunta, mas não faz.
Alguns minutos depois a Adriana me olha lá do meio da pista e faz sinal para que eu volte lá, senti um alivio pois não conseguia mais ficar naquele clima estranho que se instalou entre nós. Despedi-me dela, e fui ao encontro da Adriana, abracei minha amiga por trás falando no ouvido dela:
- Vamos embora, já estou cansada. – Ela me responde negativamente.
- Ah, Olivia você sabe que quase não saio muito, vamos ficar mais uns minutinhos. – E continuou sorrindo enquanto dançava, me abraçou também e me puxou para dançar com ela. Pensei, poxa que papel chato esse meu, ela realmente nunca sai, está sempre com as crianças e o Henrique, não custa nada ficar mais um pouco afinal de contas.
Ficamos por mais meia hora e fomos embora, olhei em direção ao balcão do bar e não vi mais a Raquel. Cheguei em casa, tomei um banho, deitei e fui repassar as últimas horas. Para um dia com 12 horas foram muitas as emoções, milhares delas à velocidade da luz, e dessa vez não tenho nomes a dar para elas.
Estava me sentindo bem, me dei conta que passei o dia inteiro e não pensei no Antônio. Não sei o que dizer, nem o que significa. Será que agora eu estava mesmo saindo do luto? Verdadeiramente eu estava seguindo em frente como a Adriana sempre me incentivava? É só faltou beijar na boca... sorri ao pensar isso. Deitei e a Vivi veio logo me fazer companhia, ela sempre chegava de mansinho como quem não quer atrapalhar e foi para o lado esquerdo da cama, deitou, me olhou com aquele olhar vivo e logo adormeceu.
CAPITULO 6
RAQUEL
A noite passada foi surpreendente, acho que é a palavra que melhor define. Fui no Barzinho dançar que é a melhor terapia para mim, especialmente quando estou com a cabeça a mil. Precisava dançar, me cansar na pista de dança, e aquele local, é mesmo o meu preferido, mas nem nos meus melhores sonhos imaginava encontrar a Olivia lá.
Não sei dizer porque, mas sinto que ela fica meio tímida quando me vê, também não sei o que isso significa. Ela me deixa confusa e não sei como interpretar esse jeito dela. Vejo uma tristeza no olhar dela, é melancólico como se tivesse perdido algo ou que ainda não encontrou seu caminho.
Quando a vi pela primeira vez percebi aquele olhar triste, mas nessa noite ela estava mais leve, e acompanhada com outra garota e pareciam ter intimidade. Queria tanto que ela tivesse ficado para conversarmos mais, será que eu disse algo que a incomodou? Ou ela não gostou da minha companhia.... Ah não aguento mais essa situação de estar no escuro, o pior de tudo é que parece que somente eu estou vivendo isso, ela nem sabe de nada e acho que nem quer saber, e assim ficamos.
A única coisa que eu sei de verdade é que senti ciúmes dela, daquela proximidade com aquela garota lá na pista de dança, pareciam mesmo muito próximas, se abraçaram, conversaram ao pé do ouvido.
- Ah Raquel para! Não começa a delirar, afinal podem ser parentes ou amigas e depois a Olivia não tem nenhum jeito de que namora mulheres, ah que angustia que sinto, melhor saber a verdade do que apenas imaginar situações. Preciso tomar uma atitude. Vou fazer um convite para sair com a desculpa de conversarmos mais sobre as meninas. Senti que ela ama aquele trabalho, assim vai ser mais fácil me aproximar. - Fiquei falando comigo mesmo, coisa que já estava sendo rotina nas últimas semanas.
Hoje é quarta-feira, e a minha velha amiga ansiedade está a mil por hora. Levantei cedo como de costume, corri para o banho, depois tomei meu café. Carol está na casa dos pais e me senti mais livre com os meus pensamentos. Adoro a Carol, mas nesse momento me sinto melhor sem alguém me fazendo perguntas que nem mesmo eu sei as respostas. Repassei na cabeça todo as etapas do meu plano, parece perfeito.
Tentei organizar na mente o que dizer, para não assustar a Olivia, ela é reservada, não é muito de falar, e não temos intimida, nem somos amigas ainda, sorri pensando sobre essa última palavra. O principal é que ela confie em mim.
CAPITULO 7
OLIVIA
Os dias passaram e marquei reunião na ONG para segunda-feira, creio que uma nova agenda vai dar novo ânimo para a equipe. Nas lojas tudo estava indo bem, a Adriana acompanhava de perto a rotina e tudo se encaminhava, mas a verdade é que eu sonho em ficar somente na ONG em tempo integral. Lá realmente me sinto feliz, espero que com o tempo a Adriana assuma a presidência das lojas e me deixe livre para fazer o que amo.
Na segunda-feira cheguei mais cedo na ONG, não queria que o trânsito me segurasse e precisava mesmo não atrasar e preparar a nossa reunião mensal.
Às 14:00hs eu já estava na minha sala, e a Dona Laura como sempre muito pontual já estava no seu posto, Raquel ainda não tinha chegado. Mas assim que ela chegou, Dona Laura avisou que era na sala de reunião que estávamos.
Ela chegou um pouco atrasada e estava nitidamente sem jeito pelo atraso, pediu desculpas e a convidei a sentar. Ela se manteve calada a maior parte da reunião, mas muito atenta a tudo, logo depois da minha fala, perguntei se ela estava pronta para apresentar seu plano de ação. Ela apresentou o plano e achei interessante, cheio de inovação, realmente ela tem ótimas ideias, e apresentou também algumas sugestões para atrair novos patrocinadores, aliás nós já tínhamos algumas empresas que eram nossos parceiros, incluindo a minha própria. Começamos a investir na ONG anos atrás quando o meu marido estava à frente das lojas. Ele era um dos maiores incentivadores da ONG, doava além do normal para que fizéssemos os nossos investimentos nos cursos e treinamento das meninas. Isso me enchia de admiração por ele. O Antônio sabia do meu amor por esse trabalho e compartilhava da forma que ele achava mais certo, sempre com generosidade.
Após a reunião que se estendeu até as 19:00hs, Raquel perguntou se estava com fome e se gostaria de ir a um restaurante jantar. Olhei para ela e por alguns segundos não disse nada. Ela ficou muito sem graça, se desculpou e disse que tudo bem, talvez eu já tivesse compromisso.
O que ela não sabe é que realmente fiquei surpresa e não sabia o que dizer, não é que eu não quisesse ir, mas fiquei meio sem jeito, essa é a resposta, fiquei sem ação, mas logo depois pensei que jantaria sozinha mesmo, ou melhor na companhia da Vivi, e uma comida congelada, que era a minha rotina nos últimos anos. Respondi finalmente.
- Não Raquel, não tenho compromisso nenhum, na verdade iria jantar sozinha, então será um prazer jantar contigo. - Falei sorrindo para ela, que nitidamente ficou feliz, diria que eufórica, foi o que percebi.
Ela disse que conhecia um Restaurante na Orla, perto do Bar que nos encontramos naquele dia e que a comida era deliciosa e não demora nada para servir, para mim parecia perfeito, como estávamos mesmo famintas, combinamos de nos encontrar lá, pois estávamos cada uma no próprio carro.
Chegamos rápido e realmente o restaurante é muito aconchegante, pequeno, música suave. Fizemos o pedido e a conversa fluiu naturalmente, falei um pouco sobre mim, do Antônio, da parte da empresa que herdei com a Adriana. Raquel parecia muito atenciosa, aliás uma mulher muito gentil, bem-humorada e inteligente. Tem um olhar incrível. Quando ela me olhava é como se de fato me enxergasse. Uma companhia muito agradável. Sorrimos muito, e a Raquel perguntou se podia pedir um vinho para comemorar a reunião.
Pedimos um vinho e a noite ficou mais leve ainda, realmente me senti feliz ali, pela primeira vez em quase três anos não terminava minha noite em choro e em lembranças do passado, lamentando a morte do meu marido. A sensação era de liberdade, eu tinha de uma certa forma morrido com ele, percebi isso quando consegui ficar um dia inteiro sem lembrar dele, e me ocupei do trabalho, das coisas que me fazia feliz, e a Raquel tem essa coisa com ela que me desconcerta, mas de um jeito que não sei lidar ainda, não sei bem o que significa essa sensação, mas gosto. Acho que encontrei uma nova amiga, além da Adriana.
Quando percebemos era quase 22:00hs, e começamos a sorrir porque nenhuma das duas percebeu as horas passarem. Eu estava na verdade meio zonza, não tenho costume de beber e hoje me permiti, e em plena segunda-feira, sorri ao pensar nisso. Ora, eu que sempre mantenho tudo muito bem organizado, como se a vida fosse encaixotada, e nada pudesse sair dos trilhos, vivi a minha vida inteira assim, controlando as coisas, cada coisa no seu dia, horário e lugar, se bem me lembro até a nossa vida sexual, eu e o Antônio tinha os dias certos para acontecer, isso tudo veio como um turbilhão na minha mente. Quem pode viver assim? Eu mesma respondi:
-Você Olivia, você viveu sua vida inteira, fechada em rituais, horários, agenda controlada. Meu Deus, como eu consegui ser feliz dessa forma?
Essa noite foi como uma revelação para mim, ao mesmo tempo que algumas coisas não estavam claras, outras simplesmente se revelaram nitidamente, a forma como conduzi minha vida era absolutamente cheia de regras, estava ali passando na minha frente como um filme, me dei conta que eu mesma me impus esses regulamentos, e achava até esse momento que é assim que se vive, com controle. Mas ali de repente percebi que ninguém tem controle de nada, a morte pode chegar de repente, e de repente uma criança pode nascer. Quero dizer, os acontecimentos não podem ser tão milimetricamente aguardados, definitivamente não funciona assim, mas eu estava cega e obstinada e a morte do Antônio trincou as minhas convicções, creio que depois desse triste fato, comecei a mudar, só que não tinha me dado conta ainda até hoje!
- Olivia você está bem? - Ouvi uma voz me chamando e voltei ao presente, estava imersa nos meus pensamentos só então me dei conta que a Raquel me olhava e me fazia essa pergunta. Percebi que ela me encarava sem entender aquele meu momento de introspecção.
- Olivia, você de repente pareceu entrar em um mundo perdido em pensamentos. – Ela disse.
- Desculpe, não é nada, ou melhor, é tudo. Minha vida de repente parece precisar de um sacolejo. Disse sorrindo para ela. Raquel pegou na minha mão e deu um leve aperto, senti um calor gostoso que não quis mais soltar dela, permiti aquele contato, mesmo que breve. Então decidimos ir embora, já era tarde.
Como estava me sentindo zonza, um pouco tonta na verdade. Pois não é que fiquei de pilequinho! Daí ela me disse que íamos no carro dela, e amanhã pegaríamos o meu no estacionamento do restaurante.
Fomos então para meu apartamento. Ela me ajudou de um jeito muito doce, segurou na minha cintura e esse contato era aconchegante e quente, muito quente mesmo. Não sabia se a palavra era essa, mas foi a que melhor encontrei naquele momento. Não podia beber porque me sentia meio boba, sorria de tudo e falava demais também. Sempre tive essa reação depois de exagerar na bebida. Já me disseram que o “álcool libera o que você é de verdade, o que não se permite quando se está sóbria”
Estou começando a acreditar nesse ditado!
Chegamos e a Raquel me ajudou a sentar no sofá, praticamente desabei porque as pernas estavam sem forças, acho que duas garrafas de vinho foi um exagero pensei.
- O que você acha de tomar um café bem forte? – Perguntou.
- Claro. - A cozinha é ali.
- Quer ajuda? - Falei apontando. - Aproveitei e pedi desculpas pelo trabalho.
- Desculpe pelo trabalho, você devia estar em casa descansando Raquel, por favor não se incomode, eu me viro, afinal não estou bêbada.
Na verdade, não estava tão embriagada, creio que me sentia muito mais paralisada pelas circunstâncias das novas descobertas, que invadiram minha mente naquela noite cheia de emoções. Tudo estava acontecendo sem aviso prévio.
Ela falou da cozinha.
- Por favor Olivia isso não é nenhum trabalho e estou gostando de cuidar de você. - Fiquei em silêncio quando ouvi a última frase.
Deitei no sofá e a Vivi veio ficar ao meu lado. Logo adormeci sem nem me dar conta. De repente tive a sensação de alguém se aproximando de mim, mas não sabia se era sonho ou realidade, senti uns lábios macios me beijando de leve, e aquilo era real ou eu estava sonhando? Senti que era uma garota, pelos cabelos longos que caíram no meu rosto. O beijo era hipnotizante e eletrizante, fiquei paralisada, mas retribuí, senti aqueles lábios cada vez mais intensos e ouvi uma voz que disse:
- Olivia você é fascinante! Linda! Não consigo parar de pensar em você! - A única coisa que tinha certeza naquele momento, era que se fosse um sonho, não queria acordar, que não acabasse aquele beijo. Nunca tinha sentido algo assim, diferente de tudo que já tinha vivido. O beijo era quente, delicioso, não era agressivo, pelo contrário, delicado e intenso ao mesmo tempo. Senti as mãos me tocando de leve, abrindo minha blusa e queria mesmo que essas mãos me libertassem das roupas, estava sentindo um calor anormal. Depois começou a explorar meu corpo com delicadeza, comecei a sentir calor se espalhar em todo o meu corpo, era tesão, uma onda sexual, uma química com aquela pessoa que estava ali, e era uma mulher! Ela deitou sobre mim, me acariciando com carinho. Palavras eram ditas, mas eu não conseguia ouvir nada, sabia que ela falava meu nome.
- Olivia, Olivia... - lembro que beijei o pescoço dela, o perfume da pele aumentou mais o desejo de não parar, de me entregar completamente. A sensação era de entrega, corpo, alma, tudo ali pertencendo a ela naquele momento sublime.
Logo eu estava nua, completamente nua, e ela deitou também nua sobre mim, pernas entre as minhas, senti aquela maciez, que pele gostosa de sentir, pela primeira vez eu me dei conta que sentir a pele na pele é a sensação mais deliciosa que existe entre duas pessoas. Como se tivesse descobrindo isso agora. Nossas pernas se sentiam, se conheciam uma roçando na outra, as coxas, a barriga, os seios, tudo conectando num encaixe simplesmente perfeito! Senti o sex* dela no meu, ela apertou com mais força até que eu gritei de prazer. Estava quente, excitante, aquela umidade do tesão se misturando, eu, ela, nós...
Que sensação louca, um desejo intenso! Aquilo tudo era real? Sentia uma confusão na minha mente, sem saber se sonhava ou realmente acontecia. As mãos dela desciam pelas minhas pernas e coxas, onde me tocou de uma forma tão gostosa que acho que delirei do orgasmo que senti e comecei a falar para não parar, queria mais e mais. Ela aprofundou o toque me enlouquecendo de prazer. Talvez o álcool estivesse fazendo esse efeito, não sei. Mas a sensação é de um prazer completo e arrebatador!
Ora, eu que sempre fui quieta no sex*, mas ali eu queria participar, e não conseguia ficar em silêncio, tudo era forte, me excitava de uma maneira única. Troquei de posição e toquei nela, senti os seios na minha boca, são macios e quentes, senti que ela ficou muito excitada porque imediatamente eles ficaram duros. Ela usou as unhas nas minhas costas descontroladamente à medida que eu beijava e ch*pava os seios dela. A nossa conexão estava em grau máximo. Como isso é possível? Não nos conhecemos, ou melhor éramos ainda desconhecidas e isso tudo explodindo entre nós. Se era mesmo um sonho, era com a Raquel que eu sonhava. Desci com minha boca na barriga, coxas e fui fazendo um caminho mais um pouco para baixo, quis senti o sabor dela também. Aquilo era tão novo, desconhecido, mas maravilhoso. Fiz a mesma coisa que ela tinha feito em mim, segui minha intuição, ela me deu o prazer mais incrível e marcante da minha vida até aqui. Eu quis dá o mesmo para ela, não sentia medo, apenas me deixei levar por ela, pelo instinto e correspondi em cada momento, cada carinho, cada caricia, cada palavra, cada toque.
Seria mesmo um sonho? Não tinha como saber naquele momento, apenas queria que não acabasse. Eu estava em um estado de torpor, uma nítida embriaguez não mais do álcool. Era de êxtase, de prazer intenso, como se tivesse esperando aquilo há muito tempo. Estava feliz.
CAPITULO 8
RAQUEL
Durante todo o percurso ao Restaurante, não me continha de felicidade, estava meio boba. Ela, a Olivia aceitou jantar comigo. Ok. Não era um jantar romântico, do jeito que eu sonhava há semanas, mas ela estaria comigo sozinha em um restaurante.
Aquilo era suficiente para me fazer a mulher mais feliz naquela noite. Tudo parecia conspirar para mim.
- Para Raquel! – Não começa o delírio. Falei sorrindo, enquanto ouvia minha música favorita no carro. Chegamos, e logo fizemos o pedido, algo simples para não demorar. As duas estavam morrendo de fome. Perguntei se podia pedir um vinho para acompanhar o prato afinal é uma massa italiana. Ela hesitou um pouco, mas concordou. E fiquei mais feliz ainda. A Olivia era reservada para aceitar as coisas já percebi, tenho que saber falar e não parecer muito ansiosa. Ela com aqueles olhos cor do mar, me deixava sem ação, essa era a verdade. Como pode ela não se dar conta do quanto é linda! Aliás, o conjunto todo era lindo! Ela nem percebia que chamava a atenção quando passava todos a olhavam, homens e mulheres. Gostava de usar roupas sociais, mas casual ao mesmo tempo. Não usava joias, apenas brincos e um cordão. Ah e a aliança. Ainda não sei nada da vida pessoal dela. Apenas as poucas informações que consegui tirar da Dona Laura.
Mesmo com um dia bem cansativo, ela continuava linda, com um frescor próprio dela. E os olhos! ah esses olhos!
Com o prato veio o vinho que eu escolhi, e ela gostou, conversamos a maior parte do tempo sobre projetos profissionais, carreira, negócios, mas ela não me deu muita abertura para perguntar sobre relacionamentos, percebi que era um tema difícil para ela. Preciso ter paciência.
Depois de muitas conversas e duas garrafas de vinho, a Olivia já não estava no seu estado normal. Fiquei surpresa com a tagarelice dela, sorria muito. E pediu para irmos embora. Pedi que deixasse o carro no estacionamento e que amanhã buscaríamos. Levei ela no meu para casa.
Chegamos e ela ainda estava zonza, sentou no sofá, aliás ela desabou. Achei melhor então fazer um café e depois iria embora. Vendo-a daquele jeito era melhor dormir e descansar. Foi uma excelente noite, me senti muito feliz, e acho que ela relaxou também, creio que gostou, pelo menos conversou, me fez perguntas, parecia mesma interessada no assunto. Bom sinal, pensei.
Quando entrei na sala com a bandeja de café, não esperava ver aquela cena, uma das mais linda que já vi, Olivia estava adormecida, expressão suave, os lábios entreabertos, olhei não sei por quanto tempo aquela mulher que me fascinava tanto, me enchi de alegria só em pensar nela. Inteligente, um coração lindo, só em pensar no trabalho que ela desenvolve na ONG. Tudo que ela faz é lindo, a voz é calma, não se altera mesmo quando o assunto é espinhoso, percebi hoje na reunião. E ela estava ali deitada no sofá completamente indefesa, linda, serena... me aproximei devagar, o café já não seria necessário, não quis acorda-la. Olhei de perto aquele rosto me fascinava. Aproximei meus lábios dos dela devagar e morrendo de medo dela acordar de repente, confesso que senti muito medo, mas ao mesmo tempo foi irresistível, parecia um ímã, uma energia muito forte que me puxava para aquela boca.
Toquei bem de leve e senti a respiração quente vindo dela, inspirei tentando sentir a Olivia, tudo que vinha dela e tudo que vem dela é importante para mim. Senti aquela respiração suave, beijei de leve no início. Ela mexeu a boca, olhei pra ver se ela tinha acordado, mas continuava dormindo, então voltei a tocar meus lábios no dela. Ela continuava com os olhos fechados e quieta. Então, para minha surpresa, ela também correspondeu. Sim, ela me beijou de volta. Continuei com o beijo e ela não se afastou. Minha língua já buscava a língua dela. E então, não deu para ficar calada...falei o quanto a desejava.... Palavras entrecortadas com beijos, caricias no rosto dela, pescoço.
O corpo da Olivia estremeceu de prazer, ela abriu os olhos e me olhou e parecia que estava assustada, mas não era exatamente um medo, não falou nada, mas aqueles olhos lindos me davam permissão para continuar. Abri a blusa dela e comecei a beijar seus seios, no pescoço. Minhas mãos assumiram o controle total do corpo da Olivia. Desci devagar com medo, apenas sentindo a pele, e como se ela estivesse acordando de um sonho e me repelisse, então me contive ao máximo. Tudo muito devagar e sem movimentos bruscos. A excitação e o medo dela me rejeitar continuava. Era duas sensações fortes e que me acelerou o coração nunca jamais tinha sentido isso ou vivido uma experiência assim. Todas as outras mulheres se entregavam com paixão, tesão, mas Olivia era diferente.
Percebi que ela estava assustada, mas não me rejeitou, pelo menos até agora. Não sei se ela tem consciência do que está acontecendo ou se continuava pelo efeito do álcool. Ela estava quieta, expressão doce e se entregava sem resistência. Mas então, porque sinto esse medo? Porque estou com essa ansiedade dentro de mim? Não consigo parar de sentir uma inquietação....
Tirei lentamente a blusa e a calça dela, ao mesmo tempo que me despi também. Estava num clima tão incrível entre nós, e saber que aquilo era aguardado por tanto tempo por mim e que mesmo sem nos conhecermos muito, havia sim uma química crescente entre nós. Amei a Olivia como nunca antes tinha amado uma mulher. Tudo nela é especial, uma mulher tímida, inteligente, valente mesmo. Essa energia que sentia vindo dela era fora do comum. A fidelidade dela ao amor que perdeu também era fascinante. Isso significava que ela se entregava completamente ao amor.
Mas, agora o que mais desejo é libertá-la desse luto, dessa tristeza que as vezes acompanhava o olhar dela. O meu amor ainda não era revelado, não sei como ela vai reagir depois, mas eu preciso falar com ela sobre isso, corro riscos eu sei. Mas não consigo guardar esse sentimento, essa admiração, essa explosão dentro de mim. Agora sei que amo a Olivia, mas viver uma noite de amor, não é a mesma coisa que falar sobre o amor, declarar para a Olivia, viver esse amor no dia a dia era completamente diferente. Eu preferiria que ela ficasse sabendo antes desse meu sentimento, mas as coisas estão acontecendo assim, era uma explosão do meu sentimento por ela que se traduz aqui e agora.
Beijo os lábios da Olivia, e parece que nos tornamos uma só pessoa, o corpo lindo dela no meu, meu corpo sobre o dela, então de repente ela estava por cima de mim, e queria me amar da mesma forma que eu a amei há poucos minutos, eu permito, deixo, me entrego. Ela me beija, desce beijando minha barriga, coxas e me toca devagar com delicadeza, e eu desejando que ela me tome completamente, me possua com intensidade, mas não conduzo, deixo que ela sinta meu tesão, minha excitação crescendo. Porque meu corpo está tremulo, e ela sabe disse, ela sente minhas pernas entre as coxas dela, me encaixo, e me deixo totalmente disponível para ela. Cada beijo parecia ser o primeiro, não canso dela e ela não cansa de mim, pelo menos sinto assim, será o nosso começo? A nossa nova vida? A nossa história? Ah Olivia, você é mesmo meu mistério mais doce e profundo, me hipnotiza sem nenhuma intenção, isso me deixa surpresa porque ela não tem a menor noção do quanto tem poder sobre mim, ela não se dá conta que me domina inteiramente.
Mesmo sem saber ela me tem, era minha dona. Agora sou eu que me assusto em perceber isso. Alguém que te domina dessa forma, mas Olivia parecia não perceber o quanto me tem, o quanto ela tem poder sobre mim, isso me dá um certo alivio, mas não me tira inteiramente o medo, sim tenho medo, mas não dela me possuir dessa forma, mas dela não querer assumir essa posição, de não querer está ao meu lado como tanto desejo e preciso.
Essa possibilidade me encheu de calafrios. Uma noite de amor pode não significar nada, especialmente para alguém embriagada.
Nos amamos intensamente. Depois ela se acalmou em meus braços, me olhou com aqueles olhos cor do mar, havia brilho e vida neles como nunca antes tinha visto antes, desde que a conheci.
Queria que ela falasse, mas ao mesmo tempo o silêncio foi melhor, ela poderia se arrepender, ou sair correndo, me expulsar. Qualquer coisa assim, afinal fui eu que a beijei, eu que comecei, mas ela nada disse, dormiu em meus braços naquele sofá apertado.
Antes que o dia amanhecesse eu sai devagar e a cobri com uma manta. Deixei a mulher da minha vida ali deitada, dormindo serenamente, não conseguiria encarar ela, não agora. Queria guardar essa noite dentro de mim, como se ela tivesse me amado da mesma forma que eu a amei, com todo meu coração, mas sabia que a carência, o álcool eram as principais razões que a fizeram se entregar a mim. Não posso criar ilusões, encher meu coração de fantasias, preciso sair dali agora. Deixei a Vivi cuidando dela e fui embora.
CAPITULO 9
OLIVIA
Acordei no sofá com a Vivi me olhando, olhei para o celular precisava saber as horas e me assustei eram quase 11:00hs da manhã. O que foi que eu bebi? Que porre foi esse? Lembrava da reunião, do restaurante com a Raquel. Depois viemos para cá e que sensação era essa que estou sentindo. Não lembrava que horas a Raquel foi embora.
Mas tenho algumas lembranças que insistiam em povoar minha mente. O que foi mesmo que aconteceu meu Deus? Prometo nunca mais beber tanto assim, sempre fui fraca para álcool, definitivamente álcool não combinava com Olivia, pensei.
- Ai, que dor de cabeça chata, preciso tomar um banho. – Fui me arrastando para o banheiro, a cabeça estava a mil por hora, lembrava de uma noite única, intensa, de muito sex*.... Espere aí fiz sex* e com uma mulher? Nunca fiz isso antes? Será que foi um sonho, ou aconteceu mesmo? Que loucura foi essa? As imagens estavam tão nítidas que tive a certeza que não foi um sonho, aquilo foi mesmo real. Saí do banho, vesti um roupão e liguei para a Adriana, falei que não ia para a loja hoje. Precisava resolver umas coisas, ela não desconfiou de nada, digo isso porque a minha fala estava rouca, efeitos da ressaca.
precisava mesmo era voltar as minhas atividades esportivas, sempre gostei de praticar esportes, atividades físicas, mas tinha parado porque fiquei sem ânimo nos últimos tempos. - Com certeza vai me dá uma energia nova, me ajuda a pensar. - Disse para mim mesma e tomei a decisão de sair para correr um pouco, devagar, voltando às atividades.
Comi uma fruta, bebi um café para despertar de vez e fui correr um pouco no parque. Aquilo tudo que via na minha mente me perturbou muito. Que sensação forte é essa que estava sentindo, mas era uma sensação boa, calma, gostosa e desconhecida para mim. Isso sim me incomodou, o desconhecido. Não sabia lidar com aqueles novos sentimentos, não sabia o que dizer a respeito e nem porque aconteceu.
- Porque me entreguei daquela forma? – Essa pergunta ainda pairava na minha cabeça o que parecia um sonho, na verdade foi muito real por sinal. - Preciso correr, era quando tenho boas ideias, relaxo. – Ficava falando para mim mesma. A endorfina me acalmava. Passei umas duas horas no parque, almocei em um local que costumava ir com o Antônio, mas foi estranho aquela sensação de passado distante me acompanhou. Tinha voltado poucas vezes ali depois da morte dele, e sempre saía arrasada, lembrava de tudo, da comida, das risadas, da bebida e das piadas sem graça dele, mas hoje não foi assim. Praticamente não lembrei do meu marido, a minha mente estava cheia de outras lembranças. lembranças bem frescas de uma noite intensa, forte, e muito prazerosa.
- Insano tudo isso! – Pensei alto!
Voltei mais revigorada, mas não tão calma, estava inquieta, fui direto para a banheira, precisava pensar sobre o que fazer, isso estava me tirando a paz. Decidi ficar pelo menos uma meia hora relaxando precisava saber mais sobre ontem e a única pessoa que pode me falar é a Raquel, mas tinha certeza que não ia conseguir falar com ela naquela hora, nem sabia o que falar e nem como dizer tudo que estava sentindo.
- E se tiver sido aqueles sonhos bem reais que as vezes a gente tem? O que ela pensaria de mim? Não, não posso me arriscar. – Falava comigo mais uma vez, nossa estava até falando sozinha.
Depois do banho as lembranças continuaram a me perseguir, e a cada momento surge uma nova, aqueles beijos, toques, que sensação diferente. Eram coisas que nunca pensei sentir, pelo menos não com uma mulher. De repente o som do telefone me acorda dessas lembranças. Vejo que a Adriana já está no desespero.
- Oi Adriana, como andam as coisas por aí? – Falei tentando me manter calma!
- Olivia, preciso de você aqui, não dá para decidir sozinha sobre as novas compras, por onde você anda, o que aconteceu, você está bem??? - Ela era assim, quando as perguntas vinham tudo de uma vez e nem esperava que a primeira fosse respondida.
Dei um sorriso e respondi:
- Espera, acalma, respira, estou indo!
Depois de resolvermos as questões da loja, Adriana me convidou para almoçarmos, e foi logo dizendo que eu estava muito diferente, me olhava como quem soubesse de algo, isso me apavorou. Será que eu estava tão mudada assim? Claro que eu me sentia diferente, mas será que estava marcado no meu rosto? Estava tão visível?
Fomos para o mesmo restaurante de sempre no Shopping, e eu estava mais quieta, reflexiva como ela disse. Tinha receios de me entregar mais ainda, mas ao mesmo tempo estava explodindo, precisava falar com alguém sobre isso. Olhei para ela disse:
- Adriana, preciso falar contigo. - Fiquei com a expressão séria.
Ela percebeu que era algo grave que estava acontecendo. Pegou nas minhas mãos e me olhou como sempre fazia quando queria me acalmar, e disse:
- Olivia, você sabe que sou sua irmã, e melhor amiga. Estou aqui para o que você precisar. Realmente, era como me sentia com ela, uma irmã que eu nunca tive e minha melhor amiga, além de cunhada.
Fizemos o pedido, até pensei em pedir uma bebida mais forte, mas lembrei do vexame da noite anterior, aliás se não tivesse bebido com certeza nada daquilo teria acontecido, sorri pensando. Será? Mas ainda preciso ter cem por cento de certeza que não foi mesmo um sonho. As lembranças pareciam confusas, mas ao mesmo tempo pareciam reais, como num sonho real, se é que existia algo assim. Então encarei apenas a água tônica.
Respirei profundamente e joguei tudo em cima da minha amiga, desde a reunião, o jantar, a conversa, o vinho e finalmente, quando chegamos em casa. Não escondi nada. Afinal, eu nunca tive segredos para Adriana. Claro que isso era bem diferente, mas não podia ser de outro jeito. Corri o risco.
Adriana não me interrompeu nenhuma vez, isso foi um alivio porque se ela tivesse feito ou dito algo, não teria continuado, foi importante ela ter apenas me ouvido e mais, ela não me julgou, pelo menos ainda não. Ela sempre foi comedida, engraçada, inteligente e uma mente aberta sobre os mais variados assuntos, mas mesmo assim tive muito medo de perde-la. Ela era minha única família, ela e seus filhos.
Desde o início nos demos bem, me recebeu com muito amor na família dela. E quantas vezes ficava do meu lado e contra o próprio irmão, ele morria de ciúmes e dizia que melhor advogada eu não teria. Ela me olhou, e eu não consegui decifrar o que viria depois que terminei meu curioso relato.
Então, ela falou finalmente:
- Olivia, desde que meu irmão morreu que você também estava meio morta e sempre me preocupei sobre isso, você estava sozinha, sem ninguém. E sabe que sempre te incentivei para que conhecesse outro homem, e recomeçasse sua vida. – Fez uma pausa. - Você é linda, jovem, e qualquer um ou “uma” pode se interessar de imediato por você, mas você se trancou nesse luto, se confinou na sua casa e no trabalho e não via mais ninguém. Eu não posso de repente agora dizer que isso é errado. Se isso que você me contou foi nessa intensidade, eu vejo nos seus olhos que realmente foi uma experiência forte e única. Os seus olhos estão brilhando como nunca vi antes. – Outra pausa, tomou um gole do seu vinho e continuou. - Se essa garota conseguiu tirar você desse local fechado, dessa escuridão, então ela deve ser muito especial. Isso é realmente algo que não pode ser ignorado. – Sentenciou finalmente. Eu apenas ouvia calada. Precisava saber mais o que ela achava de tudo.
E ela continuou:
- Olivia você sabe que sempre condenei pessoas que julgam os outros, que são preconceituosas, estou com você para o que você precisar. Creio que agora o mais importante é você ter certeza se foi assim mesmo que aconteceu, ou se você apenas sonhou, fantasiou, sabe aqueles sonhos eróticos que a gente tem de vez em quando? - Deu gargalhada divertida e não me contive e sorri também.
Quanto alivio senti, uma parte de mim estava muito feliz e calma, a outra parte estava mergulhada em incertezas e medo de ir atrás da verdade. Sabe quando você precisa tomar uma decisão séria, mas não tem a menor ideia por onde começar? Ter o apoio da Adriana sempre me fez bem, ela é muito importante na minha vida, era a pessoa mais incrível que conhecia, sempre me falava as coisas com equilíbrio, nunca me senti desconfortável com ela. Para começo, ocorreu tudo bem.
Cheguei em casa por volta das 19:00 horas, cansada, mas feliz, em parte. Mas a felicidade são partes mesmo da vida. Sempre acreditei que fosse assim. Não existe felicidade vinte e quatro horas, mas existe momentos felizes e outros que administramos para estar bem. Fui deitar mais cedo, não consegui descobrir o que fazer. Mas conversar com a Adriana foi muito bom, ela como sempre foi equilibrada e me fez pensar sobre ter certeza sobre o que aconteceu. Amanhã é um novo dia, pensei.
CAPITULO 10
RAQUEL
Cheguei em casa o dia já tinha amanhecido, o meu sorriso estava congelado no meu rosto. Era só o que sabia fazer. Não consegui pensar em mais nada. A noite mais linda da minha vida tinha acabado de acontecer. E eu estava completamente feliz.
Quando entrei em casa, Carol estava na cozinha e preocupada veio logo até mim e disse:
- Poxa, Raquel por onde você estava? Sempre me avisa se vem dormir em casa, fiquei muito preocupada. Mas, acho que minha preocupação foi em vão pela sua cara de boba.
Sentei com calma, tomei um café, e só depois contei a noite que passei com a Olivia. Ela soltou uns gritinhos e falou:
-Você conseguiu sua caçadora! – Dei uma risada divertida com as loucuras dela.
- Carol, a noite foi perfeita, mas eu não consegui nada, a Olivia estava bêbada e acredito que nem vai lembrar de nada, e é melhor assim! - Fui para o meu quarto, me despi e fui tomar um banho frio, sim frio, precisava acordar daquele sonho lindo. Mas o que consegui foi deixar a memória mais alerta, mais viva do que nunca. Lembrar daqueles lábios, o cheiro dela estava em mim mim, aquele sabor da Olivia era único, como ela. Estou aquecida por um sentimento tão bom, a sensação era de conforto, calma, paz.
- Ninguém me tira isso! - Pensei em voz alta. - Ainda que nunca mais volte a acontecer, eu tive a Olivia em meus braços, e ela me amou também, mesmo sem ter consciência nenhuma.
Depois do banho, fui para o trabalho pensando e sonhando. Não teria que ir na ONG nesse dia. Mas só pensava em ver a Olivia. Como será que ela estava? Será que devo ligar e perguntar se está tudo bem? Não, Raquel para, deixa ela em paz.
Mas a melhor surpresa estava para acontecer.
Recebi uma mensagem da Olivia no meu telefone. Ela dizia:
- Olá Raquel, podemos conversar? Caso você esteja livre no final do expediente, poderia vir aqui em casa?
Eu só pensei, para você estou sempre livre. Mas me bateu um medo como nunca antes na minha vida. Não sei o que fazer, ou o que dizer se ela me perguntar sobre ontem?
Por volta das 18:00horas cheguei no apartamento da Olivia. Confesso que estava com um nervosismo e uma ansiedade louca. Toquei a campainha, ela abriu a porta, me cumprimentou.
- Olá, tudo bem! - Não sorria e parecia tensa. Mal sinal, pensei. Entrei, ela perguntou se eu queria beber algo, achei melhor não, queria logo era saber o que ela me diria, ou perguntaria.
Olivia estava de pé na sala e me olhava intensamente, mas logo depois baixou os olhos, sem falar nada. Também me mantive calada apenas acompanhava os movimentos dela na sala. Então ela disse:
- Raquel, eu não sei por onde começar, mas preciso saber o que aconteceu exatamente ontem aqui nessa sala.
E me olhou com aqueles olhos lindos e então baixei os meus sem saber por onde começar. Gaguejei. Fiquei igual a uma criança que é pega fazendo algo errado. Estava completamente perdida nesse momento, não encontrava palavras que encaixassem ali. Queria fugir em desespero, depois de um tempo eu disse:
- Olivia, trouxe você para casa porque estava zonza depois do vinho, e fiz um café. - Parei e olhei para ela. - Quando trouxe o café você estava dormindo no sofá.
Ela me perguntou:
- Só isso?
E então eu pensei: Ela deve se lembrar de alguma coisa, e quer que eu confirme, só pode ser isso, me senti “meio” feliz, animada, aquilo pode ser um bom sinal, afinal de contas.
Foi a minha vez de perguntar:
- Você acha que aconteceu alguma coisa a mais? - Olhei para ela.
Ela corajosamente falou:
- Sim, lembrei de umas coisas, mas quero que você me ajude a lembrar mais. - Ela disse. Morri por dentro.
Eu precisava tomar uma decisão rápida, falar tudo, contar o que fiz, o que ela fez.
Então respondi:
- Olivia, por favor senta aqui. - Mostrei o sofá onde eu estava. Preciso dizer que meu coração disparou? Estava totalmente em um terreno inseguro, sem saber a reação dela, porque eu decidi ser honesta, não esconder ou enfeitar a verdade, ainda que ela me expulsasse de lá. Ela veio e sentou ao meu lado.
Comecei a falar pausadamente, pensando nas palavras, porque cada palavra mal conduzida poderia ser pior, e eu ainda tinha uma pequena esperança, bem pequena, que ela compreendesse o que aconteceu. A situação precisava ser muito bem dirigida porque provavelmente eu não teria como consertar o estrago depois de feito.
- Quando eu te trouxe para casa, fiz um café, mas vi que você tinha adormecido no sofá. - Parei e olhei para ela que me olhava atentamente. - Então.... Desculpe Olivia, me perdoe não consigo...- Coloquei minha cabeça entre as mãos, me senti envergonhada, tímida, sem ação. Senti a mão dela na minha cabeça, e depois ela disse:
- Raquel olha para mim. - Ergui a cabeça e olhei direto nos olhos dela. Então ela se aproximou mais de mim e falou. - Raquel só preciso ter certeza de uma coisa, isso tudo que eu lembrei foi real ou um sonho? Por favor, me diga, sei lá... minhas lembranças parecem um sonho, mas sinto que foi real, então quero que você me confirme, por favor!
Aproximei mais um pouco dela, aliás dos lábios dela e a beijei, a princípio ela se assustou, mas não recuou, então continuei beijando, sentindo aquela mesma sensação deliciosa, senti aquele mesmo calor pelo meu corpo, uma eletricidade que me mostrava o quanto aquela mulher me tornava viva, real.
Olivia me abraçou forte e me beijou de volta, sentiu minha boca, sentiu minha língua, tocou no meu rosto com carinho, me olhava como quem não acreditava, mas desejava muito viver tudo de novo. De repente ela parou e disse:
- Não, não foi um sonho. Eu precisava saber, não conseguia distinguir sonho da realidade, agora eu sei, foi tudo real, tudo mágico. - Ela sorria igual uma criança, estava feliz. E aquele sorriso me desarmou completamente do medo, dos receios.
- Sim, foi tudo real, único, maravilhoso, tudo que você lembrou foi da noite mais incrível da minha vida Olivia. – Falei emocionada com a enxurrada de sensações que percorreram meu corpo.
Contei como me sentia e desde a primeira vez que a vi na vitrine e da última vez que ela estava chorando. Então falamos daquele dia. Foi apropriado falar, momento certo. Ela me olhava assustada, descobrindo a verdadeira Raquel, me fez várias perguntas sobre a minha vida, sobre meus relacionamentos com outras mulheres. Ela estava curiosa sobre esse mundo. Depois me disse que nunca tinha estado com mulher antes, e que nem se quer pensava nisso, mas desde a noite anterior sabia que algo tinha se rompido, mudado na vida dela, e que precisava mudar algumas coisas ou se adaptar. Mas que a sensação de calma, e conforto foi o que mais ela gostou, além do “tesão e dos orgasmos” disse sorrindo timidamente.
Conversamos sobre minha vida, falei sobre meus projetos, e ela falou sobre o marido Antônio, e como foram felizes, mas que agora precisava seguir em frente.
- Raquel parece que já nos conhecemos a tanto tempo. - Olivia falou me olhando com aqueles olhos cor do mar. Naquele momento me senti a mulher mais sortuda do mundo, Olivia era linda dentro e fora, sensível, terna, carinhosa, parece que tudo nela era no meu tamanho, pensei sorrindo. Onde ela estava que não tinha encontrado antes? Mas tudo acontece no tempo certo, pensei.
Havia acontecido um encontro de almas, e isso é muito raro.
Olivia me pegou pela mão e me levou para conhecer o apartamento dela, havia plantas e a Vivi sempre nos acompanhando, ela adorava plantas, eu também, mas disse que não gosta de cozinhar nada e que sempre comia comida congelada. Adora esporte e gosta de atividades ao ar livre, cada detalhe sobre ela, eu simplesmente gravava na memória, era um momento tão particular, tão nosso. Eu só pensava em não estragar, porque minha vontade era tomar a Olivia nos braços e amá-la o resto da noite, sem medo e sem pressa. Mas me contive. Não fiz nada mais invasivo. O cabelo dela tem a cor do mel, são claros, com ondas, ela gosta de fazer trança, e hoje estavam soltos, são lindos. Tudo nela é lindo, sim toda pessoa apaixonada é mesmo boba.
Ela ainda não tinha falado nada sobre os sentimentos dela, então deixei como estava, essa iniciativa precisava ser dela, mas a espera estava sendo uma tortura. Depois fomos para a cozinha, ela pegou dois pratos de comida congeladas e colocou no micro-ondas, perguntou o que eu queria beber. Pensei, dessa vez não quero nada com álcool, afinal quero tudo real, sem efeitos externos, quero a Olivia sóbria, para ela saber o que sente sobre mim, sobre nós. Conversamos enquanto jantamos, sorrimos, ela sorriu muito das minhas aventuras, ou desventuras. Sei lá...
Tudo perfeito, mas a proximidade dela me dava arrepios, me causava um efeito muito forte, na verdade me sentia fraca demais e forte ao mesmo tempo, ela tem um poder sobre mim, e nem se dá conta. Ela não enxergava o quanto estou morrendo aqui, me contendo no limite das forças.
Aceitei um cappuccino bem forte. Precisava de cafeína na veia, no corpo. Chegou o momento de ir embora, levantei, olhei para ela e falei:
- Bem, está tarde. - Novamente o tempo ao lado dela era acelerado demais, não vimos que já era quase 22:00 horas da noite. Ela olhou o relógio e sorriu espantada.
Fui na direção da porta, mas o coração gritava para ficar, uma voz gritava, não vai, fica, beija ela, abraça.
Quando ela abriu a porta, estava na posição segurando a porta, me olhou e disse:
- Boa Noite Raquel! Gostei muito do nosso tempo, da nossa conversa. – Sorriu e todo o seu corpo parecia acompanhar esse sorriso. Não conseguia sair, abracei com a intenção de beijar o rosto e despedir, mas a nossa boca se encontrou com desespero, com força, com amor e os lábios pareciam ter uma atração sem fim. Nada ali era mais sonho, tudo se tornou real, melhor, e mais revelador. Olhei para ela. Olivia disse:
- Pensei que você não ia me beijar mais, mas aguardei até o último minuto, mas já estava ficando impaciente. - Sorrindo confessou que estava desejando isso o tempo todo, mas queria que eu tomasse a atitude primeiro e parecia que eu não faria nada. Ela fechou a porta, me pegou pela mão e fomos para seu quarto.
Olivia me empurrou de leve na cama e me olhou com tanto carinho, havia amor naqueles olhos, mas ela ainda não tinha dito nada, aquilo podia ser só tesão, uma química forte entre nós, mas ela me beijou e disse:
- Raquel, você me apresentou uma nova vida, e amo você por isso!
A resposta aos meus pensamentos viera tão rápidas. Ela me ama! A noite foi sublime, perfeita, gostosa, orgasmos com a Olivia era algo fora do comum, só em me tocar ela consegue eletrizar todo meu corpo. Os beijos são quentes, e se fosse apenas os beijos dela, já seria feliz. Mas existe aquele corpo lindo que me faz queimar de tesão, desejos intensos.
Olivia me falou:
- Raquel nunca tinha sentido tanta química assim, nada parece com as emoções que sentia antes de você, tudo isso é novo e estou meio surpresa com tudo, mas quero que você saiba o quanto eu te quero na minha vida, apenas tenha um pouco de paciência com a minha adaptação. Isso tudo ainda me assusta. - Olhou nos meus olhos sorrindo sempre.
Nos abraçamos, na verdade nos encaixamos porque o nosso corpo se tornou um só. Havia tanta coisa nova para ela, mas também, somente agora conheci o verdadeiro amor. E ele era Olivia!
FIM.
By L.O.M.
Fim do capítulo
Olá meninas, saudades de vocês!!!
Estou aqui de volta com um romance levinho e cheio de amor para dar, lembrando também que não foi escrito por mim, minha amiga o escreveu a uns dois anos e me pediu que postasse, aliás, fiz uma suave pressão para que ela postasse, portanto galera vamos apreciar esse momento de amor e paz!!!
Beijos de Luz e boa leitura
Comentar este capítulo:
luaone
Em: 22/10/2018
Lindo e fofinho!!!
Quem dera acontecesse assim de forma tão simples e aceitação tão fácil... mas amei o texto e a leitura.
L.O.M aventure-se... tens alma de escritora!!! Parabéns!!!
Resposta do autor:
Oi Luaone!
Muito gostoso de ler né? Realmente seria bem melhor se a aceitação fosse assim!
Agradeço suas palavras gentis (L.O.M) são palavras dela. Aguarde que tem novidades por aí...
Beijos de Luz e um grande abraço de nós duas!
[Faça o login para poder comentar]
ik felix
Em: 20/10/2018
Nossa AMEI a história e gostaria que vc Sonhadora transmitisse os meus sinceros parabéns a autora. Abraço.
IK
Resposta do autor:
Boa noite Ik.
Puxa obrigada mesmo. Minha amiga está dizendo que está muito feliz
Com suas palavras e te manda um abraço sincero de agradecimento!
Pessoalmente agradeço por ter lido, realmente é uma história envolvente
e cheia de sentimentos!
Um grande abraço de nós duas e beijos de luz!
[Faça o login para poder comentar]
MellMaia
Em: 19/10/2018
Olá linda sonhadora . Gostaria de lhe agradecer por você ter incentivado sua amiga a postar essa história maravilhosa no site. Eu adorei a sinopse , o enredo , a escrita , tudo foi perfeito ela está de parabéns. Eu fiquei tão presa a história que não parei até ler o final que foi surpreendente. Olivia merecia recomeçar a viver e Raquel era a pessoa perfeita para mostrar a ela que ela ainda tinha muito amor para dar e receber e é que poderia ser ainda mais feliz se se permitir . Fico feliz que ela se permitiu ser feliz e mais feliz ainda por ter tido a honra de ler essa história linda e cativante .
Peço em meu nome mas tambem em nome de todas que leram e que ainda irão ler este maravilhoso conto . Que sua amiga que agora virou uma de minhas autoras favoritas , já até favoritei a história aqui. Diga a ela que continue escrevendo e que apareça com mais e mais histórias porque ela tem muito talento e adoraria ver mais histórias dela aqui no site .
Obrigada a à você sonhadora por publicar a história por ela , e principalmente obrigada a ela por deixar publicar mas aguardo pra saber quem é ela muito em breve e é que ela saiba que ela ganhou uma leitora assídua a partir de hoje. Parabéns desejo a você lalu ea sua amiga, desejo muito sucesso e inspirações pois são suas histórias que nos fazem sentir teletransportadas para um novo mundo. Amei conhecer olivia e Raquel e espero conhecer muito mais de hoje em diante . Parabéns e muito obrigada.
Bjs de Mell no coração de vocês.
Até breve lalu e autora desconhecida e maravilhosa.
Resposta do autor:
Oi minha doce amiga Mel!
Que palavras maravilhosas! Muito obrigada mesmo pelos elogios e por prestigiar mais uma moça que nos mostra através de suas histórias um mundo cheio de amor e chances de sermos felizes. Você sempre me toca com seus comentários, fico tão feliz quando vejo um comentário seu!!!! Minha amiga ficou emocionada com suas palavras e manda um abraço cheio de paz e gratidão!!!
Um dia convenço ela de mostrar mais do seu trabalho e com seu prórpio nome escrito lá!!!!
Beijos de Luz.
P.S. Beijos da minha amiga!!!
Ah, estou esperando mais uma história sua, vamos ousar!!!!
[Faça o login para poder comentar]
Laris
Em: 18/10/2018
É realmente uma história muito massa :) tocante e de uma profundidade única! Parabéns!!!
Resposta do autor:
Oi Laris obrigada pelo comentário.
Pois é, Olívia vivia no mundinho dela trancada e de repente aparece a Raquel e sacode suas estruturas. Um romance delicado e cheio de sentimentos!!!
Um grande abraço e fica com Deus!!!
Beijos!!
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]