Aposta por Shewantsdinah
Olá. Estou de volta!
Espero que gostem!
Capítulo 4
Malu
Ver Emma dormindo em meus braços, foi a melhor sensação que senti nos últimos tempos. Sua respiração tranquila em meu pescoço, sua expressão serena, e a forma como seu corpo se entrelaçou ao meu colo, faziam meu coração ficar disparado como nunca.
Com bastante cuidado a coloquei deitada em meu sofá, para que ela pudesse descansar, enquanto terminava de arrumar a bagunça de minha sala e adiantar todo meu trabalho, já que não teria uma secretária pelos próximos dias.
Depois de tudo organizado em seu devido lugar, comecei a trabalhar em nossa nova campanha em junção a uma importante multinacional recém chegada à cidade.
Emma ainda dormia tranquilamente, e eu me pegava pensando na reação que ela poderia ter ao acordar.
Infelizmente eu tento sempre protegê-la de todo mal, mas sei que isso é impossível. A cada dia que se passa, ela se torna minha maior fraqueza. Minha mãe sempre me disse que o amor era uma fraqueza, e que eu jamais poderia me deixar ser levada por ele.
Eu nunca quis acreditar na percepção dela, mas não havia maneira de tirar sua razão nesse momento. Desde que conheci Emma, ela se tornou minha maior fraqueza, além de ser meu maior tormento.
Uma movimentação no sofá tira o foco dos meus pensamentos, e vejo que ela já está despertando. Emma parece um pouco perdida num primeiro momento, mas ao olhar ao redor percebe que esta em minha sala. Ela praticamente salta do meu sofá, e acaba se desequilibrando indo de cara ao tapete. Seguro o riso, mas me preocupo ao vê-la com uma expressão de dor.
Me levanto indo em sua direção e atraio sua atenção totalmente para mim. Emma me olha espantada como se visse um fantasma.
Ajudo-a a sentar-se novamente no sofá, com a atenção dela totalmente voltada para mim. Normani me encara de maneira estranha, e a olho preocupada.
- Está tudo bem Emma? - ela ainda me observa sem esboçar reação nenhuma, e eu começo a me preocupar de verdade. - Ems fale comigo, você está bem? Se machucou? O que sente?
Vejo os olhos dela marejando e lágrimas escorrem lentamente por sua face. Emma se encolhe no sofá chorando baixinho, e o meu coração se aperta ao vê-la assim. Tento tocá-la mas ela se afasta, e eu decido respeitar seu espaço me mantendo apenas ao seu lado.
Aos poucos a vejo se aclamar, limpando as lágrimas que ainda teimam em escorrer por sua face, se acalmando em definitivo. Ela me encara e suspira levemente.
- Me desculpe por isso senhora Bressani eu.. - Emma respira fundo tentando novamente controlar as lágrimas. - Droga, eu não consigo acreditar no quão burra eu fui. Foram tantos sinais sabe? E eu não me atentei a nenhum deles..
Me compadeço de seu sofrimento e seguro sua mão em sinal de apoio. Emma sorri levemente e seca suas últimas lágrimas em definitivo. Ela se levanta, e eu a acompanho me colocando de pé em sua frente, acabo me surpreendendo pelo abraço inesperado dela, e correspondo com a mesma intensidade.
Seu cheiro é inebriante, e a minha vontade é de permanecer assim para sempre. Mas infelizmente ela quebra o contato entre nossos corpos se afastando lentamente.
- Eu preciso ir pra casa. Não sei que horas são, mas preciso pensar e decidir o que fazer daqui pra frente. Obrigada por abrir meus olhos Malu, eu sinto muito por.. - ela rapidamente para de falar, como se tivesse se dado conta de que diria algo comprometedor. Automaticamente associo a maldita aposta, e resolvo questiona-la para saber se ela me diria a verdade.
- Sente pelo que Emma?
Ela se assusta e me encara com uma palidez aparente.
- Nada senhora Bressani. Eu preciso realmente ir. Obrigada por tudo..
Normani sai praticamente correndo da minha sala, e a acompanho com o olhar até que ela desaparece dentro do elevador.
[...]
Emma
Ao chegar em meu apartamento, o encontro vazio e sinto um grande alivio por isso. Não tenho cabeça para encarar o Thomas, e sei que se isso acontecesse, acabaria explodindo.
Não posso negar que meu coração ainda dói ao me lembrar das palavras de Malu, e saber que todos sabiam e não me disseram nada, torna tudo ainda mais dolorido para mim.
Decido ligar pra Cris e Taís por chamada de vídeo para saber se meus amigos sabiam de toda verdade, e não quiseram me dizer. O primeiro a atender é Cris com uma expressão sonolenta, e ao olhar o relógio na cabeceira da minha cama, percebo que já se passa da meia noite.
- Espero que seja muito importante o que você tem pra dizer Ems, para estar me ligando uma hora dessas.
- Tenho Cris. É mais do que importante..
Percebo meu amigo se ajeitando melhor na cama, e uma expressão preocupada toma conta de seu rosto. Ele me observa com minuciosidade, tentando descobrir do que se trata. O rosto de Taís aparece na tela, e ela também me fita preocupada.
- O que aconteceu para você ligar uma hora dessas Ems? Foi a conversa com Thomas? O que aconteceu?
Respiro fundo antes de prosseguir e tomo coragem para esclarecer todas minhas dúvidas.
- Eu estive com Malu basicamente por toda a tarde e..
- Não me diga que descobriu a sexualidade dela? - Cris me interrompe, e eu o encaro de maneira raivosa.
- Não Cris, não foi isso. Ela me fez revelações, e eu gostaria de ouvir de vocês se são verdadeiras ou não.
- O que foi que ela disse? - pergunta Taís preocupada.
Respiro fundo tentando conter as lágrimas que insistem em cair, e vejo a face preocupada dos meus amigos. Tomo coragem antes de prosseguir.
- Ela me disse que Thomas.. Ele.. - as palavras morrem no fundo da minha garganta, e lágrimas começam a embaçar ainda mais minha visão. Um soluço profundo surge, e sinto meu corpo tremer com os pequenos espasmos do meu choro. - Ela me disse que ele.. Ele me traiu com metade dos funcionários da empresa.. - Meus amigos nada dizem e apenas me observam com uma expressão de pena, o que me causa ainda mais dor e revolta já sabendo a reposta que está por vir. - Eu preciso saber.. Me digam se é mentira ou não..
- Infelizmente não é mentira Ems. Ele realmente te traí com funcionárias da empresa. - Taís diz e vejo Cris concordar com a cabeça levemente.
Uma dor ainda mais intensa rasga o meu peito fazendo com que meu choro saia mais alto, meus amigos também choram e eu desligo a ligação sem conseguir dizer mais nada. Meu telefone toca incessantemente, e eu decido desligá-lo ao menos por hora.
Choro por tudo o que passei nos últimos tempos, a forma como eu confiava em Thomas, o amor que sempre tive por ele, os planos para o futuro, o casamento que vinha planejando. Foi tudo uma mera ilusão.
Não consigo acreditar no quão tola eu fui em acreditar no idiota do Thomas e todas suas mentiras.
Minha cabeça dói, e lágrimas ainda escorrem incessantemente por meus olhos. A dor ainda toma conta de mim mas além disso a vergonha, a revolta e a indignação vem de brinde com ela.
O que eu fiz para merecer isso? Onde foi que eu errei? Sou tão horrível assim a ponto de merecer uma traição?
Minha mente é uma confusão só, e um turbilhão de sentimentos que se apossam de mim.
Não sei ao certo quanto tempo se passou, mas sou tirada dos meus devaneios pelo toque incessante da minha campainha. Deve ser algum vizinho ou o porteiro querendo alguma informação. Tento ignorar mas os toques são insistentes demais.
Ajeito rapidamente meu cabelo, secando as lágrimas que ainda escorriam por meu rosto, e vou até a porta decidida a despachar quem quer que seja.
Para minha surpresa, é Malu quem está a minha porta completamente diferente do que estou acostumada a vê-la.
Ela veste uma calça jeans com rasgos no joelho, uma camiseta preta de uma banda de rock qualquer, com uma
jaqueta de couro também preta por cima, além de botas de cano curto, e os cabelos presos em um coque frouxo. Fico paralisada diante da visão que tenho a minha frente, e saio do transe ao ouvir a risada de Malu.
Sinto que fui pega admirando sua aparência.
- Oi Emma. Posso entrar?
Dou passagem a ela, que passa por mim parando ao meu lado beijando minha bochecha de maneira demorada, logo depois se encaminhando para dentro do meu apartamento.
Tranco a porta e me viro em direção a ela. Malu me olha de maneira intensa e me sinto tímida diante do seu olhar.
- Sente-se Malu. - ela se senta ainda me olhando e eu me sento na mesinha a sua frente. - Em que posso te ajudar?
- Quero saber como você está.. A forma como você saiu da minha sala mais cedo, me deixou preocupada.
Respiro fundo tentando controlar as lágrimas novamente ao me lembrar da confirmação dos meus amigos, e desvio meu olhar do dela. Ela se aproxima e trás meu olhar para o seu novamente. Malu sorri de forma terna, fazendo um carinho lento com a ponta dos dedos na minha bochecha.
- Eu realmente não sei como me sinto. Eu.. Droga, eu me sinto tão idiota, tão humilhada, são tantos sentimentos ao mesmo tempo, que me deixam com uma sensação de vazio por dentro. Eu fui traída e nem ao menos sei por quem. E se for alguma amiga minha? Já pensou nisso? Como encarar a todos com essa vergonha sem fim..
- Não fique assim Ems. Você não deve se sentir assim, ele quem te traiu. Ele quem foi o errado. É tudo culpa dele. Você é incrível, maravilhosa, atenciosa, sensível, doce. Só um idiota pra trocar uma mulher como você, por um casinho qualquer. Ele não te merece anjo.
Malu me olha de maneira intensa e sua respiração se funde a minha de tão próximas que estamos, e sentir seu cheiro tão perto de mim, me deixa inebriada. As carícias dela se tornam ainda mais intensas. Uma de suas mãos vai parar em minha cintura, enquanto a outra continua em meu rosto.
Me sinto em paz sob seus toques, mas nosso momento é interrompido pelo barulho da maçaneta da minha porta. Nos levantamos assustadas, e Malu se coloca a minha frente de maneira protetiva. Me espanto ao ver Thomas entrando e sua expressão ao nos ver também é de susto, mas essa rapidamente se altera para uma de raiva, e ele cerra os punhos como uma forma de se controlar.
- O que essa mulherzinha faz em nossa casa Emma?
- Em primeiro lugar essa casa é minha, e segundo já disse para não se referir a nenhuma mulher dessa maneira.
Vejo Thomas dar um passo em nossa direção e Malu tenta me proteger ainda atrás de suas costas, mas resolvo intervir por medo do que possa acontecer em um possível confronto entre os dois.
Entro na frente de Malu, ficando entre ela e Thomas.
Ele ainda nos olha de maneira rancorosa, com os punhos cerrados e o maxilar apertado.
- Eu preciso falar com você Emma e quero essa.. mulher fora da nossa casa.
Malu tenta avançar um passo, mas eu a encaro de maneira terna, tentando acalmá-la e transmitindo em meu olhar que está tudo bem.
- Tudo bem Malu. Obrigada por ter vindo e se preocupado, mas eu preciso conversar com o Thomas.
Malu me olha buscando uma confirmação de que vou ficar bem, e eu concordo com a cabeça.
- Certo Ems. Se precisar de algo sabe que pode me ligar, que eu venho sem pensar duas vezes.
- Obrigada Malu.
Ela se aproxima ainda mais de mim e beija a face de maneira calma, acariciando meu pescoço.
Ela se vira indo em direção a saída, mas ainda travando uma batalha de olhares com Thomas, que a encara com certo nojo e raiva.
Assim que Malu cruza a porta, Thomas me encara com indignação. Resolvo ignorá-lo indo em direção ao meu pequeno bar, me servindo com uma dose de whisky com duas pedrinhas de gelo.
- O que essa mulher fazia aqui Emma? Depois de tudo que ela me fez, você ainda tem a coragem de recebê-la em nossa casa?
Solto uma risada irônica sem conseguir acreditar na cara de pau do meu querido ex noivo.
- Engraçado Thomas.. - passo meus dedos na borda do copo. - Depois de tudo que VOCÊ me fez, como tem a coragem de pisar em minha casa?
Vejo Thomas empalidecer e me encarar de maneira assustada.
- Não sei do que está falando Emma..
- A não? Vou refrescar sua memória querido. - bato o copo em cima da bancada e ele se assusta dando passos para trás. - você não se lembra da foda que teve hoje mais cedo com a Júlia? Ou das incontáveis vezes que me traiu com outras funcionárias da empresa, ou nas viagens a negócio..
- D-de onde você tirou isso Emma? Eu jamais faria isso meu amor.. Essa mulher que veio envenenar você não é?
- Não preciso de ninguém para me envenenar Thomas, e não tente mentir. Como foi capaz? Como teve a coragem de me trair assim? - lágrimas voltam a escorrer por minha face sem que eu possa controlá-las.
- Emma eu..
- Nem sonhe em inventar nenhuma mentira Thomas. Apenas saia daqui. Eu não quero te ver nunca mais. Ouviu bem? Nunca mais.
Ele tenta se aproximar mas antes que isso aconteça, arremesso o copo em sua direção mas ele desvia a tempo.
- Você enlouqueceu Emma?
- Enlouqueci Thomas. E se você pretende acordar com isso que chama de pinto amanhã, acho bom sair daqui.
Thomas rapidamente saí correndo do meu apartamento, com medo de que eu cumpra o que prometi. Fecho a porta assim que ele saí e jogo as suas chaves que ele deixou para trás em minha mesinha.
Vou em direção ao bar novamente, me servindo de outro copo de whisky sem gelo desta vez, bebendo-o em um único gole.
Vou em direção a meu quarto completamente destruída depois de todo o turbilhão de sentimentos que me atingiu de uma só vez, rezando para que o dia de amanhã seja leve e que tudo não passe de um pesadelo.
Fim do capítulo
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