Mesa de bar por Cida Dias
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Os dias passam e Clara e Carla se falam com frequência, se encontram sempre que os compromissos de ambas deixam e a paixão com isso, segue aumentando. Até que numa quinta Clara manda uma mensagem convidando Carla para passarem o fim de semana na praia.
“oi Clara, esse fim de semana não posso.”
Ela estranha a mensagem seca, pensa se deve insistir ou deixar para lá. O dia passa e ela não para de pensar no assunto, mas também não chega a decisão do que deve fazer. A noite resolve ligar. O telefone toca até cair na caixa postal, ela manda mensagem e não tem retorno.
Na sexta ela manda mensagens que ficam sem repostas. Em quase um mês que se conhecem, é a primeira vez que Carla some. Quando sai do trabalho, resolve caminhar na Av. Paulista para pensar e se distrair. Quando se dá conta, está em frente ao bar que conheceu Carla e resolve se sentar na mesma mesa. Seu celular avisa que recebeu uma mensagem.
“Oi Clara, como está?”
Ela olha por dois minutos sem entender a frieza de Carla, como se ela não tivesse visto todas as mensagens e ligações não retornadas. Respira fundo e decide não responder, apesar da imensa vontade de entender a atitude de Carla. Depois de quarenta minutos, recebe outra mensagem:
“ocupada?”
“oi, tudo bem e vc?” – Clara manda só para ver até onde a estranheza de Carla iria.
“td bom, o que faz de bom?”
Clara fica indignada com a atitude de Carla em simplesmente ignorar suas mensagens dos últimos dois dias e telefonemas, ela resolve não tocar no assunto.
“happy hour”
“hum, com quem?”
“sozinha, e vc o que faz de bom?”
“trabalhando ainda, mto cansada”
“que pena”
Carla não manda mais mensagens e Clara se segura para não ligar para questionar a atitude. Resolve ir para casa e no ímpeto do momento, por ter reservado a pousada na praia acreditando que iriam juntas, pega sua moto e decide descer sozinha. Apesar de ter alguns dias, era incrível como se envolveu pela advogada e agora percebia o quanto mal se conheciam.
Chega por volta das onze da noite, deixa sua mochila no quarto e resolve passear de moto pela praia. Caminhar e andar de moto são suas paixões, ela se sente melhor para pensar. Para na areia, ainda sentada na moto, fica olhando o mar. Lembra de como se conheceram e dos dias tão bons que vieram depois. Tenta entender a atitude estranha de Carla, mas percebe que poderia cair no erro de imaginar coisas que podem machucá-la ou inventar mil desculpas para justificar o comportamento inesperado.
Clara resolve molhar os pés na água do mar, a noite está morna e tem um pessoal fazendo um luau perto. Se senta perto da moto e fecha os olhos.
- Boa noite moça...
Ela se assusta e olha uma garota que deve ter no máximo 25 anos. Morena baixa, cabelos lisos e castanhos, tem um estilo de surfista.
- Boa noite.
A moça se senta ao seu lado.
- Quer ir ao luau?
- AH não obrigada, não tô no clima.
As duas estão sentada lado a lado, ambas olhando o mar.
- Que bom, porque não tô afim de voltar para ele... – e dá uma risada de alívio.
- E ainda me convida?? – nessa hora Clara a olha.
- Bom deixa me defender, sou a Ana e organizo esses luaus para ajudar uma escola de surf que cuido. Confesso que amo, mas no verão são tantos que já nem aguento mais.
Elas riem.
- Oi sou Clara.
- Clara como a luz do sol....clareira luminosa.... – Ana cantarola olhando para Clara.
- Ah que meigo, também é cantora?
- Huumm cantora pé de chinelo. Mas me diz, uma mulher bonita e com roupa de paulista faz o que sentada na areia ao lado de uma moto linda e com carinha de triste?
Clara a observa, suspira e diz:
- Coisas bobas de um coração mais bobo ainda...
- Huumm... e me diz quem foi o louco que machucou uma mulher tão linda?
- Linda é exagero seu, tenho espelho. E não é louco, é louca.
- Linda sim, e ótimo saber que é uma louca.
- Por quê??
- Me dá certa esperança. – seu sorriso vem acompanhado de um olhar doce e ao mesmo tempo sexy.
Clara pensa que é muito estranha a situação, ser cantada por uma menina surfista em plena sexta na praia, sendo que seu coração tá machucado com a frieza de uma mulher linda que a encanta profundamente.
- Olha Ana, acho que você tá cantando a mulher errada.
A surfista a olha e fica em silêncio por uns segundos. Olha para o mar e diz:
- Clara uma paulista que ama motos e o mar. Carinha triste. Deve ter levado ou um fora ou ter brigado com alguma mulher louca. Deve ter uns trinta e poucos anos, branquela, cabelão preto e liso, olhos castanhos escuros, tem uma boca linda, e reparei que tem uma tatuagem de flor no tornozelo direito.
Clara ri e por um momento se esquece de Carla.
- Hum e o que mais observa em mm, surfista vidente?
- Bom te fiz rir, ponto pra mim! Vejo que você deve estar em algum hotel chique e tá pensando: por que essa louca tá falando comigo?
As duas riem.
- Vou dormir, cansada da viagem.
- Hum....obrigada pela companhia.
- Eu que agradeço, me fez rir.
Elas se levantam, se olham e sem jeito, Ana comenta:
- Bom Clara, eu moro aqui e eu não sei quantos dias você ficará. Mas gostei de você, se quiser conversar amanhã ou sei lá, quando quiser voltar aqui, posso te levar para as melhores praias...
- Quero sim Ana, também gostei de você. Vou passar o fim de semana aqui e tô na pousada Luar aqui em frente.
- Então amanhã eu passo lá, quem sabe conversamos...
Se despedem com a promessa de se reverem.
Fim do capítulo
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NovaAqui
Em: 11/09/2018
Eu frente que a dupla de Ces fosse dar liga, mas não deu não. Mas Carla poderia ter sido mais transparente dizendo que não estão mais na mesma vibe
Vai entender kkkkk
Abraços fraternos procês aí!
Resposta do autor:
As vezes complicamos o que é simples e deixamos situações assim acontecerem, mas quem sabe td não se exolica e volte a se encaixar! bjs
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