Capítulo 9 - Duda.
Eu me sentia a pior pessoa do mundo. Não parecia a pessoa que eu era. Eu fazia sempre de tudo pra agradar à todos.
Odiava sair assim como vilã.
Assim que terminei a conversa com Arthur eu fiz as minhas malas e fui até o aeroporto comprar uma passagem de volta para Blumenau. Só tinha passagem para o outro dia então resolvi dormir em um hotel.
Em frente ao hotel tinha um rapaz pedindo dinheiro, entrei no hotel, mexi na minha bolsa, retirei um casaco que eu usava muito em tempos frios, pois ele era bem aconchegante. O clima daquela noite estava mesmo muito frio, então preparei um chocolate quente, abri a porta do hotel, fui até a calçada e levei a xícara com chocolate quente e o agasalho para o rapaz. Ele me agradeceu:
- Muito obrigado mocinha.
Voltei para o quarto do hotel e comecei a pensar na minha situação.
Eu queria ter me despedido de todos, do meu amigo Felipe, da dona Andreia, Fabi. Falta tão pouco para o Natal e nem comemorar eu vou. Vou passar essa data sozinha e nem sei qual será o meu destino quando voltar para Santa Catarina. Eu nem tenho mais casa, fui expulsa pelo meu pai. Pra lá eu não volto. Ele nem me procurou, isso é sinal que está muito bem sem mim. Eu preferia mil vezes ter passado o Natal com a família do Arthur do que com a minha própria família. Eu queria ter me despedido, porém todos estavam sumidos, Felipe não me respondia, liguei pra Dona Andreia que não me atendeu e Fabi estava viajando.
Arthur me odiava e eu só conseguia pensar nela. Foi ela que causou tudo isso. Foi meu desejo por ela que causou tudo isso. Ela é tipo uma musa grega. Intocada. Fruto proibido. Tipo uma estátua que só podemos ver e não tocar. Ela é minha perdição. Eu não gostava nem de mencionar seu nome, lembro da primeira vez que a vi. Foi amor à primeira vista, assim que ela abriu aquela porta e eu olhei bem em seus olhos sedutores. Sua boca carnuda me tirou toda a atenção, me perdi totalmente em seu olhar, aqueles olhos negros e puxados que penetravam a minha alma e eu desviava o olhar para que ela não pudesse desvendar meus segredos. Fico lembrando daquela tatuagem de touro em seu peito que me penetrava. Meu coração pulsava de uma forma estranha, só senti isso uma vez que foi pela Jéssica, minha paixão de infância.
E depois de conhecer Milena por dentro, conhecer a essência interna de Milena, como eu a queria, mas não podia, eu a desejava, eu sentia o poder que ela tinha sobre mim. Não era mais só atração física, eu gostava de estar com ela, de acompanhar seu sorriso e seu jeito, de compartilhar as minhas frustrações, eu adorava até o jeito que ela prendia o seu cabelo e quando ela usava regata branca sem sutiã, mostrando a marca dos piercings que ela tinha nos mamilos, ela era totalmente sexy e sedutora com uma pitada de fascinação. Nunca conheci uma mulher tão deslumbrante quanto ela. Como ela fazia para ser estonteante a todo momento? Seu encanto era como um feitiço, ela tinha um magnetismo que encantava a todos, como o canto de uma sereia. Seu olhar era realmente como de um touro quando encara o toureiro. E mesmo o toureiro sabendo o quanto é perigoso e suicida estar em uma arena com um touro imprevisível e brutal, ele se deixa provocar, cai em tentação e vai de encontro com o animal perverso e impetuoso.
Assim era Milena, perversa, eu era sua presa, mas eu não posso ser hipócrita, pois assumo que eu queria ser abatida por ela.
Quando encostei em sua pele sem querer, houve um choque instantâneo que não sei se ela sentiu o mesmo, mas eu sentir a minha pele mais quente e eletrizante. Mas eu fazia tudo para não me apaixonar. Isso era muito proibido, isso iria machucar três corações. Iria machucar meu melhor amigo.
Eu não apareci aqui para destruir o relacionamento de ninguém.
Lembro do nosso primeiro beijo, foi tão perfeito, eu vi estrelas, senti meu coração parar, mas nada disso eu podia demonstrar. Eu era seca com ela e isso acabava comigo, quando o que eu mais queria era demonstrar o carinho que eu sentia, eu queria cuidar dela, ama-la, mostrar todo o meu amor. Quando ela me chamou para ir até seu apartamento, eu pensei muito, fiquei indeterminados minutos pensando no que ia fazer, se iria ao encontro ou não, eu já tinha em mente que não aguentaria e iria beijá-la de novo por isso não queria ir, mas a minha mente e meu coração pensaram: “isso não é hora pra ser certinha Duda, se joga, se entrega” e então me entreguei, mas foi muito triste saber que ela me queria só pra uma noite, e depois da tranza como seria? Nós três felizes para sempre? Tudo que eu tinha era raiva dela, por ela me seduzir assim, por ela ser o fruto proibido, por eu ter traído o meu amigo por causa dela, por ela ter esse poder todo sobre mim. E eu tinha mais ódio ainda dele, não era ódio, era inveja, inveja por ele ter a mulher mais linda do mundo.
Mas agora aqui sozinha nesse hotel eu só consigo pensar em uma coisa: “ela recusou o pedido de casamento por mim”. Chorei em pensar na possibilidade dela me amar de verdade. Mas também penso será que ela só não estava de saco cheio de namorar com Arthur e usou isso como desculpa para terminar com ele?
Eu teria que tentar, essa é minha última chance. Eu devo isso a ela.
Então no meio da noite peguei um táxi. Fui até meu destino, estava chovendo muito, então me molhei assim que desci do táxi, pois estava sem guarda chuva, o porteiro me vendo toda molhada e já me reconhecendo:
- Pode subir.
Apertei a campainha do seu apartamento e quando ela abriu a porta. Veio aquela sensação de Dejavú de quando a vi pela primeira vez. Ela fez cara de surpresa ao me ver em pé na sua porta, totalmente encharcada. Ela estava linda de camisola um pouco transparente, mostrando as suas curvas, silhueta volumosa, sua cara de sono, aposto que já estava dormindo e eu a acordei. Com voz de sono ela disse:
- Duda? O que está fazendo aqui toda molhada?
Eu não pensei duas vezes e já puxei-a para um beijo quente e ardente, dessa vez eu podia ser eu mesma, sem fugir, sem fingir ser o que eu não era, dessa vez não era a Duda que fingia ser hétero o tempo todo. Era somente Duda, eu mesma. Então já fui logo mostrando do que eu era capaz. Agarrei em sua cintura e fui levando ela pra dentro do seu apartamento, fechei a porta e a levei para o seu quarto, como eu já conhecia o seu apartamento, então era mais fácil. Eu sonhei com isso e agora estava acontecendo. Eu arranquei aquela camisola com voracidade, pois eu desejava muito tê-la. Seu corpo era tão perfeito, como Arthur poderia dispensar uma mulher tão perfeita dessa? Como eu poderia dispensá-la. Como eu lutei tanto tempo contra os meus reais sentimentos? Nosso desejo era tão grande que a gente nem se falava só houve troca de olhares, carinho, desejo, libido e toques íntimos. Eu a beijava incansavelmente eu queria fazer daquele momento especial, nossos corpos se entregavam de uma maneira como se já se conhecessem a tempos. Eu descobri seu corpo aos poucos e cada vez que a tocava mais queria me entregar e satisfazê-la. A noite não tinha mais fim, as horas eram eternas e nós éramos insaciáveis.
Quando enfim nos entregamos completamente ao amor, a exaustão venceu e fomos dormir.
Mas antes trocamos algumas poucas palavras.
- Você me proporcionou meu primeiro orgasmo. Aliás muitos.
- É sério?
- Sim.
- Eu gosto de você.
- Eu também gosto de você. Que bom que está aqui.
Ela dormiu em meus seios. Foi algo tão confortável e gostoso que eu nem pensava mais em ir embora.
No momento eu não conseguia controlar a minha felicidade, tanto que eu não conseguia dormir, porque ainda não acreditava no que tinha acabado de acontecer, eu resisti tanto que achava que só poderia estar com ela nos meus sonhos.
Eu a observava dormir e ela parecia um monumento raro.
Eu passei a mão em sua tatuagem, depois em seus cabelos que era muito preto, brilhoso e sempre estava lindo.
Fiquei com sede, então resolvi beber um pouco de água, tinha um copo com água em cima do criado mudo. Peguei o copo e bebi enquanto olhava para os porta-retratos que estavam em cima da mesinha. Peguei um porta-retrato e fiquei olhando para a foto, era a Milena quando era criança, desde criança já era linda, porém com um rostinho de criança inocente. Peguei outro porta-retrato e a foto dessa vez era dela com o Arthur, era uma montagem de várias fotos deles, de muitos momentos diferentes. Olhei bem para o quarto e tinha muitas fotos dos dois. Isso foi me despertando um sentimento de angústia. Eu coloquei o porta-retrato no lugar onde estava e reparei que do lado na mesinha tinha uma caixinha, abri a caixinha e tinha um par de alianças de ouro lindas, tenho certeza que foram muito caras, o acabamento era tão delicado e brilhava muito. Como ela pôde ter recusado um pedido de casamento por mim?
Ela jogou fora dois anos por um alguém que acabou de conhecer.
E se ela se arrepender do que fez?
Ela era tanto pra mim.
Eu já passei por isso antes e o amor me fez sofrer demais. Eu tinha medo de amar novamente.
Surgiu uma sensação de desespero.
E a pergunta que eu não queria pensar, mas não saia da minha mente era “e agora?”.
E agora? E depois?
Eu tornei infeliz a vida do meu amigo. Eu estou mega feliz, mas ele deve estar arrasado, mesmo ele me dizendo que não a amava, isso é muito cruel.
Eu que sempre plantei o bem, dessa vez eu plantei a discórdia. E eu botei toda a culpa nela, mas na verdade eu que a seduzi.
Eu estava me sentindo um mostro.
Pela primeira vez na minha vida eu teria que pensar somente em mim, na minha felicidade.
Eu queria estar feliz ao lado dela. Eu queria aproveitar aquele momento e não ir embora, mas a minha consciência não parava de pensar no depois. Eu tinha que voltar para Blumenau para meu trabalho. Eu não queria deixá-la ali nua e indefesa, ela tinha acabado de romper um namoro, já é a segunda vez que a deixo assim sozinha na cama. Eu não queria ter que ir embora sem nem ao menos tomar um café da manhã. Eu queria ser forte para deixá-la, e queria ser mais forte ainda para pode ficar.
Mas eu tinha uma passagem comprada com um destino sem volta.
Fim do capítulo
Peço que ainda não julguem a Duda.
Ela tem medo de amar e brevemente vocês irão saber o porquê.
Boa leitura e até o próximo capítulo.
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patty-321
Em: 07/09/2018
Ah Duda. Milena vai sofrer tanto. As duasi rão
Resposta do autor:
Olá querida leitora, obrigada por está acompanhando a história com tanto carinho. Sem sofrimento pra Duda e Milena por enquanto, elas merecem ser felizes juntas.
Acompanhe o capítulo que acabei de postar.
Abraço.
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Socorro
Em: 05/09/2018
Pq Duda????
poxa, fiquei triste pela Milena.
O Artur deve aproveitar da situação, merda :(((
Resposta do autor:
Olá querida leitora, obrigada por acompanhar a história com tanto carinho.
Não fique triste, ainda tem muita história para rolar.
Acompanhe o capítulo que acabei de postar.
Abraço!
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Elizaross
Em: 05/09/2018
Que cafajestade DUDA!!! não gostei
tadinha da Mi..
Essa partida vai dar merda.
Resposta do autor:
Olá querida leitora, não se desespere, ainda terá muita coisa pra rolar e brevemente entenderá a Duda.
Obrigada por está acompanhando a história com tanto carinho!
Até o próximo capítulo.
Abraço!
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JeeOliveira
Em: 05/09/2018
vou julgar a Duda sim, mas só um pouco, ela ainda n sabe o cachorro q o Arthur é, mano a Mi vai ficar qebrada ao acordar?
Resposta do autor:
Olá querida leitora ( muito querida mesmo! ), brevemente você entenderá a Duda e porque, logo ela tão certinha, agiu dessa forma.
Agradeço por está acompanhando a história com tanto carinho!
Abraço !
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