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Santuário por babiJaureguii

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Palavras: 4166
Acessos: 1076   |  Postado em: 02/09/2018

Cap. 1 - Lar, doce lar...

 

São Francisco, 22 de Outubro de 2017.

Lauren pegou a última caixa apoiando-a sobre a escrivaninha com as bordas lascadas e marcadas pelo tempo, soltou um longo suspiro olhando em volta – seu quarto permanecia igual a ultima vez em que esteve nele, o mesmo tom pastel agora desbotado que revestia as paredes com algumas rachaduras visíveis, o armário embutido com uma das portas que sempre emperrava ao abrir no lado direito, a cama de solteiro simples encostada a parede onde o sol do fim de tarde entrava pela janela aberta, fazia uma bela tarde de outono –, espiou o seu reflexo no espelho acima da escrivaninha com as mãos ainda apoiadas nas laterais da caixa, seu olhar parecia cansado, provavelmente devido às noites mal dormidas, sentia-se ansiosa, estar de volta era ao mesmo tempo desconcertante e excitante, como se algo a puxasse para aquele lugar, e no seu intimo sabia exatamente o que era e ainda se encarando seu olhar foi atraído para vários pôsteres colados sobre a cabeceira da cama, um em específico, a capa do álbum “A Rush of Blood to the Head” da banda Coldplay chamou sua atenção, fechou os olhos e pareceu voltar no tempo.

 

24 de Dezembro de 2001.

- Você está com uma cara de quem está aprontando Lolo – Camila sorriu, girando sobre os calcanhares enquanto segurava delicadamente as laterais do vestido florido tornado o movimento ainda mais fluído.

- Ele ficou bem em você – Lauren abriu um largo sorriso, ainda fascinada pela magia daquele pequeno espetáculo.

- Ficou não é mesmo? – concordou olhando animada para o vestido e continuou saltitante em direção a ela como uma criança feliz, o que de fato ela era. Sentou-se ao seu lado no pequeno banco rústico de madeira que mal caberia um adulto direito, mas elas ainda eram miúdas e com pouco esforço conseguiram se ajeitar.

Estavam no celeiro, o lugar que mais gostavam de passar o tempo juntas e onde costumavam fugir para escutar música escondidas – já que era estritamente proibido ouvir qualquer tipo de música que não viesse de algum instrumento tocado ao vivo, porém com a ajudinha do primo George elas haviam conseguido um Discman usado quando ele havia retornado da sua travessia –. Observou os dedos pálidos e finos de Lauren invadir o seu esconderijo e voltar com o aparelho firme em sua mão, rapidamente o capturou para si abrindo um dos seus melhores sorrisos sapecas.

- O que vamos ouvir hoje?

Pareciam alheias envoltas em sua própria bolha e longe do aglutinado de vozes que destoavam no campo aberto lá fora, era um dia festivo, cheio de alegrias e comemorações, e era ainda mais especial para Camila, porque também era o seu dia.

- Algo novo... – Lauren tentou disfarçar sua empolgação, mas podia ouvir as batidas aceleradas do seu coração, não havia nada no mundo que a deixasse mais feliz do que vê-la feliz, e esse era um daqueles momentos que repetiria infinitamente se tivesse esse poder.

Antes que ela pudesse perguntar com aqueles olhinhos curiosos que examinavam tudo ao redor, retirou um pequeno embrulho estendendo em direção a ela.

- Eu nunca me esqueceria do seu dia Camz – era proibido dar presentes, mas poder contemplar aquele sorriso lindo tornava tudo tão irrelevante... ao menos era assim que pensava, podia quebrar as regras por ela, porque no final valia a pena, sempre valia a pena –. Feliz aniversário princesa – completou sendo retribuída com um abraço apertado quando um dos braços dela rodeou o seu pescoço e ela praticamente pulou em seu colo segurando o presente com a outra mão.

O beijo no rosto alvo foi delicado e genuíno, não havia malícia ali, com doze anos ainda estavam em uma fase entre discutir qual cantor de boyband era mais bonito e brincar com as bonecas de pano que elas mesmas faziam, porém sentir aqueles lábios molhados tocando sua pele provocou em Lauren um arrepio que percorria toda espinha até a nuca e isso era o suficiente para uma felicidade sem precedentes transbordar em seu peito, era sempre assim quando estava com ela.

Com os dedos ainda trêmulos, Camila observou melhor o embrulho e logo reconheceu o lenço de seda em tons azul-turquesa e marfim, sabia o quanto ele significava para ela.

- Lauren... – olhou-a emocionada, sem conseguir completar a frase e a morena apenas balançou a cabeça sorrindo e tentando disfarçar o choro também, como se aquele gesto não fosse nada demais.

- Eu precisava de algo bonito – manteve o sorriso enquanto admirava aqueles olhos castanhos que pareciam duas avelãs de tão marrons e que agora estavam marejados deixando escorrer algumas lágrimas pelo rosto levemente bronzeado, foi instintivo seu polegar direito interromper o fluxo daquela lágrima em um carinho inocente. – Vamos, abra o seu presente – continuou tentando parecer impaciente, mas não conseguia deixar de manter o sorriso.

Com todo o cuidado do mundo, como se estivesse segurando um objeto delicado nas mãos, desfez lentamente o laço perfeito e acabou sorrindo com o pensamento de que Lauren era sempre perfeccionista em tudo o que fazia e assim que o tecido deslizou por aquela superfície dura a primeira coisa que veio em sua mente foi o que parecia ser o tronco de um índio com a cabeça cortada pela metade, riu desse pensamento enquanto seus dedos curiosos percorreram a capa que ainda estava envolta por um plástico o que indicava que era algo realmente novo, e aquilo a deixou em uma excitação ainda maior, tudo o que vinha de fora lhe deixava extremamente fascinada, e aquele carinho todo que Lauren teve com ela era tocante até demais, não poderia pedir por uma amiga melhor pensou.

- Coldplay? – questionou assim que leu o nome da banda.

- Eu sei que você gosta de bandas novas – mantinha o braço esquerdo envolta da cintura dela como se a estivesse protegendo para não perder o equilíbrio e acabar caindo, Lauren era sempre tão protetora com ela.

Rapidamente se livrou do plástico que envolvia o CD o colocando direto no aparelho enquanto alcançava os fones de ouvido colocando um no lado esquerdo de Lauren e o outro no seu lado direito, deu play e aquela batida que se iniciou acelerou junto o seu coração, ainda com o encarte da capa nas mãos, os dedos ansiosos percorrendo cada trecho de letra das músicas, voltou a encarar aqueles olhos verdes que tanto amava e sorriu animada.

- Essa vai ser a nossa banda...

E quando Camila decidia algo, não havia nada que podia ser feito ou mudado, Lauren lhe abraçou forte ainda viajando naqueles acordes que pareciam tão libertadores ao lado dela.

 

22 de Outubro de 2017.

Camila... – foi quase um suspiro ou um desabafo, algo que estava reprimido em seu peito, também como foi inevitável deixar aquela caixa de lado e percorrer com os dedos pela sua pilha de CDs, havia tantos, a maioria de rock, e então parou um tanto hesitante quando a ponta do seu indicador percorreu por aquele mesmo CD que havia dado de presente há tantos anos atrás, porém não era exatamente o mesmo, esse ainda estava embalado pelo plástico, nunca teve coragem de abri-lo. Ficou na dúvida se o pegava ou não, mas ao ouvir o som de “New Perspective” começar a tocar ainda abafado no bolso de trás do jeans surrado que estava usando, pareceu voltar à realidade, nem precisava ver no identificador para saber quem era, já que essa música era algo delas e marcou o início de uma amizade que acabou consequentemente se tornando algo mais.

- Hey babe...

- Já está querendo se jogar pela janela do seu antigo quarto? – uma voz animada e divertida a questionou do outro lado da linha, e pode ouvir um barulho que parecia com ondas do mar se chocando.

- Estou pensando seriamente nisso – entrou na brincadeira –, o que a futura Sra. Jauregui está aprontando hein? Não me diga que já está me traindo com um surfista sarado, posso ouvir o som do mar... – tentou parecer séria, mas não segurou o riso ao final, ainda mais quando pode ouvir a risada divertida dela.

- Até que não é uma má ideia – disse ainda tentando recuperar o controle da sua respiração, amava esse bom humor dela –, mas infelizmente estou apenas encerrando mais um dia de trabalho – fez uma pequena pausa enquanto acenava para uma de suas colegas de trabalho – acredita que aquele tirano – sussurrou um pouco mais baixo, se referindo ao seu chefe – nos fez trabalhar até agora nesse frio apenas de biquíni que conseguiam ser ainda menores do que a surpresa que eu te fiz naquele hotel em Cancun – deixou escapar um sorriso malicioso só em lembrar-se daquela noite, e esse pensamento só fez o aperto em seu peito aumentar por estar longe –, eu sinto a sua falta Laur... – suspirou.

- Eu também sinto... – disse um tanto melancólica, mais do que gostaria, aquelas lembranças todas lhe deixaram tonta como se estivesse perdida e vagando pelo deserto por dias, desorientada, e odiava se sentir assim – Ei, vou ter uma conversa séria com o Simon – mudou de assunto na expectativa que seus sentimentos conflitantes também mudassem –, eu não aprovei essas medidas escandalosas de biquíni Srta. Vives.

Outra risada, seguida por mais um longo suspiro.

- Vai me buscar no aeroporto na quarta?

- Claro, eu não estaria em outro lugar, a que horas chega o seu voo mesmo? – caminhava impaciente pelo quarto.

- As 9:00, não vai estar trabalhando?

- Não babe, esses dias vou pegar o plantão da noite – olhou para o relógio e se não começasse a se arrumar já iria se atrasar logo para o seu primeiro dia, suspirou um tanto resignada –. Tenho que desligar agora, ainda estou em um estado deplorável por causa da pequena faxina no meu quarto e preciso estar no hospital em apenas uma hora.

- Tudo bem... – não conseguiu disfarçar a decepção na voz, odiava essas viagens a trabalho e ter que ficar longe, mas era a vida que tinha escolhido e teria que saber lidar com isso já que a sua insegurança batia nas alturas quando ficava muito tempo longe, olhou para o anel de noivado tão lindo e delicado em seu dedo e foi quase impossível não se lembrar do pedido feito em um jantar romântico na sacada do hotel tendo a torre Eiffel como plano de fundo, Lauren às vezes era uma caixinha de surpresas, balançou a cabeça sorrindo e voltando ao presente, ainda sentia um aperto no peito que não conseguia explicar apesar de confiar na noiva – nada de gracinhas com as enfermeiras, principalmente uma que atende pelo nome de Veronica...

Lauren riu, achava fofo esse ciúme bobo dela.

- A Vero é apenas uma amiga Lucy... Agora as outras – mudou o tom de forma que sua voz saiu como a de uma completa cafajeste – eu já não posso garantir... – a ouviu resmungando palavrões e para irritá-la ainda mais desligou de forma apressada – Nos falamos depois, beijo... – não deu tempo para que ela respondesse e logo seu celular estava tocando outra vez, sabia que acabaria pagando por isso e riu com esse pensamento enquanto jogava o celular na cama e seguia em direção ao banheiro, precisava começar a se arrumar, e rápido.

 

Só mais alguns passos, ela pensava enquanto forçava seu corpo a continuar se movimentando, o que no momento era algo quase sobre humano, olhou para baixo, os pés descalços adquiriam uma tonalidade meio arroxeada, os tornozelos bastante inchados, onde a cada passo provocava uma dor aguda lhe remetendo à sensação de caminhar sobre cacos de vidro, as sandálias de pano que usava já haviam se desfeito no terceiro dia e agora no quinto mal podia se suportar em pé, mas não podia desistir. Colocou a mão sobre a barriga que já exibia certo relevo denunciando sua condição e respirou fundo voltando a olhar para frente, a estrada ainda não parecia ter fim, mas sabia que estava perto, tinha que estar perto, uma luz forte quase a cegou e por alguns segundos seu corpo permaneceu imóvel parecendo prever o grande impacto, momentos depois era jogada para longe e então finalmente soltou a respiração que não tinha percebido que estava segurando e naqueles breves instantes abriu os braços e se sentiu tão leve como se estivesse voando, uma sensação de calmaria lhe invadiu e talvez tivesse finalmente encontrado a paz que tanto almejava depois de tantos anos vivendo em conflito.

 

Fevereiro de 1995.

Entrou correndo pelo celeiro, as perninhas curtas mal conseguiam acompanhar seus movimentos, mas estava determinada a captura-la. Perdeu-a de vista por alguns segundos e quando se virou ela estava parada no corrimão da escada que dava para o galpão superior, se aproximou devagar, não queria assustá-la, e agora tão perto podia ver a cor viva das suas lindas asas azuis, ficou apenas admirando-a encantada e então um barulho fez com que ela voasse outra vez, olhou irritada para o lugar de onde tinha vindo e se deparou em meio aos fenos com algo ainda mais belo, sorriu.

- Você assustou a minha borboleta – exclamou com o braço apoiado na cintura tentando fazer uma pose autoritária que logo se desfez ao contemplar aquele sorriso doce e tímido.

- Desculpa... – deu um longo suspiro tentando controlar a vontade de chorar que continuava sufocando o seu peito sem dó.

- Tudo bem... – se aproximou devagar já que a outra parecia um gatinho arisco e amedrontado, reparou melhor na figura que continuava sentada segurando os joelhos em um abraço solitário, sentou-se de frente para ela e viu seus pequenos olhos brilharem – seus olhos são bonitos, igual à borboleta.

A sinceridade da pequena pegou a outra de surpresa que abriu outro sorriso tímido, mesmo estando sem vontade alguma de sorrir, apenas acontecia, de forma natural, e gostou dessa sensação.

- Obrigada...

- Posso ver? – a outra lhe encarou confusa até perceber que apontava para o lenço que segurava piamente entre as mãos pequeninas que chegavam a ficar avermelhadas naquele tom de pele alvo devido à tamanha força com que apertava o tecido delicado.

Por alguns segundos nenhuma das duas se moveu, até que ela deixou seus ombros relaxarem, afrouxou o aperto e estendeu o lenço na direção dela que rapidamente o pegou admirada.

- É lindo – esticou-o segurando nas pontas em cada mão, as cores azul-turquesa e marfim davam um contraste que a deixava encantada, e agora foi ela quem deixou escapar um sorriso tímido ao perceber que estava sendo observada por aqueles lindos e intensos olhos verdes.

Castanhos nos verdes, uma faísca saiu daquele encontro sem que elas percebessem, e naquele momento nem poderiam entender a intensidade que esse encontro causaria em suas vidas.

- Era da minha mãe... – suspirou triste.

Ela não entendia o porquê, mas queria fazer qualquer coisa para que aquela tristeza passasse, pois vê-la assim quase que a deixou triste também.

- Onde ela está agora?

A outra elevou os ombros pequenos em um gesto como se não soubesse ao certo, mas tinha essa sensação clara de que nunca mais a veria, pelo menos não como antes.

- Ela se foi – desviou o olhar.

Mais alguns segundos em silêncio, e então se levantou sentando ao lado da garota de olhos verdes que voltou a encará-la curiosa.

- Meu pai também se foi – deixou um longo suspiro escapar –, mas mamãe disse que ele está bem agora ao lado do papai do céu, então agora a sua mãe deve estar com ele também.

- Mas eu sinto falta dela – deixou um soluço escapar enquanto ainda continuava tentando conter o choro.

- Ela sempre vai estar com você – encostou a pontinha do dedo no peito dela bem onde fica o coração – do mesmo jeito que o meu sempre vai estar comigo – apontou para o próprio peito, e então tirou algo que usava em volta do pulso esquerdo.

- Toma – estendeu para ela, que logo pegou o terço de pulso feito de madeira, muito simples, mas que ela admirava encantada –, minha mãe me deu quando eu chorava muito com saudades do papai, isso vai te ajudar a não chorar tanto – sorriu e aquele sorriso foi o mais lindo que os olhos verdes já tinham visto.

- Obrigada... – disse um pouco sem jeito.

A pequena apenas continuou sorrindo antes de perguntar.

- Qual o seu nome?

A de olhos verdes lhe encarou de forma intensa antes de responder.

- Lauren e o seu?

- Camila... – estendeu a mão que logo foi envolvida pela outra dando início a uma amizade que mudaria suas vidas.

 

22 de Outubro de 2017.

- Meu lindo anjo de asas azuis... – sussurrou e deixou um sorriso escapar.

Sua voz mal podia ser ouvida de tão baixa que saiu em meio a todo o barulho provocado pela sirene alta que disparava initerruptamente enquanto a ambulância ágil cortava por entre o trânsito da já quase madrugada em São Francisco. Mas aquela socorrista estava atenta, imaginou ter ouvido algo e quando notou um sorriso sutil se formando naquele rosto delicado, teve a certeza de que não estava delirando, se aproximou um pouco mais.

- Moça, está me ouvindo? – observou atenta aos batimentos cardíacos dela, estavam baixos, e isso não era nada bom – Ei, não desista ok? Fique comigo.

- Rápido – gritou para o motorista que já estava indo o mais rápido que podia –, não podemos perde-la – encostou sua mão levemente na barriga dela, e aquilo lhe causou arrepios, nunca lidava bem em situações que envolviam bebês.

 

Certas coisas nunca mudavam no Hope Memorial Hospital, e ao adentrar na cafeteria e observar a amiga de anos dando em cima do novo interno era uma delas. Continuou olhando para a mesa dos dois enquanto pedia o seu café preto e bem forte como gostava e por alguns instantes ficou com pena do rapaz que parecia intimidado pela amiga. Pegou o seu café e se aproximou enquanto sorvia um gole do líquido que desceu queimando pela sua garganta deixando um leve gosto amargo no final, ah sim ela amava essa sensação, parou há alguns passos de distância ainda na dúvida se salvava o rapaz ou não e por fim decidiu intervir.

- Vero... – sorriu assim que ganhou a atenção da morena.

Ela provavelmente soltaria os cachorros em qualquer pessoa daquele hospital que ousasse interromper o seu pequeno encontro, mas Lauren não era qualquer pessoa e tudo o que conseguiu fazer foi pular no colo da amiga, pendurando-se no pescoço dela como se ainda fossem adolescentes, coisa que não eram já fazia um bom tempo. O rapaz ficou olhando para aquela cena por alguns segundos e aproveitando aquele momento de distração saiu de fininho.

- Meu Deus isso tudo é saudades? – Lauren brincou, havia conseguido colocar o copo de café na mesa antes que um desastre acontecesse, e agora que elas haviam se separado reparou no assento vazio antes ocupado pelo rapaz e não perdeu tempo ao se sentar no lugar dele enquanto via a amiga voltar ao seu lugar tentando dar uma de contrariada, mas a conhecia muito bem para saber que estava apenas brincando.

- Você acabou com o meu encontro...

- Ele estava praticamente implorando por ajuda – provocou, enquanto endireitava sua postura na cadeira e cruzava as pernas de forma elegante.

Veronica revirou os olhos como se estivesse entediada.

- Devia ter me falado que voltava hoje.

- Ontem e hoje foram corridos demais, mal tive tempo de arrumar minhas coisas – suspirou cansada.

- Sua puta... – Lauren lhe dirigiu aquele olhar repreensivo que faria qualquer um congelar, mas ela também não era qualquer um, apenas riu e continuou – está aqui desde ontem, devia ter falado – resmungou – está na casa do tio Mike?

Lauren apenas confirmou com a cabeça, apreciando o seu café.

- E como vai fazer quando a perua da sua noiva chegar? – outro olhar reprovador – Ela vai ficar lá com vocês?

A implicância entre a amiga e a noiva era recíproco, Veronica não aceitava perder seu posto de melhor amiga e sentia que a amizade delas tinha estremecido depois que Lauren conheceu Lucy na faculdade, já a noiva morria de ciúmes da intimidade que ela e Veronica compartilhavam, mas tudo o que tinha rolado entre elas foram alguns beijos bobos quando a amiga se descobriu bi, mas logo concordaram que entre elas só ficariam na amizade mesmo, se amavam como irmãs e aqueles beijos logo pareceram muito errados, e talvez seu erro fosse ter sido sincera até demais quando Lucy lhe perguntou se já havia acontecido algo entre elas.

- Sim, até encontrarmos um lugar para nós. – riu das caretas que a amiga fez, ainda contrariada com esse assunto.

- Não acredito que vai se casar com aquela sem sal, chega a me dar coceira – apontou para a mão que esfregava rapidamente mostrando uma leve vermelhidão – olha isso...

Lauren riu ainda mais alto, o que chamou atenção de alguns funcionários.

- Escandalosa – retrucou Veronica –, senti falta dessa tua risada ridícula...

- Também senti sua falta – respirou fundo tentando se controlar – e não se esqueça de que será minha madrinha no casamento – a viu fazer outra careta – e não faça essa cara e nem tente fugir que você já aceitou.

- Aquela aposta não valeu – tentou justificar se lembrando daquele dia – você trapaceou.

- Eu não trapaceio honey, apenas jogo para ganhar – piscou para ela de forma divertida.

- Queria que o meu copo estivesse cheio agora para poder jogar nessa tua cara pálida.

Lauren apenas arqueou uma das sobrancelhas, um dos seus movimentos clássicos e que costumava deixar algumas pessoas desconcertadas ao mesmo tempo em que ambas voltaram a se encarar e no final tudo acabou em uma alta e sonora gargalhada das duas.

Caminhava pelos corredores, iria fazer mais uma ronda pela UTI Neonatal, nunca conseguia ficar totalmente satisfeita, sempre queria garantir que estava tudo bem, mesmo com tudo parecendo calmo e pacífico como estava sendo o início daquela madrugada, poucos incidentes e ao que indicava seria um plantão tranquilo, mas um aperto em seu peito não tirava aquela sensação de que algo estava errado, só podia estar deixando passar algo disse para si mesma enquanto voltava a checar o prontuário de cada uma daquelas frágeis criaturas que travavam uma pequena batalha a cada dia para continuarem respirando. Isso lhe servia como inspiração, em tantos dias e principalmente noites em que pensou em simplesmente desistir de tudo, em que já não acreditava mais que o seu coração pudesse ter algum remendo já que sentia como se ele estivesse estilhaçado em pedaços, mas então ela sempre pensava nesses bebês, desde que seu pai a levou para passear naquele corredor pela primeira vez há tantos anos, e naquele dia sentiu uma paz e uma força que não soube explicar, só sabia que levaria esse sentimento por toda a vida e sempre que voltasse a se sentir daquele jeito ela se forçaria a lembrar daqueles bebês lutando pela vida, por algo que realmente importa afinal a vida é preciosa demais para desperdiça-la.

Sem perceber, já estava segurando delicadamente o pequeno crucifixo de madeira que pendia do seu pulso esquerdo, era um hábito comum que sempre acontecia quando ficava pensativa, e foi nesse momento de reflexão que sentiu seu celular vibrando, estava sendo chamada na urgência, saiu praticamente correndo, algo lhe dizia que o que tanto estava temendo naquele dia havia finalmente chegado.

Sua respiração ainda estava ofegante quando se aproximou.

- Dra. Brooke, me chamou?

A loira apenas a fitou por alguns segundos antes de responder.

- Sim, temos um incidente que envolve uma gestante, provavelmente no quarto ou quinto mês...

A voz da doutora passou a ficar distante conforme pegou a ficha da paciente, ela não possuía identificação, não havia nenhuma bolsa ou documento com ela que pudesse ajudar, tinha sido atropelada por um caminhão que tentou desviar no último instante, porém a curva repentina fez com que ele perdesse o controle e a carga a atingisse em cheio atirando-a para longe.

Já estava solicitando um ultrassom quando finalmente se aproximou da maca e pode observar melhor a mulher ali deitada, seu coração disparou e um nó se formou em sua garganta.

A Dra. Brooke pareceu notar a mudança de comportamento da outra, já que agora parecia estar ainda mais pálida que o normal, tocou levemente em seu ombro esquerdo e aqueles verdes tão aflitos encontraram os seus por um breve momento até voltarem a focar na mulher desconhecida.

- Camila...

A voz dela saiu baixa, mas pode ouvir que Lauren estava se referindo a paciente.

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Espero que tenha gostado, até a próxima!!


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