Você sempre soube que faria parte da minha história
Você sempre soube que faria parte da minha história
Você sempre soube que faria parte da minha história
Foi, foi sim, foi no dia 27 de setembro de 2020. Recordo bem esse dia. Estava sentada na escada da porta do Museu. Enquanto te esperava, ficava a recordar sua ausência, semanas atrás, ocorreu a festa de encerramento dos jogos olímpicos, fui ver no telão do bar naquela travessa que nos conhecemos, apareci para forçar uma coincidência com um “quanto tempo, bom te ver”, mas você não chegou. Você, estava a milhares de quilômetros de distância, e eu, com milhares de incoerências amorosas. Só eu sabia o que carregava no peito esses 12 anos. Mas isso mudou naquele dia.
Você sabe bem como fica o Centro, no domingo, um deserto, é possível deitar no meio do calçadão, um êxtase, ainda mais com aqueles 19ºC marcando no relógio/termômetro da catedral. Foi quando o relógio cravava 17:00 que você apareceu.
Descendo pela lateral da avenida com aquele teu jeito saltitante de criança no parque e o seu incansável moletom ” Who killed Jenny Schecter?”. Tum,tum, tummm . Coração disparado, você vem com seu abraço suave de rinoceronte e me desmonta, me desconserto, me quebro, já me entrego e olho para seus lábios antes mesmo de conseguir olhar para seus olhos castanhos. Sinto o tempo parar brevemente, finjo me recompor na velocidade do vento que bagunça nossos cabelos. Te vejo tão doce, tão linda, tão em paz, tão... tão .. tão..
Vamos então? Te indaguei, pois te convidei para voltarmos na mesma praça em que te vi pela última vez, assim que soube que você retornou de mala e cuia para a Cidade.
Entrei no seu carro, e a música que estava tocando na rádio Anos 90. Ironic da nossa Alanis. Você ainda brincou comigo. – Ufa, alívio que não é aquela do Exalta. “Me apaixonei pela pessoa errada”. Você não conseguiria me encabular facilmente como uma tirada dessa. Respondi na sequência em tom sério e ameaçador. – Pimpolho é um cara tão legal, pena que não pode ver mulher. Caímos na gargalhada, você engasgou de tanto rir e deitou no meu colo. Olhou bem nos meus olhos segurou firme minhas bochechas e disse. – Nós duas não valemos nada. Puxou meu corpo subitamente e deu um estalo na boca de leve caiu na risada, enquanto te estapeava.
Passamos pelas ruas históricas e eu querendo te contar todas as mudanças que ocorreram na vila na mesma velocidade do carro. – Freia, freia. Tá vendo aquela casa amarela pomposa no lado da antiga loja de peças? Reconheces? Era ali a Porn, a nossa balada inferninho preferida, pegou fogo e construíram essa igreja no lugar. Também, né, só com muita reza pra exorcizar todas as "Annabeles que possuísse aí”.
Esperava que você retrucasse mas abaixastes o olhar, puxou o freio de mão. Apoiou os cotovelos no volante e a cabeça nas mãos, escondendo seu rosto com os cabelos. Senti um suspiro bem forte, uma súbita levantada de cabeça com um olhar beirando o abatimento e dissesse: - Eu, preciso te contar uma coisa.
Em minha cabeça: Não, não, não. Aja rápido e não deixe ela falar nada, vai doer escutar mais um caso amoroso dela. Você vai conseguir disfarçar e soltar uma gargalhada como sempre fez e sair pela tangente.
Eu encarno o Leoni (porque fui fazer isso meu Deus) e soltei um: “ Não fala nada, deixa tudo assim por mim eu não me importo se nós não somos bem assim...” e dou uma piscadela de dois olhos pois nunca conseguir piscar com um só. Preparei para rir, mas quando olho pra você, me transporto pra outro lugar, a música sumiu, o carro desapareceu, o mundo parou, só vejo seus olhos nos meus, a ponta dos dedos tocando de leve minha boca. – Dirige! (falei)
Foi automático, foi silenciador, foi doloroso. Enfiei-me no banco do carona de uma tal forma, ereta, estática. Somente as luzes fugazes dos postes e meu pensamento. – Bosta, sempre estrago tudo. E a lágrima querendo dar o ar das graças, disfarço com um falso bochecho.
Olho pelo canto de olho para tu com vergonha, você foi parando o carro devagar no acostamento. Soltou o cinto de segurança, virou o corpo, levantou meu rosto delicadamente e veio fazer parte da minha nova história.
- Nesses anos todos, você levou tudo na goz*ção. A partir de agora não vou mais te beijar de brincadeira, só sério.
Fim do capítulo
Primeiro texto escrito. Muita coisa para arrumar, mas se não publicasse agora.
Não teria coragem de escrever e publicar depois.
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