Capítulo 7
- Então… o que aconteceu? - Me acomodei na cama ao lado dela. - Estava bem óbvio que ela havia chorado. - Flávia fechou o livro que estava lendo e passou sua atenção para mim.
- Ela está com medo. Parece que a Lívia mudou de alguma forma com ela e isso está a incomodando. Está agindo como se tivesse outra pessoa. - Senti um frio na espinha. - Ela não sabe explicar…
- Entendi… - Raspei a garganta e tentei sair o mais desinteressante possível. - Mas ela tem certeza ou é apenas uma suposição?
- Uma suposição… - Ela abriu um sorriso do qual eu não gostei nem um pouco. - E, amor, eu preciso da sua ajuda… - Ela sentou sobre as pernas na cama, me encarando. - Eu sei que ela não é sua amiga… Mas, não sei, talvez você pudesse se aproximar dela para ver se descobre alguma coisa? - Flávia, você não tem ideia do que está me pedindo, não faça isso! - Por mim?
- Flávia… - Como eu poderia explicar para minha mulher que provavelmente eu seria a culpada por essa mudança? O que eu poderia falar para ela? Claro que eu poderia negar, mas eu a conheço, ela não me deixaria em paz enquanto eu não concordasse em pelo menos tentar. - Eu não sei se seria ético me envolver nisso… - Ético, que grande ironia, Vitória! - Não sei. Ela é uma funcionária da empresa, amor. - Flávia estava com uma carinha quase irresistível.
- Eu sei, vida, mas você só vai sondar… - Eu jurava que poderia ter um ataque a qualquer momento. - Sei lá, só tentar mesmo… Afinal, vocês passam um tempo juntas. - Olhei para Flávia, bem no fundo dos olhos dela. Aquela frase não tinha nada além do normal, mas para mim sim. Me senti um lixo. Ela não merecia nada daquela putaria.
- Tudo bem, eu vou… - Ela se jogou em mim. Me beijando. - Tentar.
- Obrigada, vida. - Ela me lançou o sorriso mais lindo do mundo. Porque Lívia foi aparecer na minha vida? - Ritinha é uma ótima pessoa e confesso que também gostei da Lívia, mas ela é minha amiga e não merece ser enganada. Eu espero que seja apenas uma crise boba de ciúmes. Elas parecem se amar tanto!
- Sim, tomara.
Foi a única coisa que consegui dizer antes de fingir estar com sono. Eu não iria conseguir olhar para ela por muito mais tempo. Não sem jogar a bomba. Por sorte ela estava bem distraída com sua leitura que logo se esqueceu de mim. Minha cabeça não parava um minuto. Eu precisava colocar um ponto final naquela loucura antes que as coisas saíssem mais do meu controle. Acabei adormecendo certa de que no dia seguinte acabaria com aquela maluquice.
***
Novamente Lívia invadiu meus sonhos. Eu estava suada e excitada. Acordei no momento em que ela estava me fazendo goz*r. O sonho foi tão real, que pude sentir seus lábios percorrendo meu corpo. Soquei o travesseiro com raiva. De mim. Dela.
- Droga! - Murmurei irritada. Por sorte Flávia já havia levantado.
Demorei o máximo que pude no banho, me esfreguei como se assim eu conseguisse tirar todo meu desejo pela Lívia. Isso não poderia continuar. Meu juízo não iria aguentar por muito mais tempo. Agradeci por Flávia não estar em casa e fui correndo para o escritório. Cheguei em tempo recorde. Eu iria acabar com aquilo de qualquer maneira. Procurei pela Lívia com o olhar. Jamais deixaria que percebessem qualquer coisa suspeita. Praguejei mentalmente por não ter a visto. E sequer seu número eu tinha. Acabei ficando toda a manhã ocupada em meio a milhões de papéis. Pedi apenas um lanche rápido e comi em minha sala mesmo.
Quase no final da tarde pedi que minha secretária procurasse e pedisse que a Lívia viesse a minha sala antes do final do expediente. Eu queria ter ido procurar por ela no final do expediente, afinal teriam poucas ou talvez ninguém no escritório, mas poderia ter a possibilidade de não encontrar com ela. Suspirei irritada, espalhando os papéis sobre a mesa.
- Merd*, Vitória! Onde está seu foco? - Eu soltei uma gargalhada baixa de nervoso, mas a verdade era que eu queria chorar. Batidas na porta significava que meu foco estava bem ali querendo entrar na minha sala. Suspirei outra vez. - Você consegue! - Disse baixo antes de autorizar a entrada dela.
- Oi, Vitória. - Óbvio que era a Lívia. - Solange me avisou que a senhora queria conversar comigo. - Agora eu era senhora? Ri internamente.
- Sim, Lívia, pode entrar, por favor. - Levantei da minha mesa para recebê-la. E mais uma vez Lívia estava impecável. Sexy. Seu sorriso meigo não coincidia com o furacão que era ela. - Sente-se, serei breve. Sei que já está quase dando seu horário, porém eu precisava conversar com você hoje. - Duas batidas na porta e a Solange apareceu, perguntando se precisava de algo mais pois ela estava indo embora. Dispensei-a com o coração na boca. Um silêncio incômodo se instalou entre nós depois que a porta foi fechada pela minha secretária.
- Vitória, se for sobre ontem…
- Flávia pediu ajuda para que eu descobrisse se você tem outra pessoa. - Soltei ríspida. Ela apenas formou um O com a boca e abaixou o olhar. Eu sabia que ela não tinha culpa alguma do pedido de Flávia, mesmo assim eu estava furiosa. - Nós precisamos acabar com isso.
- Concordo!
Ela se levantou e eu imaginei que estivesse indo embora. Prendi a respiração e apenas esperei ela sair. O que foi minha surpresa maior ao ver Lívia trancando a porta do escritório. As famosas borboletas se apossaram do meu estômago. Senti meu sex* contrair ao ver Lívia caminhando novamente até a mesa. Eu não conseguia dizer nada. Ela procurava alguma coisa em meio a minha mesa, que estava um pouco bagunçada devido ao papeis que espalhei há pouco tempo.
- O que... - Minha voz falhou quando vi que ela encontrou meu celular e mexer em alguma coisa, deixando-o no mesmo lugar. Ela deu a volta na mesa, se apoiando sobre ela, de frente para mim. Eu tive certeza que não tinha qualquer problema cardíaco, porque meu coração parecia querer saltar da boca.
- Agora nós podemos acabar com isso, Vitória, não tem nada que vai nos atrapalhar. - Ela sorriu de lado. - Agora você pode apagar todo o fogo que colocou em mim. - Senti que estava suando e minha respiração começava a sair descompassada. - Eu serei sua nas próximas horas e vou fazer tudo que você que quiser.
Fim do capítulo
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