Elas se olharam assim que a mulher entrou, mas era isso normal. Ao menos para Tessa, ela sempre olhava para as clientes que entravam em seu bar. Mas aquela mulher que entrara era diferente. Seus olhos se prenderam tempo demais nos olhos castanhos escuros, sob a franja negra e sorriu sem graça. Antes, de finalmente desvia-los para a coqueteleira que estava em suas mãos.

Era normal. Normal trocar olhares com mulheres atraentes, ainda mais quando se tratava de um bar lésbico.

Tessa tentou se distrair, mas para sua infelicidade o bar não estava muito cheio. Alguns casais bebendo nas mesas de madeira. Mulheres jogando sinuca e duas ou três no balcão do bar conversando em seus assuntos particulares.

Tessa se virou, jogando pano branco cima dos ombros. Ela olhou para as garrafas de bebidas e as admirou. Gostava de olhar as garrafas, elas eram bonitas e de formas diferentes.

— Com licença? — uma voz melódica e presencial perguntou.

Por alguma razão Tessa sabia exatamente quem era. A voz combinava com ela. A bartender se virou novamente e plantou um sorriso nos lábios.

— Olá, gostaria de pedir alguma coisa? — Tessa devolveu a pergunta, simpática.

A mulher olhou em volta, antes de sentar na cadeira alta a frente do balcão. Ela colocou as mãos em cima dele e ligou os dedos em nos outros. Tessa abaixou os olhos rapidamente e reparou uma pulseira de couro e seu relógio torto. Ele estava virado para dentro do punho.

— Sim, por favor. Um Martini. — a mulher respondeu, desenhando um sorriso doce nos lábios.

— É pra já. — Tessa rapidamente avisou, tratando de arrumar o drink.

Enquanto colocava o gim dentro da coqueteleira que antes distraidamente a limpava. Ela tentou não observar muito a mulher, mas era um pouco inevitável. Era linda.

Cabelos pretos, com uma franja que caia quase em suas pálpebras e toda vez que a mulher mexia os olhos os fios de cabelo se movimentavam juntos. Seu nariz era levemente projetado para frente, mas combinava com seu rosto e sua boca era lindamente desenhada. Nem fino, nem grosso. Mas seus lábios repuxavam levemente nos cantos, dando um ar quase de sensualidade.

— Eu nunca te vi por aqui. — Tessa comentou, colocando o copo longo a frente da mulher e adicionando duas pedras de gelo.

— Na realidade eu sou nova na cidade. — a mulher contou melodicamente, levou seus dedos para a taça do Martini e observou a bartender colocar as duas azeitonas espetadas no palito dentro do copo.

— Ahh, — Tessa não sabia ao certo o que dizer perante essa informação. — Bem, então seja bem-vinda.

— Obrigada, — A mulher respondeu docemente com um sorriso nos lábios.

— Aqui está, — Tessa falou, colocando finalmente o conteúdo liquido dentro do copo. — Espero que goste. Martini não é a minha especialidade.

A mulher riu e Tessa fitou o riso. Seus dentes eram bancos e enfileirados. Era uma risada genuína. A bartender gostou de ouvir a melodia da risada.

— Olha, se você quer uma dica. O bar fica mais cheio nos sábados.

A mulher olhou para bartender um pouco confusa, enquanto bebericava o Martini. Ela colocou o copo novamente no balcão de granito e acenou depois de alguns segundos. Parecendo finalmente entender o recado.

— Ah sim, obrigada. Mas na realidade estou esperando alguém. — a mulher informou, olhando mais um vez em volta, mas parece que ela vai se atrasar.

Uma mulher dessas realmente, é claro que ela veio para um encontro. Tessa pensou consigo mesma, antes de colocar a coqueteleira na mesa de madeira que ficava logo a baixo do balcão de granito.

— Espero que ela não te faça esperar. Porque já percebi alguns olhares para você. — Tessa provocou levemente com uma piscadela.

Era um flerte. Como ela iria se segurar, com uma mulher linda como essas em sua frente.

Novamente a risada melódica e a mulher ne cabelos negros repuxou sua camisa ¾ roxa para cima. Como se tivesse com calor.

— Se for assim, definitivamente passarei vir aqui. — a mulher devolveu, mas seus olhos não olharam em volta. Eles se fixaram na bartender em sua frente.

— Assim espero... — Tessa não sabia novamente o que dizer, mas compreendeu do que aquilo se tratava.

O flerte fora devolvido e ela gostou.

— Desculpe, mas você tem um nome não tem? — a mulher perguntou, antes de novamente pegar o Martini e bebericar mais uma vez. — Ah, mesmo não sendo sua especialidade isso aqui está uma delícia.

— Obrigada — agradeceu sinceramente, sentindo suas bochechas arderem ao elogio. Ela sempre recebia elogios, mas vindo dessa mulher a deixou levemente desconcertada. —  Tessa é o meu nome. — levantou a mão.

A mulher a olhou e um sorriso de lado, malicioso, nasceu.

— Combina com você. Eu sou Elizabeth. —  levantou a mão e cumprimentou, tocando na mal da bartender. Um movimento que pareceu pegar as duas de surpresa.  — Agora estamos devidamente apresentadas.

Tessa sentiu a mão segura apertando a sua e nesse simples toque sentiu um arrepio agradável nas costas da nuca. Sorriu ao sorriso de Elizabeth. Seus olhos passearam novamente pela mulher, ela guardava um decote voluptuoso de baixo da camisa e seu cabelo preto caia por cima deles. Elizabeth era mais velha do que a bartender, talvez uns 10 anos. Mas isso não pareceu atrapalhar o flerte de ambas.

Finalmente elas saíram da apresentação e Tessa olhou pelo bar. Todas pareciam estar alheias o que ali aconteciam. Ela voltou a olhar para mulher e percebeu que estava sendo estudada por ela. Novamente, suas bochechas queimaram e em toque nervoso, colocara o cabelo castanho para trás da orelha.

— Se eu soubesse, não teria marcado meu encontro. — Elizabeth comentou casualmente, mirando seus olhos castanhos escuros para bartender.

— Você sabe onde me encontrar... — respondeu num tom baixo tom de voz, quase rouco.

— Agora eu sei, — Elizabeth lambeu os lábios, antes de levar uma das azeitonas na boca.

Os lábios da mulher se projetaram levemente para frente fazendo um leve bico e seus olhos ainda se permaneciam na bartender.

Meeerda Tessa xingou dentro de si.  Ela está fazendo de propósito.

— Lizzie.

A mulher suspirou e sua cabeça virou levemente para voz.

A bartender acompanhou a voz e olhou para trás, fitando uma mulher loura atrás de Elizabeth. Seu encontro.

Elizabeth olhou uma última ver para Tessa, antes de se virar para a loura.

— Desculpe a demora, trânsito.

— Claro, sem problemas. — ela se virou para pegar o copo de Martini nas mãos e olhou para bartender. — Eu nem senti o tempo passar. — Elizabeth sorriu e colocou-se de lado. — Por que não escolhe uma mesa para gente, querida.

Tessa olhou para a interação das duas e parecia que elas já tinham certa intimidade. Intimidade suficiente.

A loura sorriu contente e se afastou.

— Bom encontro. — A bartender tentou ser sincera, mas estava apreciando a presença daquela mulher.

— Talvez ele não se tornara mais tão interessante, — deu de ombros parecendo desinteressada da loura. — te encontro aqui sempre? — perguntou, colocando-se de pé.

Tessa não acreditava que Elizabeth ainda flertava com ela, mesmo depois que seu encontro já estava ali. Mas a bartender, sentiu algo. Uma tensão gostava, um olhar atraente. Elizabeth parecia ter muita coisa para contar e ela gostava disso.

— Como disse, estou sempre aqui.

A mulher abriu um sorriso brilhante novamente e o coração de Tessa afundou no peito. Era um sorriso lindo.

— Te vejo por ai. — Finalmente levantou e foi em direção a loura.

Era inevitável a troca de olhares durante a noite em que estava atrás do bar. Aquela mulher era atraente demais para a bartender não magnetizar seu olhar ali. Porém, tentava tornar-se o mais profissional possível, principalmente em respeito a loura, que parecia estar alheia a tudo.

Tessa atendeu mais algumas mulheres. Sorriu para outras, mas seus olhos sempre se encontravam com as de Elizabeth.

Finalmente, depois de algumas horas, tivera vontade de ir ao banheiro. Tessa abriu a tampa do bar e se direcionou ao sanitário. Ela abriu a porta e entrou na primeira das três cabines. Todas estavam vazias.

Saiu da cabine, se direcionou a pia e lavou suas mãos. Entretanto, quando puxou o papel para secar suas mãos a porta do banheiro fora aberta.

Elizabeth estava ali dentro. Juntamente com ela.

Sem dizer uma única palavra a mulher lhe puxou pela nuca e lhe beijou com exigência. Ao primeiro estante Tessa ficara assustada, mas logo se acostumou com o beijo delicioso e com a língua macia que lhe invadia tão deliciosamente sua boca. A bertender gemeu dentro do beijo e relaxou. Porém, assim como o beijo começou ele acabara na mesma surpresa.

— Só para ter certeza. — Elizabeth murmurou, sua voz estava baixa e carregada com pinceladas de desejo.

— Do que? — Tessa perguntou confusa, com os olhos entreabertos ainda sorvendo o beijo.

— De que eu voltarei para cá.

Elizabeth sorriu e se distanciou deixando a bartender sozinha por mais uma vez no banheiro. Voltando para o seu encontro inicial. 

Tessa olhou para o seu reflexo no espelho, ainda com a confusão em seus olhos. Entretanto, um sorriso lascivo nascera em seus lábios inchados.

— Ela sabe onde me encontrar.

Fim do capítulo