Capítulo 49 - Estou Sonhando?
A ILHA DO FALCÃO -- CAPÍTULO 49
Estou Sonhando?
Natasha voltou a si novamente no dia seguinte. O quarto estava em silêncio. Piscou diversas vezes antes de voltar a fechar os olhos, ofuscada pela luz que vinha da janela.
O corpo doía quando se movia, principalmente quando tentava respirar profundamente. Tentou mover o braço, mas percebeu que alguém lhe segurava a mão.
Em um grande esforço conseguiu abrir os olhos. Viu Andreia sentada a seu lado com os dedos entrelaçados aos seus. Ela estava encostada na cabeceira da cama com os olhos fechados. Talvez dormindo.
Quando tentou soltar a mão, ela deu um pulo da cama.
-- Natasha! Graças a Deus -- Andreia beijou-a no rosto. Seus olhos estavam vermelhos e cheios de lágrimas -- Fiquei com tanto medo que morresse.
-- Quanto tempo fiquei desacordada? Seu bebê já nasceu? -- brincou, mas não sorriu.
-- Engraçadinha! -- o humor dela, deixou Andreia bem mais tranquila.
O barulho fez Talita entrar no quarto.
-- Até que enfim -- a médica aproximou-se e fechou o soro com medicação que havia terminado -- Desculpa, mas tive que aplicar um sedativo. Você estava muito agitada.
Andreia soltou a mão de Natasha e se virou para ficar de frente para ela.
-- Eu sabia de suas crises de asma, mas não fazia ideia da seriedade de seu estado até ontem. É sempre assim?
Natasha sabia a causa da crise. Tensão emocional a tornava vulnerável, e ela tinha acabado de ter a mais incrível revelação sobre os sentimentos que Andreia nutria por ela.
-- Quase sempre -- respondeu Natasha, se recostando contra uma pilha de travesseiros.
-- Você parecia tão bem ultimamente -- Talita deu uma risada maliciosa, enquanto seus olhos observavam atentamente cada reação delas -- Aqui está a sua bombinha -- a doutora retirou a medicação da maleta e entregou a ela -- Pelo amor de Deus, Natasha. Quantas vezes ainda terei que te falar que não deve tirar a bombinha do bolso?
-- Esqueci no carro -- Natasha resmungou, irritada. Na verdade, nem lembrava onde tinha deixado -- Obrigada, doutora. Provavelmente estaria morta se não fosse você.
-- Engano seu. Foi a Carol quem a salvou. Ela saiu correndo buscar ajuda, bateu na porta do meu chalé tarde da noite e me arrastou até aqui. Eu apenas trouxe o oxigênio e fiz as medicações adequadas.
-- Ah, então, agradeço a você também, Carol -- disse, constrangida.
-- Não agradeça. Eu quase te matei -- Andreia estava envergonhada -- Acho que fui muito direta em minhas revelações -- disse, olhando para o chão.
-- Aqui está -- Talita entregou um lenço de papel para ela -- Enxugue essas lágrimas. Agora está tudo bem.
Talita andou até a porta e parou antes de abri-la. Se virou com o semblante divertido.
-- Ah, e podem continuar a conversa. Qualquer coisa, é só usar a bombinha.
Antes de sair, Talita ainda deu um sorriso enorme.
-- Adoro a Talita -- comentou Andreia, assim que a porta se fechou -- Ela é maravilhosa.
-- A doutora está esquisita. Parece que está tendo um orgasm* enquanto anda.
-- Credo, Natasha! Que indelicadeza falar essas coisas sobre a Talita.
-- Mas, não é?
-- Não. Não é. Eu contei para ela que não sou a Carolina e também que... Ah, deixa pra lá.
-- A doutora é uma pessoa justa e honesta. Deveria se envolver com pessoas desse nível e não com pessoas como a Sibele -- Natasha ajeitou-se melhor na cama -- Escutou o que ela disse. Vamos continuar a conversa.
Andreia disfarçou e mudou de assunto:
-- Como se sente? Pode respirar normalmente? Ainda sente dor no peito?
-- Estou bem, Andreia. Por favor, pare de chorar e continue falando -- Natasha bufou, sem paciência.
Andreia estava nervosa. Ontem no calor do momento havia falado coisas que nunca imaginou que tivesse coragem de falar. Mas hoje, estava difícil.
Desviou o olhar do verde dos olhos de Natasha para o azul das águas do Oceano Atlântico. Foi assim que encontrou força.
-- Sei que cometi muitos erros. Mas estou tentando repará-los. Prometo devolver tudo e até repor o dinheiro que gastou com a doença do meu pai. Se quiser, posso trabalhar para você. Eu entendo de administração de hotéis, mas por favor, Natasha. Olhe bem dentro de seu coração e me dê mais uma chance. O bebê não tem culpa de meus erros -- sua voz tremeu ao dizer -- Pense no assunto com carinho, eu te peço.
Natasha queria olhá-la nos olhos. Então, a fez se virar puxando-a com delicadeza pelo ombro.
-- Ouça-me, Andreia.
Pela primeira vez Andreia ouviu o seu nome ser pronunciado por Natasha. Soou tão doce quanto uma torta de maracujá com chocolate.
Natasha continuou:
-- Não quero seu dinheiro e não necessito do seu trabalho. Só Deus sabe o quanto eu tenho pensado nesse assunto -- disse, num tom firme, não querendo demonstrar sofrimento em sua voz -- Não teve um dia em que eu não tenha me odiado por não ter tido coragem de entregar vocês a polícia.
Andreia franziu o cenho e olhou para Natasha, não entendendo.
-- Como assim, nos entregar a polícia?
-- Já faz algum tempo que eu sei da verdade.
Surpresa e embaraçada, Andreia respirou fundo. Havia sido uma revelação espantosa para ela. À medida que seu cérebro processava as informações, Andreia começava a ficar cada vez mais confusa e temerosa. Por que ela não a desmascarou? Perguntava-se.
-- Como descobriu? -- ela a fitou boquiaberta.
-- A verdadeira Carolina apareceu -- Natasha se remexeu, ajeitou o travesseiro nas costas, e, em seguida, fixou os olhos em Andreia. Ela começou a explicar, tão natural quanto possível -- Lembra da garota que eu salvei no desabamento da cabana? Pois é, aquela garota é a minha irmã.
Andreia abriu a boca várias vezes, ensaiando a pergunta que não queria calar.
-- Então, por que não nos entregou a polícia?
Natasha ergueu as mãos em um gesto de rendição.
-- Queria castiga-los, antes de chamar a polícia. As leis brasileiras são muito brandas. Com um bom advogado, em breve estariam respondendo em liberdade. Vocês mereciam uma boa lição -- seus olhos verdes brilhavam intensamente -- Você não concorda?
Engolindo em seco e sacudindo a cabeça, Andreia nem tentou se defender. O pânico iluminou seus olhos e ela caiu num choro convulsivo.
-- Você tem razão -- sua voz estava embargada -- Pode chamar a polícia.
-- Cala a boca -- disse Natasha, passando a mão pela testa.
Andreia continuou falando e chorando.
-- Eu sou uma mentirosa, uma criminosa perigosa... Mereço ir para uma penitenciaria de alta periculosidade e de lá nunca mais sair...
Natasha riu e a agarrou, puxando-a para a cama. Ela pegou o rosto de Andreia entre suas mãos e a calou com um beijo. Um beijo longo, terno, como se não pensasse em mais nada há muito tempo.
Andreia parou de respirar, entreabrindo os lábios. Seu corpo queimava com um fogo intenso, fazendo-a derreter-se toda.
O tempo perdeu todo o significado enquanto ela se entregava consumida por uma onda de prazer tão intensa, tão absoluta, que podia sentir os músculos internos de seu corpo se contraindo.
Todo o seu corpo estava mole, caído sobre Natasha.
Parecia que tinha se passado uma eternidade quando finalmente suas bocas se afastaram. Os olhos de Natasha sorriam para ela brilhando, com um verde maravilhoso.
-- Só assim para te fazer calar -- ela disse, sorrindo de forma sexy.
Andreia não pôde acreditar no que acontecera. Por vários minutos, ficou atônita demais para se mexer ou dizer alguma coisa. Congelou, com os lábios ainda entreabertos.
-- Natasha! -- Andreia sussurrou.
Natasha sorriu dando um selinho em sua boca tentadora.
-- Não foi essa conversa que me fez ter uma crise de asma. O assunto era bem mais... interessante.
O rosto de Andreia ficou vermelho de vergonha.
-- Não sei se vou conseguir continuar -- disse sorrindo.
-- Vai sim. Eu ajudo.
Ficaram se olhando por um bom tempo, conscientes de que havia algo muito forte entre elas, uma química intensa nunca sentida antes.
-- É real o que está acontecendo? -- perguntou Andreia, desejando prolongar aquela magia indefinidamente -- Tenho medo de despertar e enfrentar a realidade.
-- É a mais pura realidade -- Natasha sentia que fizera a coisa certa. Seguira seu instinto inconsciente sem pensar nas consequências, mas sentia-se feliz e tranquila. Isso que importava -- Confesso que fiquei assustada e cheia de dúvidas. Perguntava-me como podia ter algum sentimento por alguém que armou algo tão cruel contra mim. No entanto, sabia que sentia, por mais irracional que isso fosse.
Andreia sentia-se privilegiada em poder tocar aquela mulher; a mulher mais linda que conhecera. Uma mulher tão poderosa, e que para ela se mostrava tão vulnerável. Tão forte e orgulhosa, e ainda assim de profunda delicadeza.
Como podia existir uma mulher assim na vida real.
-- Você não disse que me ama -- reclamou Andreia. Natasha a mantinha ainda abraçada, e pôs-se a acariciar os cabelos dela. Beijou-a no rosto, e deslizou os lábios até o ouvido dela.
-- E precisa?
-- Claro que precisa -- Andreia fechou os olhos e afundou o rosto no peito dela. Era tão gostoso sentir o calor que emanava do seu corpo.
-- Andreia -- Natasha disse baixinho -- Eu te amo.
A ruiva ergueu o rosto e deu o seu sorriso mais bonito.
-- Se você não me beijar agora, serei obrigada a tomar o beijo a força -- Seus lábios se abriram e ela se inclinou sobre a empresária.
Natasha deu um sorriso sensual, com um brilho malicioso nos olhos.
-- Com um pedido desses, tão quente, quem sou eu para recusar?
Natasha a beijou novamente. O beijo foi tão intenso que Andreia mergulhou em um mundo paralelo. Um lugar de paixão e deslumbramento que nunca experimentara. Pela primeira vez, Andreia compreendeu o que era o desejo. Mas, não um desejo qualquer. O desejo de ter a pessoa que amava loucamente.
Natasha concluiu que não poderia ter resistido à Andreia, mesmo que quisesse. E a única coisa que queria naquele momento era ficar presa nos braços dela.
Depois que o beijo terminou, Andreia se aninhou ao lado dela na cama e fechou os olhos, sorrindo. Estava tão feliz, que mal se continha. Contudo, havia mais um assunto pendente: César.
Não queria estragar a magia do momento trazendo mais problemas para Natasha, mas se estavam começando um relacionamento, que fosse construído em bases sólidas, em terreno fértil, adubado com amor, verdade, respeito e companheirismo. Não havia lugar para mentiras.
-- Nat, tem mais uma coisa que preciso contar.
-- Tem mais ainda? -- perguntou Natasha, puxando-a mais para perto até poder envolvê-la com os braços.
-- É sobre o pai do meu bebê -- disse com a respiração pesada, e hesitante -- Ele está aqui na ilha.
Fim do capítulo
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Anny Grazielly
Em: 11/09/2020
Aiaiaiiai genteeeeee!!!! Amei demais o capítulo... elas sao lindas juntas... aiaiaia... e a chegada de Nat foi demais... ri muitooooo... kkkkk
Mille
Em: 25/07/2018
Ameiiiii o capítulo
Bom para as duas conversa sincera e acima de tudo o amor falando mais alto.
Já que começou a falar tem que colocar o vigarista do César.
Ah eu tenho certeza que irei amar o capítulo onde ele e a Mariana iram dançar.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Bom dia!
O castigo de Sibele e Marcela vai ser bem divertido e assustador. Vamos rir bastante, mas elas, vão chorar bastante.
Que seu dia seja super abençoado!
Beijos Mille.
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NovaAqui
Em: 25/07/2018
Ah! Que fofa essa grossa da Natasha! Kkkk gosto dela, mas tem horas que a bicha é grossa jkkkk
Como será a partir de agora?
Acho que ela vai querer matar o César e a Andreia também. Louca do jeito que ela é (emoji com olhinhos para cima) kkkkk
Adorando o rumo que você está dando a história.
Você é uma das minhas autoras preferidas aqui.
Com todo respeito a Ana, te amo!
Abraços fraternos procês aí!
Resposta do autor:
Obrigada NovaAqui.
Você é muito gentil e simpática. Obrigada, mesmo!
"Bons amigos são como estrelas: nem sempre podemos ver, mas temos certeza que estão sempre lá".
Que seu dia seja ricamente abençoado por Deus!
Beijos.
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patty-321
Em: 25/07/2018
Lindo. Nat acreditou na andrea e se entregou. Carol nao vai gostar. Bom q a Andrea conte tudo. Mas o q a nat vai fazer com a Sibele e marcela? Essas estão ferradas.
Resposta do autor:
Bom dia Patty.
Boa constatação, Patty. Carol não vai gostar nada, nada. Sibele e Marcela, que se preparem.
Que não falte fé, força e ânimo pra viver um dia abençoado hoje.
Beijão.
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