Ela por Leh Almeida
Capítulo 1
Era ela bela, Deus, como era.
Com os cabelos sempre caídos pelo rosto
Ela fazia com que o mundo esperasse sua própria vontade de mostrá-lo
Rosto aquele com uma simetria quase perfeita.
Ao fim do dia um cigarro ela acendia
Encostava-se ao parapeito da sacada a fim de observar o crepúsculo da tarde.
Era sexy sabe sempre vê-la ali feito uma obra de arte a ser admirada.
A fumaça dançava em seus lábios e se dissipava com a brisa que fraca como eu, soprava.
Quando ela resolvia me encarar com aqueles olhos por cima dos óculos, convidando-me como se clamasse por mim.
Eu sentia que podia queimar até a morte.
Ela era tipo de mistério que me encantava.
Minha sanidade sempre se perdia em meio às suas curvas perigosas.
Seus olhos de um castanho profundo sempre envoltos de delineador e lápis borrado, eram olhos lindos de se ver.
Lhe caía bem àquela aura de menina má.
Ela me sorria com os lábios suculentos envolvidos por um batom vermelho, sempre tão convidativos.
Eram esses mesmos lábios que sussurravam palavras sujas que me levavam ao inferno apenas por alimentarem meus pecados tão rubros quanto aqueles lábios.
Às vezes sentava-se e falava-me de seus sonhos, vontades, seus filmes, livros e músicas preferidas.
Eu como uma boa companhia, escutava tudo no mais profundo silêncio, me deliciando com os raros momentos em que ela se expressava.
Ou então ela só ficava calada perdida em meio a melancólica voz de Lana del Rey, enquanto observava tudo com medo que se piscasse, perderia algo.
Quando cansava de se ouvir falar, dava-se ao trabalho de meus lábios maltratar com seus beijos sôfregos.
Sempre que me tocava no rosto se desvanecia como fumaça, deixando-me ali a mercê de seus caprichos e provocações.
Antes que ela arrumasse um jeito de escapar, eu lhe roubava um pouco da fumaça em seus lábios, guardando dentro de mim.
Ela sabia que era o tipo de mistério que me intrigava.
Aos poucos ela percebia que eu havia descoberto como era para ela viver em meio a máscaras.
Às vezes ela sorria, outras se calava.
Às vezes me mostrava coisas novas que me desafiavam para vida.
Outras vezes ela apenas chorava, e era nesses dias que sua alma emudecia.
Me respondia grossa, e por vezes me arrastava para cantos vazios provando dos meus lábios com um desespero descomunal.
Sua mente confusa se perdia assustada ela estava.
Ela havia perdido o controle de seu jogo perigoso.
Ela que pensara ser indesvendável encontrava-se a agora sendo descoberta, camada por camada sendo retirada.
Alma e mente cada vez mais expostas para mim.
Cansada de lutar, ela acabara por confessar que por mim estava apaixonada.
Ela havia me entregado, suas palavras mesmo que fosse famosa por seu silêncio.
Me entregara seu corpo embora eu tenha lhe entregado minha alma.
Foi então que ela me olhou tão profundamente, seu castanho se fundiu ao meu verde e uma nova cor foi criada, diferente de todas as tonalidades que o mundo já havia visto.
Então aqueles segundos se perderam na eternidade, ela tremeu e ameaçou de mim mais uma vez fugir. Tocou-me no rosto como era de costume sempre que partia
Ela havia me entregado as pistas que fechavam o mistério.
Eu a desvendei e ela se apaixonou.
Eu não podia deixá-la partir
E não havia como esquecer as lembranças que fizemos.
Eu sabia que ela habitaria minha mente
Sua alma me assombraria pra sempre
Ponderei comigo, e em um ato de coragem saí porta a fora a gritar:
Morrer ao seu lado, o privilégio e o prazer seriam meus!
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Jocelyne Laissa
Em: 25/08/2018
Olá querida autora, adorei seu poema, a forma como você escreve é bem descritiva e intrigante.
Espero que eu possa ler mais poemas seus.
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