Capítulo 3
Não!
Não é possível ficar quatro semanas sem notícias sua, te busquei por todos os cantos, por todas as notícias de falecimento, acidente e afins… Busco-te e não encontro. Insisti para sua amiga me contar sobre seu paradeiro, mas ela nega qualquer informação.
Hoje acordei e recordei que me contou que sua tia queria a sua ajuda com a empresa dela, peguei as chaves do carro e desci as escadas do prédio correndo. Ainda tremendo dei partida e saí da garagem.
Depois de rodar por duas horas avistei a entrada da cidade, eu já visitei sua tia uma vez, mas será que vou saber o caminho? A empresa é no meio da cidade, no coração daquela pequena cidade do litoral. Decidi procurar por você e pela sua tia ali, seria mais sensato do que achar a casa dela.
Rodei com o carro devagar tentando fazer o coração se acalmar, mas não adiantava. Ele acelerava e pedia para que eu acelerasse. Parei na frente da empresa e respirei fundo prendendo a respiração por alguns segundos, meu coração queria pular para fora da boca.
Sai do carro e entrei na recepção. A secretária pediu um segundo, pois estava no telefone. Escutei alguém descendo as escadas, era sua tia.
— Onde está a Amanda? — perguntei preocupada.
— Venha até a minha sala. — disse calma.
Subi as escadas atrás dela. Entramos na sala e pediu que me sentasse.
— Por que quer saber da Amanda? Você já não machucou ela demais?
— Eu preciso dela. — disse me segurando para não chorar.
— Ela me disse que você se casou.
— Eu não casei, abandonei meu noivo no altar para correr atrás dela e isso já faz quatro semanas. Não tenho notícias dela desde então.
— Ela veio morar comigo por um tempo.
— Eu preciso vê-la. — olhei-a implorando por um apoio nessa insanidade.
Ela ficou em silêncio, queria ver a agonia em meu rosto. Levantei da cadeira e fui até a janela, estava ansiosa, não conseguia ficar parada por muito tempo.
— Ela deve estar chegando, pode esperar aqui na minha sala. — levantou-se saindo da sala.
Observei a rua da frente da fábrica, um carro preto surgiu correndo e um caminhão virou a esquina sem olhar o que estava fazendo. Os dois colidiram fazendo um imenso barulho. Reconheci o carro depois que vi a placa, BIS0001. Sai da sala correndo, desci a escada mandando a secretária chamar uma ambulância e corri para fora da fábrica.
Parei ao lado da porta do motorista e vi seu rosto ensanguentado, abri a porta e lhe toquei o rosto ajoelhando.
— Amanda! — tentei lhe acordar — Amanda!
Por um segundo me olhou como se eu fosse um fantasma e voltou a desmaiar.
— Amanda, acorde por favor! — eu estava chorando.
Respirou fundo e me olhou novamente. Pousou a mão em meu rosto e apertou minha bochecha como se quisesse se certificar da minha existência.
— Emily!
Sua tia veio ver o que estava acontecendo e assustou-se com seu estado.
— Emily!
— Ei, não fala nada, vou estar aqui quando acordar.
— Não! Vá embora!
— Não vou embora nunca mais.
A ambulância chegou e lhe levou.
No hospital fiquei ao lado da sua tia esperando notícias. Foi uma eternidade, pareciam séculos se arrastando, mas eram apenas os minutos. Ficar olhando o relógio se mover não ajudava muito.
Quando finalmente liberaram você para receber visitas, sua tia me olhou e me disse para entrar primeiro. Estava apavorada e pedi para ela me acompanhar, não queria sua raiva, queria seu perdão. Sua tia entrou, lhe beijou a testa e eu fiquei tímida perto do pé da cama. Você estava inchada e com o braço engessado. Fingiu que eu não estava no quarto, ok, eu merecia seu desprezo, mas eu queria mesmo era um abraço. Sua tia saiu do quarto e o desprezo continuou, me aproximei de você devagar, como um cão medroso e carente.
— Eu li a carta que me deixou. Eu fugi para lhe achar, mas você já não estava mais no apartamento. Perdoe-me por chegar tarde. — me segurei para não chorar.
Você me olhou e eu não soube definir sua expressão. Aproximei meu rosto para lhe beijar, mas você desviou a boca e acertei sua bochecha.
— Eu te amo. — sussurrei perto do seu ouvido — Perdoe-me.
Você me olhou profundamente e disse um não sussurrado. Eu ri de nervoso e me afastei.
— Estou procurando você há quatro semanas.
— Não pedi que me procurasse.
— Eu me assumi para minha família, disse que não ia me casar por te amar. Meu telefone ainda é o mesmo, me procure quando engolir seu orgulho.
Sai do quarto chorando.
Fim do capítulo
Leia o capítulo 2, aqui:
http://www.projetolettera.com.br/viewstory.php?sid=1632
E o primeiro, aqui:
http://www.projetolettera.com.br/viewstory.php?sid=1584
Comentar este capítulo:
RosanePatell
Em: 30/05/2018
Olha a rainha do supense em ação!!
Resposta do autor:
Oi, Rosane!!
Estou loooonge de ser rainha de alguma coisa, hahahhahahaha!!!
Um abraço,
Alice Reis
oamordealice.com.br
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