"Eu gosto tanto de você

Que até prefiro esconder

Deixo assim, ficar

Subentendido

Como uma ideia que existe na cabeça

E não tem a menor obrigação de acontecer

Eu acho tão bonito isso

De ser abstrato, baby

A beleza é mesmo tão fugaz

É uma ideia que existe na cabeça

E não tem a menor pretensão de acontecer

Pode até parecer fraqueza

Pois que seja fraqueza então

A alegria que me dá

Isso vai sem eu dizer

Se amanhã não for nada disso

Caberá só a mim esquecer

O que eu ganho, o que eu perco

Ninguém precisa saber

Eu gosto tanto de você

Que até prefiro esconder

Deixo assim ficar

Subentendido

Como uma ideia que existe na cabeça

E não tem a menor pretensão de acontecer

Pode até parecer fraqueza

Pois que seja fraqueza então

A alegria que me dá

Isso vai sem eu dizer

Se amanhã não for nada disso

Caberá só a mim esquecer

E eu vou sobreviver" - Lulu santos

Tudo começou em uma sexta feira nublada, estacionei minha moto na frente de casa, não guardei dentro da garagem, porque só iria tomar um banho e sairia novamente, pois tinha show da minha melhor amiga. Alexia Star, era uma transformista que fazia cover da Lady Gaga. Eu a conheci como Alex, quando trabalhamos juntos em uma empresa de publicidade como suportes de TI.

Alexia largou tudo para viver seu sonho, admirei muito sua coragem, o meu maior sonho era contar para minha mãe quem eu era de verdade, só que ela morreu antes disso.

Mas voltando ao ponto , estava entrando no portão quando a vi.

Estava em pé na calçada, vestia um longo casaco que chegava até ao meio das coxas que estavam nuas por conta do short, nos pés sandálias, seu cabelo loiro estava preso de modo relaxado, alguns fios em pé como se ela estivesse eletrificada. Dava ordens para os rapazes que descarregavam móveis do caminhão da mudança.

Não foi amor à primeira vista , nem sei se isso é possível, mas comigo certamente seria impossível. Porque segundo minha ex, sofro de imaturidade emocional, nem sei que raios é isso, mas foi o que ela gritou na minha cara e que não sabia explanar sentimentos, se e que os tivesse. Só que tenho sentimentos ,em abundância tanto que o disse me magoou, mas o caso e que não os demonstro adequadamente.

Puxei isso da minha mãe, nunca a vi chorar, nem quando a doença estava em um estado mais crítico. Enquanto crescia posso contar nos dedos quantos beijos ou abraços ganhei, mas isso não a fez uma mãe ruim. Ela sempre se preocupava comigo, me ensinou o certo e o errado, me deu todas as oportunidades de estudo dentro da nossa economia limitada. Ela me amou do seu jeito e assim que eu amo também.

Não sou expansiva, ainda que timidez também não me domine, amei profundamente minha mãe e quando a esclerose múltipla se manifestou, sofri como nunca na minha vida. Mas se você não me conhecesse bem, poderia achar que não ligava para a doença que a matou.

Mas estou me afastando do ponto aqui novamente, vai perceber que gosto de divagar mas não se irrite por isso.

O fato e que não a amei à primeira vista, mas ela despertou minha atenção, porque a achei linda, mesmo com a expressão cansada que tinha. Tirei meu olhar dela apenas quando uma menina que deveria ter uns 10 anos se aproximou, estava vestida com roupa de skatista, o boné virado para trás e freou o skate a centímetros de mim,  abriu um sorriso com dentes tortos:

- oi.

- olá.

Tinha olhos castanhos claros e cabelos lisos e longos que estavam todo bagunçado pelo rosto e ombros:

- somos suas novas vizinhas.

-humm..

Eu não sabia lidar muito bem com crianças, a menina sorriu mais uma vez, e depois continuou sua descida pela calçada passando por mim, acompanhei alguns minutos e depois voltei meu olhar para a mãe dela. Ela me olhava e foi a primeira vez que vi o meio sorriso.

Fim do capítulo