- Seu erro foi se apaixonar por mim Maia, nunca lhe dei abertura e mesmo assim você conseguiu sentir alguma coisa. O título de "sem coração" não é atoa, faço juízo a ele. Eu não confio nas pessoas, elas mentem o tempo todo. - Fui direta e dura, tive que ser. Maia me chamou para conversar, sabia que queria algo, estava inquieta, mas nem imaginava que fosse isso. Somos advogados, trabalhamos em 5, faz sete anos que criamos a empresa e Maia foi a última a entrar, ela é uma incógnita.

- Sabe qual a grande merd* da vida Srta. Milles? Eu prefiro esperar algo de uma pessoa e me decepcionar depois, que viver solitária. Que ter um vazio interminável no meu coração. Que trabalhar e trabalhar e não feliz.

- Mas quem... - Tentei falar.

- Deixa eu terminar Leandra. Eu trabalho para você faz o que? 5 anos? E foi exatamente o que eu fiz, e esperei algo de você e me decepcionei. E sabe do que mais? Estou viva, já sou machucada demais, um machucado a mais, uma decepção a mais não vai me matar. Antes eu pensava que se fizesse algo errado eu não conseguiria conviver comigo mesma, mas me surpreendi com a quantidade de coisas com a qual podemos viver. Eu não me importo se você é uma fdp que não pensa em ninguém e que manipula seus clientes, não me importo com a sua grosseria de graça, não me importo de você ser vazia, simplesmente não me importo. Eu sou a única nesse lugar que te suporta e eu em sei que você só me contratou porque me achou bonita, como você mesma disse, isso também me machucou e eu ainda estou aqui. Entende? Gostar de você foi um erro, humanos erram, até você senhora perfeição, erra. Só não podemos errar no que fazemos aqui, somos advogadas, a melhor equipe desse pais, precisamos lidar com pessoas o tempo todo, ou acredita nelas ou finge acreditar como no seu caso, não falhamos. Fora isso, somos meras humanas. E não se preocupe, sou profissional o suficiente para não misturar as coisas e viver bem com você. Passar bem.

- Espere. - Sussurrei sem saber o que lhe dizer, mas a porta já estava batendo, Maia saiu.

Desci pelas escadas a fim de alcançá-la no térreo, porém, precisei parar no caminho. Meu filho estava me ligando, até porque eram sete da noite e eu não tinha ido embora ainda. O acalmei dizendo que jaja chegaria. Desliguei e voltei a descer.

Vi Maia entrar no carro e sair apressada embaixo do chuvisco que caia, a gritei algumas vezes e senti meu coração errar a batida quando ao atravessar, um carro passou pelo sinal vermelho chocando em seu carro no lado do motorista. Todas as palavras que disse antes disso vieram a minha mente, ao meu coração. Senti como se tivesse sido despertada com tantos sentimentos que me fuzilaram enquanto via o socorro chegar e a tirar de dentro do carro com um sopro de vida. Não sei o que aconteceu ali, estagnei. Tudo poderia ter sido diferente.

Fim do capítulo