Capítulo 3 - Seguros não cobrem um coração partido
Como deter o tempo, como buscar teu corpo?
Resposta as quais eu precisava ter, resposta daquele dia, daquele quarto, muito mais clichê que filmes rodados em Roma, precisava mais uma vez saber tudo de você, o porquê da nossa história, o porquê deseja ser alma livre, como você mesma se intitulou tantas vezes pra mim, mas nunca disse que era só prazer por prazer, sex* por sex*, eu sentia, tinha mais, não poderia ter me enganado, não com você, não diante dos teus olhos famintos.
Sei que naquele dia respostas eu não teria, porque se a chuva não dava trégua, que dirá minhas indagações, minhas necessidades de somente saber de você, do motivo que a fez sair sem avisar, da forma que sem nada falar, saiu como se fosse a última modelo clássica de Paris.
Isabela, tão jus teu corpo com o nome, tão jus tuas formas, assim como só eu sei, jus ao coração que queria domar de maneira serena para mim, não era uma necessidade de pele, era de alma, era de amor, de lar, das melhores sensações que só você pode me despertar.
Não poderia ficar parada diante daquelas ruas estreitas, não poderia ficar somente a te procurar, se você fosse como fosse, não seria no rastro de um guarda-chuva vermelho que eu iria te perder.
Eu não te perderia para mim, não dessa vez, não nesse “déjà vu”, era real, era você, sei que bagunçamos os lençóis, me molhei inteira naquela chuva, tinha que ser real, tinha que ser você, não caberia tão perfeitamente em minhas mãos outra mulher, não faria amor como quem faz sempre pela última vez, nem tão pouco me deixaria marcas na pele, no corpo, nem com sede de mais se não fosse você.
Como o desespero não é amigo da razão, tão pouco o ciúmes, a cólera e as sensações vazias de perder os são, não mediria minha capacidade, talvez pudesse até voar, mas o nosso velho carro, parado ali, diante de mim, com a mesma música da nossa última viagem, era um convite a realidade, eu precisava enfrentar meus medos e achar você, minha Isabela, meu conto de princesa, minha realidade de cores misturadas, o amor mais perfeito, mais suave e ao mesmo tempo mais intenso que qualquer mortal desejaria ter.
Virei a chave na ignição, não sei quem mais estava trêmula, minhas mãos, minhas pernas ou meu coração, desafiar os medos por você, sempre foi capaz de me tirar da inércia, da ociosidade das coisas modernas, me fazia pôr os pés na terra, a correr descalça, a pisar em poças d’água, a sentir o vento no rosto quando abria sem me consultar a janela, quando alugava uma bicicleta, porque me desejava livre de amarras. Tocava a última música que antecedeu acordar naquele quarto, era “The Scientist – Coldplay”, ainda olhava nos teus olhos, ainda recordava o quanto eles falavam que eu estraguei a tua festa, eu não poderia viver com isso, nessa mistura entre realidade e fantasia.
Era um dia qualquer, era seu dia, era um misto de trivialidade e dia para lançar-te naquele baile no Royal Palace, ali eu a pediria para ser eternamente minha, mas o que eu fiz, como pude fazer o que fiz, como pude deixar que uma simples palavra te fizesse correr de mim?! Eu só queria me casar contigo, mas entendeu por bem que era para te prender, como, me diz como prender um pássaro, como prender águas nos dedos?!
Sonho, pesadelo, realidade, era o que eu desejava te explicar, porque não me contou, porque não disse, que não poderia simplesmente dizer “sim”, pois, não era assim que sonhavas ficar junto a mim, porque correu, porque não parou quando o semáforo estava vermelho?!
Estilhaços no chão, assim como meu coração se encontrava, não sei o tempo que foi, entre acordar, entre procurar e não te encontrar, tempo tão efêmero, tão eloquente como o mais profundo silêncio.
É tão fácil devolver um para-brisas inteiro, mas como devolver minha alma dilacerada que todos os dias acorda querendo o mesmo dia de volta, ouvir tua voz a falar: - “Acorda Raquel! Acorda meu amor, olha o dia, faz chuva lá fora, vamos sair e vamos dançar, minha Raquel a chuva foi feita para isso, saí dessa cama, vem quero te amar na chuva!”
Já diria Lulu “... Não há tempo que volte amor... Vamos nos permitir”, não há seguro de vida, que cubra o meu coração partido, não há tempo que me faça parar de procurar você, venci meu medo de viver porque me ensinastes, venci e vivo até te encontrar.
Fim do capítulo
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AngelPaz
Em: 21/05/2018
Essa estória está cada vez mais fantástica...acho até que deveria escrever até o cap. 50 ou até mais!
Você escreve linda e poéticamente incrível!!
mesmo na tristeza existe uma suavidade nas palavras que me envolvem, devoro cada palavra degustando cada sentimento!!
Parabéns!!!!
RosanePatell
Em: 20/05/2018
Ótimo! Estou adorando sua estória! É poesia pura!
Resposta do autor:
Rosane, obrigada mesmo, fico imensamente feliz!
Abraços
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Cristiane Schwinden
Em: 19/05/2018
[Respondendo Lara] Prometo que a próxima e última foto vai ser algo que inspire algo feliz.
[Respondendo Laura, Laís ou Ladislau?] Não vai ser um acidente de trânsito que vai impedir Raquel de ter uma bela conversa com sua fugitiva Isabela né? Que menina difícil de achar!
Tá uma delícia acompanhar seus textos, dá vontade de prolongar o desafio.
Resposta do autor:
Cristiane, esses elogios me deixam encabulada, pois amo seus textos, acompanho praticamente todos com muita expectativas e sou supreendida sempre. Pode ser Laís, como desjar me chamar.
Quanto essas duas, a gata e a fugitiva igualmente gata, vamos ver o que nos espera a quarta foto. rsrsrs
Obrigada mesmo!
Que venham novos e instigantes desafios!
Laís (Laura) - Ladislau
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LMdreams
Em: 19/05/2018
Assim fico sem minhas unhas senhorita Ladislau.... Tive que segurar a respiração nesse capítulo. Também, D. Cris não facilitou nadinha com essa 3ª imagem. Agora o coração tá apertadinho esperando o desfecho desse romance encantador. Avisa a D. Chefa pra escolher uma foto bemm fofa pro final... rsrs
Resposta do autor:
rsrs... Só você mesmo nobre e caríssima escritora, pra me fazer rir.
Então, vai que a D. Cris ajuda ou complica mais né?!
Mas vamos ver o que aguarda a essas duas mocinhas, uma fujona e a outra complexa.
Obrigada mesmo!!!
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