Capítulo 2. - Tempestades em mim...
Meu infinito céu se desenhava dentro de mim, num emaranhado de emoções que não sabia explicar, era novamente olhar do outro lado e não te ver.
Tomei uma decisão não podia continuar inerte naquela cadeira, olhando ainda nossos lençóis amassados, com teu perfume.
Corajosamente me atirei, desci tão rápido quanto meus pés conseguiam, passei pela recepção do nosso até então “lar”, não vi ninguém, não poderia esperar a bonança.
Me atirei na chuva, poderia até cair mil céus em terra, porque eu dançaria se possível, teria até a iniciativa de pular mil poças ou simplesmente deitar no chão e abrir os braços se cada pingo de chuva viesse de um beijo teu.
Que cada gota me tocasse como que tuas mãos fossem, que tudo parasse no momento em que eu pudesse encostar mais uma vez minhas mãos nas tuas, mãos de fada, mãos de textura única, que me elevam e me sucumbem, nada comparado aos mortais normais.
Como era desesperador não saber os motivos que te fizeram sair, assim como era inútil tentar tirar cada gota do meu corpo que molhavam num misto de chuva, suor, lágrimas e saudade.
Não poderia os céus não me permitir vê-la, apesar da chuva, ainda deveria haver luz, nem que fossem a luz dos teus olhos, meus faróis em qualquer tempo, meu porto seguro, o qual eu sempre poderia recorrer.
Recordo um dos nossos diálogos, clichês, talvez, mas era nossa essência, ser o melhor que poderíamos em qualquer tempo.
Você gentilmente antes do amor, antes da cama, antes mesmo de entrar naquele quarto, me disse: - “Deixa eu decorar você?!”
Como sempre nada me é peculiar, consegui brincar: “Em braile ou no menu degustativo do dia?” – Em resposta, teu sorriso não poderia fechar tempo algum, ao contrário, ele abria portas, abria corações, abria minha vida.
Desnuda, desgovernada, virei todas as ruas que andávamos despretensiosamente, maldita chuva, bendita água... o que me ofuscava a visão, também mascarava minhas lágrimas, minha dor, a ausência e a procura de teu corpo tão deliciosamente decorado.
Quem sabe perto do cais de embarcação te encontraria? Quem sabe ali, perto da velha barca? - Nas ruas estreitas do centro histórico (paixão compartilhada por nós, o novo e o velho, o calor e o frio, eu e você), opostos e complementares, quem sabe, ali naquela curva eu veria a minha mulher de sobretudo aveludado como tua pele, a minha mulher de pele quente, de beijos ácidos e viciantes, aquela que não se importa se o guarda-chuva clássico de Londres irá cobri-la, o que contava era o charme que ele representa, o que importa é o desejo de quem a contemplasse, além de mim, fato que por vezes me consumia a alma.
Sei que o que me cega por vezes te alimentava, não o ego, não o desejo, mas a certeza, que não haveria humanamente nada que me impediria de deseja-la, nada no mundo poderia tirar de ti a certeza que somente você poderia me cegar.
Talvez por isso tivesse saído taciturnamente, as pressas, sem pensar que uma cama amassada deixaria um rasgo capaz de me fazer correr descalça por estreitas ruas, que meu elevado nível de toque por não por os pés no chão, a fizesse por vezes revirar os olhos e com isso a minha vontade de tomar-lhe não importa o local, vertiginosamente aumentasse, nada seria mais úmido que as sensações que sempre me despertavam.
Minha mulher, minha dama, meu rubro, minha chama, porque não és capaz de um simples diálogo, porque sempre me aquece, me tem, me detém, seja como for, onde for, para você nem o céu é o limite, se me desejas nas nuvens, lá me leva, se me desejas na chuva, me despe, tira as manias, me faz tão sua, nada importa, nem as marcas, sempre dizes: “Pra saber a quem pertences!” – Como se fosse possível esquecer!!!
Somente a ti me faz esquecer a dor, o medo do escuro, na certeza que sempre dizes: - “Meu bem... Meu sorriso, tua luz!” – Muitos vão falar: “Ui... Pretensiosa!!!” – Digo, pois, NÃO!!!! – Realista.
Não importam os dias, nem o tempo ou os vendavais; não importam as cores que rasgam o céu anunciando as catástrofes que provocaria meu coração, mas sim a luz ao final da rua, por onde te seguiria, apenas pela certeza, me tomaria novamente e quem sabe não mais fugirias, tuas marcas já estão em mim, muito mais que na epiderme, nada mais me fere que se após aquela curva não tiver você...
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
AngelPaz
Em: 17/05/2018
Nossa!! Entrei na estória, estava ali vendo tudo acontecer, só me dei conta quando faltou ar, me arrebatou com suas palavras que por um momento esqueci até de respirar, essa é a magia do escritor!! Parabéns e por favor, continue escrevendo!!
Bjo
Resposta do autor:
Obrigada Angel Paz... Estou aprendendo ainda... Agradeço de coração!!!
Fico feliz que tenha gostado! Bjos
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]