Capítulo 17 - Carolina: Sorte?
Carolina
– Eu não quero ir, simples!
– É o meu filho, Carolina. Precisa da família perto, nessa hora dificil.
– Disse certo. Seu filho, ele não é nada meu.
– Achei que o considerasse seu filho também!
Sentei com uma dose de whisky na mão, o olhando e dizendo: – Antenor, não tem porque sairmos os dois da cidade. O Luiz está internado, se vacilar, nem o veremos.
– Mas, o médico disse que ele pode ter alta em breve.
– Em breve, não quer dizer que seja hoje e muito menos amanhã.
– Cal, me acompanha, por favor. Voltamos quando ele for liberado.
– Não acho prudente que se ausente tantos dias assim, da prefeitura.
– Meu filho está internado. Não posso ficar pensando em quando posso ou não, ir visita-lo.
– Para com isso! Vai acabar fazendo um buraco no meio da sala de tanto andar pra lá e pra cá. A Câmara de Vereadores está no seu pé. Precisa ter cuidado, não pode passar dias a fios fora da cidade. Seu filho está sendo muito bem tratado, já sabemos disso. Só o internaram por conta da medicação. Calma.
Já estava me dando nos nervos aquela conversa. O Luiz tinha sido internado as pressas no início da semana, reclamou de uma dor no feriado que passou aqui, e quando estava prestes a ir embora, passou mal. O Antenor o mandou para a capital, não queria que fosse atendido aqui. Por conta da dor que estava sentindo o médico pediu alguns exames e o internou, descobriram que a dor era recorrente de cálculos renais. O médico sugeriu um procedimento cirúrgico, mas o garoto é teimoso e tirado a forte, disse que ia esperar o tempo que o médico deu para que o “corpo” eliminasse os cálculos de forma natural.
Agora o Antenor está aqui parecendo uma barata tonta, ligaram do hospital avisando que o garoto piorou, e estão esperando o médico para iniciar a cirurgia. Tudo indica, que um dos rins dele parou.
– Não posso ficar aqui. Eu vou para a capital e vai ser agora.
– Atrapalho? – o assessor dele entrou perguntando.
– Enfim, Oscar! Deixei vários recados na sua caixa postal. O Antenor, quer se ausentar da cidade agora. Explique a ele que não é prudente, por favor.
– Prefeito, é melhor que não vá. Sua candidatura para deputado será lançada em breve, e a Câmara está no seu pé. É bom se manter mais presente, por aqui. O senhor tem dois eventos para ir amanhã. Não seria educado não comparecer, afinal, a nova ala pediátrica do hospital municipal sendo inaugurada sem a presença do prefeito, não é lá muito adequado.
– O vice me representa! Não vou ficar aqui esperando notícias. É o meu filho que está correndo risco.
Oscar me olhou e balançou a cabeça, como se pedisse ajuda. Respondi displicente: – Já tentei, agora é com você.
– Sr. Prefeito, não faça isso. Se essa informação vazar para a mídia, não será bom para a sua candidatura.
– É o meu filho. Que mal existe em ir visita-lo?
– Antenor, o que Oscar, está tentando dizer, é que se a mídia descobrir que você, prefeito da cidade, diz ter construído um hospital de primeiro mundo aqui, e manda seu filho ser tratado na capital, sendo que ele saiu daqui passando mal já, o seu eleitorado irá duvidar que o hospital seja mesmo tão bom quanto diz.
– Obrigado, primeira dama!
– Não tinha pensado por esse lado. Mas será que alguém viu ele sair daqui?
– Está ai uma coisa que não podemos afirmar. Mas, como a dona Carolina ressaltou, é melhor não pagar para ver. E por isso, aconselho que fique aqui e cumpra a sua agenda.
Afrouxou o nó da gravata, sentando derrotado: – Está bem! O Amadeu não está me dando sossego, vive rondando a prefeitura agora. Encasquetou com aquela obra infinita do estádio, já te falei pra adiantar aquele elefante branco, não creio que consigamos ganhar mais nada ali.
– Foi exatamente sobre isso que vim conversar com o senhor. Estão apenas esperando a sua ordem, para finalizar os tramites legais. E a documentação está aqui, – entregou uma pasta a ele – é só assinar!
Deixei eles na sala e fui para o quarto. Estava deitada olhando algumas mensagens quando o Antenor entrou perguntando:
– Porque não ficou conosco?
– Não estava disposta. Estou cansada.
– Que tal, sairmos hoje?
O que tinha dado nele pra fazer aquele convite, assim do nada. Não tinha nada para fazer, e além do mais tinha algum tempo que não saiamos juntos.
– Quero! Onde sugere?
– Você escolhe, vou tomar um banho. É o tempo que você decide.
Em uma hora estávamos prontos para sair. Ele dispensou o motorista e os seguranças, fomos apenas nós dois, e de táxi! Coisa rara de acontecer, meu marido é sempre muito chato quanto a motoristas, pra ele só serve o Dimas, que trabalha com ele desde que casamos... Entramos no Pátrias de braços dados, sorrindo.
O jantar correu tranquilamente, meu irmão apareceu rapidamente para nos cumprimentar e convidar para um almoço no domingo com nossos pais. Garantimos a nossa presença e fomos embora. Meu esposo estava todo carinhoso, segundo ele, tinha muito tempo que não tirávamos uma noite só para nós. E por isso passamos a noite no hotel mais luxuoso da cidade... Definitivamente, sex* com o Antenor é sempre mecânico, falta a porr* da química e a coisa é sempre ruim, mas não ia dizer isso a ele no momento, então segui a “vibe”.
Depois do café da manhã, seguimos para casa. Antes de sair a noite, alertei a empregada sobre as roupas que usaríamos. Logo, em menos de uma hora conseguimos sair de casa. E seguimos para a tal inauguração. Meu marido estava preocupado com o filho, por isso não se estendeu muito no discurso, mesmo porque, a tarde ele tinha outro evento oficial para ir, a inauguração do novo posto de capacitação de água da cidade.
Estava em um canto do corredor ao celular, falando com minha mãe, quando o Antenor encostou em mim, estava acompanhado de uma velha conhecida. Me despedi de minha mãe, cumprimentando sorridente a mulher que estava com meu marido:
– Tudo bem, Dra.? É sempre um prazer te ver, estamos esperando a senhora em nossa casa, para aquele jantar.
– Pois é querida, estava exatamente lembrando isso a ela – meu esposo disse alegremente.
– Tudo bem, Carolina. Ando meio sem tempo ultimamente, ossos do oficio, se é que me entende!
– Claro que entendo, Dra. Cassandra. Imagino que a Secretaria de Saúde consuma muito do seu tempo. Parabéns pelas novas instalações. Admiro a sua competência. Sua esposa, – olhei ao redor – não veio?
– Pois é, Cassandra. A Ester, não está aqui? Não me recordo de tê-la visto.
– Sr. Prefeito, como Secretária de Infraestrutura do município, ela passou rapidamente para me dar os parabéns e seguiu para as instalações do novo posto de capacitação, que será inaugurado a tarde.
– Admiro a competência de vocês. Fiz uma ótima escolha nessas duas secretarias, ao contrário das demais. Vocês são as únicas que não precisei trocar quando assumi o segundo mandato. – apertou a mão dela – Parabéns Dra., a nova ala pediátrica ficou belíssima. Senhoras, – acenou para alguém – com licença.
Ele saiu e ficamos apenas nós duas. Ela encostou mais seu corpo ao meu, dizendo rapidamente ao meu ouvido:
– Não deveria insistir para sair com a minha esposa.
– Bobagem, será apenas um jantar. Agora, – olhei descaradamente para os seus lábios – se me der licença, meu marido está me chamando. Até mais, Dra.
Primeiro evento terminado. Almoçamos em casa, e fomos para a segunda inauguração do dia. Se deu de forma mais rápida, mesmo porque a mídia não estava concentrada lá, tinham apenas dois jornalistas com seus respectivos fotógrafos, e o fotografo oficial da prefeitura. Não via a hora de me jogar na minha cama, já estava cansada de ficar sorrindo e fazendo pose.
Passamos o final de semana em casa, o Antenor volta e meia ligava para o hospital pra saber notícias do filho. Não faço ideia do que aconteceu com ele. Como sabem, não suporto aquele fedelho abusado. O domingo chegou e fomos almoçar com meus pais, assim que o almoço terminou vim para casa, não estava com clima de ficar ouvindo as reclamações da minha mãe sobre dinheiro.
O mês passou e agradeci a Deus por não precisar comparecer em nenhum evento com o meu marido, não estava com animação para multidões. Se bem que hoje levantei até mais animada, resolvi ir ao salão e almoçar fora. O Antenor estava na zona rural do município, logo, eu não precisava voltar para casa tão cedo.
Foi inaugurado um restaurante novo na cidade, e ainda não tive a oportunidade de conhecer. Como estou evitando o Cadu a algumas semanas, ele teima em insistir que não vai deixar eu me aproximar da Agnes, como se ele pudesse fazer alguma coisa com relação a isso, resolvi conhecer o local. Muito bem decorado, atendimento excelente, a comida ainda pode melhorar, mas a ideia em si do ambiente ficou muito boa.
Estava terminando meu whisky, quando percebi uma conversa acalorada a alguns metros de mim. Ora, ora, Clara Vidal, discutindo com um rapaz. Pela forma que eles estão falando, e ela... não pode ser! Aquela barriguinha saliente, ela só pode estar gravida. E parece que o homem a sua frente é o pai da criança. Mas, e a Ag, como ficava nessa história? Clara passou por minha mesa pisando firme, aproveitei que as pessoas que ali ainda estavam, não prestavam atenção a cena, e levantei. Passei no balcão e pedi duas doses de whisky, fazendo questão de levar os copos.
– Dia difícil? – perguntei colocando o copo na frente dele e sentando.
Me olhou confuso: – Mas?
– Não se preocupe, percebi que acabou de ter uma conversa meio conturbada com a moça. – levei o copo a boca – Sua namorada?
– Não estou entendendo – balançou a cabeça indicando sua confusão ainda. – O que a senhora quer comigo?
– Bom, você já almoçou? Bebe? – apontei para o copo – Gostaria de trocar algumas palavras com você, se for possível, – sorri – é claro.
– Qual assunto nós teríamos para conversar?
– Não acho que aqui seja o local correto, mas, vou ser direta. Você é o namorado da Clara?
– Primeira dama, não sei o que isso tem a ver com a senhora...
O interrompi: – Não tenho nada a ver com a vida de vocês, só a quero distante daqui. E como pude ver agora, ela está gravida. E pelo o que entendi, o filho é seu. Mas, você não acredita. Posso saber o porquê?
Virou o copo de uma vez e me olhou dizendo apressado: – Obrigada pela bebida, mas não tenho que compartilhar minha vida com a senhora. Licença – levantou.
– Se eu dissesse, que poderia te ajudar com o teste de paternidade. E quem sabe até, com uma grana? Você parece estar passando por um momento difícil na vida – apontei para sua camisa surrada e a barba por fazer.
Ele virou me olhando intrigado. Coçou a cabeça e voltou a encostar na mesa, perguntando: – Não imagino onde quer chegar. O filho da Clara não tem como ser meu, aquela vadia estava me traindo.
– Como disse, posso te ajudar. E se me permite, não creio que ela estivesse te traindo. Você deve ser o tal noivo que morava na capital. Ao menos aqui, nunca a vi com ninguém, além de você – não podia dizer a ele que a tinha encontrado de mãos dadas com a Agnes, aquele homem precisava confiar em mim, jogar a Clara contra ele não seria bom, eu precisava ter cuidado com as palavras – e então, vai aceitar a minha ajuda? Cuidado, você pode estar perdendo o amor da sua vida, se não aceitar a minha proposta.
– Não estou entendendo onde quer chegar. A senhora poderia ser mais clara, por favor?
– Claro! Quero te ajudar a ser feliz.
– Qual o seu interesse na minha felicidade? Nem te conheço direito.
– Não é preciso conhecer alguém tão bem, para poder ajudar. Deixe-me ajuda-lo – fiz um sinal com a mão indicando que não sabia seu nome.
– Alex.
– Como dizia, Alex, deixe-me ajuda-lo. Você parece um bom rapaz, não deixe que um momento ruim atrapalhe toda a sua vida. Afinal, que homem não ficaria feliz com o nascimento de um filho?
– Duvido que aquela criança seja minha.
– Tenho meios para confirmar isso, sem esforço algum. Mas em troca, preciso que me ajude!
– Como poderia ajudá-la?
– É só sumir com a sonsa da Clara daqui de uma vez por todas.
– É por conta de um homem?
– Isso não importa para você. O que importa, é saber se eu posso contar contigo para fazer.
– Não posso fazer isso, qual a segurança que terei de que não estou me metendo em algo errado?
– Não me venha com puderes agora. Vi que quase avançou na moça enquanto conversavam. E digamos, que você não faz bem o tipo calminho.
– Não me conhece...
– Nem quero. No momento, preciso apenas saber se posso contar com você. É simples, arranjo o seu teste de paternidade e em troca, já sabe o que fazer.
Ele me olhou por alguns minutos, dava pra sentir a sua inquietação. Ele estava tentando, faltava pouco para eu conseguir a ajuda dele.
– O que ganho com isso?
– Além da mulher e do bebê? Deixe-me ver, a tirar por suas vestes e aparência, precisa de dinheiro. Posso lhe dar uma boa quantia.
– De quanto, exatamente, seria essa quantia?
– Por hora, é só o que deve saber. – olhei para o relógio, o restaurante estava voltando a encher, não podia ficar muito tempo ali, e nem ser vista com ele – Eu preciso ir. Pense no que lhe falei e depois conversamos.
– Como vou saber que você não está me enganando?
– Olhe para mim, e diga se tenho tempo de enganar alguém assim como você! Faça-me o favor. Bom, pense. Depois eu te procuro. Passar bem, Alex.
Após pagar a conta, sai do restaurante, ainda consegui sentir seus olhos curiosos sobre mim. Ele parecia descontrolado, acho que nutria algum sentimento pela Clara, e estava sentindo falta dela. Parecia estar ruim de grana também. Vou procurar saber tudo sobre a vida dele, antes de tratar de valores. Foi um grande achado encontra-lo aqui hoje. Ele poderá me servir e muito para enfim ter a Agnes ao meu lado, coloquei meus óculos de sol e o carro em movimento, tinha algumas ligações para fazer assim que chegasse em casa.
Fim do capítulo
Olá, gatas garotas!
Um ótimo fds, e muito obrigada pela companhia sempre.
Bjs
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Tekaxaviers
Em: 16/05/2018
E a Carolina começa a se movimentar, esse encontro foi "sopa com mel", vamos ver qual o proximo passo dela!!!
Resposta do autor:
Oiie!
A Carolina tá só observando, esperando o melhor momento para pôr em pratica tudo o que quer.
Eu nem quero ver esse próximo passo dela, medo disso!
Se cuida querida, bjs.
Pipoca ramos
Em: 29/04/2018
Ameiiiii a nova capa Lily,Vc acredita que eu pensei na natasNatasha pra representar a Carolina??Ela é uma figura imponente assim como a Carol naja kkkkkkkkkkk
A cada capítulo que leio da Carol vejo o quanto o ser humano pode ser frio e calculista.
A Carol podia dá aula de como é ser uma vilã digna de novela das oito kkkkkkkkkkj
Bjs Lily minha linda
PS:o MANCHA disse que já já te fará uma visita
Resposta do autor:
Boa tarde, Pipoca!
Carolina pode ser mais que fria e calculista, não vou me estender, ou então acabo falando demais.
Fico feliz que tenha gostado da nova capa, querida.
Que dá aula o que, moça. A Carolina é alguém que é sempre bom manter uma distância segura... essa ai em termos de corromper, é bem treinada.
Se cuida, bjs.
P.S.: Deixa o Mancha ai, ele não vai querer ficar com a tia Lily, tenho certeza disso, rsrsrs.
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duarte
Em: 28/04/2018
Nada a ver colocar minha Natasha como Carolina arg.
Nat não merece isso??’”
Resposta do autor:
Oiie, Duarte!
Quem sabe a Natasha não te inspira a continuar lendo os caps da Cal?! Vc gosta da atriz, de algum modo isso pode diminuir nem que seja um pouquinho o seu ranço pelas narrações da Carolina, tomara que meu pensamento esteja certo, rs'.
Bjs querida, se cuida.
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duarte
Em: 28/04/2018
Já criei um ranço taograndet da Carolina que não gosto nem de ler quando o capítulo é voltado pra ela.
Resposta do autor:
Boa tarde, Duarte! Tudo bem?
Olha esse coração moça. A Carolina é um ser intragavel mesmo, dificil de ser "engolida" em muitos momentos.
Obrigada por acompanhar sempre, mesmo quando as narrações são da Cal.
Se cuida querida, bjs.
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Baiana
Em: 28/04/2018
Rapaz, se a Clara for burra o suficiente para voltar com o ex noivo, ela merece todos os chifres que vier a receber.
Espero que esse plano da Carolina naufrague antes de conseguir boiar.
Resposta do autor:
Boa tarde, Baiana!
Será que ela vai ser mesmo capaz de voltar com o ex? Algo me diz que não, deve ter uma outra explicação para essa conversa que a primeira dama viu.
Sinto que o Alex ficou tentado com a proposta, basta agora vermos o que a primeira dama "pretende" fazer com ele.
Se cuida querida, bjs.
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