Capítulo 77
-- Eu não consigo imaginar Haidê sofrendo assim.
-- Esse detalhe de que ela tentou salvar o filho nós não sabíamos. – Melissa confessou observando a reação da ruiva que chorava por causa da sua amiga.
-- Haidê é uma pessoa maravilhosa, não merecia isso.
-- Ninguém merece. – Camila corrigiu a ruiva.
-- Refiro-me a ela por causa de Rodrigo. Uma mãe sabe a dor de perder um filho. – Camila trocou olhares com Melissa e as duas pensaram em Enzo. – Vocês são mães?
-- Nós temos um filho. – Camila respondeu tentando desviar o sentimento de medo pelo filho.
-- São casadas? – perguntou com curiosidade e Melissa resolveu encerrar o assunto.
-- Fomos namoradas, mas temos um filho.
-- Eu teria ajudado Haidê se ela deixasse. Rodrigo era lindo, parecia muito com ela, até o sorriso. – olhou para Melissa. – Quando eu lhe vi com ela, imaginei que eram irmãs.
-- Até eu pensei. – Camila confessou.
-- Nicki, está ficando tarde, ainda quero ficar um pouco com dona Helena.
-- Claro. – levantou-se. – Eu gosto muito de dona Helena, apesar das peculiaridades. – Camila esboçou uma expressão de dúvida e a ruiva explicou. – Sempre gostei de Haidê e quando descobri sobre Roberto, lamentei por ela, até o dia em que pegou o cafajeste com outra. – balançou a cabeça em negação. – Eu apoiei e disse que gostava dela, dei uma bola fora... – deu de ombros. – Ela era hétero. – lamentou.
-- Não imagino Haidê com uma mulher, ela sempre namorou homens. – Melissa pensou alto.
-- Quando a conheci eu namorava um homem, acabei porque tinha me apaixonado por ela.
-- Não entendi uma coisa: onde entra a peculiaridade de dona Helena? – Camila perguntou curiosa. Melissa revirou os olhos com impaciência.
-- Dona Helena tentou me consolar, ela disse que Haidê só iria se entregar a uma mulher, isso ainda iria demorar para acontecer
-- Como? – Camila estava confusa.
-- Cam, quando você conhecer a vó Lena vai entender. – explicou para veterinária e olhou para ruiva. – Vamos pegar Yan?
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-- Isa, estão lhe chamando na reunião. – Francisco avisou quando ela chegou.
-- Sabe de alguma coisa?
-- Não. – olhou para amiga e entendeu sua aflição. – Isadora, ganhe um Oscar, mas o melhor a fazer é blefar.
-- Como assim?
-- Não demonstre estresse com o valor do contrato, demonstre indiferença como se já existisse outra empresa interessada em lhe contratar.
-- Mentir?
-- Blefar. Um bom jogador tem que saber blefar para fazer o xeque-mate.
-- Acha que chegaremos tão longe a ponto...
-- Acredito que sim. – completou interrompendo-a. Abraçou a loirinha e lhe desejou sorte.
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-- Senhorita Marcondes, a chamamos aqui por que pensamos em você para uma missão. – um dos executivos da emissora explicou.
-- A verdade que não cogitamos outro nome além do seu. – um dos diretores confessou.
-- A que os senhores se referem? – perguntou com a cabeça erguida e a postura ereta, não demonstrava nervosismo.
-- Eu falei que ela era objetiva. – Auguste, mais um dos diretores confessou. Smith estava presente, mas se mantinha em silêncio.
-- Senhorita Marcondes, pensamos em seu nome como correspondente no Oriente Médio.
-- Não terá só carta branca para formar sua equipe como o salário triplicado.
-- Senhor Zucky, eu realmente fico lisonjeada com a lembrança e o convite, mas pedi isso ao meu editor alguns meses atrás e foi negado.
-- Como? – Auguste perguntou interrompendo.
-- Eu passei isso ao Flangers, o interesse de Isadora em ser correspondente no Oriente Médio, ele ficou de conversar com os senhores e depois comunicou que foi negado.
-- Não lembro deste assunto ter entrado em pauta. – Zucky confessou olhando entre Auguste e Russel, os três esperaram por uma explicação de Smith.
-- Flangers só repassou a decisão obtida em reunião.
-- Então senhorita Marcondes, podemos anunciar a decisão?
-- Senhor Auguste, como havia dito, foi um pedido feito meses atrás. Neste período algumas coisas aconteceram, principalmente quanto a minha família e eu pedi a Smith que tentasse minha transferência para o Brasil.
-- Não existe essa possibilidade senhorita Marcondes. – Zucky adiantou em responder com rispidez. – Seu contrato tem uma cláusula informando que a senhorita poderá ser transferida para qualquer lugar que for de interesse da emissora.
-- Eu sei o que assinei no contrato. – respondeu decidida, o que irritou um dos diretores.
-- Então sabe que se negar pode ser considerado quebra de contrato? O valor a ser pago a emissora é um pouco alto.
-- Sei sim. – respondeu sorrindo, estava suando frio, mas não demonstrava. Smith mal conseguia respirar com nervosismo. Gostava muito de Isadora e queria ajuda-la. – Outras emissoras daqui mesmo na América e do Brasil já me sondaram quanto a um novo contrato... – deu de ombros. – Mencionei o valor da rescisão, sabia que vocês não iriam me liberar, cogitei a possibilidade com Smith.
-- Smith, você não falou que ela tinha novos convites. – o editor a olhou e resolveu ajuda-la.
-- Eu pensei que seriam conversas informais, convites feitos em festas, apenas com promessas. – Isadora olhou para ele, manteve-se séria, mas seu olhar era de agradecimento.
-- Senhorita Marcondes, tem certeza que um salário maior e uma equipe como desejar não lhe interessa?
-- Tenho sim senhor Auguste. – os homens olharam entre si e demonstraram preocupação.
-- A senhorita pode nos deixar para conversarmos?
-- Pois não. – levantou-se. – Eu só quero lembra-los que recebi três prêmios em quatro anos nesta empresa. Tenho muita gratidão e respeito por todos aqui dentro e não queria perder esta parceria. – pediu licença e saiu.
-- Senhores, eu conheço muito bem a capacidade desta mulher e sei que no Brasil, ela seria capaz de não só ganhar novos prêmios em jornalismo lá, como aqui. Com o livro que está escrevendo...
-- Livro?
-- Sim. Ela está documentando tudo o que fez e ganhou em um livro, isso trará prestígio e nome para emissora. – Auguste olhou para os dois homens a sua frente.
-- Ela denunciou Paul Adams e nos ajudou a coloca-lo na rua sem nos envolver. – olhou alguns papéis sobre a mesa e concluiu. – Eu voto a favor.
-- Zucky?
-- Acho que ela é muito boa, teremos o trunfo de solicita-la para matérias mais delicadas. Não podemos perde-la para concorrentes.
-- Sou voto vencido, mas, mesmo assim vou falar o que penso... – olhou entre todos e concluiu. – Alguns meses atrás ela solicitou ir para o Oriente Médio, nos pouparia desta reunião. Smith nos garante que foi passado para ele uma posição que tomamos, quando nada foi discutido em reunião. – olhou para o editor. – Vou pedir que isso seja investigado e o motivo desta mentira. – Smith balançou a cabeça e Zucky concluiu.
-- Ela tem a equipe dela?
-- Tem um câmera e o editor de reportagem. Acredito que Wippel não vai querer ir, mas o editor...
-- Ele é brasileiro?
-- Sim.
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-- Isa... – Francisco estava nervoso. – Olha só menina, comi até os dedos. O que aconteceu lá na alta cúpula? – Isadora mostrou a mão, ainda estava tremendo e contou tudo ao amigo. – Foda! – colocou a mão na boca mas voltou a repetir. – Amiga, você é foda! – riu. – Quando falei em Oscar, imaginei que viria com um Kikito, só que aparece com o verdadeiro Oscar. – pulou.
-- Entrei no papel e descobri que não levo jeito para isso.
-- Agora vamos esperar Smith.
-- Eu vou ligar para Mel... – pegou o telefone e pensou. – Não! Vou chegar de repente e encher de beijos.
-- Isadora, ainda não sabe se será transferida.
-- Esqueceu que pedi demissão por tabela? – Francisco fez cara de choro.
-- Como diria Zé Grilo na obra do saudoso Ariano Suassuna: “Fica rico, fica pobre, fica rico, fica pobre”. – Isadora respondeu pensativa.
-- “Ô promessa desgraçada. Ô promessa sem jeito!” – olharam-se e começaram a rir. Smith chegou e observou o entrosamento dos dois.
-- Passaram o maior blefe de todos os jogos e já estão comemorando? – os amigos olharam para o editor chefe e pularam do sofá esperando a resposta dos diretores. – Os dois podem arrumar seus pertences e passarem no departamento pessoal... – Isadora fez uma expressão de desânimo enquanto Francisco baixou a cabeça com as mãos no bolso. Smith olhou para os dois e soltou o sorriso. – Para preencher os papéis de transferência como correspondentes no Brasil. – os dois pularam e se abraçaram. – Ouçam bem, vocês ficarão disponíveis para quando precisarmos, entenderam? – os dois concordaram e continuaram rindo depois fizeram Smith de sanduíche e cada um o beijou no rosto. – Afastem-se, não gosto de coisas românticas. – resmungou afastando os dois.
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-- Ele está dormindo. – falou sentando-se ao lado de Camila.
-- Yan é uma criança muito calma. – Melissa a tranquilizou.
-- Mas me refiro ao Júnior. – Camila não pode segurar a vontade de rir e Melissa a olhou com censura.
-- Não esquenta com isso, estou acostumada a essa cara feia de faroletes azuis... – aproximou-se e falou baixinho para Camila. – Igualzinha a Haidê, parecem até irmãs. – Camila não se continha mais, era sorrisos o tempo todo.
-- Dona Lena... – Melissa a repreendeu. Helena olhou de uma para outra e concluiu.
-- Vocês acabaram a relação, mas restou uma imensa e verdadeira amizade. – as duas se olharam enquanto a velha senhora falava. – Não se lamente, seu verdadeiro amor já cruzou seu caminho, mas ainda não ligaram os pontinhos. – olhou para Melissa. – E você? Teimosa, cabeça dura igual àquela loirinha... – riu. – Ainda viverão muitas coisas juntas. – baixou a cabeça, estava pensativa e neste momento as duas perceberam a tristeza da velha senhora. – Minha Haidê sobreviverá a tudo isso, só não será mais a mesma. – confessou - Muita coisa mudará nela, a tristeza de tudo isso só acabará quando a loirinha dela aparecer. – Camila ficou surpresa, enquanto Melissa parecia incrédula. – Perdi toda minha família: minha amada filha, meu neto... – sorriu com pesar. – Meu bisneto e até meu genro, que apesar de me chamar de “velha bruxa fugida da fogueira”, era um bom homem. – Camila passou a mão pelo braço da senhora, confortando-a. Os olhos azuis da velha irlandesa se ergueram em sua direção e ela prosseguiu. - Não prevemos nossa morte ou desgraças familiares, não sei como algumas conseguem... – limpou o rosto. – Eu não consegui salvar minha família... A minha neta foi forte, ela é forte e sobreviverá a tudo isso, apesar da dor de ficarmos sem nosso Rodrigo. – pegou uma foto e mostrou a Camila.
-- A senhora fala com uma força de verdade... – Camila confessou emocionada.
-- Não tenho dúvidas que ela sobreviverá.
-- Não me refiro a isso, tenho fé em Deus que sairá bem. Eu me refiro a suas previsões.
-- Cam, dona Lena é irlandesa e...
-- Não venha com suas descrenças dona Melissa Cristina... – provocou a morena. – Eu sou sim uma bruxa, assim como minha filha e minha neta. – Camila era cética, mas a velha senhora falava com convicção. – Não sou uma louca minha jovem, irei lhe provar... – forçou o sorriso. – A pessoa a qual me refiro ainda é insegura, demonstrará confiança quanto a sua ajuda, aos poucos vocês se envolveram.
-- Dona Helena, eu namoro uma...
-- Mulher cega relacionada a uma balança... – Melissa revirou os olhos e parecia entediada com a observação. – Cristina tem toda razão quando implica... – a morena a olhou e sorriu.
-- Viu?
-- Era um pouco de ciúme, mas ela intui a verdade. Essa moça não é a que veio para você. – pegou a mão de Camila e traçou as linhas. – Nem você a ama, está apenas fugindo dos seus sentimentos. – Camila ficou vermelha. – Abra seu coração e logo perceberá outra pessoa. – olhou para Melissa. – E você, nada de se culpar. Aprenda com seus erros e não seja tão cabeça dura. – ela sorriu, enquanto Camila limpava as lágrimas.
-- Acho que a senhora está bem e nós precisamos ir.
-- Igual a minha neta, sempre fugindo. – voltou a pegar a mão de Camila. – Você é ímpar e merece ser muito feliz, não tem espaço para papéis coadjuvantes. Está certa quanto ao que pensou antes, será a melhor coisa a se fazer.
-- Como a senhora sabe o que estou pensando? – olhou para Melissa e se aproximou mais, confessou baixinho. – Nem ela sabe.
-- Faça isso que está pensando, liberte-se e ficará bem. – Camila sorriu e beijou o rosto de Helena.
-- A senhora é uma bruxa do bem.
-- A maioria das bruxas são do bem, elas são más quando entram para política. – Melissa revirou os olhos e Camila deu uma gargalhada. Despediram-se e foram embora. Dentro do elevador, Melissa avaliava a veterinária com curiosidade.
-- O que foi? – perguntou após sentir os olhos azuis avaliando-a.
-- Nada. – sorriu e ergueu uma das sobrancelhas. – O que está pensando?
-- Que passou da hora do jantar, estamos as duas aqui e Enzo deve ter colocado a casa abaixo porque os avós não têm pulso firme com ele.
-- Não estava me referindo a isso, mas foi bem lembrado, vamos para casa.
-- Passa na minha casa antes? Prefiro ficar lá.
-- Vamos lá, quem sabe ele vendo as duas não maneira na prática da bagunça.
-- Mel, eu prefiro assim, seu pai espera atitudes minhas que nunca terei e me cobra, direta ou indiretamente.
-- Isso enche mesmo. – abriu a porta e deu passagem para veterinária e riu.
-- Por que está rindo?
-- Até vó Lena já disse que essa delegada é furada. – Camila revirou os olhos.
-- Eu sei onde estou me metendo.
-- E por que está indo adiante? – a veterinária parou e fitou os olhos azuis.
-- Será que conhece o termo “ela tem um sex* gostoso”? – piscou o olho e Melissa ficou envergonhada.
-- Vou avisar os seguranças que vamos para sua casa. – mudou o assunto e Camila se sentiu vitoriosa.
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-- Isa, você vai telefonar para seu pote de mel? – Francisco perguntou com malícia. A loirinha estava sorridente, tomando um suco.
-- Não... – mexeu o suco com canudo e ficou pensando com um sorriso sacana no rosto. – Eu quero pegá-la na empresa e coloca-la contra a parede. – aumentou o sorriso ao pensar em algo.
-- Que sorriso é esse?
-- Eu não falaria isso para qualquer pessoa, mas em você confio... – piscou. – Nunca fiz sex* na sala dela na empresa.
-- Não começa, sou um cara católico e de família, não convém ouvir estes segredos de alcova. – Isadora deu uma gargalhada, a conversa foi interrompida por Smith.
-- Ainda estão aqui?
-- Lá no Brasil se diz: partiu festa chata de emissora.
-- Par...
-- Partiu. – Francisco ensinou a palavra para o editor chefe que sorriu e logo em seguida mandou os dois para festa.
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-- Porr* Camila! Deixa a merd* do celular ligado. – Vanessa disse quase gritando quando a veterinária chegou em casa.
-- Ei, baixa esse tom porque eu não lhe dei direito de gritar comigo. – abriu a porta do apartamento e segurou antes de entrar. – Não estava brincando, estou cansada, com dor de cabeça e preocupada. – encarou a delegada. – Se entrar vai ter que falar como gente educada, coisas amenas e sem cobranças.
-- Desculpe! Estava preocupada com você.
-- Sério? Pensei que estava preocupada com o que eu estava fazendo. – entrou e foi direto para o quarto.
-- Não vou negar, tenho ciúmes de você com aquela lá.
-- Aquela lá é minha chefe e mãe do meu filho.
-- Filho... – pensou alto e com sarcasmo.
-- Por que esse sarcasmo?
-- Não é sarcasmo, só estou imaginando quando Isadora chegar... – enfiou as mãos no bolso e sorriu. - Você vai descobrir como dói um chute na bunda.
-- Por que levaria um chute? – parou observando-a.
-- Deixa para lá. – aproximou-se e tentou beijá-la, mas ela desviou o rosto. – Não vai me deixar beija-la?
-- Não estou com vontade.
-- Como é?
-- Vanessa, faz um favor?
-- O que?
-- Vai embora.
-- Pensei que poderíamos ter uma noite agradável e...
-- E estou cansada e quero ficar sozinha. – a puxou pela mão e levou até a porta.
-- Poxa Camila, você não tem a mínima consideração comigo. – choramingou.
-- Hoje tenho mais por mim e pela minha paz. – abriu a porta. – Boa noite! – Vanessa saiu irritada e ela fechou a porta. – Odeio concordar com Melissa. – passou direto para o banho, precisava relaxar.
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Isadora estava muito feliz, distribuía sorrisos e simpatia a todos da festa, levou na brincadeira alguns comentários com duplo sentido quanto a sua relação com Alicia, e agradeceu aos deuses o fato de não a ter visto circulando no local.
-- Isadora, minha querida.
-- Olá Janice!
-- Saudades! – abraçou a loirinha. - Como está? Vi que está prestes a casar. – a loirinha sorriu.
-- Estou sim. – respondeu feliz. – Com a morena mais linda que existe.
-- Bem que Alicia me falou do quanto você a amava.
-- Alicia? – fingiu surpresa. – Irei me casar com uma brasileira, coloca no seu site. – pediu sorrindo. – Melissa Cristina de Alcântara Peixoto, empresária brasileira.
-- Ah! – ficou empolgada com a fofoca e foi escrevendo no tablet. – Pena não ter foto de vocês ou publicaria com tudo junto. – lamentou.
-- Quem disse que não tem? – pegou o celular e mostrou. – Esta foi recente... – enviou para jornalista. – E esta quando éramos mais novas.
-- Que linda você com este cabelo grande. – ficaram ali por um período e depois Isadora foi para roda onde colegas da emissora conversavam.
-- Ouvi bem? – Stace, esposa de Auguste, perguntou. Ela era simpática, começou como jornalista, atualmente tinha seu próprio programa.
-- Sobre?
-- Vai casar com uma brasileira? – a loirinha sorriu empolgada.
-- Sim. Estou louca para chegar ao Brasil.
-- Posso ver a foto ou terei de esperar na coluna de Janice? – Isadora mostrou todas as fotos com Melissa e de Enzo. Fez um breve resumo sobre a história das duas e explicou a armadilha que Alicia havia armado na noite da última premiação.
-- Nunca gostei de Alicia e dos Patinsons. Acho essa família horrível.
-- Descobri da pior forma. – a noite estava agradável, ela imaginou que seria assim, enganou-se. Quando terminava de retocar o batom no banheiro, viu Alicia entrar e se preparou para algo desagradável.
-- Oi amor. – falou com deboche. – Janice publicou uma notícia de que você vai casar com uma brasileira. – declarou sorrindo. Isadora guardou o batom e se virou para encara-la.
-- Fique fora disso. – forçou um sorriso. – Aceite a sua derrota que dói menos.
-- Sabe que não deixarei. – Isadora permaneceu sorrindo e lhe puxou, deu uma joelhada em seu estômago. Por último rasgou toda a roupa da produtora musical. Alicia tentou agredi-la, mas ela lhe deu uma rasteira e a derrubou.
-- Fique no chão, este é o lugar certo para vermes rastejantes como você. – pegou a bolsa e saiu com um sorriso vitorioso. Procurou os colegas da emissora e continuou conversando. Não demorou muito, Alicia chegou cercada de seguranças, acusando-a de agressão.
-- Ela tem que ser presa, veja como estou. – mostrou as roupas rasgadas. – E ainda me agrediu.
-- Alicia, por favor, não faça isso. Aceite que terminamos. – falou com fingida inocência.
-- Senhorita, precisamos que nos acompanhe. – o segurança a chamou, mas Auguste entrou na conversa.
-- Qual a acusação contra a senhorita Marcondes?
-- Agressão contra a senhorita Patinson.
-- Eu não vejo marcas de agressão. – Auguste concluiu observando-a de perto. – A senhorita Marcondes estava conosco, não vejo como ela a teria agredido. – segurança olhava para Alicia e Auguste, sem saber o que falar. – Quando foi isto?
-- Agora a pouco.
-- Então era você que estava gritando no banheiro? – Stace perguntou com falsa curiosidade. – Fui ao banheiro e ouvi gritos em uma das cabines. Pelo espelho vi apenas os pés, pensei em chamar ajuda, mas depois parou e ouvi gargalhadas descontroladas. – explicou com uma expressão de surpresa.
-- Mentira! – Alicia gritou.
-- O que está acontecendo? – o proprietário do local perguntou preocupado. Auguste explicou o possível engano de Alicia. O homem entendeu, mas a produtora começou a gritar e chamar atenção. Alguns jornalistas filmaram em seus celulares e Francisco foi um desses, enviou para um site de fofocas de celebridades e explicou o motivo da confusão. Não demorou e estava publicado em vários sites fotos de Alicia com a roupa rasgada e imagens do surto em que acusava Isadora. O título de um dos sites era: “Produtora musical surta com o término do noivado com jornalista e a acusa de agressão”.
-- Obrigada! – Isadora agradeceu a Stace que segurou suas mãos sorrindo.
-- Eu sempre detestei essa arrogante pretenciosa. – aproximou-se. – Adorei! Posso lhe chamar em meu programa para falarmos mal dela? – Isadora sorriu.
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-- Meu filhote, mamãe lhe ama tanto... – Melissa conversava com Enzo enquanto ele brincava de segurar os pés. Estavam deitados na cama da morena. – O mundo dos adultos é tão complicado... – beijou a cabeça do menino. - Queria encontrar uma forma de adiar os anos para você permanecer assim, protegido por mim. – o abraçou e começou a cantar para que ele dormisse, demorou um pouco, mas ela conseguiu. – Hoje você dorme comigo. – voltou a beija-lo, mas foi interrompida pelo celular que vibrou. – Oi Cam.
-- Enzo dormiu?
-- Acabou de adormecer.
-- Como você está?
-- Bem, dentro do possível.
-- Imaginei isso. – pensou um pouco. - Haidê já foi transferida?
-- Sim. Enrico está com eles. – suspirou cansada. – Cam, amanhã irei direto ao hospital, antes ligarei para Ada e pedirei que lhe procure se necessário.
-- Está bem. – pensou um pouco e prosseguiu. - Mel, não pensa em nada ruim... Não acontecerá nada com o nosso pequeno.
-- Camila, eu sou capaz de matar a pessoa que mexer com ele. – afirmou irritada.
-- Mel, não pensa nisso, por favor.
-- É uma realidade que não podemos deixar de cogitar.
-- Vou lhe animar. – mudou de assunto e falou mais empolgada. – Abre a mensagem que lhe enviei.
-- O que tem lá? – estava curiosa.
-- Abre e depois leia. – brincou. – Dá um beijo na cabecinha mais cheirosa do mundo.
-- Ele tomou banho antes de deitar, está bem cheirosa mesmo. – falou sorrindo.
-- Mel, por favor, depois de ler a notícia faça alguma coisa.
-- Camila!
-- Beijos e boa noite. – desligou antes que ela falasse mais.
-- Camila quando quer é mais irritante que Isado... – parou de falar ao ler o título da matéria. – Ela vai casar? E vai casar comigo? Como vai ser isso? Nem me avisou. – estava irritada, mas ao reler a reportagem e acessar outro site de fofocas, viu a foto das duas e começou a rir. Pensou em telefonar para Isadora, a ansiedade chegou ao máximo. Ela se levantou e andou pelo quarto. – Será? Mas eu não quis atende-la... – coçou a cabeça e andou em círculo. – Sou a noiva, tenho o direito de saber quando será o casamento... – falou para si mesma. - Então tenho que ligar. – sorriu e discou, não demorou muito e Isadora atendeu.
-- Oi.
-- Sobre essa história de que vou me casar... – estava sem jeito. – Como vai ser? Não me lembro de ser consultada... Não posso ser noiva sem pedido. – Isadora sorriu.
-- Então você leu um site de fofocas? Quem diria, Cristina de Alcântara Peixoto, a grande empresária lendo um site de fofocas. – debochou.
-- Isso não responde minha pergunta. – respondeu com a voz rouca, sabia que quando usava esse tom a loirinha ficava excitada.
-- Não está lembrada? – respondeu com malícia. - Eu ganhei este direito após a aposta.
-- A aposta era sex* e escravidão, não tinha nada de casamento.
-- O casamento vem no conjunto no pacote.
-- Quando será este casamento?
-- Depois de voltar.
-- Sem data definida?
-- A data você saberá no dia.
-- Como convidarei meus familiares e amigos? – brincou.
-- Depois realizamos uma cerimônia simbólica para efeitos de família, a cerimônia será secreta e só as pessoas envolvidas estarão presentes. – Melissa sorriu.
-- Temos duas semanas pela frente. Será que você consegue ficar longe de confusão?
-- Será que você consegue? – Melissa demorou a responder e Isadora sabia que havia algo. – O que aconteceu?
-- Como sabe que aconteceu alguma coisa?
-- Eu a conheço bem Melissa Cristina. O que aconteceu? – Melissa falou sobre Haidê e sua família. – Amor, não pensa nisso. Aconteceu com Haidê e não sei nem o que falar, mas eu sei que Enzo está protegido e logo estarei aí para lhe ajudar nisso.
-- Rodrigo também era muito protegido. O tio, a mãe e o pai agentes da polícia internacional, e aconteceu a tragédia com um veículo. – segundos de silêncio e continuou. – Haidê tem mais preparo do que eu, ela é uma agente, que chances tenho como mãe em proteger meu filho destes seres desprezíveis? Pior se paro para pensar que um é o pai e o outro avô dele.
-- Não vai acontecer nada com Enzo. – foi incisiva. – Antigamente eu sentia raiva do seu avô em lhe ensinar a atirar, a lhe incentivar a lutar... Era como se você fosse o neto que ele não teve e sentia medo que isso nos afastasse. Como aconteceu algumas vezes, com seu temperamento explosivo agir antes da sua boca. – Melissa sorriu e interrompeu.
-- Como se o seu temperamento fosse o mais doce de todos.
-- Sou uma pessoa doce, sim.
-- Até o doce desandar. – Isadora parou por segundos e concluiu.
-- Terminando o meu raciocínio... Eu sentia raiva do senhor José, hoje entendo que ele não fez isso por lhe tratar como um neto, mas, para você entender que o mundo dos negócios é machista, sujo e desrespeitoso com as mulheres. Ele queria que você os encarasse de igual, no mesmo nível, então neste quesito, podem haver pessoas com mais treinamento tático do que o seu, mas a frieza de cálculo e a ação na hora certa, isso ninguém se iguala a você. Eu tenho certeza Mel, você é a pessoa que pode pegá-los. - a morena estava muito emocionada com tudo o que havia lhe acontecido durante o dia e as palavras de Isadora lhe fizeram chorar. – Eu sempre lhe amei, nunca duvide disso. Lembre-se que sempre existirão pessoas para destruir este sentimento. Não sou perfeita, tenho muitos ciúmes de você, mas farei de tudo para me segurar, só lhe peço que faça o mesmo e confie em mim, mesmo que as imagens falem o contrário.
-- Confiarei. – respondeu limpando as lágrimas.
-- Agora relaxe e descanse. – pediu com doçura.
-- Isadora, você é meu amor, meus dias e minha vida. – a loirinha também estava chorando. – Não quero e nem suportarei mais esta distância, não só física, como de mundos. Quero ter paz, estou exausta.
-- Eu lhe darei essa paz e ficaremos mais forte. Agora tente relaxar, e se quiser eu posso lhe dá uma ajudinha de longe. – Melissa suspirou.
-- Eu queria muito baixinha, mas hoje só conseguiria se estivesse aqui.
-- Então pensa como será nossa noite de núpcias. – Melissa não aguentou, deu uma gargalhada e quase se condenou quando Enzo se mexeu.
-- Só você para me fazer rir.
-- Descanse. Amanhã eu ligo para você, isto é, a senhora vai fazer o favor de atender?
-- Baixinha, olha essa marra porque sua moral não está tão boa assim.
-- Vou lhe mostrar a baixinha quando chegar aí.
-- Aguardarei ansiosa. – despediram-se e desligaram.
-- Esse sorriso bobo no rosto, esses olhos verdes cintilando e essa cabeça loira fervilhando de ideias inusitadas... Era Melissa?
-- Sim. – respondeu sorrindo e se levantou para beijar o amigo. – Obrigada por mandar a notícia pronta para o site das celebridades. – piscou o olho.
-- Ela leu? – perguntou bobo. – Mas Melissa costuma ler estes sites?
-- Ela não tinha o costume, não sei agora... – sorriu. – O importante que ela leu e descobriu que é noiva. – Francisco coçou a barba e olhou para loirinha.
-- Mas essa história de casamento ainda vai demorar, não é? Foi só para o tiro de misericórdia na surucucu?
-- A princípio sim... – sorriu. – Melissa ligar do nada para saber como irei casar com ela sem comunicá-la me deu ideias.
-- Entendi: “Francisco, temos contatos nos cartórios de São Paulo?”. – imitou a amiga. – Não Isadora. Agora você para, pensa com os braços cruzados, olhando para o nada e sorri, depois olha para mim e completa: “Enrico pode nos ajudar nessa”. – Isadora estava sorrindo com o amigo, pulou em seus braços e lhe beijou.
-- Por isso você sempre será meu editor e redator. – encheu o homem de beijos.
-- Sai que não gosto de perereca, só de gatos.
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-- Dona Lena, esse menino já sofreu o batismo? – Helena olhou para Júnior e pensou no que responder.
-- “Sofrer batismo”? Isso para mim é sofrimento. Está se referindo a “sofrer” porque não sou Cristã? Ou você sofreu no batismo? – Júnior fez menção em falar, mas parou para pensar e ficou com uma expressão confusa. Helena viu que iria demorar, então resolveu entender o motivo da pergunta. – Por que perguntou isso?
-- Ele se remexe muito... – deu uma risada e dançou. - Parecia o cachorrinho que é rei viado e se remexe muito. – brincou.
-- Não é cachorrinho, o bichinho é um lémure. O que tem isso a ver com batismo?
-- Minha avó dizia que criança que se mexe muito enquanto dorme tá tendo sonho ruim, veraneio, tá ligado? O padre joga a aguardente e chama o passarinho da paz, andorinha ou é a rolinha, não lembro direito e termina dizendo em nome do Pai que é Deus, do filho que é Jesus e do manto branco.
-- Meu filho, você tem certeza que é cristão?
-- Não. – sorriu. – Eu nasci em Goiânia. A senhora é da cidade das bruxas né? – Helena sorriu, ela gostava de Júnior e se não estivesse preocupada com a neta e, principalmente, com Ulisses, conversaria mais com o jovem.
-- Sou da Irlanda. Eu vou visitar Haidê no hospital e levar alguma coisa para Ulisses comer, aposto que está de guarda na porta da UTI mapeando todos que entram e saem de lá. – Junior pensou e se lembrou do filme do policial robô.
-- Ele é igual ao filme do “robocopgay”. – Helena quase cuspiu o chá que estava bebendo.
-- Acredito que ele não tenha nada de semelhante com este filme, e nem goste do estilo.
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-- Não adianta ficar aqui, de guarda, ninguém entra nesta UTI.
-- Eu sei, mas tenho uma forte desconfiança e se estiver certo, essa pessoa aparecerá no horário permitido, como uma visita e terminará o trabalho.
-- E por que não proíbe, restringe apenas a família? – Ulisses olhou sério para morena que entendeu de imediato.
-- Roberto?
-- Estavam se separando...
-- Haidê estava se separando dele? – lembrou-se do que Nicki havia lhe contado. – Ela o pegou com outra?
-- Sei que são muito amigas... – a olhou como se quisesse falar algo mais íntimo e Melissa compreendeu.
-- Sabe que sim. – segurou as mãos do homem.
-- Haidê sabia da traição, aliás, traições. Estavam afastados alguns meses, mas o fator decisivo foi ela descobrir alguns extratos de contas bancárias no exterior.
-- Como assim?
-- Depósitos altos em contas no nome de Roberto.
-- Vocês não ganham tão bem assim. – Ulisses balançou a cabeça. – Um amigo e a própria Nicole que você conheceu ontem, estão na investigação de uma rede de contrabandistas... Um dos depósitos tinha o nome de um dos nomes investigados nesta rede. – Melissa ouvia tudo tentava processar as informações. Ele explicou todas as ligações que levavam a Roberto.
-- Mas se ele tem a ver com o acidente, ele matou o filho e não fez o mesmo com a esposa por sorte. – balançou cabeça. – Sórdido tudo isso... Matar a esposa de forma tão violenta? – parou de falar e olhou para Ulisses. – Desculpe!
-- Tudo bem. – respondeu baixando a cabeça e Melissa resolveu mudar de assunto.
-- Conversei com o médico. Hoje eles a levarão ao centro cirúrgico e tentaram limpar as queimaduras. Vovô é amigo do diretor deste hospital, conversei com ele e pedi que fosse feito tudo pela saúde e bem-estar de Haidê.
-- Não tenho como lhe pagar agora. As contas eram todas no nome do meu pai e da mãe de Haidê, até que entre com o desbloqueio e venda uma das propriedades...
-- Por que vender? – Ulisses a olhou surpreso.
-- Cristina, as despesas são altas, não posso aceitar tudo...
-- Ulisses... – tentou interrompê-lo, mas ele prosseguiu.
-- O valor do transporte do helicóptero até aqui... Não posso aceitar tudo assim.
-- Não só pode, como vai. – explicou. – Haidê sempre esteve comigo nos bons e maus momentos. Você sempre ajudou vovô, nunca cobrou nada ou se negou, não tem porque ser diferente. Amizade é algo que prezamos e muito na nossa família, você deveria saber disso. – pela primeira vez em sua vida, Melissa viu um Ulisses frágil, incapaz de formular alguma frase, ele apenas agradeceu chorando. Mariana observava os dois de longe e não acreditou na intimidade que havia entre eles.
-- Obrigado. – agradeceu após voltar a encara-la.
-- Preciso ir. – olhou ao redor. – Precisa de mais alguns seguranças?
-- Não. – forçou um sorriso de lado. – Estamos em oito. Gente que trabalhou com ela e comigo, nossa equipe. – Melissa olhou em volta e só então viu outros agentes espalhados com discrição. – Alguns Roberto não conhece. – concluiu com um ar vitorioso.
-- Se realmente ele estiver nisso, nós vamos pega-lo.
-- E levaremos para Haidê concluir a história. – Melissa viu sangue nos olhos do amigo ao completar a promessa.
Melissa estava saindo do hospital quando ouviu o tio chama-la.
-- Cristina... – ela virou e esperou que ele se aproximasse.
-- E a resposta a Joaquim?
-- Ele ligou?
-- Ficou de ligar hoje.
-- Pergunte quanto quer para sair do Brasil e esquecer nossa existência.
-- Sabe que não é assim.
-- Enrico, veja o que aconteceu com Haidê... Minha prioridade é meu filho e Isadora. Não quero falar com Joaquim e ouvir chantagens com ameaças.
-- E se ele quiser grana para fugir sem os comparsas?
-- Acho difícil. – pensou um pouco. – Estou sem cabeça para isso.
-- Tentarei sondar o que quer, depois lhe passo o que conseguir.
-- Obrigada. – abraçou o tio. – Vovô está com Enzo, acho difícil alguém chegar até ele. – Enrico sorriu.
-- Existe gente que subestime o velho José de Alcântara.
-- Não conhecem o velho.
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-- Não entendo porque ela deixa com o senhor. – Daniel reclamou.
-- Porque você só reclama.
-- Reclamo?
-- Sim, como agora. – o homem bufou.
-- Não é isso, agora sou um aleijado e ela acha que não tenho condições.
-- Não seja idiota. – Ester se aproximou e ouviu a conversa.
-- Agora tudo ele usa esse argumento.
-- Eu não criei um filho para ser vítima das circunstâncias e que só reclama. – bateu com a bengala contra o chão e se levantou. – Olhe sua esposa... – Ester olhou para o sogro com surpresa. – Uma mulher bonita, elegante e inteligente, passa longe do tipo fútil que acompanha seus maridos em jantares e só falam em viagens, shoppings e compras. Aproveite isso e vá curtir... Viajar, uma nova lua de mel talvez.
-- Minha filha na mira de um trio de psicopatas, deixou a mulher certa para ela e foi atrás daquela...
-- Daniel... – Ester o interrompeu.
-- Pare de cuidar da vida da sua filha e cuide da sua... – José falou mais alto. – Cristina não precisa de julgamentos e gente se metendo na vida dela, pare com isso ou perderá sua filha... – olhou para Ester. – E sua esposa. – Daniel a olhou surpreso.
-- Ester?
-- Eu acho que seu pai está certo. – Ester se sentiu penalizada pela forma como José falou, mas seu marido precisa ouvir essas verdades. – Não aguento mais isso: você reclamar de tudo. Minha irmã me chamou para viajar e estou pensando.
-- O que? – Ester saiu deixando o marido com o pai. – Está vendo? Isso foi culpa do senhor.
-- Minha? Eu com uma mulher linda ao meu lado não ficaria em casa o dia todo reclamando da vida.
-- O que o senhor me sugere então? Vá viajar com ela e esqueça minha filha com esse povo atrás dela? Lembra-se que quase a perdemos?
-- Esse povo está ameaçando-a há mais de um ano e nada fizeram e nem farão. Quanto ao tiro, isso foi descuido dela. Estamos susceptíveis a qualquer coisa. Qual será sua próxima desculpa?
-- A pai, o senhor está mais turrão que antes. Saco! – saiu deixando José sozinho.
-- Meu filho, está chegando a hora de encerrar essa conta, e você por aqui só vai atrapalhar. – olhou o bisneto que brincava com a babá e sorriu. – Este é um verdadeiro Alcântara Peixoto.
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-- Doutora Camila, a senhora assinou os documentos que a dona Ada deixou?
-- Sim, estão naquela pasta. – olhou para menina. – Emília, o que combinamos antes?
-- Desculpe dou... Camila... – sorriu – Às vezes esqueço. – deu de ombros.
-- Lembre-se: não precisamos de formalidades para nos respeitar como profissionais. – explicou com educação. Emília sorriu e foi em direção a porta.
-- Vou entregar a dona Ada. – mostrou a pasta e saiu, quando fechou a porta deu de cara com Melissa que a olhou de forma avaliadora.
-- Bom dia! – falou com sua natural altivez.
-- Bom dia doutora Melissa. – ela ergueu uma das sobrancelhas.
-- Por favor, refira-se a mim como Cristina.
-- Desculpe.
-- Tudo bem. – olhou ao redor, avaliando o local. – Esclareça uma dúvida: você é assistente ou secretaria de Camila? – Camila ouviu a voz da morena e saiu.
-- Oi Mel. – a morena olhou para veterinária e repetiu a pergunta.
-- Essa menina é sua assistente ou secretaria?
-- Assistente. – respondeu encarando-a.
-- E por que não providenciaram uma sala para ela?
-- Como assim? – Camila não havia entendido nada.
-- Camila... – Melissa a segurou pelo ombro. – Realiza comigo... – a veterinária compreendeu que ela estava de bom humor e sorriu. – Como essa menina vai receber pessoas e resolver problemas sem um local apropriado? Isso é sala de secretária. – abriu os braços mostrando o espaço.
-- Mel, simplesmente você me mandou mudar de sala e disse ao RH para contratar uma assistente, não falou de espaço físico. – a morena revirou os olhos.
-- Agora você está aqui na presidência comigo, querida... Cadê a iniciativa? – perguntou brincando e Camila cruzou os braços avaliando-a.
-- Doutora Cristina, licença, eu vou levar essa pasta para dona Ada e já volto. – Melissa apontou para menina.
-- Isso é coisa de secretaria. – revirou a cabeça. – Alguém pode acompanhar o capítulo desta leitura comigo? – perguntou brincando e Camila lhe empurrou. – Vá lá Erminia e chame Ada aqui.
-- Não é Ermínia, é Emília. – Camila a corrigiu, Melissa sorriu de lado e só então ela percebeu que havia feito de propósito. - Está feliz hoje?
-- Digamos que estou bem, dentro do possível. – ressaltou o final.
-- Leu a reportagem? – Melissa se aproximou e beijou a veterinária no rosto. – Eu não tenho como lhe admirar mais.
-- Então não admire, só faça as coisas saírem bem. – Melissa voltou a abraça-la. Ada e Emília retornaram juntas e pegaram as duas abraçadas.
-- Doutora Cristina, seu avô ligou para saber sobre o remédio de Enzo, como seu celular estava desligado, transferi para doutora Camila.
-- Tudo bem dona Ada, ela é mãe também. – respondeu se afastando da veterinária e limpou a marca de batom que havia deixado. As duas mulheres não estavam entendendo a cena das duas abraçadas, mas agiram com discrição. – Eu pedi para chama-la aqui porque preciso de duas coisas, aliás, acho que vai ser até mais. – sorriu. – Quero que a senhora ligue para a empresa de arquitetura e engenharia que refez a área externa.
-- A empresa do senhor Lauro.
-- Essa... – olhou em volta. – Aqui atrás é a aquela sala de televisão dos funcionários?
-- Sim.
-- Melissa, vai tirar o local dos funcionários descansarem no almoço? – Camila repreendeu.
-- Claro que não. Dona Ada, anota para mim... – colocou a cabeça para dentro da sala de Camila e explicou como queria que fizessem. Aumentou a sala de Camila, abriu espaço para uma nova sala para Emília e uma área para uma secretária comum as duas. Transferiu a sala dos funcionários para um espaço maior e explicou que queria uma área de lazer e descanso, além de uma academia de ginástica para eles. Disse para secretaria entrar em contato com o RH e solicitar uma contratação imediata de uma secretaria para Camila, e depois uma contratação de um profissional de educação física.
-- Mel, você vai mesmo fazer uma academia aqui dentro?
-- Eu vou. – sorriu. – Esse povo está muito parado, vamos todos malhar. O que adianta um refeitório com nutricionista se estão todos sedentários? – Camila e Ada sorriram com os gestos feitos pela morena enquanto explicava.
-- Anotei tudo e vou ligar agora para empresa.
-- Qualquer dúvida ou coisas relacionadas, empurra para Camila que ela entendeu tudo. – sorriu para a veterinária que lhe respondeu com uma careta. – Gente, eu vou trabalhar, qualquer coisa estou em minha sala. – piscou para as três mulheres e saiu.
-- E foi só um telefonema... – Camila pensou alto.
-- Como? – Ada perguntou curiosa.
-- O telefonema do senhor José... – voltou para sala.
-- Dona Ada, a senhora pode me esclarecer uma dúvida?
-- Claro.
-- O filho da doutora Cristina também é de Camila? – Ada olhou para os lados e suspirou.
-- Vou responder para você não cair em terreno arenoso. O nome dele é Enzo. – a veterinária abriu os olhos assustada com a observação. – Sim, ele é filho das duas.
-- Elas adotaram?
-- Não. Ele é filho legítimo de Cristina. Na época em que nasceu, as duas eram namoradas, por isso o filho é das duas. – Emília viu que o assunto era delicado e íntimo para ser tratado assim, poderia ser interpretado como fofoca.
-- Obrigada dona Ada.
-- Vou para minha sala ou daqui a pouco vou ouvir meu nome ecoando pela empresa. – sorriu e saiu.
*******************************************************
-- Eu não posso é o senhor José que está com ele.
-- Que merd* Vilma! Esse velho não consegue nem andar direito, vive amparado por aquela bengala.
-- Meu pai me contou que aquele velho consegue surrar um homem jovem com aquela bengala.
-- Isso é lenda. Por favor, preciso levar esse pirralho ou o armário da dona Bruna me mata.
-- Eu não sei como nos metemos nisso. – passou a mão pela cabeça, estava preocupada.
-- Eu sempre gostei do seu Joaquim. Ele sempre me deu boas gorjetas. Depois dessa confusão toda, veio e me procurou, fiquei triste com a história que me contou. – olhou a namorada. – O coitado nunca viu o filho.
-- Isso não é problema nosso.
-- Ele só quer vê-lo. Olha Vilma, a gente leva, ele conhece o menino e depois devolvemos.
-- Não sei... – olhou preocupada. – Passei muitas informações da dona Cristina e as coisas acabaram ruins como naquele dia que levou um tiro.
-- Quem garante que foi coisa do seu Joaquim?
-- A polícia acusou ele, a tal Bruna e o pai da dona Isadora.
-- Olha, você me ama? – a moça afirmou com a cabeça. – Então confia em mim.
-- Eu vou levar para passear na sexta, antes da dona Camila pegar e levar para casa dela.
-- Ele vai para casa dessa mulher na sexta?
-- Vai. – o homem sorriu vitorioso.
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-- Conseguiu alguma coisa sobre o pirralho? – Márcio apareceu na frente do jovem como se fosse uma assombração, sem que ele esperasse.
-- Que susto cara! – segurou-se na parede.
-- Susto você vai ter se não me entregar o pirralho até sexta.
-- Então, eu tava combinando isso com a minha namorada. – sorriu. – Ele vai para casa de dona Camila na sexta, ela mora em edifício, lá é mais fácil de pegar.
-- Está bem. Na sexta lhe pego para combinarmos tudo. – quando o homem fez menção em responder, o segurança de Bruna voltou a desaparecer da mesma forma, como uma assombração.
Fim do capítulo
Ah gente, dois ou três comentários, sério isso? Vocês me acostuma com muitos e agora assim? Como vou saber se tá legal, ou não? Ùltimo capítulo concluido, mas perdi a viber.
Comentar este capítulo:
KarineGont
Em: 31/03/2018
Ansiosa pelo casório em tempo recorde e pelo novo amor da Camila!!!
Bjs
Amandha12
Em: 29/03/2018
Olá!
Então eu li a primeira versão e gostei muito, nessa nova há algumas mudanças,óbvio, e acabei pegando ranço da Isadora, continuo ainda, no caso; fiquei tipo o Daniel... na minha opinião a Camila foi tudo o que a Isadora não foi na história, e por isso prefiro ela. O que a as duas ( não só as duas, acho que foi uma puta traição grupal com uma total desconsideracão a Camila) que fizeram e foi o horrível, e se fosse comigo ia mandar todo mundo pra casa do carai kk.. .
Enfim... Gostei da versão anterior, pq não fiquei com raiva de ninguém a não ser os vilões, porém vou continuar lendo a história...
BJoo
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Mille
Em: 28/03/2018
Bom dia Rafa
Cara o Júnior é uma peça e vo Lena tera paciência mais como ela é uma pessoa especial entende as pérolas que o jovem fala.
Isa arriscou e levou a melhor só espero que não levem uma rasteira depois.
Cam é maravilhosa e vai encontrar a pessoa certa que a fará feliz.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Feliz Páscoa Mille!
Olha, eu tenho certeza que até ela ficará surpresa com tantas informações soltadas pelo Júnior. Isadora levar rasteira? Rápida do jeito que é? Ela cresceu, amadureceu e jurou para si mesma ser mais esperta, nem se preocupe com isso.
Bjs e boa semana
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LeticiaFed
Em: 28/03/2018
Oi, Rafa. De volta aos comentários para dar retorno e um ânimo maior para a autora, que merece e muito!
Bem , também sou fã da primeira versão como ja havia dito aqui. Estava chateada com a nova versão de Isa, nada a ver com a “original”, uma peste que me tirou do sério...rsrsrs Feliz em ver ela voltando à essência e com atitudes que conhecíamos e gostavamos. Mesmo que a autora torça muito pela Camila, e esteja meio reticente não eh mesmo? Hahaha Enfim, obrigada! Quero ver Isa e Mel juntas de vez e em paz, sem picuinhas e antes do ultimo capítulo (esse pai da Mel tá uma mala também...). Por fim, concordo com o primeiro comentário qdo fala no bocado de personagens novos, confesso também fiquei meio perdida. Mas como vc disse servem para explicar bem melhor a outra história. Coincidências vai voltar em seguida, não é?
Beijo e ótima semana!
Resposta do autor:
Feliz Páscoa!
Não posso ficar sem comentários, minha imaginação precisa de adubos (comentários) para funcionar...kkkkk. Obrigada! A Isa precisava mudar da primeira versão para explicar melhor os erros. Ela voltaria de qualquer forma a essência, não sei se conseguiria reconquistar a morena, mas ela trabalhou arduamente para isso. Camila é uma pessoa 100% do bem, e vai ficar como melhor BFF das duas. Coincidências, acredito, de alguma forma ou de outra já voltou. A Haidê no acidente, internada no hospital sonhando com a loirinha e o filho... Ela já está ai. Beijos e boa semana.
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Thaly
Em: 27/03/2018
Acho que a autora deu algumas pistas do suposto amor futuro da Camila rsrsrs será Haidê?acredito eu que sim, e eu adorei a resposta da Camila sobre o sexo bom da delegada kkkkk eita Mel banho de água fria kkkk, parabéns autora já estou com saudades dessa maravilhosa história, bjsss.
Resposta do autor:
Dei? Será? Não sei. Fazer o que se a delegada pegou ela de jeitokkkkkkkkkk Obrigada Thaly.
Bjs
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Baiana
Em: 27/03/2018
Pois trate de achar logo essa viber viu??
Mas rapaz,quer dizer que a delegada não é o novo amor da Camila? Poxa,gostava tanto das duas juntas! Será a Emília??
E essa armação pra pegar o Enzo? Espero que o trio seja pego antes mesmo de conguir colocar as mãos no menino.
Adoro casamento surpresa kkkkk
Resposta do autor:
Tô atrás da viber ainda... kkkkk... A delegada é um tanto quanto chata, você ainda não sentiu isso? Ela é filhinha de papai. Quanto a pegar o Enzo... Sò esperando... Bjs
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Rafaela L
Em: 27/03/2018
Boa tarde Rafa!
Estava em falta por aqui,por ter perdido a senha.Recuperei no e-mail,mas n havia salvado pra uma mais fácil de lembrar..enfim....cheguei!!
Quanta maturidade da Camila,em vir ajudando a sua ex a se encontrar.
Pelo rumo que as coisas vieram acontecendo,eu que sempre fui #team Isa mudei de ideia várias vezes.Amei a veterinária,e peguei ranço da Isa,e vice versa...kkk muitas ocilaçoes.Sinal de que foi tudo muito bem escrito,tava indo tudo tão bem amarrado cada desenrolar, por essa razar que fui vendo a Mel com uma,ou outra.
Eu acharia fodasticamente,se as pessoas que acabassem com a turma do mal,fossem as morenas Melissa é Haidê.Tipo o outro final que Enrico junto c Mel resgatavam a loira,aquela ação toda.Vc pode n tá mais na vibe....mas seria massa.( Tô expondo minha opinião tarde né . ..) enfim...uma cena de ação ,bem destruidora p acabarem essas ameaças e riscos .Cairia bem!
Isa,pra se redimir devia bolar o casamento do ano!
Dessa última cena do telefonema ,eu pensei igual a Camila. " é olha q foi so um telefonema"
"Se n são almas gêmeas,ninguem mais é"
Enquanto a Vo Lena e o Júnior...sem legenda pra eles kkk
Leva ele,pra coincidências tbm Rafa!!! Adotado por a a vó Helena.rsrs já tá dando gostinho de continuar Coincidências .
Como leitora ,só tenho agradecer por dedicar seu tempo e nos fazer viajar com boa leitura Rafa!
Ignora os críticas ruins e continua!!
"
Resposta do autor:
Camila é única, uma pessoa de retidão, sem julgo de valores, está presente sempre para ajudar. Isadora é mesma de sempre, só que agora vem a versão turbinada...kkkk... Vô Lena e Júnior já estão juntos em Coincidências, assim como algumas personagens desta história, também. Quanto ao final, ainda vamos ter surpresas, aguarde... Bjs e obrigada pelo comentário.
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Carolzit
Em: 27/03/2018
Boa tarde autora!!! Estava chateada pq como li a primeira versão, não estava conseguindo me ligar a essa versão, até pq não estava gostando da isadora dessa versão, mas agora tô conseguindo enchergar a Isa que conheço. Só tô muito perdida com esses novos personagens, tô meio perdida nessa história.
Resposta do autor:
Isadora está tomando jeito de gente agora, aguarde e verá..kkk. Se atualize que fica mais fácil. Até mais. Bjs
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