~ POV CAMILA ~

 

Passei o restante dos dias em Natal curtindo com meu irmão, e na quarta-feira pela manhã voltamos para Salvador, decidir que não iria a empresa naquela semana, apenas liguei para a Patrícia perguntando como estava as coisas lá, e ela me passou o relatório de tudo que estava ocorrendo. Trabalhei de casa em cima de alguns projetos e do meu livro que eu estava escrevendo, tinha anos que eu escrevia esse livro e nunca terminava, até porque tempo me era escarço, mas sempre que eu podia eu continuava a escrever, apenas por um hobbies, não tinha interesse de publica-lo ou algo do tipo.

A sexta-feira chegou e eu ainda permanecia em casa trancada em meu escritório atualizando os relatórios e traçando um planejamento que eu tinha na cabeça para melhoria das Editoras, até meu celular tocar.

 

- Alo sumida, está viva ainda? – Sara com sua bela ironia.

 

- Não, é a minha alma que está a falar com a senhorita. – Bufei.

 

- Ai que mau humor fora do comum, está a quanto tempo sem trans*r querida?

 

- Não lhe interessa. O que você quer? – Eu estava mais sem paciência do que o normal naquele dia.

 

- Vamos ao barzinho espairecer essa sua mente ai, porque está foda você hoje viu.

 

- Não to afim, estou ocupada e tchau.

 

- Epa, epa, epa! Pode parar, você vai sim, está afim sim, e chego ai em sua casa em 1h e esteja pronta, SIM. Agora pode desligar.

 

- Porque você é tão insuportável assim? Porque você não morre hein...- Resmunguei.

 

- Porque você não saberia viver no mundo sem a minha linda e humilde pessoa, porque só eu mesma pra te aguentar viu, aff, tchau!

 

 

Sara insuportável, eu não estava afim de sair hoje, a última coisa que queria. Mas talvez ela esteja certa, tomar uns drinks para ver se meu humor melhora, há dias que a loirinha ousada não sai da minha cabeça!

Em menos de 1h Sara chega em meu apartamento, como o porteiro já há conhecia então a sua subida era sempre liberada, então ela se aproveitava muito bem disso e sempre chegava nos momentos que eu nunca estava afim de vê a cara de ninguém. Ela entrou foi dá um beijo no Guga que já estava deitado para dormir, terminei de me arruma e segui com ela em meu carro, eu não estava com ideias de beber muito, apenas o suficiente que me levasse pra casa, mesmo sendo imprudência da minha parte não quis abrir mão de ir de carro.

Chegamos ao bar, estava super movimentado, sentamos nas cadeiras do balcão, até que olho em minha frente e avisto a Patrícia, Gabriela e a loirinha ousada e mais duas pessoas que eu não conhecia, pude perceber que a Gabriela estava bem saidinha pro lado dela, com certeza já deve ter caído no papo dela e pegado a loirinha ousada. Resolvi ignorar a presença deles e comecei a beber meu whisky com a Sara e botamos os papos em dias, contei a ela da minha semana em Natal, a mesma estranhou a minha demora lá e por eu ter ficado tão pouco tempo na empresa, já que sempre ia para resolver coisas da empresa, e vira e mexe na conversa eu olhava para a direção onde os meus funcionários estavam, era como um ima para aquela mesa, e cada hora que passava a Gabriela estava mais junto dela, pareciam casal, até que comecei a fechar mais a minha cara, começou a bater um ciumezinho de leve, nem me perguntem porque que nem eu sei, mas aquela aproximação delas estão me tirando do sério.

 

- Ai que ódio. – Bati com força no balcão meu copo.

 

- O que foi Mila? – Olhou pra mim assustada. – O que tanto você olha pra aquela mesa, hein?

 

- Nada Sara, nada!

 

Mudei logo de assunto, acho que a Sara não reconheceu a Patrícia e Gabriela porque logo voltou pra frente, me contando outras novidades da sua semana e meus olhos ainda estavam vidrados naquela mesa... até que em um momento a Patrícia se levanta com a garota dos cabelos cacheados deixando os três, depois de alguns minutos o garoto que estava na mesa também se levanta deixando a Gabriela sozinha com a Alicia. Nessa hora eu já fazia parte daquela mesa de tão vidrada que eu estava a cada movimento delas, nem estava mais ouvindo o que a Sara me falava, e pude perceber que a Alicia não estava nem um pouco gostando das investidas da Gabriela, ela tentava se sair de todas as formas, até que vi em seu semblante a preocupação e resolvi intervir.

 

- Sara, eu vou precisa me retirar, preciso tirar aquela garota daqui, prometo que lhe explico tudo, só não vem atrás de mim. – Me levantei em direção a mesa.

 

- Mas... mas amiga... – Deixei a Sara lá sem entender nada.

 

 

Cheguei próximo a mesa e pude ver com meus próprios olhos que realmente a Alicia não estava nada confortável com a insistência da Gabriela.

 

 

- Você não está vendo que a menina não quer te beijar, Gabriela? – Me curvei na mesa colocando as duas mãos com meus olhos espumando de raiva, pronta para meter a mão nela.

 

- Toda poderosa? – Ham? Quando digo que essa loira não é normal, de onde tirou esse nome.

 

- Oi senhorita Camila, muito bom te vê. Creio que a Alicia não está precisando de protetores nesse momento. – Protetores, pera ai que vou te mostrar sua ridícula.

 

- Afaste-se dela AGORA. – Ordenei com muita raiva me controlando ao máximo para não bater nela.

 

- Sinto informa, mas aqui a senhora não manda em nada. – Gabriela me respondia completamente bêbada, resolvi não discutir com ela, provavelmente amanhã se arrependera.

 

- Alicia, passe aqui agora. – Foquei meus olhos em Alicia, minha única saída.

 

- Pera ai, pare agora as DUAS. – Alicia se afastou da Gabriela com uma certa dificuldade, estava bêbada também. – Nenhuma das duas manda em mim, você Gabriela passou dos limites, e você Camila, de onde tirou que manda em mim? – Era só o que me faltava agora viu.

 

- Alicia, por favor, venha comigo... Estou pedindo, por favor. – Chamei novamente em um tom mais grosso para ver se ela entendia, já estava perdendo a paciência.

 

- Quem você acha que é pra está mandando nela assim hein? E ainda mais mandando passar. Poupe-me viu – Resmungou Gabriela se aproximando novamente da Alicia. – Licença que está atrapalhando a minha noite com a minha bela loira. – Começou a beijar o pescoço de Alicia, perdi toda a minha paciência ali.

 

- Se não vem por bem, vem por mal. – Puxei Alicia com tudo, já estava possessa de raiva, deixando uma Gabriela com cara de nada.

 

 

Eu estava possessa de raiva pela cena, não queria ver a loira nos braços de ninguém, eu não estava me reconhecendo, comecei a arrasta-la pelo braço, depositando toda minha raiva apertando ela, e seguindo em direção ao carro.

 

 

- Ai me solta, está me machucando sua maluca. – Alicia começou a reclamar tentando se soltar.

 

- Te chamei com educação você não quis vim, então pronto. – Não conseguia nem olhar pra ela, não queria aceitar o que eu estava sentindo naquele momento.

 

- Ouxi, e quem disse que eu queria vim, eu estava me divertindo lá com meus amigos. – Sua raiva com minha atitude era nítido.

 

- Quer voltar? – Larguei ela e apontei para o bar – Pode ir, continue fazendo o que estava fazendo.

 

- É... – De fato Alicia não conseguia nem falar direito. – Poderia me dá uma carona pra casa? – Que mulher louca, começou a rir do nada.

 

- Não entendi o motivo da risada senhorita. – Coloquei a mão na cintura, achei uma graça a atitude dela de ao mesmo tempo querer voltar e ir embora comigo.

 

- Eu... É.... Acho que vou vomitar... – Agora foi que deu, que arrependimento.

 

- Era só o que me faltava, já quero devolver você pra aquele bar. – Resmunguei, não estava afim de cuidar de ninguém....

 

- Pode ir senhorita... – Vomitava mais ainda. – Não preciso de você.

 

- Ok. – Sei, não precisa de mim, tô vendo sua ingrata.

 

- O que está fazendo aqui ainda? – Levou a cabeça olhando pra mim, não se aguentava nem em pé direito.

 

- Vou te levar pra casa. – Sai puxando ela pelo braço.

 

Chegando ao carro, peguei uma água e comecei a lavar seu rosto, suas mãos, mandei ela gargarejar um pouco, logo após peguei um pano, e comecei a enxuga seu rosto e suas mãos, a coloquei dentro do carro, colocando o cinto e dando a volta entrando no lado do motorista, perguntei o endereço e assim segui, e em todo momento eu me sentia feliz em estar cuidando dela, comecei a pensar “é aqui que quero está”, fomos todo caminho em silencio, logo ela adormeceu, e eu dirigindo com os meus pensamentos, quão perfeita era, suas mãos, seu rosto, seu olhar penetrante em mim. A cada momento que ia cuidando dela meu corpo regia, e pude perceber que o seu corpo também reagia aos meus toques, eu sentia a necessidade de cuida-la, e assim fiz!

 

 

Chegamos em seu apartamento, ela estava super sonolenta, conseguir subir o elevador com ela em meus braços, e seu olhar totalmente penetrante em mim, eu já estava sem graça, o que tanto ela me olhava?

 

- Você não sorrir não é, toda poderosa? – Ela me olhava com aquela carinha de anjo.

 

- Eu tenho motivos para sorrir agora garota? E que apelido idiota é esse? – Bufei.

 

- Ai calma, é o apelido que eu quis te dar, tenho esse direito, não acha?

 

- Hum, tem o direito de ficar pra você, agora a forma que você me chama eu também tenho o direito de aceitar ou não.

 

- Então a vossa senhoria autoriza a minha pessoa te chamar assim?

 

- Pouco me importa. – dei de ombros saindo do elevador com ela.

 

 

Chegando em seu apartamento, pude perceber que era bem simples e organizado, a cara dela, tinha uns porta-retratos com algumas fotos, alguns quadros de alguns países, reparei tudo no mínimo detalhe, achei bem aconchegante, e aquele apartamento tinha vida, era bem arejado, bem claro, com muitos enfeites, diferente do meu que era uma escuridão, não só no visual como no interior também.

 

- Ai toda poderosa, acho que vou vomitar de novo... -  correu para o banheiro do seu quarto.

 

- Ai garota, pra que foi beber tanto assim hein? – Corri atrás dela, segurando seus cabelos enquanto ela botava o mundo pra fora.

 

- Culpa sua que sumiu esses dias todos. – Me surpreendi com o que falou.

 

- Minha? E onde eu entro nessa cachaça ai mesmo? – Comecei a estiga-la a falar.

 

- Porque eu senti saudades de olhar nesses olhos verdes perfeitos e cheios de mistérios que você tem. – Nessa hora ela se levantava e lavava a boca e as mãos.

 

- É.... acho melhor você tomar um banho. – Desconversei, não sabia se ficava feliz ou triste com isso.

 

- Você pode me dá banho? Eu sei que não vai se aproveitar de mim, é porque não to me sentindo bem... – voltou pro vaso vomitar o resto de seus órgãos.

 

- É, porque eu me aproveitaria de você senhorita? – Indaguei.

 

- Não sei, se bem que se você se aproveitasse eu iria amar. – Começou a tirar a roupa sem nenhum puder em minha frente.

 

- Ai meu Deus, me segura. – Comecei a pedir socorro bem baixinho.

Essa garota está me deixando louca, claro que não vou me aproveitar de sua bebedeira, mais dizem que bêbedo fala a verdade, então quer dizer que ela está afim de mim? Nossa, estou mais perdida que tudo, não posso me envolver com ela, ela é minha funcionaria e nunca estaria disposta a ter apenas sex* comigo, sua índole já me diz isso, eu preciso manter o máximo de distância que eu puder dessa garota.

 

Fiquei observando-a tomar banho, auxiliando em lhe entregar o sabonete e pegar novamente, ela se ensaboava totalmente sexy, querendo me deixar no limite e meu corpo estava gritando por aquele corpo, eu já estava sem meus sentidos, meu corpo era excitação pura, eu podia sentir meu sex* pulsando a ponto de ter um orgasmo apenas observando-a tomar banho, minha cara era desejo puro, eu estava a ponto de explodir.

Até que ela sai do box, pisou em falso e caiu completamente nua em cima de mim, acho que todos os apartamentos ao redor pode ouvir a batida do meu coração, ficamos inerte a aquele momento nos encarando por mais de dois minutos, eu não queria sair daquela posição de está segurando seu corpo contra o meu e percebi que ela também não tinha nenhuma intensão de sair dali, até que a vejo se aproxima de mim, sinto seus lábios roçando nos meus, nesse momento meus olhos se fecham no automático, sinto sua respiração ofegante, a minha também estava completamente descontrolada, minha mão começa a percorrer por suas costas nuas sobre meu corpo, sinto-a puxar meus lábios em uma mordida gostosa, quando ela faz a menção de me beijar, sinto meu corpo completamente em erupção, até que o meu pouco senso que tinha naquele momento bate, eu saio daquele transe louco lembrando que ela é HETERO, estava BEBADA, com certeza amanhã não iria lembrar de nada, e eu posso ser a maior cafajeste do mundo, mas eu não iria me aproveitar do seu momento de bebedeira.

 

- É, Alicia, se enxuga. – Levantei ela com cuidado e dei a toalha.

 

- Desculpa, acho que escorreguei. – Você acha? Santo Deus!

 

- Certo, onde acho uma roupa pra você? – Puxei ela sentando na cama ajudando a secar seus cabelos com a toalha.

 

- Ali no closet, pode pegar qualquer uma. – Ela apontou e eu fui em direção pegando uma camisola de seda, sem segundas intenções mas ...

 

- Veste, por favor. – Comecei a ficar de costa, ela nua já estava me deixando louca, imagine naquela camisola de seda, eu ia ter orgasmos múltiplos ali mesmo.

 

- Obrigada por tudo Camila. – Ela já estava deitada na cama

 

- Você quer que eu faça um café pra você? Se sente melhor? – Sentei na beira da cama a fitando.

 

- Não, se eu beber posso ficar pior e acabar vomitando mais... desculpa por todo trabalho que te dei. – Ela já falava sonolenta.

 

- Tudo bem, espero que fique bem. Estou indo. – Comecei a me levantar.

 

- Não vai não, fica? Por favor. – Começou a falar com uma voz de dengo, mexendo com todo o meu interior, estendendo aos mãos para mim.

 

- Ok. Dorme, estou aqui. – Sentei e ela se aproximou de mim se aconchegando em meu colo.

 

 Fiquei parada naquela cena, nunca tive esse acesso a carinho de mulheres para comigo, e muito menos passei por situações parecida como essa, mas isso está chamando demais a minha atenção, o meu corpo está reagindo a tudo isso. Senti uma necessidade de protege-la e de zelar por seu sono, e assim fiz. Comecei a fazer pequenos cafunes em seu cabelo, e a cada carinho sentia ela se apertando mais a mim, enlaçando seus braços em minha cintura e sua cabeça em meu colo. Logo adormeceu, tão serena, de fato era um anjo caído em meu colo, encostei minha cabeça na cabeceira da cama, e meu coração dizia que era ali a minha morada a parti daquele momento, esbocei um pequeno sorriso de canto, eu estava gostando. Rebobinando tudo que ocorreu a horas atrás, tentava entender porque me senti assim com ela, nunca me preocupei com ninguém, nunca quis esta abraçada assim com ninguém, e isso me assustou!

Olhei no relógio já ia da 4hr da manhã, me desencilhei dela com cuidado para não acorda-la, levantei e fiquei em pé na beira da cama admirando essa mulher, essa mulher que será minha... e deixei aquele apartamento com o coração na mão, eu não queria ir embora nunca mais.

Cheguei em casa depois de alguns minutos, tomei um banho relaxante, me lembrando de cada minuto com ela, me lembrando de quão macio foi aqueles lábios que eu queria tanto beijar, sai do banho e fui deitar, costumava a dormir nua não me sentia bem dormir de roupas, e assim fiz, logo adormeci.

 

Quando acordei já passava das 10hs da manhã e meu primeiro pensamento foi o anjo, me perguntando será que estava bem...

 

- Mais que idiota que sou, nem deixei meu número no bilhete, porque assim saberia se ela acordou bem ou se precisou de alguma coisa, INUTIL. – Comecei a me martirizar pela tamanha idiotice.

 

- Ah, já sei com quem conseguir o seu número... – Com esses pensamentos segui a procura do meu celular....

 

 

 

Fim do capítulo