--Paola você não precisa fazer isso, deixa esses pratos ai.

--Leo minha mão não vai cair se te ajudar com os pratos.

-- Eu já disse que você não vem para cá para fazer serviços domésticos – Falou alto com a menina --Me dá isso agora! –  Puxou a esponja das mãos de Paola que acabou deixando um copo cair. –Olha isso? Satisfeita? -Gritou, Paola pegou a toalha de prato enxugou as mãos e saiu correndo e chorando.

--Você é um grosso sabia? Não precisava gritar com ela – Franciele que presenciou a cena saiu em defesa da garota que a essa hora já estava indo pegar um taxi.

-- Eu não fiz nada demais apenas pedi para ela não larvar os pratos e para de se meter na minha vida sua pirralha – Leo ainda gritava quando Elis entrou na cozinha juntamente com Yasmim que estava com Fabiana, ao escutar os gritos pediu para ela ver o que era.

-- Ei o que é isso? O porquê de tantos gritos?

-- Essa pirralha se metendo onde não deve. – Ele ainda estava alterado.

--Chega Leandro, abaixa o tom, ninguém é surdo para você gritar.

--Ele falou assim com a Paola e ela saiu chorando.

-- Está vendo? Ninguém pediu essa informação, fica calada.

--Eu já disse chega, vai para seu quarto e esfria a cabeça – Elis disse firme

--Agora vou ficar de castigo? – Ele aproximou-se da mãe a encarando.

--Vai sim e pensa no que você está fazendo, pensa no que você acabou de fazer e só vai sair daquele quarto quando esfriar a cabeça – Ele bufou e saiu pisando duro.

-- Merda! – Elis disse socando o balcão da cozinha.

--Franciele, vai lá na sua outra mãe e diz o que houve, ela ficou preocupada e não pode se aborrecer. – Yasmim falou para a garota que apenas acenou com a cabeça e saiu. – Elis isso é culpa dos hormônios, não se estressa assim, logo isso passa - Yasmim falou vendo a mulher pegar uma pá e uma vassoura.

-- Só pode ser mesmo, o Leo é a pessoa mais doce que já vi, nunca o vi assim e pode apostar está um saco essa fase.

--Imagino que sim, mas não se preocupa logo passa é tudo uma adaptação.

-- Coitada da Paola, não merece ser tratada com essa grosseria toda.

-- Ela vai entender o que se passa com ele, não se preocupe, a Paola é uma garota muito sensível, mas também de uma maturidade assustadora.

-- Espero que seja mesmo. – Elis colocou os cacos de vidros no lixo

--Vou lá contar direitinho para a Fabi que se assustou com os gritos.

 

 

-- Dinda a senhora está no hospital?

-- Não meu amor estou na mansão acabei de almoçar com o seu primo. – Estela notou que ela chorava

-- Eu estou quase chegando ai.

--O que houve Paola?

-- Converso com a senhora quando chegar- Desligou o celular, não demorou muito para o taxi para na frente da mansão. – Tia a senhora tá ai ? – Perguntou a menina colocando a cabeça dentro do quarto de Esdras.

--Oi meu anjo, vamos lá para o seu quarto, ele já dormiu – Estela levantou da cama deixando a criança dormindo, assim que chegou no quarto da garota ela começou a  chorar, Estela a abraçou e deixou que ela chorasse, depois de alguns minutos mais calma a tia perguntou o que houve.

--Tia o Leo ela tá diferente, as vezes é ate agressivo.

--Ele te machucou? – Estela ficou nervosa com o que ela disse.

--Não, não é essa agressividade, ele tá diferente, qualquer coisa fica bravo, essa semana é a segunda vez que grita comigo e é por besteira, eu não sei o que fazer. – Deixou uma lagrima escorrer, Estela lembrou-se dos efeitos colaterais dos hormônios e se acalmou.

-- Meu bem, lembra que eu te falei que essa transição não seria fácil? – Ela apenas afirmou com a cabeça. – Pois bem, os hormônios mexem muito com o comportamento da pessoa, é algo novo que está sendo moldado no corpo dele.

-- Ele vai se transformar nessa pessoa?

--Não sabemos, mas possivelmente não, ele não vai perder a sua essência, apenas é uma fase, ele deve estar passando por varias mudanças comportamentais, ou estou enganada?

-- Não está errada, ele as vezes tá com um comportamento diferente, mas sei lá tia, não pensei que iria ser assim.

--Me diz quais foram essas mudanças?

-- Fora essa dele explodir e ficar parecendo um ogro dos contos de fadas? – Estela sorriu com a expressão que a menina fez . – Ele tá com menos sensibilidade com as teclas do piano, tipo ele parece que coloca mais forças sabe, tem também o humor, as vezes ele tá todo brincalhão dois segundos depois com uma cara feia, e tem também que ele parece que so pensa em.... – Parou de falar deixando as bochechas corarem.

--Em sex*? – Estela completou a frase da garota.

--Isso, não podemos nos beijar que ele já quer outra coisa, quer direto – Paola falou tímida.

-- Vamos lá – Estela ajeitou-se na cama onde estavam. – Eu conversei com o endocrinologista dele logo no começo, ele me falou tudo isso, a pergunta é, você está disposta a enfrentar isso com ele? Você não é obrigada a isso

--Mas eu gosto dele tia, como vou deixa-lo sabendo que isso é apenas uma fase.

-- Independente do tratamento, você não é obrigada a ficar com ele apenas por ele está em um momento difícil, o momento é dele, cabe a você entender se você gosta dele o suficiente para o auxiliar nessa fase de adaptação dele.

--Gosto tia gosto muito.

-- Está disposta a passar por tudo isso com ele?

--Estou sim, mas eu não sei como lidar com isso.

--Primeiro vamos ter uma conversa nos quatro, nós duas e ele junto da Elis, vamos conversar sobre o que está acontecendo, a psicóloga dele é a sua terapeuta, o que acha de irem juntos um dia desses ?

--Tudo bem por mim. – Respirou fundo e abaixou a cabeça

-- O que foi? Por que essa carinha?

-- Como eu faço para lidar quando ele me tratar mal? Hoje eu só fiz chorar e correr, ele me ligou e eu não atendi

--Você não é saco de pancada dele, mesmo sabendo que a culpa são dos hormônios, não deixe ele fazer o que quer, se imponha.

-- Mas tia eu não sei brigar.

--Não falei para brigar, apenas mostre a ele que os seus atos terão consequências, isso vai mostra-lo que não é sempre do jeito que ele quiser.

-- A senhora tem uma dica do que eu possa fazer?

--Dica? – Estela pareceu pensar. – Bem tenho uma dica que aposto que sua avó Carolina daria -Sorriu ao lembrar da mãe – Castigo, tire uma coisa que ele gosta muito.

--Mas não posso tirar a música dele – A menina respondeu rápido

-- Ele só gosta de musica? –Deu um sorriso safado que fez a garota entender

--Tia! – Falou espantada – A senhora está dizendo pra eu não...

--Isso meu anjo, sex*, o lembre que você não vai trans*r com ele por “tal” comportamento dele.

--Mas tia e se ele for procurar outra pessoa? – Estela balançou a cabeça em negativo

--Paola entenda uma coisa, se ele procurar outra pessoa é sinal que ele não te ama, mesmo ele estando enfrentando problemas hormonais onde a libido dele esteja muito alta não é motivo para ficar com outra pessoa, entenda que se a pessoa te ama ela te respeita, nunca pense que sex* é o que segura uma relação, não vou mentir para você que para alguns seja primordial, mas se há amor o sex* é apenas consequência e muito boa por sinal - Sorriu.

-- Eu entendo tia – Voltou a ficar vermelha e dessa vez Estela não entendeu o motivo.

-- O que foi ? – Sabia da timidez da sobrinha

-- Nada não foi uma coisa que eu lembrei – Abaixou a cabeça, como se Estela fosse ler o que estava escrito nos olhos dela.

--Tem certeza? Sabe que podemos conversar sobre tudo não é? – Ela balançou a cabeça e ficou quase um minuto calada, mas depois perguntou rápido.

--Tia vai nascer um pinto nele? – Estela a olhou meio surpresa.

--Não, quer dizer não se ele não quiser, pois tem a transgenitalização, mas quem te falou isso? – A medica sentiu vontade de rir, mas se segurou.

--Ninguém, mas é que... – Ficou na dúvida para falar e Estela a incentivou com seu olhar. --É que foi bem pouquinho, mas eu percebi que está aumentando lá – Apontou para baixo

--Lá onde?

--Ai tia sem pergunta difícil, pouquinho, mas tá um pouquinho maior lá- Apontou para seu próprio sex*, dai Estela se deu conta do que ela falará.

-- Entendi agora, o clit*ris está aumentando, sim isso é um dos efeitos, é lento, mas vai acontecer, ele pode chegar até a cinco centímetros, mais é aos poucos, vai levar  anos para acontecer.

--Então não vai ficar igual a um pinto?

--Não meu anjo, quer dizer, vai pois terá uma semelhança aparentemente, mas não ficará do mesmo tamanho, nem igual, isso se ele não optar por fazer a cirurgia.

-- Ele não falou nada, ele tá ansioso para tirar os seios.

--Imagino que sim, estamos esperando apenas a Fabi melhorar um pouco, os exames dele estão tudo certo, semana que vem já vamos marcar, mas não diga a ele que será surpresa, conversei com a Elis ontem mesmo – O celular de Estela tocou, era Elis. – Oi amor... não estou em casa conversando com a Paola....ela está bem sim... não briga com ele, você sabe que ele não tem culpa... faz assim a noite vou com a Paola para e conversamos os quatros, o que acha?.... também te amo, um beijo – Olhou para a garota. – Tudo bem para você?

--Tudo sim, tia ele já mandou um monte de mensagem a Elis colocou ele de castigo, ele está pedindo desculpas.

--Olha ai, segue essa linha – Piscou para a garota que sorriu. – Eu já vou para casa, qualquer coisa me liga, vou entrar em uma cirurgia agora a tarde assim que acabar venho para casa e vamos até lá – Estela beijou o topo da cabeça dela e seguiu para o hospital, Paola resolveu responder o namorado, falou o quanto ficou magoada e que a Estela queria conversa com ele, percebeu o quanto ele ficou nervoso e resolveu colocar pilha para castiga-lo.

 

 

--Yasmim você vai ficar no quarto com a Fabi? – Estela perguntou após alguns minutos que chegou na casa de Elis com Paola e Esdras.

--Vou sim, vou trocar o curativo, amanhã vou fazer uns exames nela lá no hospital.

-- Posso deixar o Esdras e a Fran lá no quarto por alguns minutos? Vamos fazer uma reuniãozinha com os jovens – Apontou para Leo que estava encolhido no sofá desde que Estela chegou com Paola.

--Claro, vamos lá.

--Mas tia eu não posso escutar? – Franciele perguntou

--Fran é uma conversa particular, lembra que já conversamos sobre?

--Lembro sim, vem Esdras esses adultos são tudo chatos – Saiu com o menino escada a cima, Yasmim os acompanhou sorrindo da esperteza da garota

-- Agora somos nós quatro – Estela disse olhando feio para Leo, queria brincar com o notável medo do garoto. – Leo a Paola chegou chorando em casa hoje e sei que... – Não deixou a loira prosseguir e a interrompeu

-- Estela, eu fui um idiota, já pedi desculpas para ela, não poderia trata-la dessa maneira, por favor não manda ela para São Paulo, eu juro que vou me controlar, mas é que sobe uma coisa parece que o sangue ferve e acabo sendo um idiota, mas não nos separa eu te imploro eu amo demais a Paola para ficar longe dela – Disse quase chorando, pegando as mulheres de surpresa, principalmente Paola que se alegrou com a declaração.

--Ei calma, respira – Estela zombou. – Eu não vou manda-la para São Paulo, ela fica o tempo que ela quiser, Leo eu sei que essa fase da transição não será fácil, por isso eu iria apenas sugerir que não só você tivesse um acompanhamento psicológico, mas todos os envolvidos, a Paola, a Fran e você amor – Apontou para Elis – Será bom saber como lidar com essa mudança.

-- Ai meu Deus que susto – Ele disse respirando fundo.

--Porem tem uma coisa – Estela aproximou-se dele e o olhou nos olhos. – Eu sei que você agora pode está mais forte que ela, mas aprenda a controlar essa agressividade, lembre-se quem é seu sogrão – Deu duas tapinhas no rosto dele que arregalou os olhos.

--Eu nunca a machucaria – Ele falou rápido.

--Ele não seria louco para tanto, sabe que não aceitaria uma covardia dessas, não sabe Leandro?

--Eu amo a Paola nunca encostaria o dedo nela – Ele disse com convicção.

--Eu sei disso, mas não custa avisar – Estela beijou a testa dele.

-- Bem, agora- Jogou a chave do carro para Leo e piscou para Elis. – Como futura esposa da sua mãe autorizo sua saída do castigo que a Elis te colocou e ainda ordeno para darem uma voltinha – Sorriu para ele e o puxou para um abraço sussurrando em seu ouvido. – Na mansão só tem os seguranças e a Seve, então aproveitem – Piscou para ele.

-- Obrigada Estela. – Olhou para Elis que fingiu está brava e ele entendeu o motivo. – Mãe, er... – Aproximou-se dela – Me desculpa por ser um estupido mais cedo, eu amo você – Deu um rápido beijo na bochecha de Elis – Vamos Paola, quero conversar melhor com você– Quase que arrastou a garota par fora.

-- O que você disse para ele vida? – Elis perguntou vendo eles saírem apressados.

--Que a mansão estava liberada para eles hoje

--Então por isso tanta pressa – Elis sorriu – Nossa, ele está quase insuportável ele passa horas no banheiro, coitada da Paola – Sorriu

-- Deixa eles, são jovens esse fogo é normal

--Quem disse que é exclusividade dos jovens? – Puxou a loira para seus braços beijando o pescoço dela.

--Amor se controla que hoje não vai ter nada.

--Por que não?

--Lembra que não voltarei para casa, aqui só tem três quartos e o seu está com a Fabi?

-- É mesmo, não tinha pensado nisso, vou arrumar o quarto do Leo você dorme lá o Esdras dorme com a Fran e eu me viro.

--Não precisa, hoje você ficará com seu outro filho que vou ficar de plantão no hospital, o ortopedista de plantão está com uma gripe forte, não pode vim e os outros estão de plantão em outros hospitais, então irei para lá cobri-lo

--Que pena, estou cheia de ideias para usar esse seu corpinho – olhou para o corpo da loira sem pudor

--Não faz assim amor, que fiquei toda arrepiada agora – Fez cara de safada pegando a sua bolsa e a colocando – Acho que estou molhadinha também – jogou um beijo para Elis e saiu escada a cima

-- Vida volta aqui isso não se faz – Elis a seguiu só parou de falar quando entraram no quarto.

-- Filho a mãe vai trabalhar você fica com a Fran e a Elis?

-- E a tia Fabi e a Tia “Amim” também – O menino disse e as mulheres sorriram.

--Isso mesmo com todas elas.

--Xau mamãe – Voltou a brincar com Franciele.

--Nem deu bola – Estela sorriu olhando o menino brincar.

--Ele está mais preocupado em brincar – Fabiana disse sorrindo olhando para as crianças que brincavam no chão do quarto.

--Levanta essa cabeça, mas é teimosa mesmo – Yasmim reclamou.

--Tia Amim tá braba – Estela disse sorrindo.

--Quer que eu te leve amor?

--Não já pedir um carro que por sinal acabou de chegar- Olhou para o celular confirmando – Até amanhã – Deu um selinho em Elis, e um beijo na testa das crianças.

 

 

 

-- Pra onde vamos? – Paola perguntou assim que Leo deu partida no carro

-- Precisamos conversar, a Estela sugeriu a mansão o que você acha? – Ainda estava envergonhado pelo que fez

--Pode ser sim, vamos lá – Ela sorriu e saíram em silêncio, Paola ligou o som do carro e ficou buscando por uma música que lhe agradasse.

-- Você está muito brava comigo? – Leo falou sem desviar os olhos do caminho.

--Não tanto, porem fiquei assustada- Leo parou no sinal e a olhou com intensidade.

--Eu não queria fazer isso, me perdoa – Abaixou a cabeça e deixou uma lagrima escorrer – Prometo que nunca mais isso vai acontecer – Olhou para frente e voltou a guiar o carro.

--Eu sei que você não me trataria mal desse jeito propositalmente, eu não vou te dizer que não me senti mal, porem sei que não foi você falando e sim os hormônios. – Ele nada falou seguiu o resto do percurso calado.

--Eu não sei o que me deu, aliás não sei o que me dá para tratar as pessoas assim, mas não tenho o direito de magoar ninguém – Mal entraram no quarto de Paola e ele foi falando. – Me perdoa, sei que não posso te pedir isso, mas fica comigo, não me abandona, não estou mendigando, mas eu te amo, imagino o quanto seja ruim aguentar alguém que não tenha o menor controle emocional.- Paola o abraçou, ele chorava.

--Não fica assim eu imagino o quão difícil deve estar sendo, eu não vou te abandonar. – Eles se olharam com intensidade, os lábios roçaram e deu inicio a um beijo calmo, lento.

--Eu te amo Paola, mesmo sendo esse idiota, fica comigo?

-- Fico sim, para sempre – Leo sorriu e a beijou, um beijo apressado, cheio de volúpia. O garoto não tardou em guia a garota para a cama, porem ela o parou por um instante. – Mas fique sabendo, toda vez que gritar comigo vai ficar sem sex*, vou segui o conselho da tia Estela – Ele levantou m pouco assustado

--Como assim a Estela disse para você fazer isso?

-- Não, ela disse que te castigasse, tirando algo que você gosta e decidir tirar o sex*, então já sabe, dessa vez passa, mas na próxima não vai passar – O menino sorriu, até a bronca da namorada era doce.

 

--Tudo bem mais que justo – Sorriu e voltou a beija-la não demorou para estarem se amando.

Fim do capítulo