Dueto: perdurável

28º aniversário da Jeannine

 

Quase três anos morando juntas e convivendo em harmonia.

Diariamente é necessário alimentar o amor, com carinho e gentileza. Para que exista na prática o famoso “felizes para sempre”, é imprescindível muito empenho.

As duas são altruístas e dialogam frequentemente, pois felizmente, possuem uma amizade sólida. A confiança é a base para todos os relacionamentos e a fidelidade é fundamental.

Recentemente, Jeannine foi escalada para um musical, aceitou sem nem mesmo consultar a esposa, se animou muito ao saber sobre a turnê, com viagem marcada por várias localidades do país. Contudo, Yanna não compartilhou do mesmo entusiasmo e tiveram uma briga muito complexa.

 

- Trata-se da minha carreira e eu não vou parar de atuar com o que eu amo para satisfazer seus caprichos.

- Caprichos?

- Sim!

- Eu não quero que você me abandone e fique viajando a trabalho.

- Yanna, não irei te abandonar e serão por poucos meses.

- 5 meses.

- Vai passar rápido.

- Somente para você que estará passeando.

- Não é passeio e sim trabalho.

- Você tem mais que parar com isso de ser atriz e focar na música.

- Neste musical ganhei o papel da musicista.

- Protagonista?

- Sim.

- Para piorar você vai ficar ainda mais em evidência.

- Yanna, por favor, pare com isso.

- Você vai beijar alguém?

- Sério mesmo?

- Responda!

- Não tem nada de beijo.

- Jeannine, eu não quero mulher minha fazendo cenas, viajando pelo país e se apresentando para milhares de pessoas (falou demonstrando todo seu ciúme).

- É a minha profissão.

- Então faça a sua escolha.

- Sinceramente, esperava mais de ti (Jeannine afirmou entristecida).

 

Após aquele atrito Jeannine seguiu para o quarto e Yanna foi para a casa da sua mãe; chegando lá contou todo o ocorrido para Luciene.

 

- Você foi imatura, ciumenta e possessiva.

- O quê?

- Quer ver a Nine infeliz?

- Não!

- Então, haja com maturidade.

- Eu não quero que ela continue trabalhando como atriz.

- Ela ama o que ela faz, da mesma forma que você ama a gastronomia.

- É diferente.

- Você está enganada. Entenda, é a profissão dela.

- Que então ela fique só com a música.

- Ela é uma artista.

- Eu sei.

- Se você sabe, deixe de implicância.

- Para a senhora é fácil falar.

- E para ti vai ser difícil ser trocada.

- Como assim?

- Ela não vai abandonar a profissão dela só porque você quer. Ela é uma bailarina maravilhosa, uma musicista competente e uma atriz exemplar.

- Se ela me ama, irá me escolher.

- O meu dever é te aconselhar, mas você está preferindo ser teimosa e orgulhosa, sendo assim, quebre a cara!

 

Yanna deixou a casa da sua mãe descontente, ficou desesperada quando retornou para o seu lar e não encontrou a esposa.

Jeannine saiu para ensaiar e também para espairecer. Visitou os tios e os primos, passou horas ao lado deles. Quando retornou para casa já era bem tarde.

 

- Onde você estava? (Yanna quis saber logo que ela entrou).

- Primeiro, boa noite. Eu fui ensaiar e depois visitei meus familiares.

- Porque não me avisou?

- Quando você saiu também nem me avisastes.

- Só fui até a casa da minha mãe.

- Ok! Eu já jantei, vou tomar um banho e dormir, sinto dor de cabeça.

 

Durante os três dias seguintes, Jeannine manteve-se calada e na véspera da viagem informou:

 

- Não estou disposta a largar minha carreira, pelo contrário, quero continuar sendo feliz com o meu trabalho. A turnê começa no Rio de Janeiro, amanhã já viajo.

- É esta a sua escolha? (Yanna questionou ríspida).

- Sim e se você estiver descontente, entre com o pedido de separação (afirmou derrubando uma solitária e triste lágrima).

 

Yanna nada disse, não esperava esta atitude de Jeannine, que na sequência deixou a sala, lavou o rosto e começou a fazer as malas. Naquela noite, nenhuma das duas dormiu bem. No começo da manhã antes da viagem voltaram a se desentender.

 

- Eu não quero que você vá.

- Estou decidida.

- Você está deixando nosso amor de lado.

- Não vou brigar e nem mesmo mudarei de opinião.

- Você não vai (disse pegando com força no braço da esposa).

- Sim, irei. Nem você e nem ninguém, mandam em mim.

- Você vai me trair durante esta viagem.

- Se eu fosse mal caráter, nem mesmo precisaria de viagem para te trair e se você não confia em mim, nem deveria continuar comigo.

- Já ouviu dizer que “a ocasião faz o ladrão”?

- Que relação este ditado tem com o que estamos conversando?

- Você viajar, pode prejudicar nosso relacionamento, sei lá e se você cai em tentação.

- Pare de falar bobagem. Pessoas adúlteras, não cometem traição somente quando viajam ou estão longe. Existem casos em que o cônjuge flagra infidelidade até na própria cama do casal. Você sabe muito bem que sou fiel e leal.

- Jeannine (disse com a voz suplicante).

- Solte agora o meu braço.

 

Yanna soltou e seguiu para o banheiro batendo a porta com força. Nem mesmo se despediram e Jeannine viajou junto do seu grupo profissional.

 

Em solo carioca, o musical ficou cerca de quinze dias em cartaz e Yanna não assistiu nenhuma apresentação; entristecendo muito Jeannine. Enquanto Vitória e Luciene, a prestigiaram. Depois do Rio, retornou para São Paulo e ficou somente por uma semana. O clima entre elas, abaladíssimo e não conseguiram se entender. O próximo destino do musical foi Minas Gerais.

Quando Jeannine já estava no terceiro mês de apresentações e desta vez no sul do país; Yanna começou a notar suas falhas e sentiu-se muito mal pelo ultimato que tinha dado na companheira.

A equipe de trabalho de Jeannine decidiu fazer uma pausa de 15 dias, pois estavam exaustos e os dois últimos destinos da turnê: Ceará e São Paulo.

 

- Nine, quero te pedir perdão, assumo que fui muito idiota (Yanna pediu certa noite).

- Estou muito magoada contigo.

- Eu sei. Fui imatura, ciumenta, insegura e possessiva.

 

Ficaram alguns minutos em silêncio, até Jeannine voltar a dizer.

 

- Yanna, tenho mais dois meses de trabalho e retornando já procuro um local para mim.

- Não! Por favor, me perdoe, eu te imploro (falou chorando como uma criança).

- Você desconfiou de mim, pediu para que eu escolhesse entre o meu trabalho ou o nosso amor. Isso não é justo, nem é coisa que se faça, você tem noção que passei dias e meses despedaçada sentimentalmente (Jeannine comentou também chorando e sentando-se no sofá).

- Amor, te prometo que nunca mais terei atitudes como a que eu tive.

 

Jeannine não disse mais nada, estava muito entristecida.

 

- Eu te peço, por favor, pelo nosso amor, perdoe-me!

 

Novamente o silêncio imperou e Yanna não sabia o que fazer para encerrar aquela problemática.

 

- Anjo, eu falhei. Sei que é a sua profissão e te admiro muito. Nine, me perdoe!

- Sim, te darei meu perdão, mas eu quero um tempo.

- Não!

- Sabe Yanna, quando te conheci você sempre demonstrou ser muito compreensiva, porém, com o decorrer dos anos juntas, você vem demonstrando que deixou de lado a compreensão, para querer exercer poder sobre mim. Sempre prezarei pela liberdade.

- Nine, eu suplico, não termine comigo. Não vou cometer os mesmos erros.

- Ficarei mais um mês em outro estado. Quando eu retornar nos acertamos.

 

E assim ela o fez, viajou, se apresentou e novamente foi um sucesso. Logo que retornou para São Paulo, não teve folga e devido ao sucesso de público, o musical ficou dois meses em cartaz na cidade paulistana. No total, foram seis meses dedicada a este projeto e foi a fase mais delicada do relacionamento delas. Viveram a primeira crise no casamento. Durante estes meses de crise, as duas se dedicaram as suas respectivas profissões.

Yanna, só assistiu ao musical de Jeannine, no último dia de apresentação. Quando voltavam para casa comentou com a esposa:

 

- Você foi maravilhosa, fez uma excelente atuação.

- Obrigada!

- Eu fiz uma reserva num restaurante (comentou e seguiram para o local).

 

Uns quinze dias depois, finalmente elas se acertaram e voltaram a viver em paz. Yanna passou a controlar o ciúme e deixou o amor falar mais alto.

 

 

|28º aniversário da Jeannine| Yanna deu de presente para a esposa, um filhote de Chow Chow.

 

 

“Para mim, uma casa ou um apartamento só é uma casa quando você adiciona um conjunto de quatro patas, um rabo feliz, e que é a medida do amor indescritível, que chamamos de um cão”. |Roger Caras|

 

 

Fim do capítulo