Pov. Reyna Avila Ramirez-Arellano Grace

–Reyna, amor, acorda.

Jason diz calmamente, fazendo carinho no meu rosto,
–uhn?
–A Piper chegou, ela esta lá na sala, o Leo foi buscar o Frank na creche.
Ele diz sorrindo, eu me sento na cama ainda sonolenta:
–Bem, certo, eu só vou tomar um banho e já desço, esta bem?
Nossa casa tem dois andares, o nosso quarto fica no segundo andar junto com o do Frank, temos também um terraço onde Jason e Leo colocaram uma piscina e algumas plantas das quais eles mesmos cuidam.
–Está bem, vou ficar lá em baixo com ela.
Ele diz, saindo do quarto. Eu levo mais ou menos uns 10 a 20 minutos para me banhar e me vestir, então quando estou finalmente pronta –estou vestindo uma blusa branca, calças jeans e uma rasteirinha- desço para ver quem é a tal Piper que eu deveria ser professora. Quando chego a sala no primeiro andar vejo que Frank está nos braços de uma garota, ela aparenta ser pouco menor que eu, tem a pele morena escura, seus cabelos castanhos cor de chocolate tem um corte repicado e assimétrico com uma trancinha fina de cada lado, eu não consigo definir a cor de seus olhos mas são os mais lindos que já vi em toda a minha vida, superando ate mesmo os de Jason, ela veste uma camisa laranja sem estampa, calça jeans rasgada nos joelhos e um all star cano médio vermelho, eu não demoro muito para reconhece-la. É uma das ‘’garotas encrenca’’ do primeiro ano. Quando me vê ela sorri:
–Oi, senhorita Arellano.
Alguns de meus alunos se referem a mim como ‘’Senhora Grace’’ ou ‘’Senhora G.’’ outros preferem ignorar o sobrenome de Jason e usar ‘’ Senhorita Arellano’’ ou ‘’Senhora Arellano’’ para se referir a mim, os Encrenca adoram fazer isso.
–Piper Mclean hein? Agora estou me lembrando de você.
Digo, sorrindo para ela, que me devolve o sorriso dizendo num tom brincalhão:
–Lembranças boas, eu espero, senhora.
Na verdade nenhuma das lembranças que eu tenho dela na escola ou em sala de aula podem ser classificadas como boas ou ruins, diria que ficam meio a meio. Ela é a Top.3 das garotas encrenca. Uma das piores da escola...
–Claro, ótimas.
Digo num tom sarcástico e o sorriso dela só aumenta, Jason me encara de uma forma que diz ‘’Pare com isso.’’ E eu dou de ombros, porém obedeço, vejo Leo jogado em um dos sofás, ele esta sorrindo:
–O pequeno Frank adorou a Pips logo de cara, hein campeão?
–Mosa binita.
Frank disse rindo e levando as mãozinhas ate uma das tranças de Piper, ela sorriu e bagunçou de leve seus cabelos:
–Você também é um gato, campeão.
Aos quatro anos Frank ainda não falava muito bem, ele se desenvolvia um pouco mais –ok, muito mais- lentamente que a maioria das crianças, essa era uma das pequenas sequelas que haviam ficado nele graças a seu nascimento prematuro e quase morte. Ele já anda e é extremamente experto e bagunceiro e agitado, Frank não possui nenhum tipo de déficit ou algo assim, de acordo com os médicos uma a cada 100 crianças que nascia de forma prematura como meu filho poderia vir a ter dificuldades para falar, Frank era um desses casos extremamente raros porem possíveis. O problema é que tirando os membros de nossa família, pessoas no geral tinham dificuldades para entender isso e então faziam a pergunta "Ele tem algum problema mental?’’ e apesar de não entender muito bem o que isso queria dizer, Frank já havia percebido um tempo atrás que para alguém da idade dele era estranho não falar corretamente e toda vez que alguém fazia aquela pergunta na frente dele ele se chateava. Por alguns instantes achei que Piper iria perguntar porque ele não havia falando de forma certa, mas ela ignorou isso e continuou:
–Então, quando você viaja, senhor Grace?
Jason sorriu para ela:
–Bem, hoje a noite, acho. Leo vai ajudar Reyna com Frank a noite, mas ele trabalha na oficina durante o dia. Por isso só precisa cuidar de Frank de tarde e nos fins de semana Leo não trabalha então..
–Sim, bem entendi, senhor. Mas quando você volta?
–Bem, em alguns dias, acho. Porque? Mal começou e já esta pensando em desistir?
Ele perguntou rindo, ela deu de ombros:
–Não, eu adoro crianças. E vou amar cuidar do pequeno Frank aqui e ajudar a senhora Arellano no que precisar, só gostaria de saber porque caso seja preciso que eu ajude mais do que além de alguns dias ajudarei com o maior prazer.
Ela diz sorrindo, sinto a sinceridade nas palavras dela, não sei se é por parte do dinheiro ou se ela esta apenas realmente interessada em me ajudar...Mas ela esta realmente feliz em estar aqui. A conversa segue normalmente, Jason faz várias perguntas a Piper e ela as responde tranquilamente, como se fosse a coisa mais normal do mundo, ela brinca com Frank quase o tempo todo e inclusive dá banho nele para mim e lhe ajuda a comer –na verdade ela apenas prepara a comida dele e entrega para ele ,que faz a maior sujeira, mas acaba comendo alguma coisa- ela é gentil e carinhosa e faz isso o tempo todo sorrindo, nada parecido com a aluna bagunceira, rebelde e resmungona que conheço em sala de aula.
–Bem, acho que já esta na minha hora, são 17:00 já....
–Bem, quer uma carona ate em casa Piper? Eu estou indo para o aeroporto mesmo..
O tempo passou tão rápido que eu nem vi...Ela sorri e nega com a cabeça:
–Ah, não valeu. Um amigo meu já deve estar me esperando lá fora.
Ela diz, Leo sorri e pergunta:
–Esse seu amigo, ele não seria seu namorado, seria?
Ela ri:
–Não! Por deus claro que não! Ethan é totalmente gay! Ele me mata se sonhar que alguém achou que sou a namorada dele, bom ele e o Clovis.
Ela diz rindo, Leo continua sorrindo:
–Bem, foi um prazer te conhecer, Piper.
Ele diz, ela sorri:
–Também foi um prazer te conhecer, senhor Valdez. Senhor Grace, faça uma boa viagem.
–Obrigada querida, espero que você e Reyna se deem muito bem.
–Ate amanha, Piper.
Eu digo lhe sorrindo, ela me sorri de volta, um brilho engraçado surge em seus olhos:
–Ate amanha, senhorita Arellano.
E então ela sai porta a fora me deixando sozinha com Jason e Leo, que estão sorrindo um para o outro de forma estranha.

Fim do capítulo