(Agnes)

Sentia-me cada vez mais feliz.

Meu pai, a Marta e o meu amor estavam cuidando de mim, estavam do meu lado e aos poucos eu percebo que sempre estiveram.

Aos poucos eu vou identificando cada gesto da Isa, cada olhar, cada sorriso.

Ela tem uma mania engraçada, quando fica pensativa ela mexe no cabelo e fica com o olhar distante.

E agora ela estava fazendo isso e nem está percebendo que estou a observando.

 

-- Isa? Quer dividir seus pensamentos?

 

-- não entendi amor

 

-- vêm cá.

 

-- diga.

 

-- o que você está pensando?

Eu estava prestando atenção em você e recordei de algumas manias suas.

Sabe de uma coisa?

 

-- o que?

 

-- eu me apaixono mais com cada descoberta.

Apaixono-me por seu sorriso e por sua forma única de me tratar.

 

-- sabe que eu tive tanto medo amor, medo de ter perder.

 

-- mais você não me perdeu, eu estou aqui.

E agora senhorita vai ter que suar muito pra mim aguentar.

 

-- hahaha

Olha ai, meu amor é tão sapeca assim?

Você quando não se lembrava de nada, era quietinha amor.

 

-- mais agora é diferente dona Isadora.

E eu estou de olho em você.

Olha que sou ciumenta.

 

-- eu sei meu amor, já percebi.

 

-- agora eu quero me entender, e quero fazer o gosto Isa.

Quero descobrir minha personalidade e principalmente quero estar com você.

 

-- amor, você vai poder fazer isso tudo e muito mais.

Porém, agora tem que descansar.

Está muito falante viu?

 

-- já está enjoando de mim é?

 

-- boba, nunca.

Mas eu me preocupo com você.

Acabou de sair de uma cirurgia, deveria está descansando amor e não até essa hora acordada.

 

-- eu dormi tanto que não sinto sono amor.

Faz-me cafuné?

 

-- tá bom dengosa.

Amo-te amor, mas tente descansar mesmo tá bom?

 

-- tá Isa, quero meu beijo e depois cafune.

 

Eu me sentia cada vez mais apaixonada por essa nova Agnes.

Ela vai se encontrando, moldando sua personalidade em segundos.

Não é uma menina indefesa, é uma mulher.

Nessas poucas horas percebo isso.

Doce, meiga e direta como sempre.

Sem duvidas a mulher da minha vida.

Eu não canso de mimar e me perder ouvindo o som da voz dela.

Ela me pediu que fizesse cafuné e não neguei.

Dei um beijo em sua testa, como de costume e comecei a fazer cafune de leve.

Pois morria de medo de machucar a parte que ainda estava enfaixada da cabecinha dela.

Então eu tentei ser o mais leve possível.

Fazia um carinho em seu rosto, fazia o cafuné e ela estava inquieta.

 

-- amor tenta dormir.

 

-- eu estou sem sono Isa.

Mas não para com seus carinhos não tá?

Eu adoro isso.

 

-- minha vida tenta fechar o olhinho e dormir.

-- deita comigo, só um pouquinho?

 

-- amor, se alguém pegar a gente assim, pode dá confusão.

 

-- não ligo pra isso.

 

-- e eu tenho medo de te machucar.

 

-- Isa, você só vai me abraçar.

E me fazer carinho, o que de mal tem nisso?

 

-- tá coração o que você me pede e eu não faço?

Eu vou deitar com cuidado pra não te machucar.

Deitei e ela virou de lado, abracei com cuidado e continuei fazendo carinho.

Beijava seus ombros e dizia com todo meu coração o quanto a amava.

Aos poucos ela foi se acalmando e estava quase pegando no sono.

 

-- dorme meu amor, eu sempre vou estar com você.

Sabe por quê?

Por que

Suas risadas se confundiram com as minhas

E elas caem tão bem embaralhadas

Seu olhar se prendeu no meu

Meu olhar não quis soltar o seu.

 

Suas mãos procuram as minhas

Minhas mãos não soltam as suas

Elas se encaixam perfeitamente

Sem terem medidas certas

 

Sua voz de sono

Combina com a minha tão agitada

E quando você se apressa

Eu me faço de calma

 

Sua mente tão barulhenta

Chama atenção da minha que não fica atrás

As duas juntas se tornariam insuportável

Contudo não é bem assim que se faz.

 

Obrigada por me amar e principalmente por me deixar te amar.

Depois de recitar esse pequeno poema ao pé do ouvido, percebi que meu amor sossegou.

Ela dormiu e tentei me soltar aos poucos.

Peguei um lençol e deixei bem agasalhada.

O Pedro estava lá fora com minha mãe, e resolvi me juntar a eles.

 

 

-- pelo visto não só sou eu sem sono.

 

-- Ela dormiu filha?

 

-- sim mãe, está descansando.

 

-- Isadora estava conversando com o Pedro e quando o dia amanhecer você vai em casa.

-- de novo com essa historia gente?

 

-- a Maria ligou lá de casa, a policia está atrás de você e quer que se apresente amanha.

Estou esperando você me dizer o que fez.

 

-- eu não fiz nada, mas já imagino pra que seja.

 

-- ninguém me contou nada aqui.

 

-- e eu não quero que a Agnes saiba também.

Seja o mais discreto possível Pedro, e você também mãe.

 

-- seremos Isadora

Agora pode dizer o que aconteceu?

 

-- provavelmente a Ana Carolina já confessou tudo sobre o que sabe.

Ela e a Mãe dela fizeram mal a muita gente.

O Marcelo também está no meio disso tudo.

E como a Agnes foi uma das vitimas, inclusive eu também fui no dia que ele me sequestrou chegou a Hora dele pagar por tudo isso.

Imagino que seja pra prestar esclarecimento sobre isso.

E vou também representando a Agnes já que ela ainda não pode sair.

Pelo o amor de deus, ninguém comenta isso com ela.

 

-- fique tranquila filha.

Ela só vai saber na hora certa.

 

-- ok, obrigada!

 

-- agora vai descansar que amanha você vai ter um dia cheio.

 

-- e vocês vão ficar aqui cuidando dela né?

 

-- sim filha.

Relaxe.

Vocês duas não nasceram juntas não viu?

 

-- mãe?

Já vai começar?

 

-- é um grude só.

 

-- deixa as meninas, Marta.

A gente que é velho.

Elas são novas, tem que viver ainda.

 

-- só se for você Pedro, que é velho.

 

 

Minha mãe e seu Pedro são uma graça.

Quero vê se eles vão se acertar, agora que tudo está se resolvendo.

Decidi ir cochilar um pouco.

Só acordei com o dia já claro.

Meu amor já estava sentada tomando café.

 

-- Bom dia dorminhoca.

 

-- risos

Essa frase é minha, amor.

Você que é a Dorminhoca da historia.

 

-- eu sei Isa, mas hoje você dormiu bem.

E todo bagunçada amor.

Porque não ficou comigo na cama? Imagino que esteja toda dolorida ai nessa cadeira.

 

-- vale a pena amor, pelo menos estou pertinho de você.

Já está se alimentando?

 

-- sim, e meu pai foi também com sua mãe lá no refeitório.

 

-- amor vou tomar um banho rápido e tenho ir em casa.

 

-- leva-me junto Isa?

 

-- amor, nem pensar.

Você tem que ficar quietinha.

Deitadinha ai.

De repouso.

 

-- mas eu me sinto ótima.

 

-- mas você saiu de uma operação delicada.

Não pode descuidar.

Por isso amor, colabora.

 

-- tá bom Isa.

Vou deixar você sentir saudades de mim.

 

-- risos.

Que convencida essa minha esposa.

 

-- cadê meu beijo?

 

-- todos que quiser amor.

 

A beijei e entramos em um clima descontraído.

Isso só até a hora que teria que ir em casa, e deixar meu amor ali.

 

 

-- amor, eu vou fazer o possível pra logo voltar ao hospital.

Por favor, tenha cuidado tá?

Não vá ao banheiro só, nem faça nada só.

Seu pai e minha mãe vão ficar aqui.

Mas eu prometo que volto logo.

 

-- Isa, já estou com saudades.

Precisa mesmo ir?

 

-- sim amor, eu vou ainda preocupada com você.

Não quero te deixar só por nada.

 

-- também não.

Abraça-me.

 

Abracei meu amor e a enchi de beijos.

Logo minha mãe e o Pedro chegaram então eu fui em casa rapidinho e depois fui logo na delegacia.

A Maria estava radiante em saber que a Agnes estava bem.

E prometi que quando fosse a levava ao hospital.

 

Cheguei à delegacia e me apresentei.

Como eu imaginava, a Carolina confessou tudo e eu teria a oportunidade de confirmar isso.

 

-- Doutora Isadora, já sabe por que está aqui, não é?

 

-- sim, delegado e estou à disposição para depor e esclarecer fatos também.

 

-- A principal vitima disso tudo é a sua esposa, onde ela está?

 

-- está sem condições de vim a delegacia nesse momento, pois passou por uma cirurgia muito delicada.

 

-- tudo bem, por hora vamos agilizando outro caso.

Mas ela vai ter que vim aqui, prestar esclarecimentos.

 

-- ela virá quando estiver dentro das devidas condições.

 

-- Doutora, você conhece o senhor Marcelo?

 

-- infelizmente.

Sim, o conheço.

 

-- por favor, me acompanhei e faça o reconhecimento dele, já que sua esposa não está.

 

Segui com o delegado até uma cela seja e obscura.

O Marcelo estava lá, e o olhar de ódio quando me viu não tinha como negar.

A gente se odiava.

 

-- é ele mesmo, doutora?

 

-- sim delegado, ele é homem que desgraçou a vida da minha esposa.

E inclusive me sequestrou.

 

-- quem diria que um Doutor, pudesse se rebaixar a isso.

Doutora, obrigada por suas informações.

Mas guardeias para seu depoimento.

Ainda vamos fazer por escrito hoje mesmo.

 

-- estou à disposição.

Delegado, poderia me deixar um momento a sós.

 

-- tudo bem, cinco minutos.

 

Olha só, quem finalmente vai pagar por tudo que fez.

-- eu ainda vou me vingar de todos vocês.

Principalmente da doentinha.

 

-- respeito com a Agnes.

Que ela não é e nunca foi pro teu bico.

 

-- olha quem fala.

A doutora que quer dá uma de boazinha.

Quando você menos esperar eu vou sair daqui, e vou ter a sua mulherzinha de volta.

 

-- eu espero que você mofe aqui na cadeia.

 Lava essa tua boca suja pra falar da Agnes.

 

-- vou deixar você brincar com ela um pouco, já me cansei de fazer isso.

 

-- Você é um idiota Marcelo.

E eu não vou sossegar enquanto você não mofa nessa cadeia

Isso vai ser teu pior castigo.

Vê a felicidade de quem você fez mal.

Eu juro que eu acabo com tua raça se você chegar perto dela outra vez.

 

-- quem ri por ultimo ri melhor.

 

-- pro inferno você.

Aproveita e vai logo de uma vez.

 

 

Realmente minha vontade é acabar com esse idiota, só em imaginar que ele pode ter feito algum mal a Agnes, ou ter tocado nela.

Isso me ferve o sangue

Idiota, ele é um cretino.

Merece apodrecer na cadeia.

E vou fazer o possível pra contribuir pra isso.

 Continua

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fim do capítulo