(Isadora)

Depois que Agnes pegou no sono, o que durou a manha toda praticamente fiquei tentando relaxar dentro de um hospital.

Por mais que isso seja difícil porque ouvia choros e tinha muito entra e sai.

Aproveitei para ler um livro e resolver algumas pendencias que eu tinha em mente ainda.

Minha linda dormia e estava serena.

 Vê-la em uma cama de hospital me trás uma angustia no peito, uma inquietação.

Se eu pudesse com certeza estaria no lugar dela.

Saio dos meus pensamentos quando ouço alguém me chamar.

 

-- Isadora?

 

-- Oi, desculpa Carolina.

Estava distraída.

 

-- percebi.

Pelo o que vejo no prontuário ela está bem, então tudo na devida ordem para operarmos amanha.

 

-- porque ela dorme tanto?

 

-- é natural.

Ela vai passar o dia assim praticamente e amanha muito cedo sobe pra sala de cirurgia.

Minha equipe já está preparada e você? Quer mesmo continuar?

 

-- sim, ela quer operar e não vamos voltar atrás.

 

--então assina o termo de responsabilidade e deixa nas mãos de deus ou em quem mais você quiser.

Minha parte como medica eu vou fazer.

 

-- assim espero.

E depois?

 

-- depois eu vou te ajudar.

Vou falar tudo que sei.

 

-- você sabe também que pode ser presa, não é?

 

-- já tenho advogado pra não deixar isso acontecer.

A maioria dos crimes não fui eu que cometi.

 

-- sabe que facilitar medicamentos proibidos dão cadeia.

 

-- Isadora, não me lembre do que eu já sei.

Sua parte é me ajudar a conseguir um local pra passar um tempo.

 

-- a gente vai vê isso.

Já dei minha palavra.

 

-- que bom então.

Se quiser pode ir pra casa, ela vai dormir bastante.

 

-- estou ótima aqui.

 

-- ok então.

Qualquer coisa me procura no hospital.

 

-- ok.

 

Já estava dando quase meio dia e minha mãe já tinha chegado.

Ela iria ficar com a Agnes enquanto eu iria comprar nossas alianças.

Não queria ir sem ela acordar, mais ela nem se mexia.

 

-- mãe vou comprar nossas alianças.

Por favor, cuida dela tá?

 

-- vá tranquila filha, ela vai ficar bem.

E nem se mexe, talvez quando você voltar ela já esteja acordada.

 

-- tá bom mãe.

 

Beijos.

 

Segui até a Agnes e dei um beijo em sua testa.

Depois sai pra comprar nossas alianças.

Não tinha ideia do formato ou a cor

Mais eu vou encontrar a mais linda que estiver.

 

Andei em varias joalherias até que encontrei uma perfeita.

 Como já estávamos casadas foi de ouro e parece que foi feita na medida certa.

Passei também na floricultura e comprei um buque de rosas vermelhas e segui pra um shopping perto de onde estava.

Iria almoçar por ali mesmo, para depois voltar ao hospital.

Estava na praça de alimentação e não acreditei no que meus olhos estavam vendo.

Era o Marcelo?

Que diabos ele faz aqui?

Ele estava sentado em uma mesa com uma mochila nas costas.

Parecia nervoso.

E eu tentei ficar o mais longe possível pra ele não me notar.

Não demorou muito para que chegasse outro homem e se juntasse a mesa junto com ele.

Eles conversam pareciam exaltados.

 Depois o Marcelo entregou um pacote que tirou dá mochila e foi embora.

O homem também não demorou a sair, o que será que tinha nesse pacote?

Será que o Marcelo tá aprontando alguma coisa?

 

Mal terminei de almoçar e sai logo dali.

Realmente o que eu não queria agora era confusão.

Segui de volta para o hospital dessa vez demorei um pouco, pois o transito estavam enorme.

 

                       ********************************************

 

-- Oi menina, como se sente?

 

-- Oi marta, me sinto sonolenta.

Onde está a Isa?

 

-- ela deu uma saidinha, mas já volta.

Vamos espertar você precisa se alimentar.

a enfermeira já trouxe sua refeição.

 

-- não quero comer nada.

 

-- mais tem que comer

Agnes.

 

-- Logico que tem, eu já cheguei pra fazer aviãozinho amor.

(Falei entrando no quarto)

Coloquei as rosas na cadeira, e segui pra falar com ela.

 

-- meu amor acordou, então tem que se alimentar minha vida.

 

-- sinto muito sono Isa.

 

-- eu sei, faz parte da medicação amor.

Mais tenta fazer um esforço

 

(Agnes)

Acordei e só via a marta no quarto.

Não conseguia abrir o olho por muito tempo.

Sentia muito sono.

Não demorou muito para que eu pudesse ouvir uma voz tão conhecida.

Era a Isa, pedindo para que eu me esforçasse mais, pois precisava me alimentar.

Então aos poucos tentei ir sentando na cama e tentando não fechar o olho.

 

-- isso amor, devagar cuidado pra não se machucar.

Tenta ficar com o olhinho aberto tá minha vida?

Já estou com sua surpresa.

Então tem que estar acordada pra vê amor.

 

-- estou tentando Isa...

 

-- vai conseguir amor (Falei a abraçando)

 

-- isso é bom

 

Não teve jeito, eu a abracei e ela encostou a cabeça no meu ombro e pegou no sono novamente.

 Apenas sorri e a ajudei a deitar novamente.

 

-- isso é certo minha filha?

 

-- sim, mãe a enfermeira comentou que ela provavelmente teria muito sono.

 

-- bom, então ela vai estar bem relaxada na hora da cirurgia.

É o que esperamos.

 

Mostrei as alianças e as flores pra minha mãe.

Já que a dorminhoca estava ainda dormindo.

Não quis comentar nada sobre o Marcelo, então passamos até um bom tempo conversando quando a Agnes dessa vez acorda.

 

 

-- finalmente meu amor acordou

 

-- há quanto tempo estou aqui Isa?

 

-- amor chegamos aqui pela manha e você dormiu logo que chegamos

 

-- que horas são?

 

-- quase 14h amor.

Tá com fome?

 

-- uhum

 

-- sabia dorminhoca.

Vou pegar seu almoço e vou te alimentar.

Só não durma novamente (sai sorrindo)

Consegui o almoço da Agnes de volta e logo trouxe

Era algo bem leve ela não poderia comer tanto assim então estava de bom tamanho.

 

Ajudei-a se alimentar e logo ela olhou em volta e encontrou as flores.

 

-- Isa de quem é?

 

-- as flores?

 

-- sim, são lindas.

 

-- é pra mulher mais linda do mundo

São suas amor.

Deixa pegar pra ti.

Peguei as flores e entreguei a Agnes, ela amou.

 

-- são lindas e tão cheirosas

 

-- sim, elas são como você Agnes.

As mais lindas que existem.

 

Notei que mamãe saiu e me deixou a sós com a Agnes então era minha oportunidade.

 

-- amor gostou?

 

-- amei Isa.

 

-- agora eu tenho outra surpresa pra você.

 

-- o que é?

 

Bom amor eu não sei por onde começar e ainda mais estamos nessa situação.

Eu sei que você não lembra, mas já estamos casadas.

E isso foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida.

Você entrou na minha vida tão repentinamente e tocou o meu coração.

 Tocou como nunca ninguém fez agora eu entendo porque nunca dei certo com ninguém.

Por você era com você que aconteceria a magica da boca seca, do frio na barriga, do arrepio na pele, com você aconteceria o cuidado, o bem querer incondicional.

Com você era pra ser, e com você foi.

Foi tanto que estamos aqui já casadas e se me permitir quero que receba essa alianças e que aceite novamente se casar comigo.

Dessa vez como manda o figurino.

 

-- você aceita casar comigo novamente Agnes?

 

-- Sim, sim pra todas as vezes que eu esquecer amor.

Você não existe, serio.

Eu te amo e até me assusto com esse sentimento dentro de mim.

Meu coração dispara quando você sorri.

Meu corpo parece que reinicia quando você parece.

No meio de todo meu esquecimento, você é a minha melhor lembrança.

 

Não contive o sorriso e peguei nossas alianças, coloquei no dedo da Agnes e ela fez o mesmo comigo.

Depois beijei sua mão e a olhei fixamente.

 

-- obrigada por me dá vida todos os dias.

E por favor, seja forte por que eu vou está te esperando.

 

Depois disso não a deixei falar mais nada e a beijei.

A beijei como se fosse o nosso ultimo beijo.

E talvez fosse, o ultimo beijo de um ciclo que vamos fechar.

Ela vai ficar bem, vai voltar pra mim e vamos construir nossa historia ainda dá melhor maneira possível.

 

Ainda estávamos nos beijando quando notamos a presença de alguém no quarto.

Era a Carolina com outra Medica, linda por sinal.

Realmente não gostaram desse nosso momento.

 

 -- Isadora, se vocês não se controlarem aqui eu vou pedir pra você se retirar.

 

-- alto lá Carolina, eu só estava beijando a minha esposa.

Não estávamos fazendo nada de mais.

 

-- rosas, beijo?

O que mais?

 

 

-- aliança! (falou a Agnes)

 

-- isso mesmo, a pedi novamente em casamento e sinto muito mais você nem quem quer que seja vai atrapalhar isso (falei olhando fixamente pra doutora que estava com ela).

 

 

-- Bom já ninguém me apresenta, eu mesma irei fazer isso.

Doutora Letícia, eu irei acompanhar a recuperação da paciente.

Você deve ser Isadora, não é?

 

-- sim, Isadora é um prazer e desculpe, não quis ser tão grossa assim.

Mas vocês também deveriam ter batido.

 

-- desculpa Isadora, você tem razão deveríamos mesmo.

 (que tipo de pessoa ainda manda flores? E que dedicação é essa pela companheira. Quem é Isadora, não sei ainda, mas está me chamando muita atenção).

 

 

-- Isa me ajuda a levantar.

(chamei a Isa pra perto de mim, pois notei que essa doutora estava olhando de mais pra Isa)

 

-- não amor, fica quietinha.

Não vai fazer esforço.

 

-- então vem pra cá.

 

-- pronto amor (falei pegando em sua mão).

 

 

 

 Isadora estou de olho em vocês, e já que a Letícia se apresentou não temos mais nada a fazer aqui.

Da próxima vez é pegar a paciente.

Vamos Letícia.

 

 -- foi um prazer Agnes, e Isadora.

Será um prazer ajudar na recuperação da paciente.

Isadora desculpe mais uma vez.

 

-- o prazer foi nosso doutora.

Disponha.

 

Finalmente saíram do quarto.

 

-- Isa, não gostei dessa doutora.

Amor, ela vai ser a sua medica.

E não vi nada de mais nela.

 

-- ela não parava de olhar pra você.

 

-- Agnes eu só tenho olhos pra você.

Te amo amor.

Não fica assim, vai.

 

-- mesmo?

 

-- mesmo.

Amo só você.

Quero só você.

 

          ********************************************************

 

 

-- Pedro, como andam as coisa ai na fazenda?

 

-- Marta, que prazer ouvir sua voz.

Tudo bem aqui, aconteceu alguma coisa?

Como está minha filha?

 

-- ela está bem.

 

-- mesmo?

 

-- sim, só tem um detalhe.

 

-- qual?

 

-- ela está a algumas horas de entrar na mesa de cirurgia, Pedro tua filha vai ficar bem,

 

-- meu deus do céu, isso é serio?

 

-- sim Pedro, quando você vem?

 

-- amanha mesmo.

 

-- convence a Maria há vim também pra cuidar da Agnes e amanha me liga quando chegar

 

-- Marta cuida da minha filha, por favor.

Eu vou rezar por ela.

 

-- faça isso Pedro e tenha fé ela vai ficar bem.

 

 

 

                      *******************************************

 

 

A Tarde passou rápida e a noite também caiu.

Passei essas horas cuidando dá Agnes e conversando com ela.

Fizemos planos e mais planos que só aumentavam a nossa esperança dela sair bem disso.

 

Já era madrugada quando a Enfermeira entrou e falou que já teria que preparar a Agnes, logo pela manha ela subia pra sala de cirurgia.

Ela precisou lavar o cabelo e colocou a roupa adequada.

Estava só esperando a Carolina vim buscá-la.

Nessa hora eu fraquejei.

Não aguentei e chorei.

 

 

-- ei Isa, não chora.

Vem pra perto.

Olha eu vou voltar, eu te prometo.

Ainda quero minha festa de casamento.

 

-- vamos ter amor, me desculpa não pude controlar amor.

Por favor, luta por nós.

Não desiste por nada.

Por favor, qualquer coisa grita que eu te tiro dai, eu não sei, mais te tiro dai.

 

-- amor, para.

Eu não vou voltar atrás.

E se acontecer alguma coisa promete que nunca vai esquecer-se de mim?

 

-- não vou prometer nada Agnes, você vai voltar disso.

Eu morro se algo acontecer.

 

-- promete

Que sim

 

-- eu prometo que você vai voltar e ainda vamos ter muito tempos juntas.

Você é minha vida.

Luta por nós, luta amor.

 

 

Não demorou muito a Carolina chegou e tiveram que levar a Agnes.

Meu coração foi junto com ela.

O dia já estava nascendo e com ele à esperança de que eu teria o meu amor de volta.

 

 

 

https://www.youtube.com/watch?v=uDRiUI1m1fU

Tava esperando

Sentada no meio-fio

Todos os carros que passavam

Eu olhava e percebia que

Você não chegava

Meu copo tava vazio

E todo mundo que eu via desaparecia

O céu cheio de nuvens, mas ainda não chovia.

 

 

 

Fim do capítulo