Capítulo 2 - O outro dia
Acordei tarde, ou melhor, abri os olhos. Ainda me sentia cansada do mau jeito do dia anterior. Precisava acordar de uma vez por todas. Levantei, coloquei uma roupa de ginástica, comi o meu cereal com iogurte, como sempre, enfiei o pé no tênis, ainda sem muita certeza da decisão que estava tomando, mas, antes que perdesse a pouca convicção, empurrei-me para fora do apartamento.
Corri como se não houvesse uma linha de chegada. E, de fato, não havia. Sentir meu corpo se mover e o suor escorrer, trouxe-me de volta à vida real. Voltei para casa mais disposta, querendo interagir com alguém, com saudade de falar, de ouvir.
Tomei banho e liguei para Marcos e Marina, meus fiéis escudeiros. Mais que isso, minha base, meu porto seguro, meu alicerce. Combinamos de almoçar para colocar a conversa em dia.
Sentamos numa mesa no canto do bar. Não por opção, mas por falta dela. Foi aí que recobrei a memória. Era sábado. Crianças gritavam de alegria e corriam entre as mesas, casais riam alto, a televisão mostrava algum show de pagode e Marina tinha acabado de assoviar para o garçom, pedindo uma cerveja. Lembrei porque eu não gostava de sair.
Enquanto esperávamos Marcos, conversamos sobre séries do Netflix.
Marcos chegou e fui obrigada, como sempre, a contar todos os mínimos detalhes da viagem, da reunião, do atraso do voo. E foi aí que contei a estória de Carol.
A estória de Carol virou então uma saga.
Marina disse:
– Meu irmão, velho, acho que é isso mesmo.
E eu, como sempre, pensava: isso mesmo o quê? Entender Marina era de fato uma tarefa linguisticamente difícil, mas emocionalmente muito fácil.
Marcos só ria. Até que disse:
– Por que você não liga?
– Eu? De jeito nenhum – Me defendi
– Então passa um email, de repende ela pode ser a mulher da tua vida – sugeriu.
– Desde quando você encontra a mulher da sua vida no aeroporto? – perguntei.
– Desde que ela seja a mulher da sua vida e esteja no aeroporto – respondeu.
– Vocês acham que ela quer alguma coisa comigo? Acho que quer é se vingar da lição de moral que dei a ela. Isso sim.
– Aiiiii! Que pessoa desconfiada que você é. Ela não te chamou de mal humorada? Mostre a ela que você não é – resumiu Marina, como sempre.
– Olha, você está sem ninguém há quanto tempo? 1, 2 anos? – perguntou Marcos
– Um ano e oito meses – Respondi sem esforço
– Pois pronto, quem sabe não está na hora de voltar à velha forma – disse ele.
– Mas não sei se quero me apegar, namorar, ou pior, não quero me machucar – ponderei.
– E quem aqui tá falando em namorar? Que mania essa sua de ter que casar. Veja só eu. Não namoro faz, pelo menos, uns 7 anos, mas não fico só – argumentou Marina.
– Mas não sou assim. Gosto de ficar junto, de dividir, de agarrar, de dormir no ombro, de ter outra escova de dentes no banheiro, enfim – ponderei.
– Mas nem sempre isso é possível, portanto, abra-se para outras possibilidades, quem sabe você não gosta – sugeriu Marina.
– Eeeeeu acho que vale a pena tentar – opinou Marcos.
Fim do capítulo
O encontro deixou um desejo de reencontro. Mas o que Luisa fará? Será que ela está preparada para os acasos da vida?
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