~POV Eduarda~

 

Tomei um banho e resolvi estudar um pouco.
Estava pensando nessa bagunça que chamo de vida rsrs, quando meu celular tocou.

 

Ligação On:

- Fala, Mat. Atendi.

- E aí Duda, tudo certo?

- Tudo sim. O que manda?

- Tava pensando de irmos tomar um sorvete agora, o que acha?

 

Olhei no relógio e estava cedo, eram 21h30min ainda, resolvi aceitar.

- Pode ser. Te encontro lá daqui 30 minutos.

- Tá bom. Até.

 

Sai em direção à sorveteria. Resolvi ir de bicicleta já que ficava relativamente próxima da minha casa. Vesti um short jeans mais casual e uma regata branca, calcei um tênis de caminhada. Prendi meu cabelo e sai.

Quando cheguei ele já me esperava.

 

 

- Uau! Mateus adiantado? Realmente o mundo tá mudando. Eu disse fazendo graça.

 

- E você atrasada não é novidade. Haha

 

- Fazer o que se tenho que sair linda de casa, né?! Mas mudando de assunto, posso saber a que devo a honra desse convite?

 

- Saudade da minha melhor amiga.

 

- Sei. Falei desconfiada.

 

- Ok, a parte da saudade é verdadeira, mas preciso da sua ajuda. Me olhava nervoso.

 

- Sabia! Mas só se pagar o sorvete. Se não, nem me darei ao trabalho de te escutar. Dei de ombros.

 

- Nossa Duda, com seu drama eu já estava acostumado, mas agora tá virando mão de vaca também?

- As pessoas mudam meu bem. São tempos difíceis. Fingi prudência.

 

 

Mateus revirou os olhos. Tomamos o sorvete (que ele pagou) e fomos sentar na praça da lagoa que ficava ali perto.

 

 

- Então, para que precisa de minha ajuda?

 

- Bom.. Você me conhece melhor do que ninguém, afinal você é minha melhor amiga, e a pessoa que eu mais confio.

 

Não sei por que mais aquilo estava me dando um frio na barriga.

 

- Aonde quer chegar com isso? Perguntei.

 

- Ah sim, e por me conhecer tu sabe que não sou muito adequado com a situação atual que estou vivendo. Deu um sorriso amarelo.

 

Não, eu temia que ele estivesse querendo ajuda com algo relacionado à Larissa.

 

- Sim, Mat. Eu sei disso tudo. Mas não consigo ver nexo no que você tá dizendo.

- Duda, preciso que você me ajude a organizar uma festa. Tipo eu falei com algumas amigas da Lari, e como o aniversário dela está chegando, resolvi fazer uma surpresa. Disse animado.

 

Ótimo! Agora além de tudo que se passa entre eu e a Larissa. Ainda preciso ajuda-lo com ela. Não que eu sinta algo, eu só fico sei lá, estranha? Eu já não acho comum o fato de achar ela tão bonita e legal e muito interessante.
Eu nunca tive preconceito algum, mas também não me considero bi ou algo do tipo. Tá certo que a minha vida com o Gabriel não era um conto de fadas, mas ele é meu namorado né?

 

E depois, eu preciso tirar isso da minha cabeça, Mateus é meu amigo desde sempre, na verdade, o meu melhor amigo, que sempre me apoia em tudo. Que sempre me defendeu no tempo da escola e até agora quando Gabriel tem atitudes boçais.
Lembro de uma vez que Mateus chegou a dar um soco em Gabriel, porque ele segurou meu braço, por achar que eu estava dando mole pro DJ da festa. Foi tenso. E esse é um dos motivos que me fazem repensar que não posso cogitar a ideia de magoar quem sempre me fortaleceu. Minhas amizades estão acima de tudo.

 

 

- Duda? Eduarda? Mat me chamava e fazia gestos em frente aos meus olhos.

 

 

- Oi Mat. O que mesmo que você disse?

 

- Quero saber se tu vai me ajudar com a festa.

 

- Eu não sei se é uma boa ideia. Eu nem a conheço direito.

 

 

- Duda - Colocou sua mão sobre a minha – Preciso mesmo desse apoio.

 

 

Aquilo realmente me deixava desconfortável. Eu não aguentava o fato de ser egoísta com ele, por besteiras da minha cabeça. Resolvi deixar todos os meus conflitos de lado e ajuda-lo.

 

- Claro, Mat. Eu ajudo você a organizar tudo.

 

- Perfeito, Duda. Por isso eu te amo - Falou me abraçando forte – e quanto ao fato de você não conhecer ela muito bem, não se preocupe, eu vou dar um jeito nisso.

 

- Tá bom.

 

 

Seguimos, Mateus me levaria até a frente de casa. Era costumeiro isso já.

 

- Mas e você, desde que chegou tá meio distante, o que houve?

 

- Adivinha? Briguei com o Gabriel. Falei desanimada.

 

- E posso saber qual o motivo da briga?

 

 

- Eu não quis ir pra casa dele. Ai ele ficou chateado e perguntou se tinha algo errado. Simples assim.

 

- Na boa, eu sou amigo de vocês dois, mas às vezes, me obrigo a concordar com o Murilo, Duda. O João Gabriel é muito babaca. Essa insegurança toda dele. Poxa, já faz dois anos que vocês tão juntos, e parece que ele só piora. Tu precisa ver se ele realmente te merece.

 

- Ando pensando muito nisso também. Preciso de um tempo pra reorganizar minha cabeça, eu gosto dele, sabe? Mas esse tipo de coisa vai me entediando.

 

- Eu não tenho muita experiência ainda, até porque meu namoro é recente, e no começo tudo é bom, mas acho que você se deve isso, Duda. Eu não aceito que alguém te faça sofrer, e no momento é isso que acontece. Você é muito importante pra mim, não quero que viva dessa maneira.

 

- Obrigado pela sua preocupação. Você é o melhor. Eu te amo.

 

Ele me abraçou.

 

- Eu também te amo, Dudinha.

 

Nos despedimos e fiquei olhando meu amigo até ele sumir pela rua.

 

 

- E ai gatinha, achei que estivesse estudando lá em cima.

 

- Oi, pai. Eu até estava, mas o Mateus queria sair e digamos que prefiro sair com ele a estudar. Sorri de canto.

 

- Haha na sua idade eu era assim também.

 

- Eu imagino pai. Você é assim até hoje. Alias, onde você e a minha mãe se meteram?

 

- Digamos que eu resolvi fazer uma surpresa pra sua mãe.

 

- Que tipo de surpresa? Olhei desconfiada.

 

 

- A levei pra almoçar num restaurante que ela me pede há meses.

 

- Que legal, e qual era a data comemorativa?

 

- Nenhuma. Estar com sua mãe pra mim já é motivo pra comemorar. Disse animado.

 

- Que lindo isso. Tanto tempo de casados e continuam românticos.

 

- Nem tudo são flores minha filha. Mas quando vale a pena, vale a pena superar as barreiras.

 

- Mas e se a barreira for muito alta?

 

- Nesse caso, você tem que ver se compensa arriscar. Se a resposta for sim, faça tudo que puder e até algumas loucuras.

 

- E como você sabia que a amava?

 

- Eu não sabia Duda. Essas coisas não são especificas. Acontece e ai você começa enxergar a vida de uma maneira mais bonita, a fazer cara de bobona e agir como uma.

 

- Hahaha.. Tá bem, pai. Vou subir que amanhã tenho aula cedo. Boa noite, eu te amo.

 

- Boa noite minha filha, te amo.

 

Subi e fui deitar.
Era inevitável não pensar em todas as voltas que o mundo dá. E o que mais me deixava desanimada era que eu não estava preparada para enfrentar todas as barreiras que eu precisava quebrar. Porém, algumas já passavam da hora. E com esses pensamentos eu peguei no sono.

~POV Larissa~

 

 

Eu e Júlia fomos pra casa dela, eu iria dormir lá. Jantamos com os pais dela, que considero meus tios, eles são uns amores comigo.

Estávamos no quarto quando Mateus me mandou uma mensagem.

 

- Oi gata, acabei de chegar. Estava com a Duda e agr vou dormir. Boa noite linda.

 

Então eles estiveram juntos. É engraçado pensar que até alguns meses atrás cogitei ter um possível ciúme da Eduarda com Mateus, e hoje, seria mais fácil ele se chatear se soubesseaonde meus pensamentos chegam. Credo! Preciso parar com esses pensamentos. 

 

- Distraída, kürbis. Senti a almofada voar na minha cabeça.

 

- Aí, Júlia! Larga de ser retardada garota. Falei brava.

 

- Desculpa, mas eu tava te chamando e você ali com cara de tosca.

 

- Ata. Revirei os olhos.

 

- Fala logo!

 

- Falar o que Júlia?

 

- Porque tava com cara de tosca?

 

- Aff! Era mais fácil ter perguntado. Mateus mandou mensagem dizendo que tinha chegado em casa. Fim.

 

- E você ficou bravinha porque ele saiu sem você? Indagou.

 

- Não, Juh. Só estava pensando, que às vezes, queremos tanto algo ou alguém e quando finalmente temos, parece que as vontades mudaram.

 

- Essa conversa é sobre seu namorado? Porque se for, eu pensei que ele era o amor da sua vida.

 

- E é. Só que sei lá, eu nunca namorei sério e isso me assusta um pouquinho. Ponderei.

 

- Meu amor, isso é normal. Ele é teu primeiro namorado e se um dia você notar que ele não é tudo isso, você vai seguir procurando. Até achar o verdadeiro amor da sua vida.

 

- E se o “amor da minha vida” já tiver um relacionamento?

 

- Bom aí você tem duas opções.

 

- E quais são elas?

 

- Tentar conquistar, até que ele perceba que você o ama, ou, sequestrar a namorada e assumir o lugar dela e eu tô aqui pra te dar cobertura.

 

- Haha Júlia, só você mesmo pra achar graça em tudo.

 

- Duda, a vida é curta demais pra viver com dúvidas. Eu sempre fiz o que quis, sem me importar com opiniões alheias. Você devia seguir mais o meu estilo de vida e largar de ser certinha em tudo.

 

- Tá certo, rebelde sem causa. Valeu pela terapia gratuita.

 

- Aproveita que muita gente gostaria de estar em seu lugar.

 

- Mas que garota superestimada.

 

 

Júlia era sensacional. Ela sempre foi bem mais corajosa que eu pra quase tudo. E eu amava esse jeito dela se impor. Quem sabe eu siga o conselho dela. O problema é que eu nem sei qual é a problemática real da minha vida. Esperei tanto tempo pro Mateus me pedir em namoro e parece que agora estou apática no relacionamento. Preciso me encontrar e já tenho um plano, Mateus que me aguarde.

Fim do capítulo